ASPECTOS DA PREVALÊNCIA DA MALÁRIA POR PLASMODIUM VIVAX E PLASMODIUM FALCIPARUM NO ESTADO DO AMAZONAS (2014-2024)

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202412111258


Clívia de Araújo Martins1
Generoza de Almeida Soares Neta2
Loren Sabrynne Rodrigues de Souza3
Orientadora: Profa. Msc Lilian Ferrari de Freitas4


RESUMO:

O presente artigo tem como tema Aspectos da Prevalência da Malária por Plasmodium Vivax e Plasmodium Falciparum no Estado do Amazonas (2014 a 2024). A escolha do tema se deu em razão de que segundo a Organização Mundial de Saúde – (OMS) a malária é tida em todo mundo como um grave problema de saúde pública. No Brasil, a área considerada endêmica pela mesma organização é a região amazônica, sendo o Estado do Amazonas considerado como um dos mais afetados pela doença. Neste sentido, o objetivo geral consiste em analisar a prevalência da Malária por Plasmodium Vivax e Plasmodium Falciparum no Estado do Amazonas no período de 2014 a 2024. No que concerne aos objetivos específicos, pode-se dizer que são identificar qual o município do Amazonas com maior prevalência em relação aos casos de Malária por Plasmodium Vivax e Plasmodium Falciparum, bem como descrever os principais fatores sóciodemográficos acerca da infecção por Plasmodium Vivax e Plasmodium Falciparum, além de abordar sobre os principais aspectos relacionados à questão da prevalência da Malária no Amazonas. Por se tratar de uma revisão de literatura, de cunho narrativo, a pesquisa bibliográfica será realizada por meio das obras publicadas no período de 2014 a 2024. Em relação aos resultados obtidos o presente documento traz maior conscientização e esclarecimento acerca da causa, transmissão, cuidado, tratamento, em relação à malária no estado do Amazonas.

Palavras-chave: Amazonas. Malária. Prevalência.

ABSTRACT:

This article has as its theme Aspects of the Prevalence of Malaria by Plasmodium Vivax and Plasmodium Falciparum in the State of Amazonas (2014 to 2024). The theme was chosen because, according to the World Health Organization (WHO), malaria is considered a serious public health problem worldwide. In Brazil, the area considered endemic by the same organization is the Amazon region, with the State of Amazonas considered one of the most affected by the disease. In this sense, the general objective is to analyze the prevalence of Malaria by Plasmodium Vivax and Plasmodium Falciparum in the State of Amazonas in the period from 2014 to 2024. Regarding the specific objectives, it can be said that they are to identify which municipality in Amazonas has the highest prevalence in relation to cases of Malaria by Plasmodium Vivax and Plasmodium Falciparum, as well as to describe the main sociodemographic factors regarding infection by Plasmodium Vivax and Plasmodium Falciparum, in addition to addressing the main aspects related to the issue of the prevalence of Malaria in Amazonas. As this is a literature review, of a narrative nature, the bibliographic research will be carried out through works published in the period from 2014 to 2024. Regarding the results obtained, this document brings greater awareness and clarification about the cause, transmission, care, and treatment, in relation to malaria in the state of Amazonas.

Keywords: Amazonas. Malaria. Prevalence.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo traz como tema a reinfecção da malária no estado do Amazonas, com base na prevalência, no período compreendido entre os anos de 2014 e 2024. A escolha do tema se deu em razão de que segundo a Organização Mundial de Saúde – (OMS) a malária é tida em todo mundo como um grave problema de saúde pública. No Brasil, a área considerada endêmica pela mesma organização é a região amazônica, sendo o estado do Amazonas considerado como um dos mais afetados pela doença.

