ASPECTOS DA SEXUALIDADE SOB O OLHAR DE ADOLESCENTES DE ESCOLA DE ENSINO MÉDIO DO DISTRITO FEDERAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10675394


Elbamari Castillo Vilela1
Orientadora: Nara de Oliveira Mansur2
Coautora: Bruna Rodrigues de Brito Nakao3
Coautor: Mateus Ricardo Cardoso4


Resumo

Introdução: A compreensão dos déficits de conhecimento, dificuldades, e entendimento da percepção dos jovens sobre os hábitos sexuais, possibilita o planejamento e ações de saúde específicas e individualizadas contra a sexarca precoce, atuando indiretamente na gravidez não planejada na adolescência, infecções sexualmente transmissíveis e possibilitando abordagem direta na vivência de uma sexualidade autônoma e coerente com os planejamentos de vida do indivíduo. Objetivo: Avaliar o contexto e conhecimento sobre os hábitos sexuais, Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) e métodos contraceptivos de jovens do ensino médio de uma escola pública do Distrito Federal. Resultado: Cerca de 76% dos participantes responderam que não usá-lo pode contribuir para adquirir doenças e 45% responderam que pode haver gravidez indesejada; em relação ao conhecimento dos métodos contraceptivos, 98% dos participantes conheciam o preservativo masculino; 80% responderam que conheciam a pílula; 76% responderam que conheciam a pílula do dia seguinte; 73% responderam que conheciam a camisinha feminina e 73% que conheciam o dispositivos intrauterinos (DIU); e 71% dos participantes disseram que conversavam sobre informações sexuais com os amigos. Em relação ao risco de contrair IST’s através de pílula contraceptiva, DIU ou injeção, 64% dos participantes responderam que sim. Já em relação as IST’s que os participantes conheciam, 88% responderam vírus da imunodeficiência humana (HIV), 75% Papilomavírus Humano e 74% responderam Herpes; 58% dos participantes responderam que sabe quais são os meios de transmissão das IST’s; 79% responderam que se transar sem camisinha, é necessário procurar o serviço de saúde para realizar exames, visando descartar uma possível IST’s. Conclusão: concluímos que, apesar dos adolescentes incluídos no estudo ter demonstrado conhecimento amplo sobre a necessidade do uso da camisinha para prevenção de IST’s, alguns achados demonstram que este conhecimento ainda é limitado, além disso, o sexo feminino foi o que mais demonstrou ter conhecimento sobre IST’s, métodos de prevenção e contracepção e de ter dialogo familiar sobre sexualidade. Sendo assim, cabe a escola e aos profissionais de saúde o papel de agregar aos adolescentes informações fidedignas sobre sexualidade, contribuindo para que esses possam utilizar os métodos de prevenção de forma eficaz.

Palavras chaves: Sexualidade. Adolescente. Escola pública. Infecção Sexualmente Transmissível. Preservativo.

Abstract

Introduction: Understanding the deficits in knowledge, difficulties, and perception of young people regarding sexual habits enables the planning of specific and individualized health actions against early sexual debut, indirectly addressing unplanned teenage pregnancy, sexually transmitted infections, and enabling a direct approach to experiencing autonomous sexuality coherent with individual life plans. Objective: To assess the context and knowledge regarding sexual habits, Sexually Transmitted Infection (STI), and contraceptive methods among high school students from a public school in the Federal District. Result: Approximately 76% of participants responded that not using it could contribute to acquiring diseases, and 45% responded that unwanted pregnancy could occur; regarding knowledge of contraceptive methods, 98% of participants were aware of male condoms; 80% knew about the pill; 76% were familiar with emergency contraception; 73% knew about female condoms, and 73% were aware of the IUD; 71% of participants stated that they discussed sexual information with friends. Concerning the risk of contracting STI’s through contraceptive pills, IUDs, or injections, 64% of participants responded affirmatively. Regarding the STI’s participants were familiar with, 88% mentioned Acquired Immunodeficiency Syndrome, 75% human papilloma, and 74% mentioned herpes; 58% knew the transmission methods of STI’s; 79% stated that if they have unprotected sex, it is necessary to seek healthcare services for testing to rule out possible STI’s. Conclusion: We conclude that, despite the comprehensive knowledge demonstrated by adolescents included in the study regarding the necessity of condom use for STI prevention, some findings indicate that this knowledge is still limited. Additionally, females demonstrated greater awareness of STIs, prevention methods, contraception, and family dialogue about sexuality. Therefore, it is up to schools and healthcare professionals to provide adolescents with accurate information about sexuality, contributing to their effective use of prevention methods.

