ASPECTOS AGRONÔMICOS E AMBIENTAIS NA UTILIZAÇÃO DA CAMA DE FRANGO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10113400


Naysa Vitória Soares da Silva[1]
Carla Regina Rocha Guimarães[2]


RESUMO: O presente estudo aborda os aspectos agronômicos e ambientais relacionados à utilização da cama de frango como fertilizante orgânico na agricultura. O problema central foi a necessidade de equilibrar os benefícios agronômicos, como o fornecimento de nutrientes para as plantas e a melhoria da fertilidade do solo, com os desafios e impactos negativos potenciais dessa prática, como a lixiviação de nutrientes e a contaminação ambiental. O objetivo geral foi investigar os efeitos da incorporação da cama de frango ao solo, avaliando seus impactos nas propriedades químicas, físicas e biológicas do substrato, bem como na nutrição das plantas e nos impactos ambientais. A metodologia incluiu uma revisão da literatura, com base em estudos científicos publicados em periódicos, teses, dissertações e relatórios técnicos relevantes. Os principais resultados destacam que a cama de frango é uma fonte poderosa de nutrientes orgânicos e contribui para melhorar a qualidade do solo. No entanto, a sua aplicação adequada requer atenção cuidadosa da análise do solo, das necessidades das culturas e da dosagem correta. Conclui-se que, seguindo as recomendações técnicas, os agricultores podem maximizar os benefícios da cama de frango, promovendo uma agricultura mais sustentável e eficiente, com nutrição equilibrada das plantas, redução de custos de produção e atendimento às demandas do mercado por alimentos mais saudáveis ​​e produção de forma responsável.

PALAVRAS-CHAVE: Proteína Animal. Nutrição. Avicultura. Desafios.

INTRODUÇÃO

No contexto atual, os aspectos agronômicos e ambientais ligados à aplicação da cama de frango têm ganhado crescente destaque no Brasil, impulsionados pela modernização da produção agrícola. A cama de frango, constituída predominantemente por palha de arroz, serragem, fezes, urina, restos de ração e penas, caracteriza-se como um subproduto de origem animal (BLUM et al., 2003).

Este material apresenta-se como uma fonte substancial de nutrientes, sobretudo nitrogênio, sendo sua administração adequada capaz de substituir, ao menos em parte, os fertilizantes químicos. Além dessa característica, a cama de frango contribui para o enriquecimento da matéria orgânica do solo, otimiza as propriedades físicas do substrato, intensifica a retenção hídrica, minimiza a erosão, favorece a aeração e propicia um ambiente propício à proliferação da microflora do solo (BLUM et al., 2003).

A aplicação da cama de frango como fertilizante orgânico na agricultura configura-se como um procedimento de natureza avançada, demandando conhecimento abrangente acerca do sistema produtivo agrícola, incluindo o perfil do solo. Tal abordagem é considerada tanto como alternativa à adubação orgânica quanto como recurso para a correção de deficiências no solo. Destaca-se a necessidade de cuidados, especialmente em solos de caráter arenoso, devido à possibilidade de lixiviação de compostos nitrogenados para as águas subterrâneas, bem como ao risco de elevação das concentrações de fósforo na camada superficial do solo (EARHAT et al., 1995; DANIEL et al., 1998; DELAUNE et al., 2006).

A questão central que este artigo aborda é a seguinte: Qual é a abordagem ideal para melhorar os benefícios agronômicos da cama de frango, como a substituição de fertilizantes químicos, sem causar impactos negativos no meio ambiente, como lixiviação de compostos nitrogenados, concentrações de fósforo no solo e contaminação por bactérias e pesticidas?

Diante desse cenário, a presente estudo busca contribuir para a ampliação do conhecimento científico acerca dos aspectos agronômicos e ambientais relacionados à aplicação da cama de frango na agricultura. Com o intuito de aprofundar a compreensão sobre o potencial e os desafios dessa prática, visa-se desenvolver recomendações mais precisas e embasadas para a utilização desse fertilizante orgânico, impulsionando a prática de uma agricultura eficiente e ecologicamente responsável.