O objetivo geral é Analisar a prevalência da Malária por Plasmodium Vivax e Plasmodium Falciparum no Estado do Amazonas no período de 2014 a 2024. No que concerne aos objetivos específicos, pode-se dizer que são: identificar qual o município do Amazonas com maior prevalência em relação aos casos de Malária por Plasmodium Vivax e Plasmodium Falciparum, bem como descrever os principais fatores sóciodemográficos acerca da infecção por Plasmodium Vivax e Plasmodium Falciparum, além de abordar sobre as principais tentativas de controle e tratamento da Malária no Amazonas.

Diante disso, verifica-se que a Malária é uma doença parasitária, cuja transmissão ocorre através do protozoário do gênero Plasmodium sendo transmitida aos seus hospedeiros vertebrados pela picada de mosquito fêmea do gênero Anopheles.

Os sintomas mais comuns de quem está infectada pela malária é a presença de febre e dores em todo corpo, precedidos de calafrios e após a febre apresenta intensa sudorese, fraqueza, cefaleia, mal-estar geral, astenia e adinamia (Faria et al., 2021).

O diagnóstico é feito pela identificação do Plasmodium em lâmina de sangue periférico e em testes diagnósticos rápidos, em relação ao tratamento e a profilaxia dependem da espécie de Plasmodium, sensibilidade a fármacos e condição clínica do paciente.

Apesar dos estudos em andamento para desenvolver medidas mais eficazes de proteção, a malária ainda permanece como uma protozoose de alta prevalência. Dessa maneira, estudos epidemiológicos tornam-se necessários para entender a distribuição de casos e o correto manejo da doença que ainda não tem cura, e muito menos algum tipo de vacina, o que leva a ser uma temática importante na atualidade.

2 REVISÃO DE LITERATURA

A população amazonense mais pobre, que vive em condições precárias em relação ao saneamento básico, encontra-se mais vulnerável e com isso essas pessoas estão mais sujeitas a serem infectadas várias vezes pela doença.

Neste sentido, apesar da diminuição apontada nos estudos realizados por Dorneles et al. (2023), ainda assim os números de reinfecções e óbitos por conta da doença são significativos e prevalentes, levando a ser considerada como uma doença negligenciada.

2.1 Malária: Conceitos e Características

A malária é uma das doenças mais antigas do mundo, sendo associada à pobreza e populações mais vulneráveis, continuando como uma das doenças endêmicas com maior percentual de mortes e de morbidade em populações que habitam países localizados em regiões tropicais e até mesmo em regiões subtropicais no mundo inteiro (Suárez-Mutis, 2020).

Alguns estudiosos, como Arruda (2016) e Faria et al. (2021) afirmam que o surgimento da doença possui relação ao fato da humanidade, em dado momento da história, ter se dedicado as atividades do campo e com isso passou a ter contato mais direto com o mosquito.

A malária é caracterizada por ser uma doença parasitária, com a presença de acessos febris com intervalos de 24, 48 ou 72 horas, de acordo com a espécie parasitária, precedidos de calafrios e após a febre apresenta intensa sudorese, fraqueza, cefaleia, mal-estar geral, astenia e adinamia (Faria et al., 2021).

A doença é causada por protozoário do gênero Plasmodium e transmitida aos seus hospedeiros vertebrados pela picada de mosquito fêmea do gênero Anopheles, em razão da enorme variedade de formas evolutivas do protozoário Plasmodium, além da diversidade de locais em que ele pode tomar como morada, em geral, se pode encontrar em várias espécies de parasitos tendo como os principais: Plasmodium falciparum, Plasmodium vivax, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale, existe o registro da existência de um parasito recém descoberto, o Plasmodium knowlesi (Meireles et al., 2020).

De acordo com Deane (2019) o ciclo do parasita se desenvolve em dois hospedeiros (o homem e o mosquito), assim durante o repasto sangüíneo, o mosquito injeta esporozoítas no homem que infectam células hepáticas, iniciando o ciclo pré-eritrocítico; o parasita multiplica-se formando os chamados esquizontes; as células hepáticas contendo esquizontes se rompem liberando os merozoítas; estes invadem os glóbulos vermelhos iniciando o ciclo eritrocítico, que dá origem aos esquizontes que após ruptura dos glóbulos que os contêm, liberam merozoítas que invadem outros glóbulos vermelhos.

