REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202501261249
Silva, Jean Karllos Oliveira da1; Sousa, Rafael Meireles Leão2; Souza, Ramon Cordeiro de3; Lopes, Rodrigo Ferreira4; Júnior, Valdir Alves da Silva5; Tourinho, Luciano de Oliveira Souza6
RESUMO
Introdução. A asma é uma doença respiratória crônica prevalente que apresenta desafios significativos no diagnóstico precoce e no manejo adequado, impactando diretamente a qualidade de vida dos pacientes. Objetivos. Este trabalho propõe-se a realizar uma revisão crítica da literatura científica sobre os aspectos clínicos e terapêuticos da asma, com foco nos avanços recentes nas opções de tratamento, incluindo terapias convencionais e emergentes, como as terapias biológicas. Justificativa. A justificativa para a pesquisa é o impacto social, acadêmico e científico da asma, que representa um problema de saúde pública com consequências significativas para os pacientes e para os sistemas de saúde, devido ao número de hospitalizações e tratamentos necessários. Metodologia: Trata-se de uma revisão sistemática da literatura, com base em artigos publicados entre 2020 e 2024 nas bases de dados PubMed e SciELO. Resultados e discussão. Os resultados apontaram que, além dos tratamentos tradicionais, as terapias emergentes, como os anticorpos monoclonais e a fisioterapia respiratória, têm se mostrado eficazes no controle das exacerbações e na melhora da qualidade de vida dos pacientes. A pesquisa também discutiu as barreiras enfrentadas na adesão ao tratamento, especialmente em países com recursos limitados. Conclusão. Em conclusão, o estudo reforça a importância de abordagens terapêuticas personalizadas e do controle de fatores emocionais e ambientais no manejo da asma, visando melhorar o controle da doença e reduzir as exacerbações.
Palavras-chave: Asma. Tratamento. Exacerbações. Adesão ao tratamento.
ABSTRACT
Introduction: Asthma is a prevalent chronic respiratory disease that presents significant challenges in early diagnosis and proper management, directly impacting the quality of life of patients.Objectives: This study aims to conduct a critical review of the scientific literature on the clinical and therapeutic aspects of asthma, focusing on recent advances in treatment options, including conventional and emerging therapies, such as biological therapies.Justification: The rationale for this research lies in the social, academic, and scientific impact of asthma, which represents a public health issue with significant consequences for patients and healthcare systems due to the number of hospitalizations and treatments required.Methodology: This is a systematic review of the literature, based on articles published between 2020 and 2024 in the PubMed and SciELO databases.Results and Discussion: The results indicated that, in addition to traditional treatments, emerging therapies, such as monoclonal antibodies and respiratory physiotherapy, have proven effective in controlling exacerbations and improving patients’ quality of life. The study also discussed the barriers to treatment adherence, particularly in resource-limited countries.Conclusion: In conclusion, the study emphasizes the importance of personalized therapeutic approaches and the control of emotional and environmental factors in asthma management, aiming to improve disease control and reduce exacerbations.
Keywords: Asthma. Treatment. Exacerbations. Treatment adherence.
1 INTRODUÇÃO
A asma é uma das doenças respiratórias crônicas mais prevalentes no mundo, afetando milhões de pessoas, especialmente crianças e jovens adultos. A doença é caracterizada por uma obstrução variável das vias aéreas, que resulta em dificuldades respiratórias, tosse e chiado no peito, a asma é uma condição que, apesar de ser amplamente conhecida, ainda apresenta desafios significativos no seu diagnóstico precoce e no manejo adequado dos pacientes. Esses desafios incluem o controle das exacerbações, a adesão ao tratamento e a personalização das terapias, fatores que têm um impacto direto na qualidade de vida dos pacientes e nas taxas de hospitalização.
