AS RESPOSTAS TERAPÊUTICAS NA FASE II DE REABILITAÇÃO  CARDIOVASCULAR COM O USO DA REALIDADE VIRTUAL: UMA REVISÃO  SISTEMÁTICA. 

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10155542


Byanca Veríssimo Ribeiro1,
Mickelly Loyane Da Silva Freita2,
Orientadora: Profª. Mestre. Hana B B L de Brito3.


Resumo

Pacientes que sofrem de doenças cardiovasculares ou fatores de risco  estão sujeitos a participar de programas de reabilitação cardíaca, pois esse tratamento  reduz complicações futuras e a morbimortalidade. No entanto, a fase II da reabilitação  enfrenta desafios de baixa adesão por parte desses pacientes. Para melhorar o  envolvimento desses indivíduos, a incorporação da realidade virtual (RV) tem se  mostrado eficaz. Este método oferece uma abordagem mais envolvente, auxiliando  na melhoria das respostas fisioterapêuticas. Objetivo: Evidenciar as respostas  terapêuticas da reabilitação com a realidade virtual em pacientes cardiopatas na fase  II através de uma revisão sistemática. Método: Este estudo foi realizado através das  bases de dados Scientific Eletronic Library (SCIELO), Medical Literature Analysis and  Retrievel System Online (MedLine), Literatura Latino-americana e do Caribe em  Ciências da Saúde (LILACS) e National Library of Medicine (PubMed). Foram  considerados estudos publicados entre 2018 e 2023 em língua inglesa e portuguesa.  Resultados: Foram identificados 88 artigos e após análise criteriosa dos estudos, 7  artigos foram incluídos. Conclusão: Conclui-se que as respostas terapêuticas incluem adesão, engajamento, motivação e boas respostas hemodinâmicas. No entanto,  necessita-se conduzir estudos mais abrangentes que explorem a aplicação da RV de  forma mais consistente durante as sessões de reabilitação cardíaca. 

Palavras-chave: Reabilitação cardíaca. Realidade virtual. 

Abstract

Patients suffering from cardiovascular diseases or risk factors are likely to  participate in cardiac rehabilitation programs, as this treatment reduces future  complications and morbidity and mortality. However, phase II of rehabilitation faces  challenges of low adherence on the part of these patients. To improve the involvement  of these individuals, the incorporation of virtual reality (VR) has proved effective. This  method offers a more engaging approach, helping to improve physiotherapy  responses. Objective: To highlight the therapeutic responses of virtual reality  rehabilitation in patients with heart disease in phase II through a systematic review.  Method: This study was carried out using the Scientific Electronic Library (SCIELO),  Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MedLine), Latin American  and Caribbean Health Sciences Literature (LILACS) and National Library of Medicine  (PubMed) databases. Studies published between 2018 and 2023 in English and Portuguese were considered. Results: 88 articles were identified and after careful  analysis of the studies, 7 articles were included. Conclusion: It was concluded that  therapeutic responses include adherence, engagement, motivation and good  hemodynamic responses. However, there is a need for more comprehensive studies  that explore the application of VR more consistently during cardiac rehabilitation  sessions. 

Keywords: Cardiac Rehabilitation. Virtual Reality.

1. INTRODUÇÃO 

A Organização Pan-Americana da Saúde (2020) informa que as doenças  cardiovasculares são uma das principais causas de morte em todo o mundo. Vários  fatores de risco contribuem para o aumento de doenças coronarianas, incluindo  hipertensão, hiperlipidemia, envelhecimento e diabetes (Saygin et al., 2018).  Pacientes acometidos com essas doenças estão propícios a se submeterem à  reabilitação cardíaca, pois ajuda a reduzir riscos, melhorar a saúde global e promover  cuidados de longo prazo. (Bravo, et al., 2019) 