Ainda sobre o ciclo, alguns parasitas evoluem para formas sexuadas masculina (microgametócito) e feminina (macrogametócito) que ao se alimentarem em pacientes infectados, ingerem os gametócitos; eles evoluem para gametas e o microgameta penetra o macro, formando o zigoto que evolui para o ocineto móvel, o qual penetra a parede do estômago do mosquito e encista-se formando o cisto, onde passa a esporogonia, dando origem aos esporozoítas, que invadem as glândulas salivares do mosquito (Brasil, 2022).

Conforme pontuado anteriormente, umas das características da malária são os acessos de febre constante, as recaídas são frequentes nas infecções por P. vivax e P. ovale devido à presença de formas tissulares no fígado de indivíduos infectados. Pode haver recrudescência da infecção por falta ou baixa adesão ao tratamento, assim como por resistência aos antimaláricos como ocorre no caso do P. falciparum. Também existem infecções crônicas por P. falciparum ou P. vivax em áreas de alta endemicidade (Suárez-Mutis, 2020).

2.2 Malária: Prevalência no Amazonas

A Malária é uma doença que não pode ser negligenciada, necessário que sejam realizados mais estudos e pesquisas que possam viabilizar a criação de novas vacinas, tendo em vista que já foram recomendadas pela OMS, e usadas em crianças, como forma de prevenção a vacina Mosquirix e R21/Matrix-M.

No Brasil, a região amazônica é considerada por muitos estudiosos como uma das partes mais importantes em todo planeta, ela é compreendida pelos estados brasileiros do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão (Deane, 2019), conforme demonstra o gráfico 1, logo abaixo:

Gráfico 1: Caracterização dos casos de infecção de Malária nos últimos 8 anos

Fonte: Gonçalves et al. (2023).

Conforme o gráfico acima nos últimos oito anos os casos de infecção e reinfecção da Malária só vem aumentando, mesmo diante de todas as ações preventivas e de conscientização realizadas pelo Poder Público e demais organizações governamentais ligadas a área da saúde no estado do Amazonas, como por exemplo, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas / Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS).

Outro fator interessante apontado no gráfico diz respeito que a prevalência de infecção é maior nos homens em relação as mulheres, tendo um crescimento contínuo ao longo dos últimos anos.

Segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas / Dra. Rosemary Costa Pinto – (FVS, 2024), na lista de municípios com maior quantidade de casos notificados para arboviroses: Manaus (5.603), Tefé (779), Manacapuru (690), Lábrea (582), Coari (582), Carauari (554), Iranduba (508), Envira (319), Tonantins (282) e Itacoatiara (217).

Ainda de acordo com (FVS, 2024), no Amazonas, nos primeiros dois meses do ano, foram registrados 5.609 casos de malária em 2024. Por municípios são: São Gabriel da Cachoeira (1.383), Manaus (1.069), Barcelos (393), Carauari (241), Itamarati (215), Coari (190), Humaitá (188), Guajará (177) e Lábrea (154).

3 MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo, do tipo revisão da literatura, de cunho narrativo, que é um método que proporciona conhecimento e resultados de estudos com base em dados atualizados, obtidos através da pesquisa bibliográfica, com ampla abordagem metodológica incorporando conceitos, revisão de teorias, evidências e análise de problemas metodológicos (Luna, 2018). 

Para coleta de dados, foram utilizadas as bibliotecas virtuais de pesquisa: Biblioteca Científica Eletrônica Online (SCIELO), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), PUBMED, Medline e Portal Capes, mediantes os seguintes descritores: “Amazonas”; “Malária” e “Saúde”.