O tema deste trabalho, “Aspectos clínicos e terapêuticos da asma: Uma revisão crítica da literatura científica”, propõe-se a analisar os principais fatores clínicos e terapêuticos relacionados à asma, com foco especial nos avanços mais recentes no entendimento da fisiopatologia da doença e nas opções terapêuticas emergentes. A pesquisa buscará examinar a evolução das abordagens terapêuticas, desde os tratamentos convencionais até as terapias mais inovadoras, incluindo as terapias biológicas, que têm mostrado grande potencial para personalizar o tratamento da asma, adaptando-o às características específicas de cada paciente.
A questão central que norteará este estudo é: Quais são os avanços mais recentes nos aspectos clínicos e terapêuticos da asma, e como esses desenvolvimentos podem aprimorar o manejo da doença, diminuindo a frequência de exacerbações e proporcionando uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes asmáticos? Com base nesta indagação, a hipótese que orienta a pesquisa é que, à medida que os avanços na compreensão dos mecanismos moleculares e imunológicos da asma se concretizam e novas terapias personalizadas se tornam mais acessíveis, o tratamento da doença se torna mais eficaz, o que resulta em um controle mais eficiente da condição e na redução das exacerbações.
O objetivo geral deste trabalho é realizar uma revisão crítica da literatura científica sobre os aspectos clínicos e terapêuticos da asma, com foco nos avanços recentes no tratamento da doença e nas variáveis que influenciam seu controle. Para isso, foram delineados objetivos específicos que buscam entender os mecanismos fisiopatológicos da asma, avaliar as opções terapêuticas mais recentes, como medicamentos convencionais e terapias emergentes, e analisar os fatores que afetam a adesão ao tratamento, incluindo aspectos individuais, sociais e ambientais.
Além disso, sabe-se que a asma é uma das doenças respiratórias mais comuns e tem um impacto profundo na vida dos pacientes, com repercussões significativas não apenas na saúde individual, mas também no sistema de saúde como um todo. A alta taxa de prevalência e a dificuldade no controle adequado da doença tornam-na um importante problema de saúde pública, com consequências diretas sobre a qualidade de vida dos pacientes e custos elevados para os sistemas de saúde devido ao número de hospitalizações e consultas médicas. A justificativa para este estudo está, portanto, no impacto da asma na sociedade, especialmente na prevenção de complicações graves e hospitalizações, e no avanço do entendimento das novas terapias e suas implicações clínicas.
A revisão crítica da literatura trará à tona os principais resultados encontrados sobre os mecanismos da doença e as terapias atuais, incluindo as novas abordagens terapêuticas emergentes que visam a personalização do tratamento. Além disso, serão discutidas as lacunas no conhecimento atual, como as dificuldades na adesão ao tratamento e as perspectivas futuras, com foco na medicina de precisão, que tem se mostrado promissora para otimizar os resultados clínicos e melhorar o controle da asma a longo prazo.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Tipo de estudo
Trata-se de uma revisão sistemática da literatura científica sobre os aspectos clínicos e terapêuticos da asma, com ênfase nos avanços recentes no tratamento da doença. A revisão sistemática foi escolhida como metodologia por seu rigor metodológico e pela capacidade de sintetizar evidências de forma clara e objetiva, proporcionando uma visão abrangente do tema.
A revisão segue o modelo PICO, uma estrutura amplamente utilizada para guiar pesquisas sistemáticas. O PICO é composto por quatro elementos principais: P (População), I (Intervenção), C (Comparação) e O (Resultado). Para este estudo, a população inclui pacientes com diagnóstico de asma, abrangendo tanto crianças quanto adultos. A intervenção envolve os tratamentos disponíveis para a asma, incluindo tanto os medicamentos convencionais, como broncodilatadores e anti-inflamatórios, quanto as terapias emergentes, como as terapias biológicas. A comparação foi elaborada entre os diferentes tratamentos, com foco na eficácia das terapias convencionais em relação às terapias mais recentes e personalizadas. O resultado esperado foi identificar as terapias mais eficazes para o controle da asma, com a redução das exacerbações e melhoria na qualidade de vida dos pacientes.
A questão central que orienta esta revisão é: Quais são os avanços mais recentes nos aspectos clínicos e terapêuticos da asma e como esses desenvolvimentos podem aprimorar o manejo da doença, diminuindo a frequência de exacerbações e proporcionando uma melhoria significativa na qualidade de vida dos pacientes?