Keywords: Sexuality. Adolescent. Public school. Sexually Transmitted Infection. Condom.

Introdução

A sexualidade é definida como a energia que motiva a procurar amor, contato, ternura e intimidade, é influenciado por aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais (TAVARES, CARDOSO, DE CAMPOS, 2020). Faz parte da formação da identidade humana, abrange a subjetividade da experiência social do indivíduo e sua própria subjetividade e determina a manifestação do desejo humano (FELIPE E TAKARA, 2020; e NASCIMENTO, 2018). É expressa por meio de crenças, valores, comportamentos, desejos e relações, além de abranger conceitos maiores que sexo, mas também, gênero, identidade, orientação sexual e relacionamentos (TAVARES, CARDOSO, DE CAMPOS, 2020).

A sexualidade faz parte dos sujeitos e da nossa cultura, é construída e faz parte da construção da identidade do indivíduo, não há como anular, negar ou adiar (MORAIS, SILVA BRETAS, SOUZA VITALLE, 2018). Os humanos são seres políticos e sociais, e são afetados constantemente por fatores externos, como a cultura e sexualidade, e pelas relações sociais que vivenciam, desta forma, a identidade é uma construção constante e inacabada. As diversas sexualidades dos diferentes indivíduos expõem e identificam identidades, auxiliam na elaboração de valores e construção do sentimento de pertencimento a grupos sociais, dando coesão as práticas e instituições sociais (FELIPE E TAKARA, 2020)

A adolescência, compreende uma fase de intensas transformações corporais e biopsicossociais (FERREIRA, PIAZZA E SOUZA, 2019), onde na construção dos seus padrões de comportamento e autonomia (SOSTER E CASTRO, 2018) o desenvolvimento da sexualidade se aguça e comumente ocorre a sexarca, deixando os jovens vulneráveis a práticas sexuais desprotegidas, predispondo a Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST’s e gestações precoces e não planejadas (FRANCO ET AL, 2020 e SPINDOLA ET AL, 2020). Estudos demonstraram mudanças no comportamento dos jovens nos últimos anos, com atividade sexual precoce, múltiplas parcerias sexuais e aumento do número de casos de IST’s. Apesar disso, a sexualidade se mantém um tabu na sociedade, repleta de mitos e estereótipos, com acesso a informações deficientes e superficiais (FERREIRA, PIAZZA E SOUZA, 2019). A desinformação, conceitos distorcidos e preconceitos sobre sexualidade é grande, principalmente entre os jovens, fatores que podem ser determinantes para prática sexual precoce e aumento da vulnerabilidade dessa população (TAVARES, CARDOSO E CAMPOS, 2020).

A forma como se dá o início da vida sexual e as escolhas relativas aos métodos contraceptivos, parecem estabelecer relação direta com os hábitos sexuais a longo prazo e  perfil de paridade. O estudo realizado por Ferreira, 2012, encontrou relação inversa entre o uso de contraceptivo na primeira relação sexual e incidência de gestação na adolescência Segundo Arruda et al., 2020, 82,4% das adolescentes, não fez uso de método contraceptivo na primeira relação sexual. Desse modo, a adolescência seria a fase ideal para incorporar conhecimentos mais amplos sobre o exercício da sexualidade responsável (ARRUDA et al, 2020; FERREIRA, 2012).