A Diretriz de Reabilitação Cardiopulmonar e Metabólica (2006) descreve que  há quatro fases na classificação da reabilitação fisioterapêutica. Sendo a fase I,  quando o paciente está hospitalizado e requer recuperação ainda no leito. A fase II  refere-se à reabilitação supervisionada por um fisioterapeuta no âmbito ambulatorial.  A fase III tem o objetivo de reduzir os riscos de complicações clínicas. E na fase IV não  requer supervisão direta, sendo utilizado para progredir com os ganhos obtidos  durante a reabilitação. A etapa II constitui um componente crucial no procedimento da  reabilitação subsequente a um evento cardíaco. Esta fase será realizada mediante  supervisão médica e monitoramento em regime ambulatorial, à medida que os  pacientes se envolvam em um programa de reabilitação centrado em atividades  físicas. (McMahona, et al., 2017) 

A reabilitação cardiovascular convencional com foco em exercícios físicos tem  mostrado resultados consistentes e positivos. De acordo com a Diretriz Brasileira de  Reabilitação Cardiovascular (2020) estudos confirmam reduções significativas na  morbimortalidade cardiovascular e global como resultado desse tipo de abordagem. A  terapia inclui exercícios aeróbicos e fortalecimento muscular e é executada para  aumentar a capacidade física, reduzir sintomas e minimizar o risco de complicações  cardíacas. 

Estudos mostram que a realidade virtual baseada em reabilitação cardíaca tem  um impacto positivo na redução dos sintomas depressivos, ansiosos e nos níveis de  estresse em pacientes com doenças cardiovasculares. Os pacientes submetidos à  reabilitação cardiovascular obtêm benefícios significativos com a terapia convencional  associada à realidade virtual. (Gieracha, et al. 2021)

A realidade virtual é uma tecnologia que cria uma simulação de um ambiente  imaginário, que permite que o paciente se sinta imerso e consiga interagir com os  elementos e objetos presentes na plataforma (Silva, et al., 2018). A RV foi  implementada à reabilitação cardíaca pois proporciona uma abordagem mais  envolvente e terapêutica do que os procedimentos tradicionais, permitindo que os  pacientes se envolvam de forma mais agradável enquanto recebem tratamento. Isso  pode ajudar a manter o interesse e melhorar os resultados fisioterapêuticos. (Bravo,  et al., 2019).  

O presente estudo teve como objetivo evidenciar as respostas terapêuticas da  reabilitação com a realidade virtual em pacientes cardiopatas na fase II.

2. MÉTODOS 

O presente estudo trata-se de uma revisão sistemática, com intuito de  identificar os estudos que descrevem as respostas terapêuticas da realidade virtual na reabilitação cardiovascular na fase II. O instrumento de análise foi o método  PRISMA (2020). A busca pelos artigos foi feita através de pesquisas nas bases de  dados Scientific Eletronic Library (SCIELO), Medical Literature Analysis and Retrievel  System Online (MedLine), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da  Saúde (LILACS) e National Library of Medicine (PubMed). O período de buscas foi  realizado no mês de agosto de 2023, com estudos publicados entre 2018 e 2023. 

O descritor em ciências da saúde (DeCs/MeSH) foi utilizado para garantir uma  padronização e precisão na identificação das palavras-chaves. Com isso, foram  empregadas as combinações em língua inglesa e portuguesa, sendo: Cardiac  rehabilitation (reabilitação cardíaca) e virtual reality (realidade virtual), os descritores  foram combinados com o operador booleano (AND), sendo os melhores descritores  para o projeto. 

Os critérios de inclusão foram determinados por artigos com afinidade com o  tema, estudos randomizados controlados, meta-análise, análise, guia de prática  clínica e estudo de rastreamento, artigos publicados nas bases de dados nos últimos  5 anos e redigido em língua inglesa e portuguesa. Os critérios de exclusão foram  artigos de revisão sistemática, artigos duplicados, e estudos que não abordavam  especificamente sobre o tema. Todos os artigos incluídos no estudo foram avaliados  acima de 2, conforme a escala de PEDro.