2.2 Coleta de dados
A coleta de dados foi realizada utilizando artigos publicados entre 2020 e 2024 nos idiomas português, inglês e espanhol. Os artigos foram selecionados a partir de duas bases de dados amplamente reconhecidas na área da saúde: Scientific Electronic Library Online (SciELO) e National Library of Medicine (PubMed). Para garantir a relevância e a qualidade dos artigos selecionados, foram utilizados descritores das bases de dados Descritores em Ciências da Saúde e Medical Subject Headings, incluindo termos como “Asma”, “Tratamento da asma”, “Fisiopatologia da asma”, “Exacerbação da asma”, “Terapias biológicas para asma”, “Medicamentos broncodilatadores”, “Inflamação nas vias respiratórias”, “Controle da asma” e “Adesão ao tratamento de asma”, combinados com o operador booleano AND.
Foram incluídos estudos que atendiam aos seguintes critérios: (i) artigos originais em português, inglês ou espanhol; (ii) publicados entre 2020 e 2024; (iii) que abordassem diretamente os aspectos clínicos e terapêuticos da asma; e (iv) que estavam disponíveis em texto completo. Foram excluídos editoriais, revisões não sistemáticas, teses, dissertações, artigos duplicados e os artigos que não estavam disponíveis gratuitamente na íntegra.
A coleta de dados foi realizada de maneira abrangente, consultando todas as fontes e índices disponíveis nas bases de dados selecionadas para garantir a exaustividade da busca. Após a coleta, os títulos e resumos dos artigos identificados foram revisados para verificar sua elegibilidade. A partir daí, as informações extraídas foram analisadas qualitativamente e organizadas com o objetivo de identificar as terapias mais eficazes, os fatores que influenciam o controle da asma e as novas perspectivas para o tratamento da doença.
Figura 1 – Diagrama dos artigos incluídos no estudo.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A triagem inicial realizada nas bases de dados PubMed e SciELO, utilizando os descritores relacionados à asma, permitiu a identificação de 1.543 estudos. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, 1.533 publicações foram excluídas, restando 10 estudos para análise completa.
A seguir, após a leitura dos resumos, foram excluídos os textos que fugiam ao tema ou que não atendiam à pergunta central da pesquisa, com 10 estudos selecionados para análise final. Em relação à distribuição dos estudos nas bases de dados, 8 (80%) pertenciam ao PubMed e 2 (20%) à SciELO.
Tabela 1 – Principais características dos artigos incluídos neste estudo.
Autor, ano | Tipo de estudo | Título | Conclusões |
Abreu, Y.A.S.P. et al., 2024 | Estudo clínico | Manejo da asma em crianças: diagnóstico e tratamento no contexto emergencial | O estudo destaca a importância de uma abordagem emergencial eficaz no manejo da asma em crianças, enfatizando a necessidade de uma intervenção precoce e personalizada para controlar a crise asmática de forma eficaz. |
Barbosa, T.M. et al., 2022 | Estudo experimental | A utilização de anticorpos monoclonais no tratamento da asma grave | O uso de anticorpos monoclonais mostrou-se uma opção promissora no tratamento da asma grave, proporcionando controle mais eficaz das crises e reduzindo a necessidade de hospitalizações frequentes. |
Bastos, A.P.S., 2024 | Estudo de revisão | Sulfato de magnésio para exacerbação da asma infantil: antigo tratamento, novas evidências | O sulfato de magnésio tem demonstrado resultados positivos em crianças com exacerbação asmática grave, comprovando sua eficácia no tratamento e indicando a necessidade de reavaliação de protocolos de tratamento. |
Benalia, T.C. et al., 2022 | Estudo clínico | Fisioterapia no auxílio do tratamento da asma | A fisioterapia respiratória foi identificada como um complemento eficaz no tratamento da asma, ajudando a melhorar a função pulmonar e reduzir os sintomas de obstrução nas vias aéreas. |