A elevada incidência de gestação na adolescência, contribui para o ciclo de pobreza, ao reduzir anos de estudo escolar, propiciar a inserção precoce de adolescentes ao mercado de trabalho, acometer classes sociais menos abastadas e grupos sociais vulnerabilizados. Além de estar associada a maior risco materno e perinatal (RIOS,2021; ARAUJO,2015; RIBEIRO 2019). Nesse contexto, torna-se crucial, a coordenação dos serviços de saúde, escola e família, para adequada orientação e acolhimento de demandas dos adolescentes, a fim de prevenir gestações indesejadas e auxiliar na transição à nova realidade e responsabilidades, quando ocorrerem (MOLINA, 2015; RIBEIRO, 2019).

Sabe-se que além do acesso à informação segura e de qualidade, os adolescentes também precisam estar munidos de um plano de vida e prioridades, o que interfere diretamente na motivação relativa ao planejamento reprodutivo (ARAUJO,2015). Considerar as perspectivas sociais, machismo, julgamento social, acesso aos serviços de saúde, como fatores limitantes ao exercício pleno da sexualidade, torna-se vital na tentativa de compreender a baixa adesão aos métodos contraceptivos, mesmo em posse de conhecimento básico sobre esses (PATIAS, 2014).

Ainda nesse contexto, vemos as Infecções Sexualmente Transmissíveis – IST’s, as quais se encontram como uma das causas mais comuns de infecções no mundo e são consideradas um problema de saúde coletiva (ARAÚJO et al. 2015, PASSOS et al., 2017). As IST’s são causadas por vírus, bactérias, fungos e protozoários, transmitidas principalmente, por meio do contato sexual sem o uso de preservativo

No mundo, aproximadamente 25% de todas as infecções sexuais são diagnosticadas em jovens menores de 25 anos, sendo que nos últimos anos, as IST/HIV/aids têm crescido, significativamente entre adolescentes, por estarem em um processo de transformações biopsicossociais, falta de conhecimento sobre sexualidade e restrição no acesso aos serviços de saúde (DA COSTA et al., 2020).

Sabe-se que a precocidade no início das relações sexuais expõe os adolescentes a um longo período de atividade sexual e maior número de parceiros, sujeitando o mesmo a um comportamento de risco, como o não uso do preservativo, gerando desfechos indesejados como as IST’s e uma gravidez não planejada, tornando-se dessa forma uma questão de saúde pública (DA COSTA, 2019).

Por ser considerado um grupo importante em termos de riscos epidemiológicos para as IST’s, a população adolescente serve como indicador de estratégias para o controle das infecções associadas ao sexo, logo deve ser o grupo prioritário das campanhas de prevenção (RODRIGUES et. al., 2014; MIRANDA et. al. 2016).

A escola é uma instituição consolidada no contexto social, dessa forma, é um local privilegiado para coleta de dados de sexualidade e aplicação de ações de saúde para promover e estimular comportamentos sexuais saudáveis e prevenir complicações do sexo inseguro, como gravidez não planejada e IST’s (MORAES, SILVA BRETAS E SOUZA VITALLE, 2018). Considerando essa capacidade da escola no enfrentamento das vulnerabilidades dos jovens, o Ministério da Saúde e Educação instituíram o Programa Saúde na Escola – PSE, como um instrumento de saúde nos jovens, abordando dentre diversos outros assuntos, a sexualidade (FERREIRA, PIAZZA E SOUZA, 2019).

A compreensão dos déficits de conhecimento, dificuldades, e entendimento da percepção dos jovens sobre os hábitos sexuais, possibilita o planejamento e ações de saúde específicas e individualizadas contra a sexarca precoce, atuando indiretamente na gravidez não planejada na adolescência, infecções sexualmente transmissíveis e possibilitando abordagem direta na vivência de uma sexualidade autônoma e coerente com os planejamentos de vida do indivíduo.