Nesse contexto, o objetivo deste estudo reside em abordar sobre aspectos agronômicos e ambientais associados à aplicação da cama de frango na agricultura. Os objetivos específicos consistem em investigar os efeitos da incorporação da cama de frango ao solo, avaliando seus impactos sobre as propriedades químicas, físicas e biológicas do substrato; examinar a influência da cama de frango na nutrição das plantas, comparando seu desempenho frente à adubação química convencional; e avaliar os impactos ambientais decorrentes do uso desse insumo, abordando questões como a lixiviação de nutrientes para as águas subterrâneas e a potencial contaminação do solo e das culturas por resíduos de antibióticos e pesticidas presentes na cama.

Este estudo baseia-se na análise e síntese de informações encontradas na literatura existente acerca dos aspectos agronômicos e ambientais vinculados à aplicação da cama de frango na agricultura. Conforme Smith (2020), cada revisão da literatura representa uma empreitada intelectual, uma exploração das ideias e descobertas de outros pesquisadores que orienta a nossa compreensão de um determinado campo de estudo e fomenta a emergência de novas perspectivas e percepções.

Nesse cenário, a metodologia adotada foi embasada nas seguintes etapas: delinearam-se critérios objetivos para a seleção dos estudos a serem incorporados nesta revisão. Além disso, consideraram-se estudos científicos publicados em periódicos especializados, teses, dissertações e relatórios técnicos pertinentes. Subsequente a isso, empreendeu-se uma busca sistemática nas bases de dados científicas, a exemplo de Google Acadêmico, Scielo, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, bem como nas bibliotecas digitais de instituições acadêmicas e de pesquisa.

Além disso, foram empregados termos-chave relacionados ao tópico em questão, tais como: cama de frango, agronomia, utilização, aspectos agronômicos, aspectos ambientais e suas variações. Os estudos passaram por uma primeira avaliação com base nos seus resumos e títulos, onde os que atenderam ao objetivo do estudo foram selecionados para serem analisados em detalhes.

Por meio desse estudo, foi possível adquirir uma visão abrangente e atualizada dos aspectos agronômicos e ambientais associados à aplicação da cama de frango na agricultura. Essa abordagem viabilizou uma compreensão aprofundada dos benefícios e desafios inerentes a tal prática.

REVISÃO DE LITERATURA

Avicultura no Brasil

A avicultura no Brasil começou com pequenos agricultores, e eles ainda estão envolvidos nessa atividade em várias partes do país até hoje. Naquela época, a criação de aves era predominantemente composta por animais de linhagens resistentes, como os chamados “caipiras”, e fazia parte de um conjunto de atividades agrícolas que incluíam a produção de leite, ovos, carne bovina e suína, desempenhando um papel fundamental na geração de renda das propriedades (DE ZEN, 2014).

Em 1913 na cidade de São Paulo, os avicultores fundaram a Sociedade Brasileira de Avicultura, tentando criar meios para o fortalecimento do setor. Segundo o autor Costa (2011), a formação dessa organização representou um momento significativo na história da avicultura. Seus objetivos incluíam fortalecer os laços entre entusiastas e criadores de aves, organizar eventos como feiras, competições e exposições regulares de aves em áreas urbanas e centros avícolas de destaque, além de promover esforços para aprimorar a seleção e a pureza das raças, contribuindo assim para o desenvolvimento da avicultura no Brasil.

No ano seguinte, a associação conseguiu organizar a primeira exposição de aves no Brasil na cidade do Rio de Janeiro. Esse evento exibiu mais de 600 aves, avanços modernos em equipamentos avícolas, contou com produtos veterinários, materiais didáticos especializados em avicultura e abordou a importância da nutrição dos animais dessa área. A exposição superou todas as expectativas e, em março de 1915, a nova diretoria da Sociedade Brasileira de Avicultura, eleita, ficou motivada a outro evento planejado, marcando a data para a primeira semana de setembro do mesmo ano (CARVALHO, 2021)