 Como critérios de elegibilidade, foram selecionados artigos originais, disponibilizados gratuitamente, em português e inglês, publicados no período de 2014 a 2024, que tratam do tema pesquisado, pois se entende que estes apontamentos necessitam de atualização constante. 

Neste sentido, artigos com texto incompleto, resumos, monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado foram excluídos da revisão, pois esses materiais nem sempre são publicados e por esta razão não sendo elegíveis para a revisão de literatura.

Os artigos foram selecionados mediante análise criteriosa dos títulos com base nos critérios de elegibilidade e exclusão, seguida da avaliação dos resumos e, por fim, da leitura completa deles na íntegra, sendo elaborado um instrumento para a coleta de informações direto das bases de dados.

4 RESULTADO E DISCUSSÃO

Conforme evidenciado em item anterior, a literatura científica produzida e publicada que aborda acerca da temática relacionada às questões inerentes a Malária, especificamente, no que diz respeito aos fatores epidemiológicos e de prevalências no Estado do Amazonas, são unânimes ao se referirem a doença como preocupante e que não pode ser negligenciada pelos Órgãos de saúde das esferas municipal, estadual e federal.

Diante disso, para uma melhor análise e discussão em relação aos resultados obtidos durante a pesquisa, foi elaborado um quadro, onde constam informações acerca da temática, autores, ano, objetivo e resultado encontrado, dados estes que se julga serem fundamentais para o atendimento dos objetivos almejados neste trabalho, conforme ilustra o quadro 1, logo abaixo:

Quadro 1: Estudos que retratam sobre a prevalência da Malária

Autor/AnoTítuloObjetivoTipo de PesquisaResultados
ARRUDA, E. F. de et al, 2016Associação entre malária e anemia em área urbana de transmissão do Plasmodium: Mâncio Lima, Acre, BrasilAnalisar a prevalência de anemia atribuível à malária na população urbana residente no Município de Mâncio Lima, Acre, Brasil.Trata-se de um estudo de coorte não concorrente com 1.167 pessoas acompanhadas por três meses anteriores à data da entrevista mediante dados do SIVEP-MaláriaOs resultados mostraram que 50,2% dos indivíduos eram do sexo masculino e 67,96% encontravamse na faixa etária de 15 anos ou mais.
BARBER, B. E. et al, 2017The treatment of Plasmodium knowlesi malariaAnalisar a prevalência do Plasmodium knowlesi cuja causa mais comum de malária na Malásia e foi relatado em todo o Sudeste Asiático.Análise de casos em laboratóriosA cloroquina e o artesunato-mefloquina foram altamente eficazes para malária knowlesi não complicada. Os tempos de eliminação de parasitas foram mais rápidos com artesunato-mefloquina.
DORNELES, J. S. U. et al, 2023Perfil epidemiológico da malária no município de AltamiraIdentificar a situação epidemiológica  da  malária  no município de Altamira-PA, no período de 2011 a 2021Estudo descritivo, transversal e retrospectivo dos casos confirmados de Malária de 2011 até 2021Os maiores  índices  ocorreram  entre  os  anos  de 2011 e 2012, o que representa 54.17 % dos casos positivos.
FONTES, C. J. F., 2021Epidemiologia da malária e fatores associados à infecção assintomática por Plasmodium em uma população de garimpeiros da Amazônia brasileiraDescrever a evolução temporal e espacial de malária em Mato Grosso, discriminadas em períodos de 1980- 1985; 1986-1991; 1992-1997 e 1998- 2003Estudo ecológico de enfoque exploratório, pautado em dados secundários.A distribuição da doença por microrregiões evidenciou que a malária é predominantemente focal.
SUÁREZ-MUTIS, M.Mudanças no padrãoDescrever asEstudo retrospectivoTais mudanças no
C., 2020epidemiológico da malária em área rural do médio Rio Negro, Amazônia brasileira: análise retrospectivamudanças no padrão epidemiológico da malária no rio Padauiri no período de 1992 e 2004.dos casos de malária ocorridos entre 1992 e 2004 no Município de Barcelos, Amazonas, Brasilpadrão epidemiológico da malária no rio Padauiri devem ser esclarecidas mediante estudos prospectivos.