A realização de pesquisa científica para obtenção dos dados propostos, reitera a importância do campo científico explorar áreas de abordagem restrita e censurada pelo imaginário social, mas que entretanto não perdem sua relevância e importância no âmbito de ganho de saúde e prevenção de doenças e agravos. Ao realizar estudo específico para avaliação de influências em hábitos sexuais e suas complicações em população com idade específica para início das atividades sexuais, permitimos a rigorosidade da metodologia científica na obtenção de dados vedados ao conhecimento popular e comunicação informal, possibilitando a divulgação para ampliação desses benefícios além da esfera local. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo principal avaliar o contexto e conhecimento sobre os hábitos sexuais, IST’s e métodos contraceptivos de jovens do ensino médio de uma escola pública do Distrito Federal. E como objetivos específicos analisar o conhecimento dos jovens sobre as formas de prevenção de IST’s; avaliar o conhecimento dos jovens sobre as atitudes perante uma IST’s; avaliar o conhecimento dos jovens sobre as principais IST’s; avaliar o conhecimento sobre os métodos contraceptivos; avaliar o conhecimento sobre os meios de prevenção de gravidez e IST’s

Materiais e métodos

Estudo transversal analítico quantitativo, realizados com estudantes do 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio da Escola pública de Santa Maria – DF. Foram incluídos no estudo alunos de ambos os sexos com idades entre 15 a 19 anos, sendo excluídos da pesquisa qualquer participante com deficiência cognitiva conhecida, que não consiga responder o questionário sem ajuda de terceiros ou qualquer aluno que esteja afastado das atividades escolares nos momentos de coleta de dados.

A análise dos dados coletados aconteceu a partir do programa Microsoft Excel 2021 Office 365. Sendo realizada uma análise inicial para identificação de erros de preenchimento. Foram consideradas as seguintes variáveis: idade, sexo biológico, ano do ensino médio, religião, ideias sobre a sexarca, conhecimento e percepções sobre métodos contraceptivos, acesso à informação sobre sexualidade, acesso às unidades de saúde, conhecimento sobre IST’s.

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde do Distrito Federal, sob CAAE: 66869223.2.0000.5553 e parecer número 6.041.435.

Resultados

Foram incluídos no estudo 128 participantes com média de idade de 17 anos (15 a 21 anos), 57% eram do sexo biológico masculino, sendo 56% Homens Cis e 41% Mulheres Cis; 74% eram heterossexuais e 20% bissexual (Figuras 1 a 4). 58% estavam no terceiro ano escolar, 35% eram evangélicos, 33% não praticavam nenhuma religião e 23% eram católicos (Figura 5 e 6).

Figura 1: Idade

Figura 2: Sexo biológico

Figura 3: Gênero

Figura 4: Orientação sexual

Figura 5: Ano escolar

Figura 6: Religião

Em relação ao conhecimento sobre o uso do preservativo, 76% dos participantes responderam que não usá-lo pode contribuir para adquirir doenças e 45% responderam que pode haver gravidez indesejada; em relação ao conhecimento dos métodos contraceptivos, 98% dos participantes conheciam o preservativo masculino; 80% responderam que conheciam a pílula; 76% responderam que conheciam a pílula do dia seguinte; 73% responderam que conheciam a camisinha feminina e 73% que conheciam o DIU; e 71% dos participantes disseram que conversavam sobre informações sexuais com os amigos (Figuras 7 a 9).