De acordo com De Zen (2014) no início, a avicultura era praticada principalmente para atender às necessidades de subsistência, com a venda de produtos excedentes como uma consideração secundária. No entanto, pouco antes de 1930, a avicultura começou a se desenvolver rapidamente como uma atividade comercial. Durante esse período, o setor experimentou um crescimento significativo, impulsionado principalmente por iniciativas privadas, especialmente na região Sudeste do país. Um destaque importante foi o papel dos imigrantes japoneses no Estado de São Paulo, contribuíram para o desenvolvimento dessa atividade na região. Assim,

O desenvolvimento da avicultura se efetivou na década de 70, com a entrada de empresas processadoras no mercado e especialistas no processo de produção do frango. Transformações tecnológicas, técnicas de produção intensiva e o desenvolvimento de genética adaptada contribuíram para o avanço da atividade (DE ZEN, 2014, p.1).

É ressaltar que, no mesmo ano, no estado de Santa Catarina, foi introduzido um sistema de Integração Vertical na avicultura, estabelecendo uma colaboração entre a indústria de frigoríficos e os criadores de aves. Sob esse novo formato, os produtores de aves integrados começaram a receber apoio da indústria, que passou a fornecer todos os principais recursos necessários para a atividade, como alimentação e medicamentos, além de assistência técnica e a programação de lotes de pintainhos. A produção é entregue posteriormente à indústria, o que garante o pagamento dos avicultores (DE ZEN, 2014).

A partir desse momento, o novo método de produção, caracterizado como mais verticalizado e intensivo, desempenhou um papel fundamental no avanço da avicultura nacional. Isso se reflete principalmente na melhoria da biossegurança, saúde das aves e qualidade da carne de frango. A participação da empresa integrada, por sua vez, trouxe maior organização à atividade, estabelecendo diretrizes para o manejo e promovendo “boas práticas”, além de oferecer suporte técnico aos produtores.

Historicamente, o Sul do Brasil tem uma longa tradição na avicultura, com uma forte presença de cooperativas que apoiam e organizam os produtores. No entanto, as granjas nesta região, assim como no Sudeste, dependem significativamente do abastecimento de fontes do Centro-Oeste. Além disso, desafios relacionados aos altos custos de terra e à disponibilidade limitada de mão de obra, que estão se tornando escassos devido à falta de sucessão nas gerações de granjeiros

A avicultura no Brasil representa atualmente uma indústria em constante evolução. As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste lideraram a produção, impulsionadas pela disponibilidade de grãos, mão de obra qualificada e presença de agroindústrias. Além disso, o Brasil sobressai como um dos principais países exportadores de carne de frango em todo o mundo, ocupando uma posição de liderança nas exportações globais e atendendo a diversos mercados internacionais (DE ZEN, 2014).

Cama de frango e sua composição

A cama de frango é um componente essencial na produção avícola e desempenha um papel relevante no bem-estar e na saúde das aves, bem como na qualidade do solo em sistemas de agricultura. Este material, muitas vezes subestimado, é uma mistura complexa de substâncias orgânicas e minerais resultante do acúmulo de jatos de aves, restos de alimentos, penas e serragem no fundo dos aviários. Sua composição é variável e depende de diversos fatores, incluindo o tipo de aveia, a dieta, as práticas de manejo e o tempo de acúmulo. Neste contexto, é essencial compreender em detalhes a composição da cama de frango, uma vez que isso tem implicações diretas na nutrição das aves, na fertilidade do solo e na gestão ambiental em sistemas agrícolas. Estudos têm investigado a composição nutricional dessa mistura e sua contribuição para o fornecimento de nutrientes essenciais às culturas.

Segundo Blum et al. (2003), a cama de frango apresenta uma composição rica em nutrientes, com destaque para o teor de nitrogênio (N). O nitrogênio desempenha um papel essencial no crescimento e na evolução das plantas, sendo indispensável para a produção de proteínas e para a execução de diversas atividades metabólicas. Além do nitrogênio, a cama de frango também contém outros nutrientes importantes, como fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Essa composição nutricional faz da cama de frango um recurso importante para a fertilização do solo e destaca seu potencial como uma fonte orgânica de nutrientes para a agricultura, promovendo simultaneamente a reciclagem de resíduos provenientes da avicultura.