Borges, I. et al., 2024 | Estudo experimental | Uso de anticorpos monoclonais na asma: uma opção terapêutica | O estudo evidenciou que anticorpos monoclonais são uma alternativa eficaz, especialmente para pacientes com asma grave não controlada, apresentando uma melhora substancial na qualidade de vida dos pacientes. |
Costa, A.M.B. et al., 2021 | Estudo qualitativo | Utilização das redes sociais para esclarecer os aspectos da adesão ao tratamento da asma | O estudo revelou que o uso das redes sociais pode ser uma ferramenta valiosa para aumentar a conscientização sobre a asma e melhorar a adesão ao tratamento, promovendo maior engajamento dos pacientes. |
Pereira, A. et al., 2021 | Estudo clínico | Treinamento muscular respiratório no tratamento da asma brônquica | O treinamento muscular respiratório demonstrou ser eficaz na melhora da função respiratória e na redução das exacerbações asmáticas, proporcionando benefícios a longo prazo aos pacientes. |
Pitrez, P.M., 2023 | Estudo de revisão | Os desafios do tratamento da asma em países de média e baixa renda: o que vem a seguir? | O estudo discute as barreiras no tratamento da asma em países de média e baixa renda, propondo soluções para melhorar o acesso a medicamentos e tratamentos de qualidade. |
Ponte, E.V. et al., 2021 | Estudo clínico | Asma grave no Brasil: do diagnóstico ao tratamento | A pesquisa conclui que, embora os avanços no diagnóstico da asma grave sejam notáveis, ainda há desafios no acesso a tratamentos eficazes, principalmente em áreas com menos recursos. |
Rodrigues, G.M. et al., 2022 | Estudo experimental | A prática da natação como meio de prevenção e tratamento da asma em crianças | A natação foi identificada como uma atividade benéfica para crianças com asma, ajudando a melhorar a função pulmonar e a reduzir a frequência de crises asmáticas. |
Fonte: autores (2024).
A asma, embora seja uma das doenças respiratórias mais estudadas, ainda apresenta desafios no seu tratamento, principalmente no controle de exacerbações graves. As terapias farmacológicas tradicionais, como os broncodilatadores e os anti-inflamatórios, continuam sendo a base do tratamento, porém novas opções terapêuticas têm surgido, com ênfase nas terapias biológicas (Rodrigues et al., 2022).
As exacerbações graves da asma representam um agravamento significativo e abrupto dos sintomas respiratórios que podem levar à obstrução das vias aéreas e a um aumento do risco de insuficiência respiratória (Pitrez, 2023). Durante uma exacerbação grave, o paciente experimenta falta de ar intensa, tosse, chiado no peito e dificuldade para respirar, o que pode exigir intervenção médica imediata para evitar complicações graves, como hospitalização ou até mesmo a morte (Ponte et al., 2021). Esses episódios geralmente envolvem um aumento da inflamação nas vias respiratórias e uma resposta imunológica exacerbada, o que resulta no estreitamento das vias aéreas devido ao edema e à produção excessiva de muco.
As exacerbações podem ocorrer por diferentes motivos, como a exposição a alérgenos, infecções respiratórias, mudanças climáticas, poluição do ar e falta de adesão ao tratamento, especialmente quando o controle da doença não é otimizado. O uso inadequado de medicamentos ou a interrupção do tratamento preventivo também pode contribuir para o agravamento da asma (Borges et al., 2024). Essas exacerbações impactam a qualidade de vida do paciente, como também aumentam os custos com cuidados médicos e hospitalizações.
O tratamento das exacerbações graves da asma envolve a utilização de medicamentos de ação rápida e eficazes para alívio imediato dos sintomas. Um dos primeiros medicamentos administrados em situações de exacerbação são os broncodilatadores de ação rápida, como o salbutamol (albuterol) e o fenoterol que atuam relaxando os músculos das vias respiratórias e promove a dilatação dos brônquios, com base no alívio rapidamente dos sintomas de chiado e dificuldade para respirar (Pereira et al., 2021).