3. RESULTADOS 

As buscas nas bases de dados resultaram em 88 artigos, desses, 38 artigos  foram excluídos por data de publicação, tipo de estudo e linguagem. Após incluir os  filtros de língua inglesa e portuguesa, tipo de estudo e publicações dos últimos 5 anos, obtivemos o resultado de 50 artigos, sendo 21 duplicados e 16 excluídos após a leitura  do título, 13 artigos foram selecionados para leitura completa, e 6 foram excluídos por  não abordarem o tema. Ao final foram selecionados 7 estudos conforme demonstrado  no fluxograma da seleção dos artigos para revisão sistemática a seguir (Figura 1).  

Figura 1: Fluxograma da seleção dos artigos para a revisão sistemática.

Fonte: Adaptado do modelo prisma, 2020.

Tabela 1 – Descrição dos artigos que atenderam aos critérios de elegibilidade, data de publicação, tipo de estudo e amostra. (Continua)

AutorAmostraObjetivoTratamentoResultado e Conclusão
BRAVO,  
Sarah, et al.,  2020
Um total de 26 participantes foram  inicialmente recrutados dividindo-se em 2  grupos, sendo grupo controle e grupo  experimental, no início do estudo. Vinte  participantes completaram todas as sessões  e avaliações e foram incluídos para a análise  estatística.O objetivo do presente estudo  foi determinar os efeitos de um  programa de realidade virtual  (RV), como ferramenta  complementar a um programa  convencional de reabilitação  cardíaca (RC) na fase II de  pacientes com grupo de  tratamento de cardiopatia  isquêmica.O grupo controle recebeu um
programa de RC convencional e um
grupo experimental que recebeu
um programa de RC convencional
com exercícios associados à
realidade virtual utilizando “X Box
One” e “Sensor Kinect”.
Os resultados não mostraram
diferenças estatisticamente
significativas entre os dois
grupos. A análise estatística
dentro do grupo para o grupo
experimental mostrou melhorias
na ergometria, estimativa de
METS, resistência à fadiga e
qualidade de vida e depressão.
CRUZ,  
Mayara Alves  da, et al.,  2020
27 participantes com diagnóstico de doença  cardiovascular ou fatores de risco  cardiovascular.Analisar os efeitos  hemodinâmicos agudos da  adição de realidade virtual  baseada em terapia usando  exergames para pacientes em  reabilitação cardíacaOs pacientes realizaram 1 sessão
de realidade virtual e 1 sessão de
RC em dois dias não consecutivos.
Na sessão de RV foram realizados
jogos com sensores para reproduzir
os movimentos dos avatares e na
sessão de RC convencional, os
pacientes foram solicitados a
reproduzir os movimentos dos
fisioterapeutas.
A realidade virtual produz um
padrão fisiológico semelhante de
efeitos hemodinâmicos agudos
na RC. Porém, houve maior
magnitude da FC e FR durante a
execução da realidade virtual
baseada em terapia e até 5
minutos de recuperação,
observados nos momentos e
repouso e 1, 3 e 5 minutos de
recuperação.

Tabela 1 – Descrição dos artigos que atenderam aos critérios de elegibilidade, data de publicação, tipo de estudo e amostra. (Continuação)