A presença de matéria orgânica na cama de frango contribui para a disponibilidade e liberação gradual de nutrientes no solo. De acordo com Delaune et al. (2006), a matéria orgânica presente na cama de frango atua como uma reserva de nutrientes, liberando-os aos poucos conforme as necessidades das plantas. Isso promove uma nutrição balanceada e sustentável ao longo do ciclo de cultivo.

Além dos nutrientes mencionados, a cama de frango também contém uma variedade de compostos orgânicos que podem auxiliar no melhoramento da fertilidade do solo. Oliveira e Carvalho (2002) destacam que a presença de matéria orgânica proveniente da cama de frango melhora as propriedades físicas do solo, como a estrutura e a envergadura de retenção de água. Esses efeitos positivos são fundamentais para o desenvolvimento saudável das plantas e para a melhoria da produtividade agrícola.

Assim, para escolher uma cama de frango adequada, é importante considerar algumas características específicas, como o tamanho médio das partículas, a textura, a capacidade de absorver e liberar umidade, o isolamento térmico, o custo acessível e a facilidade de fornecimento (SANTOS et. al., 2000).

Portanto, a composição da cama de frango é notável por sua riqueza em nutrientes essenciais, com destaque para o nitrogênio, que desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das plantas. Além disso, a cama de frango contém outros nutrientes benéficos, como fósforo, potássio, cálcio e magnésio, tornando-a uma fonte orgânica altamente benéfica para a fertilização do solo. Essa composição nutricional faz com que a cama de frango seja um recurso valioso para a agricultura, promovendo a reciclagem de resíduos da avicultura e contribuindo para práticas agrícolas sustentáveis.

Cama de frango como fertilizantes orgânicos

A cama de frango tem se destacado como uma fonte valiosa de fertilizantes orgânicos na agricultura, desempenhando um papel significativo no ciclo de nutrientes e na promoção da sustentabilidade em sistemas agrícolas. A prática de aproveitar os resíduos da criação de aves como fertilizantes orgânicos é uma estratégia que se mostra eficaz e ecologicamente consciente.

Em princípio, a cama de frango é um possui uma gama elevada de nutrientes essenciais para o crescimento das plantas, que incluem nitrogênio, fósforo e potássio, bem como outros elementos importantes como cálcio e magnésio. Quando incorporados ao solo, esses nutrientes são gradualmente liberados, fornecidos às plantas ou que precisam para crescer de maneira saudável e produtiva. Isso reduz a necessidade de fertilizantes químicos sintéticos, que podem ser caros e prejudiciais ao meio ambiente quando usados ​​em excesso.

Além disso, a cama de frango desempenha um papel na melhoria da qualidade do solo, promovendo o aumento de sua capacidade de retenção de água e de aeração, fatores cruciais para o crescimento das raízes das plantas. Isso, por sua vez, culmina na obtenção de solos mais robustos e produtivos a longo prazo.

Do ponto de vista ambiental, o uso de cama de frango como fertilizante orgânico também representa uma prática de reciclagem de resíduos, contribuindo para a diminuição do rejeite inadequado de resíduos da avicultura e minimizando impactos potenciais ambientais negativos.

Chagas et al. (2007) destacam que a cama de frango pode suprir parcial ou totalmente a demanda de nutrientes das plantas, fornecendo uma ampla gama de elementos essenciais, incluindo fósforo, potássio e outros micronutrientes. Quando utilizada de maneira correta, a cama de frango pode contribuir para manter uma nutrição equilibrada das plantas durante todo o seu processo de crescimento.

Um dos principais benefícios da aplicação da cama de frango como fertilizante orgânico é que ela ajuda a aumentar a quantidade de matéria orgânica no solo. A presença de matéria orgânica na cama de frango promove melhorias na qualidade do solo, ampliando sua habilidade de reter água, garantindo aeração adequada e estimulando atividades biológicas no ambiente (OLIVEIRA; CARVALHO, 2002). Essa situação conduz a aprimoramentos na fertilidade do solo ao longo do tempo e contribui para o crescimento sustentável geral do sistema agrícola.