Figura 7: Pior coisa que pode acontecer se não usar camisinha

Figura 8: Métodos contraceptivos conhecidos pelos participantes

Figura 9: Como adquiri informações sobre sexualidade

Em relação ao risco de contrair IST’s através de pílula contraceptiva, DIU ou injeção, 64% dos participantes responderam que sim. Já em relação as IST’s que os participantes conheciam, 88% responderam HIV, 75% HPV e 74% responderam Herpes; 58% dos participantes responderam que sabe quais são os meios de transmissão das IST’s; 79% responderam que se transar sem camisinha, é necessário procurar o serviço de saúde para realizar exames, visando descartar uma possível IST’s; 52% disseram que se usar a camisinha diminui a sensibilidade durante o sexo; 89% acham que precisam de preservativos somente em sexo vaginal; 70% em sexo anal e 38% em sexo oral. Para 73% dos participantes, ambos os sexos biológicos são responsáveis pelo uso de métodos contraceptivos; para 55% dos participantes, o uso de remédios auxiliar evitar o risco de IST’s caso tenha sido realizado sexo sem camisinha, já 43% acham que não há o que fazer (Figuras 10 a 17)

Figura 10: Conhecimento de possibilidade de risco de contrair IST’s através do uso de pílula contraceptiva, DIU ou injeção

Figura 11: IST’s que os participantes conhecem

Figura 12: Conhecimento dos participantes sobre os meios de transmissão das IST’s

Figura 13:  Conhecimento dos participantes se é necessário procurar o serviço de saúde para realizar exames, visando descartar uma possível IST’s se fazer sexo sem camisinha.

Figura 14: Conhecimento dos participantes se usar camisinha diminui a sensibilidade durante o sexo

Figura 15: Conhecimento dos participantes sobre quando usar camisinha

Figura 16: Conhecimento dos participantes sobre quem é responsável pelo uso de métodos contraceptivos

Figura 17: Conhecimento dos participantes sobre o que fazer se fizer sexo sem camisinha

Em relação aos dados sociodemográficos, houve maior frequência indivíduos do sexo biológico feminino com idade entre 15 a 18 anos quando comparado com o sexo masculino (Feminino: 96,6%; Masculino:89%). Entre o sexo feminino houve maior frequência de bissexuais e outras orientações sexuais (Feminino: 39%; Masculino:15%). Em ambos os sexos a predominância de ano escolar foi no terceiro ano (Feminino: 56%; Masculino:60%). A religião mais frequente entre os participantes. Em ambos os sexos a religião evangélica foi maior, com uma frequência maior no sexo masculino (Feminino: 28%; Masculino:41%) (Tabela 01).

Em relação ao conhecimento sobre IST’s e métodos contraceptivos, observou-se que as participantes do sexo feminino tinham uma maior percepção de risco de doença (Feminino: 89%; Masculino:66%) e gravidez (Feminino: 48%; Masculino:44%) sem uso da caminha quando comparados com os do sexo masculino. O sexo feminino teve maior predominância de conhecimento de métodos contraceptivos no geral, quando comparados com o sexo masculino. Porém, o sexo masculino tendem a ter mais informações sobre sexualidade com os amigos (Feminino: 69%; Masculino:74%), e o sexo feminino com os cuidadores (Feminino: 48%; Masculino:45%), internet (Feminino: 46%; Masculino:42%)  e profissionais de saúde (Feminino: 26%; Masculino:22%) (Tabela 02).

Em relação as IST’s, uso de preservativo e contracepção feminina, observou-se que as participantes do sexo feminino tinham maio percepção que usar pílula contraceptiva, DIU ou injeção corre risco de pegar IST’s (Feminino: 72%; Masculino:59%). Essas também têm maior percepção que se fizer sexo sem camisinha podem tomar remédio para evitar IST’s (Feminino: 63%; Masculino:49%). Além de que se transar sem camisinha é necessário procurar o serviço de saúde para realizar exames, visando descartar uma possível IST’s (Feminino: 85%; Masculino: 74%). Ela tem também maior percepção de que é necessário o uso de camisinha para sexo vaginal, anal e oral, além de que a responsabilidade pelo uso de método contraceptivo é responsabilidade de ambos os sexos. O sexo masculino teve maior frequência em citar que a camisinha diminuiu a sensibilidade durante o sexo (Feminino: 31%; Masculino: 67%). Em relação as IST’s conhecidas, as participantes do sexo feminino demonstraram mais conhecimento em relação a todas IST’s apresentadas, sendo que os achados das IST’s conhecidas entre os sexos variaram entre 2% a 29% com predominância para o sexo feminino (Tabela 03).