Além disso, os corticosteroides sistêmicos, como a prednisona, são frequentemente usados em exacerbações graves para reduzir a inflamação nas vias respiratórias e controlar rapidamente os sintomas. Esses medicamentos são administrados por via oral ou intravenosa, dependendo da gravidade da crise. Já os corticosteroides inalatórios, como a budesonida, são usados no controle a longo prazo e para prevenção de novas exacerbações (Barbosa et al., 2022).
Abreu et al. (2024) ressaltam que o uso de anticorpos monoclonais na asma grave representa uma revolução no tratamento, sendo uma alternativa eficaz para pacientes com dificuldades no controle da doença, proporcionando controle mais eficiente das crises e redução das hospitalizações. Essas terapias atuam diretamente em mediadores inflamatórios específicos e permitem um controle mais direcionado e eficaz.
Nesse aspecto, as terapias biológicas têm ganhado destaque no tratamento da asma grave, especialmente em pacientes com asma não controlada e resistente aos tratamentos convencionais. Os medicamentos como o omalizumabe e o mepolizumabe, que são anticorpos monoclonais, têm demonstrado grande eficácia na redução da frequência de exacerbações graves, pois melhoram o controle da doença em pacientes com asma grave. Essas terapias são especialmente indicadas para pacientes com características específicas de asma, como a asma alérgica e a asma eosinofílica (Aidar et al., 2022).
Ademais, Bastos (2024) revisita o uso do sulfato de magnésio que é um tratamento já utilizado há anos, mas com novas evidências que validam sua eficácia. O autor afirma que o sulfato de magnésio continua sendo um tratamento valioso para exacerbações graves de asma, especialmente em crianças, com resultados positivos na diminuição da obstrução das vias aéreas e alívio dos sintomas. Isso revela que, apesar de ser um tratamento tradicional, ele continua sendo relevante, sobretudo em situações de emergência, devido à sua capacidade de dilatar as vias aéreas e reduzir a inflamação.
O sulfato de magnésio possui efeitos broncodilatadores e anti-inflamatórios e é administrado intravenosamente em ambientes hospitalares para aliviar a obstrução das vias aéreas (Benalia et al., 2022). Os anticolinérgicos, como o brometo de ipratrópio, também são frequentemente usados em conjunto com os beta-agonistas, pois ajudam a aumentar os efeitos broncodilatadores e a melhorar a função pulmonar durante uma crise asmática. Esses medicamentos bloqueiam a ação do neurotransmissor acetilcolina, que causa a constrição das vias aéreas, e ajudam a reduzir a broncoconstrição (Ponte et al., 2021).
A fisioterapia respiratória é uma abordagem importante e eficaz no manejo da asma, especialmente quando utilizada como complemento ao tratamento farmacológico. Embora o tratamento farmacológico seja fundamental para controlar a inflamação e a obstrução das vias aéreas, a fisioterapia respiratória oferece benefícios adicionais, ajudando a melhorar a função pulmonar e a qualidade de vida dos pacientes (Canella et al., 2023).
A fisioterapia respiratória tem mostrado benefícios quando usada como complemento ao tratamento farmacológico. Costa et al. (2021) afirmam que a fisioterapia respiratória no tratamento da asma ajuda a melhorar a função pulmonar, reduzir a frequente obstrução das vias aéreas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Nesse sentido, o treinamento respiratório, que inclui exercícios para fortalecer os músculos respiratórios, auxilia os pacientes a controlar melhor os sintomas e a reduzir a frequência das exacerbações asmáticas.
Outrossim, o controle da asma não depende somente dos medicamentos administrados, pois também está baseado em uma série de fatores que envolvem o comportamento do paciente, fatores ambientais e educacionais (Vieira et al., 2024). Dessa forma, é importante que os pacientes adotem hábitos saudáveis, como praticar atividades físicas moderadas, evitar o tabagismo, controlar outras condições associadas, como obesidade, que podem agravar a asma.