Além disso, empregar a cama de frango como adubo orgânico pode diminuir a necessidade de recursos externos, como fertilizantes químicos. Isso não apenas leva a economia financeira para os agricultores, mas também tem o potencial de reduzir o impacto ambiental relacionado ao consumo excessivo de fertilizantes químicos, conforme destacado por DELAUNE et al. (2006).

É importante ressaltar que o uso adequado da cama de frango como fertilizante orgânico requer conhecimento técnico e consideração de fatores como a análise química do solo, as carências nutricionais das culturas e a dosagem correta da cama de frango (EMBRAPA, 2012).

Seguir as recomendações recomendadas é essencial para preservar os benefícios e minimizar os possíveis riscos associados ao uso da cama de frango como fertilizante orgânico. Estudos têm ressaltado a importância de considerar fatores como a análise química do solo, a composição da cama de frango, as necessidades nutricionais das culturas e a dosagem correta do fertilizante.

A análise química do solo é fundamental para identificar as deficiências nutricionais e determinar a dosagem adequada da cama de frango. Conhecer a composição nutricional da cama de frango, como os teores de ingestão, fósforo, potássio e outros nutrientes, permite um ajuste mais preciso das doses aplicadas (EMBRAPA, 2012).

Ademais, é necessário considerar as necessidades nutricionais específicas das culturas a serem fertilizadas. Cada cultura possui exigências diferentes em termos de nutrientes, e é importante adequar a dosagem da cama de frango de acordo com essas necessidades para evitar excessos ou deficiências (CHAGAS et al., 2007).

A dosagem correta da cama de frango é importante para evitar danos negativos ao meio ambiente e à saúde das plantas. O uso excessivo desse fertilizante orgânico pode levar a problemas como a lixiviação de nutrientes para as águas subterrâneas e contendo de nutrientes na superfície do solo, enquanto doses forçadas podem não suprir as necessidades das culturas (DELAUNE et al., 2006).

Portanto, a aplicação correta da cama de frango como fertilizante orgânico requer um planejamento cuidadoso e conhecimento dos cinco critérios técnicos básicos: análise química do solo, coleta de solo, composição do fertilizante orgânico, necessidade nutricional da cultura e histórico das adubações (EMBRAPA, 2012).

A cama de frango é uma fonte altamente benéfica de fertilizantes orgânicos na agricultura, trazendo consigo uma série de vantagens econômicas e ambientais. Este recurso é notavelmente rico em nutrientes essenciais, incluindo nitrogênio, fósforo e potássio, juntamente com outros elementos específicos como cálcio e magnésio. Quando incorporados ao solo, esses nutrientes são gradualmente liberados, suprindo as necessidades das plantas de maneira sustentável e gerando a demanda por fertilizantes químicos caros e perigosos ao meio ambiente. Do ponto de vista ambiental, o uso da cama de frango como fertilizante orgânico representa uma prática de reciclagem de resíduos que contribui para a redução do descarte inadequado de resíduos provenientes da avicultura, minimizando, assim, possíveis impactos ambientais negativos.

No entanto, é importante ressaltar que a aplicação adequada da cama de frango como fertilizante requer conhecimento técnico e atenção cuidadosa de fatores como a análise do solo, as necessidades específicas das culturas e a dosagem correta do fertilizante. Seguindo essas recomendações, os agricultores podem colher os benefícios da cama de frango como uma ferramenta valiosa para promover a fertilidade do solo, nutrir culturas de forma equilibrada e reduzir a dependência de fertilizantes químicos, contribuindo assim para a sustentabilidade e o sucesso dos sistemas agrícolas. Seguindo essas recomendações, os agricultores podem aproveitar os benefícios da cama de frango como fertilizante orgânico, produzir a fertilidade do solo, fornecer nutrientes de forma equilibrada às culturas e aconselhar a dependência de fertilizantes químicos, inspirar assim para a sustentabilidade e o sucesso dos sistemas agrícolas.

Recomendações para utilização da cama de frango

O uso adequado da cama de frango na agricultura requer a consideração de várias recomendações técnicas e práticas. Essas recomendações são fundamentais para maximizar os benefícios da cama de frango como fertilizante orgânico, bem como minimizar possíveis riscos e negativos. Deste modo, antes da aplicação da cama de frango, é essencial realizar uma análise química do solo para determinar suas características e necessidades nutricionais. A análise fornecerá informações sobre os níveis de nutrientes presentes no solo, permitindo ajustar a dosagem da cama de frango de acordo com as demandas específicas do solo e das culturas (EMBRAPA, 2012).