Discussão

Diante do objetivo principal do presente estudo (avaliar o contexto e conhecimento sobre os hábitos sexuais, IST’s e métodos contraceptivos de jovens do ensino médio de uma escola pública do Distrito Federal), observou-se, de uma forma geral, que os adolescentes tem um conhecimento significativo do risco de doenças (76%) quando não é usado a camisinha. Sendo esse também o método preventivo predominantemente citado pelos participantes, seguido de pílula, pílula do dia seguinte e camisinha feminina. HIV, HPV, Herpes, Gonorreia e Sífilis são as IST’s que os participantes mais conhecem.

Em relação a prevenção de IST’s, apesar do conhecimento sobre o preservativo masculino, observou-se que 38% dos participantes não sabiam os meios de transmissão de IST’s, além disso, cerca de 19% disseram que não precisava procurar os centros de saúdes se transar sem camisinha, não obstante, cerca de 43% dos participantes acreditam que não há nada o que fazer para evitar IST’s caso faça sexo sem camisinha.

A sábio que a orientação sexual é essencial na educação dos jovens em idade escolar, contribuindo significativamente para o estabelecimento de relações saudáveis durante a infância e adolescência. Além de prevenir infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), ela desempenha um papel fundamental na formação da identidade de gênero e na compreensão da orientação sexual. Proporciona também aos jovens a oportunidade de refletir sobre o momento mais adequado para iniciar sua vida sexual (JOBIM, NASCIMENTO, et al., 2023).

No presente estudo, o conhecimento sobre sexualidade foi adquirido em sua maioria por amigos (71%), porém, 46% dos participantes também declararam que tiveram conhecimentos adquiridos dos cuidadores e 44% disseram que também adquiriam conhecimento da internet.

Machado, et al (2021), destaca que a falta de orientação adequada, a necessidade de autoafirmação e a curiosidade sobre a sexualidade, leva os jovens a se submeterem a experiências sexuais arriscadas ao não usarem métodos contraceptivos que impedem a contaminação por alguma IST. Quando se fala sobre sexualidade, muitas das vezes, os familiares são a base para que o adolescente tenha um conhecimento e confiança sobre a sexualidade, tendo em vista que a falta de diálogo entre os familiares pode provocar impactos negativos, fazendo com que o adolescente busque outras fontes de conhecimento.

Quaresma L, et al (2022), observou em seu estudo que as participantes do sexo feminino não falavam a respeito da sexualidade com os pais por sentirem vergonha, medo de serem julgadas ou interpretadas equivocadamente quando apresentassem  interesse  em  iniciar  avida sexual. Contudo, no presente estudo houve uma frequência maior de participantes do sexo feminino que declararam receber informações sobre sexualidade dos familiares quando comparado com o sexo masculino, neste último, os participantes buscavam informações mais com os amigos. Além disso, Rizzon B, et al (2021), cita que os jovens que recebem orientação sexual de adultos e apoio social em casa mudam seus comportamentos sexuais, resultando em adolescentes com menos parceiros sexuais e com maior índice de uso de preservativos na última relação.

Furlanetto M, et al (2019), observou em seu estudo que a internet tem sido um dos principais meios para que o adolescente tenha livre acesso sobre os temas voltados para sexualidade. Apesar da internet ser um meio de informação ao alcance dos adolescentes, essa ficou na terceira posição de opções que os participantes citaram como fonte de informação sobre sexualidade, isso demonstra que, mesmo diante uma vasta gama de informações digital, poder conversar com alguém sobre sexualidade pode trazer  mais confiança sobre o assunto aos adolescentes.