Nesse âmbito, o controle do estresse também pode desempenhar um papel importante, já que os fatores emocionais e psicológicos, como a ansiedade e o estresse, podem agravar ou até mesmo precipitar crises asmáticas. A relação entre estresse e asma ocorre devido à resposta fisiológica do corpo quando estamos sob pressão emocional. Quando uma pessoa se encontra em uma situação de estresse, o corpo ativa o sistema nervoso simpático, liberando hormônios como adrenalina e cortisol (Xavier et al., 2022). Esses hormônios têm um impacto direto nas vias respiratórias, podendo causar o estreitamento dos brônquios, o que dificulta a respiração e provoca um broncoespasmo.
Além disso, Costa et al. (2021) apontam que a adesão ao tratamento da asma é um dos maiores desafios na gestão da doença e pode ser significativamente melhorada com o uso das redes sociais para disseminação de informações e suporte ao paciente. O estudo revela que plataformas de comunicação podem ajudar pacientes a entender melhor a doença e a importância da continuidade do tratamento, o que pode promover maior engajamento e comprometimento com o regime terapêutico.
Abreu et al. (2024) complementam essa visão ao destacarem que o diagnóstico precoce da asma, aliado à educação do paciente e à identificação de fatores ambientais que podem agravar a condição, como poluição e alérgenos, são fatores cruciais para o sucesso no manejo da doença.
Nesse sentido, o controle do ambiente em que o paciente vive é fundamental, pois exposições a alérgenos, como poeira, pólen e pelos de animais, podem desencadear ou piorar as crises asmáticas, dificultando o controle adequado da doença (Guimarães et al., 2024). Assim, a educação contínua do paciente sobre esses fatores é essencial para um controle eficaz a longo prazo.
Além disso, a presença de comorbidades, como rinite alérgica, também pode impactar negativamente o controle da asma. Segundo Pitrez (2023), pacientes asmáticos com comorbidades, como rinite alérgica, enfrentam maiores dificuldades no controle da asma, sendo necessário um plano de tratamento integrado que aborde ambas as condições de forma conjunta. Logo, a interação entre essas doenças pode aumentar a inflamação nas vias aéreas e dificultar a eficácia dos tratamentos convencionais.
As novas perspectivas no tratamento da asma estão se orientando para abordagens mais personalizadas e direcionadas, com um foco crescente na medicina de precisão. As terapias biológicas têm ganhado destaque como uma abordagem inovadora no tratamento da asma grave, permitindo um controle mais preciso da inflamação das vias aéreas, adaptando o tratamento ao perfil imunológico de cada paciente (Lyrio et al., 2023).
Além disso, novas estratégias terapêuticas não farmacológicas estão sendo exploradas. A natação tem sido cada vez mais recomendada como uma atividade complementar ao tratamento da asma, especialmente em crianças, devido à sua capacidade de melhorar a função pulmonar, aumentar a resistência respiratória e reduzir a frequência das crises (Gomes et al., 2024).
Nesse sentido, a prática regular de natação pode ajudar a fortalecer os músculos respiratórios, além de ter um impacto positivo na saúde geral do paciente asmático, o que é responsável por promover maior capacidade de exercício físico e uma redução no número de crises (Oliveira et al., 2021).
O uso de tecnologias para monitoramento e ajuste do tratamento também está ganhando destaque como uma perspectiva promissora para o manejo da asma. Gomes et al., (2024) conclui que os avanços tecnológicos, como os dispositivos de monitoramento remoto e as plataformas digitais de acompanhamento, têm mostrado grande potencial em melhorar o controle da asma, especialmente em países com recursos limitados, onde o acesso a cuidados especializados pode ser restrito.
Além disso, a personalização do tratamento continua sendo uma das grandes promessas para o futuro do manejo da asma. Ponte et al. (2021) indicam que a adaptação do tratamento com base nas características genéticas e imunológicas dos pacientes promete trazer novas soluções para os casos mais complexos de asma, o que permite um controle mais eficaz e menos efeitos colaterais. Essa abordagem personalizada é fundamental para que o tratamento se adeque às necessidades específicas de cada paciente, otimizando os resultados terapêuticos.