AutorAmostraObjetivoTratamentoResultado e Conclusão
SILVA,  
Paula, et al,  2020
28 voluntários divididos em dois grupos, com  diagnóstico de doença cardiovascular ou  fator de risco.Avaliar a resposta aguda da  modulação autonômica  cardíaca durante e após uma  sessão de terapia baseada em  realidade virtual comparada a  uma sessão de reabilitação  cardiovascular convencional e  avaliar os efeitos de 12  semanas de treinamento sobre  essa respostaSubmetidos a 12 semanas de RC
com 3 sessões por semana, sendo
2 de reabilitação convencional e 1
de realidade virtual (utilizando
“Just Dance 2015” e “Shape Up”).
Sessão de 50 min, fase I de
aquecimento, fase II
condicionamento e fase III
relaxamento.
Os resultados em torno da
primeira semana
demonstram que o padrão de
resposta aguda da
modulação autonômica durante
e após ambas as
terapias foi fisiológico e
semelhante, porém a
magnitude da resposta foi maior
na utilização da RV do que no
RC para voluntários com doença
cardíaca ou com fator de risco.
CRUZ,  
Mayara  
Alves da, et  al, 2021.
68 pacientes com diagnóstico de doenças  cardiovasculares e/ou com risco  cardiovascular e sedentário, divididos em 4  grupos. Grupo 1: Reabilitação convencional.  Grupo 2: RC + RV (12 semanas).Testar a influência da adesão,  envolvimento e motivação dos  pacientes.Grupo 1: Realizaram a reabilitação
convencional: Treinamento físico
com esteira e bicicleta
ergométrica. Grupo 2: Realizaram
RC + RV 2 sessões de RC e 1
sessão de RV (“Just Dance” e
“Shape Up” c/ pesos livres).
Baixa motivação e engajamento
visto que a RV foi pouco usada
em comparação à reabilitação
convencional.

Tabela 1 – Descrição dos artigos que atenderam aos critérios de elegibilidade, data de publicação, tipo de estudo e amostra. (Continuação)

AutorAmostraObjetivoTratamentoResultado e Conclusão
GULICK,
Victoria, et
al., 2021
O estudo dividiu 72 pacientes em dois
grupos. Grupo intervenção (n=41) e grupo
controle (n=31).
Este estudo tem como objetivo
explorar os benefícios
potenciais de trilhas de
caminhada de realidade virtual
(RV) no tratamento de RC,
especificamente no que diz respeito à retenção de conhecimento do paciente,
satisfação com o tratamento e
comparecimento geral às
sessões de tratamento.
Grupo de intervenção realizou
caminhada na esteira com trilhas
em realidade virtual com o
aplicativo “Bionautica Trials”. E o grupo controle realizou a terapia
em padrão de atendimento
(reabilitação convencional).
Não foram observadas
diferenças significativas entre os grupos de intervenção e controle
em termo de disciplina e
satisfação. Mas, os participantes
do grupo de intervenção
informaram que houve maior
engajamento com a terapia
baseada em RV.
NOVAIS,
Michelli, et
al., 2022
60 indivíduos com doenças cardíacas,
ambos sexos, maiores de 18 anos. Dividido
em dois grupos (intervenção e controle).
ambos sexos, maiores de 18 anos. Dividido
em dois grupos (intervenção e controle).
Analisar a eficácia do
exergaming na aderência à RC
fase dois.
Grupo intervenção, que realizará o
exergaming no Nintendo Wii;
grupo controle, realizará exercício
em esteira. A intervenção de
ambos os grupos será de
intensidade moderada, 30 minutos
por sessão, três vezes por
semana, por 12 semanas.
Devido à baixa adesão da RC
convencional, o exergaming foi
implementado para auxiliar no
engajamento e motivação dos
pacientes. Observou-se que os
pacientes que usufruíram da
ferramenta conseguiram superar
limitações e desafios.

Tabela 1 – Descrição dos artigos que atenderam aos critérios de elegibilidade, data de publicação, tipo de estudo e amostra. (Conclusão)

AutorAmostraObjetivoTratamentoResultado e Conclusão
CRUZ,  
Mayara Alves  da, et al.,  2022
Quinze pacientes de um ensaio clínico  randomizado participaram de grupos focais  para avaliação qualitativa. A divisão foi  realizada em 2 grupos, sendo 1 com  exercícios convencionais e outro com  exercícios combinados com RVAnalisar qualitativamente as  percepções e preferências dos  pacientes sobre a inclusão da  RV em um programa  convencional de reabilitação  cardiovascular (PCR)Dois grupos foram avaliados por
treinamento físico. Um grupo
realizou apenas PCR
convencional (3 sessões por uma
semana), e o outro grupo realizou
RV associado à PCR
convencional (uma sessão RV e
duas sessões de PCR
convencional por uma semana
utilizando os jogos “Just Dance” e
“Shape Up”) por 12 semanas.
Os pacientes demonstraram boa
aceitação e satisfação com a
terapia convencional associada
à realidade virtual, porém,
informam que não houve grande
influência na adesão e
motivação. O estudo aponta que
a RV auxilia na terapia de
cognição, psicossocial e
aumento da frequência cardíaca.