Fonte: As autoras (2024)

De acordo com os estudos acima, a Malária é causada por protozoário do gênero Plasmodium e transmitida aos seus hospedeiros vertebrados pela picada de mosquito fêmea do gênero Anopheles, em razão da enorme variedade de formas evolutivas do protozoário Plasmodium.

Além da diversidade de locais em que ele pode tomar como morada, em geral, se pode encontrar em várias espécies de parasitos tendo como os principais: Plasmodium Falciparum, Plasmodium Vivax, Plasmodium Malariae e Plasmodium Ovale, existe o registro da existência de um parasito recém-descoberto, o Plasmodium Knowlesi (Meireles et al., 2020).

4.1 Fatores epidemiológicos: Infecção pelos Plasmodium Vivax e Falciparum

No mundo, os casos de malária possuem características de epidemiologia em países do Continente Africano, com grande incidência em populações mais vulneráveis da América latina (México, Equador, Colômbia, Brasil etc.); América Central (Honduras, Panamá, Guatemala etc.) e no Caribe (Gama; Chalkidis, 2021).

De acordo com Siqueira (2018) somente no período correspondente aos anos de 2018 a 2020 foram registrados mais de 658 mil óbitos e 422 milhões de casos de Malária no planeta, e desses cerca de 93% ocorreram no Continente Africano, 3,4% na região Sudoeste da Ásia e 2,1% no Mediterrâneo Oriental.

Em relação às Américas, a OMS estima-se que a Malária ocorra pelo menos em 19 países (Belize, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guiana Francesa, Guatemala, Guiana, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Venezuela), em todos eles durante o ano de 2018 houve quase um milhão de casos, com aproximadamente 750 óbitos registrados (Dorneles, 2023).

No Amazonas, nos primeiros dois meses do ano, foram registrados 5.609 casos de malária em 2024. Por municípios são: São Gabriel da Cachoeira (1.383), Manaus (1.069), Barcelos (393), Carauari (241), Itamarati (215), Coari (190), Humaitá (188), Guajará (177) e Lábrea (154). (FVS – Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas / Dra. Rosemary Costa Pinto, 2024).

4.2 Malária no Amazonas: tentativas de controle e tratamento

Em razão de o Amazonas ser o maior Estado brasileiro em extensão, o acesso à maioria de seus municípios é difícil, o que ajuda na proliferação da doença nessas localidades, ou seja, o grande desafio para os programas de controle da malária no estado do Amazonas se dá por conta da demora em se chegar a um determinado município, levando a medicação necessária, como o profissional de saúde, o que contribui para o alto índice de prevalência das infecções assintomáticas por P. vivax (Fontes, 2021).

Para Arruda (2019) o diagnóstico é feito pela identificação do Plasmodium em lâmina de sangue periférico e em testes diagnósticos rápidos. Neste aspecto, os exames realizados para se obter o diagnóstico de Malária, são o da Gota espessa; o do Esfregaço delgado; os Ensaios de Diagnóstico Rápido Não-Microscópico; além das Técnicas de Diagnóstico Molecular (Faria et al., 2021).

O tratamento e a profilaxia dependem da espécie de Plasmodium, sensibilidade a fármacos e condição clínica do paciente. Assim sendo, o Sistema Único de Saúde – (SUS), distribui de forma gratuita, os medicamentos conhecidos como antimaláricos e que são compostos por combinações fixas de derivados de artemisinina (ACT), artemeter + lumefantrina ou artesunato + mefloquina, por três dias para o tratamento clínico e a primaquina em dose única para eliminação dos gametócitos (Meireles, 2020).