Outro ponto importante sobre adquirir informação, está associado aos profissionais de saúde e a escola, sendo que essas foram fontes com menor citação entre as opções dos adoelescentes. Apesar do presente estudo demonstrar que os adolescentes tem um certo acesso aos familiares para conversar sobre sexualidade (45%), a escola e os profissionais de saúde têm um papel fundamental para repassar o conhecimento adequado sobre o risco de IST’s e gravidez indesejada. Machado B, et al (2021), cita que apesar dos adolescentes terem demonstrado ter acesso à muitas informações sobre sexualidade e terem um grau de conhecimento básico sobre o tema, esses, na pratica, tem um conhecimento limitado entre os saberes possuídos e o comportamento sexual, em sua maioria de risco, o qual resulta em alta incidência de IST’S e gestações indesejadas.

Pereira B e Schoeller S (2023) também observaram que os adolescentes, muitas das vezes, não sabem diferenciar as questões relacionadas às ISTs e as demais questões que envolvem sua vida sexual. E Rizzon B, et al (2021) também observaram que mesmo o adolescente relatando ter recebido orientações sobre IST’s e afirme possuir conhecimento sobre o tema, os resultados obtidos demonstram uma falha no real entendimento. Este fato foi observado no presente estudo, no qual muitos não terem citados a necessidade do uso de preservativo em sexo vaginal, anal ou oral, além de cerca de 24% citarem que não sabem quais meios de transmissão das IST’s.

Desta forma, deve-se haver um apoio multo entre escola e a Estratégia de Saúde da Família para criar meios que promovam a discussão do tema de uma forma lúdica, com um dialogo mais voltado para os adolescentes, usando como estratégias os meios no qual estes estão mais envolvidos, podendo ser criado um grupo de WhatsApp para tirar dúvidas sobre sexualidade, uma roda de conversa, dinâmicas ou até mesmo gincanas sobre o tema. Fazendo assim com que os adolescentes usem os métodos de prevenção de forma consciente e eficaz (BETTONI, TORRES e MARTINS, 2022; BIELENKI, SCHERMANN, et al., 2019; MAGALHAES, 2023; MACHADO, OLIVEIRA, et al., 2021; PEREIRA e SCHOELLER, 2023; SILVA, SILVA, et al., 2023; SPINOLA, 2020).

Outro ponto fundamental que engloba o nível de informações que o adolescente tem sobre IST’s está associado ao inicio da vida sexual, apesar da literatura demonstrar que os adolescentes começaram a vida sexual em sua maioria a partir dos 14 anos, é evidente que muitos começam ainda mais cedo, contribuindo para que esses tenham maior chances de contraírem uma IST (BIELENKI, SCHERMANN, et al., 2019; MACHADO, OLIVEIRA, et al., 2021). Além disso, mesmo os adolescentes começando sua vida sexual mais cedo, Machado et al (2021), cita em seu estudo que muitos dos adolescentes nunca tinham realizado teste para HIV/Aids ou outra IST. Rizzon B, et al.  (2021), observou em seu estudo que os adolescentes não tinham um conhecimento amplo sobre as manifestações e sintomas das IST’s, isso pode contribuir também para que muitas das vezes, esses não busquem auxilio clínico para tratar essas condições de saúde.

O preservativo é a principal barreira de prevenção de IST’s (QUARESMA, NOGUEIRA, et al., 2022; MACHADO, OLIVEIRA, et al., 2021). No presente estudo observou-se que apesar dos participantes reconhecerem que o preservativo é fundamental para prevenção, houveram algumas contradições, principalmente em relação ao sexo masculino, no qual os participantes demonstraram que a camisinha diminui a sensibilidade durante o sexo e havia cerca de 38% dos participantes no geral que não sabia quais os meios de transmissão das IST’s. O uso de preservativo é essencial, mesmo diante de outros métodos contraceptivos, como observado por Cavalcante J, et al. (2021), que demonstra que os adolescentes devem ser aconselhados sobre a importância do uso de preservativos para reduzir o risco de aquisição  de  IST.