Fonte: Elaborado pelo próprio autor. 
Legenda: RV: Realidade Virtual; RC: Reabilitação Cardíaca; PCR: Programa convencional de reabilitação; METS: Equivalente Metabólico da Tarefa; FC:  Frequência Cardíaca; FR: Frequência Respiratória; N: Número

4. DISCUSSÃO 

Mesmo com recomendações sobre a eficácia da fisioterapia para alcançar  melhores resultados de saúde e qualidade de vida, reduzindo a morbidade e  mortalidade, os pacientes submetidos à reabilitação apresentam falta de motivação  que acarreta em baixa adesão ao tratamento fisioterapêutico. Para aprimorar a  adesão à reabilitação cardíaca, estudos incorporam a tecnologia de realidade virtual  para buscar estratégias para melhorar o engajamento dos pacientes na terapia. (Cruz  et al., 2021) 

Cruz, et al (2021), realizou um estudo com pacientes diagnosticados com  doenças cardiovasculares e/ou com risco cardiovascular, submetidos à reabilitação  convencional de forma ilimitada. Neste estudo foi adicionado a realidade virtual com  frequência de 1 sessão de RV com jogos de “Just Dance 2015” e “Shape Up”, para  verificar o impacto da adesão e motivação no tratamento. No entanto, com a aplicação  de exergames na terapia, houve um aumento significativo na adesão do programa.  Porém, devido ao alto número de repetições de sessões do tratamento tradicional em  comparação com a terapia baseada em realidade virtual, a motivação e engajamento  foram baixos. 

Em 2022, Cruz et al, realizou uma pesquisa para analisar qualitativamente as  percepções e preferências dos pacientes referentes a reabilitação fisioterapêutica com  terapia baseada em realidade virtual. O estudo aponta que a RV auxilia na terapia  cognitiva, na esfera psicossocial e no aumento da frequência cardíaca, mas os  pacientes informaram que não houve impacto substancial da adesão e motivação,  embora a aceitação e satisfação foram congruentes com a terapia convencional  associada à realidade virtual, uma vez que, os pacientes que participaram de terapias  em duplas ou grupos apresentaram maior estímulo competitivo no qual resultou em  maior interação com a terapia. 

Em contrapartida, o estudo do autor Gulick et al, (2021) concluiu que a  satisfação não difere entre as terapias utilizadas, mas que há engajamento com a  terapia baseada em realidade virtual. Durante a pesquisa foi realizado a RC  convencional com 50 minutos de RV utilizando o sistema Bionautica Trails. Após a  utilização da RV foi identificado que não há diferenças entre as terapias de exergaming e convencionais, pois no teste de caminhada de 6 minutos (parâmetro utilizado para captar a progressão) ambos os grupos demonstraram melhoria na distância  percorrida, com ressalva na terapia baseada em realidade virtual que demonstrou maior engajamento com o uso da ferramenta. 

Estudos indicam que o uso da ferramenta pode trazer benefícios para  minimizar a baixa aderência ao tratamento. Porém, Novais et al., (2022) demonstrou  resultados não consistentes em relação à realidade virtual juntamente com a terapia  convencional. Entretanto, o autor informa que havendo maiores pesquisas referente  ao tema, conclusões poderão auxiliar nas tomadas de decisões de fisioterapeutas  quanto a implementação do exergaming na prática clínica. 