A coleta de amostra de solo em diferentes áreas do campo é importante para obter uma visão mais abrangente das condições do solo. A coleta adequada das amostras deve seguir diretrizes específicas, como a escolha da profundidade e localização apropriadas, para garantir a representatividade das amostras e obter resultados aguardados (EMBRAPA, 2012).

A composição da cama de frango pode variar de acordo com os materiais utilizados e conforme as práticas de manejo adotadas. É fundamental conhecer uma composição específica da cama de frango a ser utilizada, incluindo uma proporção de nutrientes, para ajustar a dosagem e evitar excessos ou deficiências na adubação (CHAGAS et al., 2007).

Cada cultura possui requisitos específicos de nutrientes em diferentes trajetórias de crescimento. É importante conhecer as necessidades nutricionais da cultura-alvo para ajustar a dosagem da cama de frango de acordo com essas necessidades, fornecendo os nutrientes necessários para um crescimento saudável e produtivo (CHAGAS et al., 2007).

Considerar o histórico de adubações superiores é relevante para evitar excessos ou acumulo de nutrientes no solo. Conhecer as práticas de adubação anteriores, como o uso de fertilizantes químicos, permite ajustar a dosagem da cama de frango de forma mais precisa, levando em consideração os nutrientes já presentes no solo e evitando desequilíbrios nutricionais (EMBRAPA, 2012).

Além disso, é importante considerar as características do solo, como o tipo de solo, pH, teor de matéria orgânica e capacidade de retenção de nutrientes. Esses fatores podem influenciar a forma como a cama de frango interage com o solo e as culturas, afetando sua disponibilidade e absorção pelas plantas (CHAGAS et al., 2007).

De acordo com o estudo de Teixeira (2013), existem inúmeras características relacionadas à qualidade da cama de frango que merecem atenção. Entre essas características, destacam-se a umidade, a capacidade de retenção de água, o nível de pH, a quantidade de amônia volatilizada e os conteúdos de nitrogênio total e fósforo total.

A autora enfatiza que esses detalhes abordam a importância de controlar o teor de umidade da cama de frango, sua densidade, pH e a quantidade de amônia volatilizada. Um teor de umidade elevado pode levar a problemas como a prevenção de microrganismos e a ocorrência de lesões nas carcaças das aves. No entanto, a cama não deve estar completamente seca, pois a umidade adequada evita o surgimento de poeira em excesso e outras complicações (TEIXEIRA, 2013).

O pH da cama é um fator crítico, pois níveis elevados de pH podem levar à volatilização da amônia, o que pode melhorar o crescimento e a saúde das aves, além de causar problemas de proteção e proteção ocular. Portanto, manter o pH adequado é essencial para o bem-estar das aves (TEIXEIRA, 2013).

A amônia volatilizada é um subproduto da composição do ácido úrico eliminado pelas aves e pode prejudicar a qualidade do ambiente interno das instalações e a saúde das aves. Elevadas concentrações de amônia podem reduzir a taxa de crescimento das aves, danificar o trato respiratório e aumentar a suscetibilidade a doenças (TEIXEIRA, 2013).

Por fim, os teores de nitrogênio total (N) e fósforo total (P) na cama são fundamentais, pois esses nutrientes desempenham papéis cruciais no crescimento das plantas. A teoria desses nutrientes pode variar de acordo com o tipo de material utilizado na cama e sua composição. Portanto, é importante monitorar e ajustar esses teores para garantir que a cama de frango seja um fertilizante eficaz para as culturas subsequentes (TEIXEIRA, 2013).

Outra recomendação fundamental é realizar a aplicação da cama de frango de forma preservada e adequada. A distribuição uniforme do fertilizante orgânico no solo garante uma nutrição equilibrada das plantas em toda a área cultivada, evitando variações na produtividade e no desenvolvimento das culturas (EMBRAPA, 2012).