Apesar disso, é notório através dos dados coletados que os participantes tem uma visão de que o preservativo tem a função de prevenir principalmente doenças do que uma gravidez indesejada (Doenças: 76%; gravidez: 45%). Porém, o sexo feminino demonstrou ter maior cuidado em relação aos métodos preventivos de IST’s e gravidez indesejadas quando correlacionado ao sexo masculino. No caso do sexo masculino, isso pode ter relação ao fato deste demonstrarem que os preservativos podem contribuir com menor sensibilidade durante o sexo e de que pessoa com papel social de gênero feminino/mulheres são mais responsáveis pelo uso de métodos contraceptivos.

Apesar de não termos coletados informações sobre dupla-proteção, em estudo realizado por Quaresma L, et al (2022), os autores salientam que entre  as participantes do sexo feminino que  utilizam  pílula  anticoncepcional  com  parceiros  fixos,  muitas  deixaram  de  se  preocupar  com  a prevenção  de  IST  e  abandonam  o  uso  do  preservativo. Além disso, Bettoni S, et al (2022) e Rizzon B, et al (2021), citam que o uso de álcool pode corrobora para que os adolescentes tenham relações sexuais sem o uso de preservativos. O álcool possui uma associação com condutas de risco, provocando diminuição da capacidade de discernir riscos, facilitando a iniciação de relações sexuais ou, então, o sexo com alguém com quem normalmente não fariam (RIZZON, SOUZA, et al., 2021).

Rizzon B, et al (2021) citam também que há uma frequência significativa de adolescentes que usam preservativos na primeira vez que tiveram relação sexual, contudo, com a constância dos hábitos sexuais, observou-se queda de 16% no uso de preservativos da primeira para a última relação sexual e aumento no uso de anticoncepcional oral, passando de 5,9% para 66,7%, tornando os indivíduos mais vulneráveis às ISTs.

Conclusão

Com o desenvolvimento do presente estudo foi possível observar que os adolescentes demonstraram uma compreensão considerável dos riscos de doenças, principalmente quando não se usa preservativo, sendo este o método preventivo mais citado. O HIV, HPV, Herpes, Gonorreia e Sífilis foram as ISTs mais reconhecidas. Embora haja conhecimento sobre preservativos, uma porcentagem significativa de participantes não sabia sobre os meios de transmissão das ISTs e acreditavam erroneamente que não havia medidas preventivas eficazes.

Ter uma informação adequada sobre a sexualidade foi identificada como essencial na educação dos jovens, mas muitos adquiriram conhecimento principalmente com amigos, seguido por cuidadores e internet. Desta forma, a falta de orientação adequada, autoafirmação e curiosidade levam os jovens a comportamentos sexuais arriscados.

Cabendo a escola e aos profissionais de saúde o papel de agregar os conhecimentos adequados sobre o risco de IST’s, meios de transmissão, prevenção e tratamento, além de auxiliar os adolescentes no conhecimento sobre prevenção de gravidez indesejada.

Desta forma, concluímos que, apesar dos adolescentes incluídos no estudo ter demonstrado conhecimento amplo sobre a necessidade do uso da camisinha para prevenção de IST’s, alguns achados demonstram que este conhecimento ainda é limitado, além disso, o sexo feminino foi o que mais demonstrou ter conhecimento sobre IST’s, métodos de prevenção e contracepção e de ter dialogo familiar sobre sexualidade. Sendo assim, cabe a escola e aos profissionais de saúde o papel de agregar aos adolescentes informações fidedignas sobre sexualidade, contribuindo para que esses possam utilizar os métodos de prevenção de forma eficaz.

Referências

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1Médica residente em Medicina de Família e Comunidade – Escola Superior de Ciências de Saúde – ESCS

2Médica preceptora do Programa de Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade do Distrito Federal, da Escola Superior de Ciências da Saúde

3Médica residente em Medicina de Família e Comunidade – Escola Superior de Ciências de Saúde – ESCS

4Médico residente em Medicina de Família e Comunidade – Escola Superior de Ciências de Saúde – ESCS