Na busca por soluções de adesão, motivação e engajamento novas tecnologias  têm emergido como ferramentas promissoras, desempenhando um papel  fundamental na melhoria dos resultados clínicos. O estudo de Bravo et al., (2020) não  mostrou diferenças estatisticamente significativas entre as terapias, porém ambas  demonstraram bons resultados em relação a ergometria, equivalentes metabólicos,  distância do teste de caminhada de 6 minutos (TC6M) e a gravidade de depressão. O  grupo experimental que realizou terapia combinada com Nitendo Wii demonstrou  maior adesão ao tratamento. Além destes benefícios, os efeitos hemodinâmicos são  fatores cruciais para o bom desempenho dos pacientes cardiopatas. Em suma disso,  Cruz, et al., (2020) analisou os efeitos hemodinâmicos agudos com a utilização da  terapia baseada em realidade virtual e o autor obteve bons resultados no  comportamento de pressão arterial sistólica, pressão arterial diastólica, frequência  cardíaca, frequência respiratória e saturação periférica de oxigênio antes e depois da  reabilitação convencional e associada a RV, vale destacar que as sessões de RV tiveram repercussões hemodinâmicas mais intensas durante sua execução, pois os  pacientes exerciam movimentos mais complexos e combinados em relação à  reabilitação convencional. 

Por outro lado, Silva et al., (2020) realizou uma pesquisa para verificar a  modulação autonômica cardíaca durante a reabilitação cardiovascular, com isso,  obteve-se que a frequência cardíaca aumenta consideravelmente na realização de  exercícios com realidade virtual. Durante a primeira semana obteve-se resultados  fisiológicos e semelhantes entre as terapias, no entanto a magnitude da resposta  aguda da modulação autonômica foi mais pronunciada no RV em comparação com o  RC. A pesquisa supracitada evidencia que após as sessões de realidade virtual, os  pacientes têm uma morosidade maior em retornar para o estado basal, ou seja, a restauração do sistema nervoso parassimpático. Portanto, o estudo afirma que a  utilização de RV é uma terapia com resultados fisiológicos comparáveis e demonstra  boa adaptação para reabilitação convencional, pois apresenta boas respostas  terapêuticas para pacientes com doenças cardiovasculares ou fatores de risco. 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

As comparações realizadas entre os artigos incluídos na análise do presente  estudo, permitiram evidenciar como respostas terapêuticas o aumento do  engajamento, motivação e adesão dos pacientes que realizaram o tratamento na fase  II com exercícios convencionais combinados com realidade virtual. 

Dentre os estudos, houve pesquisas que a baixa utilização de exergame impactaram negativamente na motivação e engajamento dos pacientes, no entanto, a  utilização amplificada da ferramenta poderá alterar os resultados.  

Outros estudos optaram por empregar a terapia em duplas ou grupos como  método, e alcançaram resultados positivos em termos de satisfação. É relevante  mencionar que uma das influências nas respostas terapêuticas é o estímulo  competitivo, uma vez que ele intensifica a interação entre os pacientes.  

Assim como, evidenciar a importância do exercício físico aos pacientes  cardiopatas pode melhorar a adesão ao tratamento. Com a RV foi observado  respostas metabólicas e hemodinâmicas maiores em relação à terapia convencional,  porém dentro dos padrões esperados. 

Portanto, recomenda-se incluir a RV com maior frequência no processo de  reabilitação, pois quanto mais os pacientes se familiarizarem com essa modalidade,  mais informações teremos sobre as respostas terapêuticas e suas assertividades no  âmbito ambulatorial.

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1Graduanda de Fisioterapia pelo Centro Universitário UniLS, e-mail:  byanca.ribeiro51@lseducacional.com
2Graduanda de Fisioterapia pelo Centro Universitário UniLS, e-mail:  mickelly.freitas89@lseducacional.com 
3 Professora Orientadora do Centro Universitário UniLS, e-mail: hana.brito@unils.edu.br