Apesar dos esforços empregados a prevalência desta protozoose permanece elevada, de acordo com Gama e Chalkidis (2021), no período de 2017 a 2020, na cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas, por exemplo, foram realizados 118.467 exames em mulheres, dos quais 3.836 foram realizados em grávidas com 1.854 casos positivos. Os casos de malária por P. falciparum totalizam 136 e os casos de malária por P. vivax totalizaram 1.710, e os casos de P. falciparum + P. vivax (mista) alcançaram 8 casos (Siqueira, 2018), segundo demonstra a figura 1, a seguir:

Figura 1: Ciclo da Malária

Fonte: Deane (2019).

De acordo com Deane (2019) o ciclo do parasita se desenvolve em dois hospedeiros (o homem e o mosquito), assim durante o repasto sanguíneo, o mosquito injeta esporozoítas no homem que infectam células hepáticas, iniciando o ciclo pré-eritrocítico; o parasita multiplica-se formando os chamados esquizontes; as células hepáticas contendo esquizontes se rompem liberando os merozoítas; estes invadem os glóbulos vermelhos iniciando o ciclo eritrocítico, que dá origem aos esquizontes que após ruptura dos glóbulos que os contêm, liberam merozoítas que invadem outros glóbulos vermelhos.

Ainda sobre o ciclo, alguns parasitas evoluem para formas sexuadas masculina (microgametócito) e feminina (macrogametócito) que ao se alimentarem em pacientes infectados, ingerem os gametócitos; eles evoluem para gametas e o microgameta penetra o macro, formando o zigoto que evolui para o ocineto móvel, o qual penetra a parede do estômago do mosquito e encista-se formando o cisto, onde passa a esporogonia, dando origem aos esporozoítas, que invadem as glândulas salivares do mosquito (Brasil, 2022).

Conforme pontuado anteriormente, umas das características da malária são os acessos de febre constante, as recaídas são frequentes nas infecções por P. vivax e P. ovale devido à presença de formas tissulares no fígado de indivíduos infectados. Pode haver recrudescência da infecção por falta ou baixa adesão ao tratamento, assim como por resistência aos antimaláricos como ocorre no caso do P. falciparum. Também existem infecções crônicas por P. falciparum ou P. vivax em áreas de alta endemicidade (Suárez-Mutis, 2020).

Em relação ao índice de Plasmodium Falciparum Anual (IFA), conforme afirma Fontes (2021) é o índice de P. falciparum anual que soma o índice de P. falciparum e P. falciparum + P. vivax. A espécie P. vivax, que apresenta 131.698 mil casos (94,96%), sendo que a infecção causada pelo P. falciparum, um total de 6.621 representa (4,774) %. A infecção mista apresenta 347 casos, significando (0,25%).

Conforme Barber (2017) Anopheles darlingi tem uma ampla distribuição geográfica na América do Sul e Central, a diferença entre os protozoários é que “o Plasmodium falciparum, por exemplo, infecta qualquer célula do sangue”. Já “o Plasmodium vivax infecta somente os eritrócitos jovens, os quais são conhecidos como reticulócitos”.

Assim sendo, os estudos obtidos através da pesquisa, demonstram de maneira objetiva que existem alguns fatores, conforme abordado anteriormente, em relação a prevalência da Malária, que devem ser considerados no que se refere a questão da infecção e da reinfecção de casos ocorridos nos últimos dez anos no estado do Amazonas.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo da realização dessa pesquisa, verificou-se que os desafios mais comuns enfrentados pelas pessoas que habitam no estado do Amazonas são muitos, tais como: falta de melhores políticas públicas voltadas para prevenção da Malária falta de preparo de alguns profissionais ao lidar com a questão. Assim como, a falta de recursos adequados, a ausência de um espaço apropriado, o acompanhamento por uma equipe multidisciplinar etc.