É importante ressaltar que a cama de frango, assim como qualquer outro fertilizante, deve ser utilizada com responsabilidade e dentro das regulamentações e diretrizes locais. É fundamental seguir as recomendações recomendadas do país ou região em relação à aplicação de fertilizantes orgânicos, levando em consideração questões de segurança, proteção ambiental e saúde pública.

Ao adotar essas recomendações, os podem aproveitar os benefícios da cama de frango como fertilizante orgânico, otimizando o fornecimento de nutrientes às plantas, efetivamente a produtividade agrícola e minimizando possíveis efeitos negativos ao meio ambiente.

As recomendações para o uso adequado da cama de frango como fertilizante orgânico são fundamentais para garantir a eficiência nutricional das culturas, evitando o desperdício de nutrientes e promovendo um manejo sustentável do solo. Ao seguir essas diretrizes, os agricultores podem obter os seguintes benefícios:

A cama de frango fornece uma variedade de nutrientes essenciais para as plantas, incluindo sintomas, fósforo, potássio e micronutrientes. Ao seguir as recomendações de dosagem e considerar as necessidades nutricionais das culturas, os agricultores podem garantir uma nutrição equilibrada das plantas, promovendo um crescimento saudável e uma maior produtividade (CHAGAS et al., 2007).

A presença de matéria orgânica na cama de frango contribui para melhorar as propriedades físicas e químicas do solo. Essa melhoria inclui o aumento da capacidade de retenção de água, aeração do solo, atividade biológica e formação de agregados estáveis. Esses efeitos positivos da cama de frango no solo ajudam a aumentar sua fertilidade, favorecendo o desenvolvimento saudável das raízes e o aproveitamento dos nutrientes presentes (OLIVEIRA; CARVALHO, 2002).

O uso da cama de frango como fertilizante orgânico pode reduzir a dependência de fertilizantes químicos sintéticos. Ao aproveitar os nutrientes disponíveis na cama de frango, os agricultores podem reduzir os custos de insumos externos, minimizar o efeito ambiental associado ao uso de fertilizantes químicos e adotar práticas agrícolas mais vegetais (DELAUNE et al., 2006).

Benefícios da cama de frango para o produtor

Quando as técnicas agrícolas são empregadas de maneira indireta, incluindo o uso de fertilizantes, problemas como a exaustão do solo devido à retirada de nutrientes pelas plantas e a consequente perda desses nutrientes devido à lixiviação, erosão e liberação de gases ou volatilização são fatores que resultam na diminuição da fertilidade do solo. Esse declínio na fertilidade do solo tem um impacto negativo na produtividade agrícola, refletindo-se em rendimentos mais baixos. Portanto, a utilização de métodos agrícolas, como a correção do nível de acidez e a aplicação de nutrientes por meio de fertilizantes químicos ou orgânicos, é essencial no sistema de cultivo. Isso viabiliza a manutenção de uma oferta equilibrada de nutrientes no solo, o que, por sua vez, facilita a absorção eficiente desses nutrientes pelas plantas e resulta no aumento da produtividade.

A utilização da cama de frango como fertilizante orgânico traz diversos benefícios para os produtores agrícolas. Esses benefícios estão relacionados tanto à melhoria da fertilidade do solo quanto à redução dos custos de produção e ao aumento da eficiência agrícola.

Além disso, a cama de aves libera nutrientes de maneira mais gradual do que os fertilizantes minerais, pois requer um período mais longo para que os microrganismos realizem o processo de mineralização. Esse processo está sujeito a diversos fatores, como temperatura e umidade do solo, relação C/N, tipo de solo e pH, entre outros. A liberação mais lenta dos nutrientes pela cama é uma vantagem, uma vez que permite que esses nutrientes estejam disponíveis quando a demanda das culturas, principalmente as culturas anuais, for mais intensa.

A cama de frango é uma excelente fonte de nutrientes para as plantas, fornecendo elementos essenciais como fósforo, potássio e micronutrientes. Essa disponibilidade de nutrientes auxilia no suprimento das necessidades das culturas, promovendo um crescimento saudável e uma maior produtividade agrícola (CHAGAS et al., 2007).