4 CONCLUSÃO
O manejo da asma exige uma abordagem abrangente que vai além do tratamento farmacológico, pois envolve uma série de fatores comportamentais, ambientais e educacionais para garantir um controle efetivo da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Embora os medicamentos, como broncodilatadores e anti-inflamatórios, desempenhem um papel fundamental no controle da inflamação e da obstrução das vias aéreas, não são suficientes por si só para alcançar um controle completo da asma. Dessa forma, ficou evidente que o tratamento deve ser complementado por estratégias que considerem as condições psicológicas e ambientais do paciente, o que contribui para o sucesso a longo prazo.
O controle do estresse é um fator crucial, uma vez que fatores emocionais, como a ansiedade e o estresse podem precipitar ou agravar crises asmáticas em muitas pessoas. O estresse ativa o sistema nervoso simpático, liberando hormônios como a adrenalina e o cortisol, que podem aumentar a inflamação e o estreitamento das vias aéreas, tornando a respiração mais difícil e o controle da asma mais desafiador. O controle da ansiedade e o desenvolvimento de habilidades para lidar com situações estressantes podem prevenir ou minimizar o impacto do estresse nas crises asmáticas. Desse modo, as estratégias para reduzir o estresse, como técnicas de relaxamento, meditação, yoga e terapia cognitivo- comportamental, são essenciais no tratamento da asma.
A fisioterapia respiratória também se destaca como uma ferramenta complementar eficaz no tratamento da asma. Ao incluir exercícios para fortalecer os músculos respiratórios e melhorar a mecânica da respiração, a fisioterapia ajuda a reduzir a frequência das exacerbações e a melhorar a função pulmonar, promovendo um controle mais eficiente dos sintomas. Assim, o treinamento respiratório que envolve técnicas específicas para otimizar a ventilação pulmonar e melhorar a capacidade respiratória, é uma estratégia importante para aumentar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir a sensação de falta de ar durante as crises.
Outro aspecto relevante no controle da asma é a adoção de hábitos saudáveis e o gerenciamento dos fatores ambientais. A exposição a poluentes, ácaros, fungos e outros alérgenos pode desencadear crises asmáticas, tornando fundamental que os pacientes evitem esses gatilhos. A criação de um ambiente saudável, com a limpeza regular de espaços e a redução da exposição a substâncias irritantes, pode ser uma medida preventiva eficaz. Além disso, a prática regular de exercícios físicos, quando realizada de forma controlada, fortalece os músculos respiratórios e melhora a capacidade pulmonar, o que ajuda a reduzir a severidade das crises asmáticas.
Além disso, a educação contínua do paciente é, sem dúvida, um dos pilares mais importantes para o controle da asma. O conhecimento sobre os mecanismos da doença, a identificação de gatilhos e o uso correto dos medicamentos e dispositivos de inalação são aspectos essenciais para garantir a adesão ao tratamento e prevenir complicações. Sabe-se que quando os pacientes entendem sua condição e aprendem a gerenciá-la de forma eficaz, eles têm mais autonomia e confiança no controle da doença, o que contribui diretamente para a melhoria de sua qualidade de vida.
Portanto, a abordagem do tratamento da asma deve ser multidimensional, envolvendo o uso de medicamentos e também o controle do estresse, a fisioterapia respiratória, a gestão dos fatores ambientais e a educação contínua. Ao integrar esses diferentes elementos, é possível alcançar um controle mais eficaz da doença, reduzir a frequência de crises e promover uma vida mais ativa e saudável para os pacientes asmáticos. Por fim, o acompanhamento médico regular e o suporte psicológico são fundamentais para garantir que os pacientes tenham as ferramentas necessárias para lidar com a asma de maneira eficaz e garantir uma melhor qualidade de vida e mais liberdade para realizar atividades cotidianas.
REFERÊNCIAS
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1 Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna.
2 Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna.
3 Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna.
4 Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna.
5 Graduando em Medicina pela Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna
6 Professor orientador. Docente do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Itabuna.