Neste aspecto, os profissionais da área da saúde precisam voltar os olhos para maior capacitação em relação aos cuidados de prevenção e conscientização em relação a Malária, também o desenvolvimento de novas pesquisas que possam viabilizar a criação de uma vacina apropriada ao caso.

Essas ações fortalecem o espírito de equipe, tornam possível vislumbrar um trabalho de qualidade além das salas de aula, multiplicando-se ao longo da prática profissional, se estendendo para todos aqueles que fazem parte deste processo, com isso não há dúvidas que todos os envolvidos só têm a ganhar em relação à preparação, formação, aquisição e outros recursos e habilidades tão importantes para o combate à Malária.

Desta forma, entende-se que todos os objetivos foram plenamente atingidos ao longo das ponderações, resultados e análises contidas no presente trabalho, uma vez que cada seção contida nele foi construída tendo em vista a contemplação dos objetivos almejados através da revisão de literatura.

REFERÊNCIAS

ARRUDA, E. F., et al. Associação entre malária e anemia em área urbana de transmissão do Plasmodium: Mâncio Lima, Acre, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 32, 2016.

BARBER, B. E., et al. The treatment of plasmodium knowlesi malaria. Trends in parasitology, v. 33, n. 3, p. 242-253, 2017.

BRASIL. Situação epidemiológica da malária. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/m/malaria/situacaoepidemiologica-da-malaria-1. Acesso em: 30 de out. 2024.

DEANE, L. M. Malaria vectors in Brazil. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, v.81, p.5-14, 2019.

DORNELES, J. S. U., et al. Perfil epidemiológico da malária no município de Altamira. Brazilian Journal of Development, v. 9, n. 3, p. 11921-11938, 2023.

FARIA, G., et al. Incidência de malária no município de Ariquemes-RO no período de 2018 a 2020. Saber Científico, v. 9, n. 1, p. 82-89, 2021.

FONTES, C. J. F. Epidemiologia da malária e fatores associados à infecção assintomática por Plasmodium em uma população de garimpeiros da Amazônia brasileira. Belo Horizonte, Cadernos de Saúde Pública, 2021.

FVS, Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas / Dra. Rosemary Costa Pinto. Governo do Amazonas reforça combate a doenças como dengue, oropouche e malária com entrega de equipamentos e veículos a municípios. Disponível em: https://www.fvs.am.gov.br/noticias_view/8331#:~:text=Na%20lista%20de%20munic% C3%ADpios%20com,)%20e%20Itacoatiara%20(217). Acesso em: 14 de out. 2024.

GAMA, J. K. B.; CHALKIDIS, H. Perfil epidemiológico da Malária Epidemiological prole of Malaria. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 12, p. 24-34, 2021.

GONÇALVES, B. P., et al. Natural history of malaria infections during early childhood in twins. The Journal of Infectious Diseases, v. 227, n. 2, p. 171-178, 2023.

LUNA, A. C. Fundamentos de Metodologia Científica. Editora: Vozes, 2018.

MEIRELES, A. A. V., et al. Panorama epidemiológico da malária em um estado da Amazônia Brasileira. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 10, p. 83-101, 2020.

SIQUEIRA, A., et al. Malária na atenção básica. Belo Horizonte: Nescon/UFMG, 2018.

SUÁREZ-MUTIS, M. C. Mudanças no padrão epidemiológico da malária em área rural do médio Rio Negro, Amazônia brasileira: análise retrospectiva. Cadernos de Saúde Pública, 2020.


1Formanda do Curso de Biomedicina – UNINORTE / e-mail: cliviadearaujomartins524@gmail.com
2Formanda do Curso de Biomedicina – UNINORTE / e-mail: sneta2309@gmail.com
3Formanda do Curso de Biomedicina – UNINORTE / e-mail: lorensabrynne@gmail.com
4Profa. MSc e Orientadora – UNINORTE / e-mail: lilianferrarif@gmail.com