A presença de matéria orgânica na cama de frango contribui para melhorar a estrutura do solo, aumentando sua capacidade de retenção de água, aeração e atividade biológica. Esses efeitos positivos ajudam a promover um solo mais fértil e saudável, propiciando um ambiente favorável para o desenvolvimento das raízes e a absorção eficiente de nutrientes pelas plantas (OLIVEIRA; CARVALHO, 2002).

O uso da cama de frango como fertilizante orgânico pode resultar em uma redução significativa nos custos de produção. Ao utilizar um recurso disponível no próprio sistema de produção, os agricultores podem diminuir a dependência de fertilizantes químicos e, consequentemente, reduzir os gastos com insumos externos (DELAUNE et al., 2006).

A utilização da cama de frango como fertilizante orgânico está priorizada com práticas agrícolas verdes. Ao optar por essa abordagem, os produziram para a conservação do solo e da água, minimizam os riscos de contaminação ambiental e promovem a preservação dos recursos naturais a longo prazo (CHAGAS et al., 2007).

A preocupação crescente com a sustentabilidade e a produção de alimentos de qualidade tem levado a um aumento na demanda por produtos agrícolas provenientes de sistemas de produção orgânica ou sustentável. O uso da cama de frango como fertilizante orgânico permite que os produtores atendam a essas demandas e se adequem às regulamentações ambientais e de certificação (EMBRAPA, 2012).

Portanto, o uso da cama de frango como fertilizante orgânico oferece benefícios duradouros para os produtores, incluindo a disponibilidade de nutrientes, melhoria da qualidade do solo, redução dos custos de produção, sustentabilidade agrícola e atendimento às demandas do mercado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo abordou sobre os aspectos agronômicos e ambientais relacionados à utilização da cama de frango na agricultura, destacando sua importância como fonte de nutrientes para as plantas e seu potencial para melhorar a fertilidade do solo. Também se discutiu a necessidade de utilizar essa prática de forma responsável, considerando os desafios e potenciais impactos negativos a associados ela.

A cama de frango se apresenta como um recurso valioso para os agricultores, fornecendo uma ampla gama de nutrientes essenciais para as plantas, como nitrogênio, fósforo, potássio e micronutrientes. Sua rica composição em matéria orgânica também contribui para melhorar as propriedades físicas e químicas do solo, promovendo uma maior retenção de água, aeração e atividade biológica. Isso resulta em um solo mais útil e saudável, propício ao crescimento das culturas.

Além disso, a utilização da cama de frango como fertilizante orgânico pode reduzir os custos de produção agrícola, aumentando a dependência de fertilizantes químicos e insumos externos. Isso não apenas beneficia economicamente os agricultores, mas também contribui para a sustentabilidade agrícola, rapidamente o impacto ambiental associado ao uso excessivo de produtos químicos.

No entanto, é importante ressaltar que o uso adequado da cama de frango requer um conhecimento técnico sólido e a consideração de várias recomendações, incluindo a análise química do solo, as necessidades nutricionais das culturas, a dosagem correta e a consideração das características do solo. O planejamento e a aplicação são essenciais para maximizar os benefícios da cama de frango e minimizar possíveis riscos, como a lixiviação de nutrientes e a contaminação ambiental.

Portanto, a cama de frango pode desempenhar um papel importante na promoção de uma agricultura mais sustentável e eficiente. No entanto, é fundamental que os agricultores e pesquisadores continuem a investigar e aprimorar as práticas relacionadas ao uso desse recurso, envolvendo a maximização de seus benefícios e a minimização de seus impactos negativos. A adoção responsável da cama de frango como fertilizante orgânico pode contribuir para a produção de alimentos de qualidade, a preservação dos recursos naturais e a promoção da agricultura ecologicamente responsável no Brasil.

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[1] Graduando em Agronomia, Instituto Educacional Santa Catarina – IESC Faculdade Guaraí – FAG.

[2]Zootecnista. Profª Adjunta dos cursos Agrárias. Instituto Educacional Santa Catarina-IESC-FAG. Email: carla.guimaraes@iescfag.edu.br