AS REPERCUSSÕES PULMONARES, CARDIOVASCULARES E PSICOLÓGICAS CAUSADAS PELO USO DE CIGARROS ELETRÔNICOS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/fa10202505311421


Ana Carolina Rios Zortéa
Beatriz Silva Costa
Yasmin Pires Segato
Orientador: Prof. Esp. Jackson Roberto Sousa de Oliveira


RESUMO  

O uso de cigarros eletrônicos (CE) tem aumentado entre os jovens devido à sua popularidade e disponibilidade facilitada, levantando preocupações de saúde devido aos potenciais riscos associados. Embora inicialmente considerado uma alternativa menos prejudicial do que o cigarro convencional, o CE tem sido relacionado a múltiplos problemas de saúde, incluindo lesões pulmonares, riscos cardiovasculares e elevada potencialidade de dependência à nicotina. O contexto de aceitação social, atrativos, fácil aquisição e percepção equivocada de menor dano contribuem para o consumo entre os jovens e torna o CE uma preocupação crescente. Esta revisão integrativa tem como objetivo analisar os principais efeitos cardiovasculares, pulmonares e psicológicos associados ao uso dos cigarros eletrônicos. Com base na seleção de artigos científicos e análise de estudos publicados em base de dados confiáveis, foi possível correlacionar e interpretar informações sobre o tema, como a variedade de riscos à saúde associados ao uso desses dispositivos. Portanto, baseado nas informações coletadas, destaca-se a importância de avaliar o papel dos cigarros eletrônicos no âmbito da saúde pública, especialmente em razão da sua ampla disseminação sem regulamentação específica e aos prejuízos relacionados. O monitoramento de evidências científicas é essencial para orientar políticas de prevenção e controle do tabagismo, principalmente para proteger grupos vulneráveis. Logo, compreender o impacto desses dispositivos é fundamental para embasar decisões clínicas e estratégicas de saúde que visem reduzir danos às populações.

Palavras-chave: Cigarro eletrônico; Lesão pulmonar; Eventos cardíacos; Transtorno por uso de nicotina. 

1. INTRODUÇÃO 

Os dispositivos eletrônicos de liberação de nicotina, também conhecidos como cigarros eletrônicos (CE) ou “vapes”, como são popularmente chamados, contêm uma solução líquida na qual são inseridos nicotina e outras substâncias químicas. Essa solução é posteriormente vaporizada por meio de um mecanismo elétrico, simulando o uso do cigarro convencional (Caldas et al., 2023). Porém, devido à grande aceitação popular, somada à venda facilitada em sites na internet e aos sabores palatáveis adicionados ao líquido vaporizado, o uso de CE vem aumentando exponencialmente entre os jovens. Isso gera grande preocupação em relação à saúde dos usuários, especialmente porque diversas consequências adversas já foram atribuídas ao uso desses dispositivos (Oliveira et al., 2022).

De igual modo, comparando-se ao uso dos CE, o tabagismo na década de 1970 era considerado elegante e desejável, sendo utilizado majoritariamente pela elite populacional. Contudo, ao longo do tempo, evidenciou-se que o tabagismo causa efeitos deletérios à saúde. No entanto, o início do século XXI foi marcado pelo surgimento do CE, lançado em 2003 pelo farmacêutico chinês Hon Lik, como um dispositivo auxiliar na cessação do uso do cigarro convencional (Bertoni, N. & Szklo, A. S., 2021). Movido pelo desejo pessoal de se livrar do vício do cigarro, de forma paradoxal, Hon Lik tornou-se viciado em ambos, já que os componentes utilizados no cigarro eletrônico são similares aos encontrados no cigarro convencional. Embora Hon Lik seja reconhecido por seu papel no desenvolvimento do CE, é interessante observar que a concepção original remonta a 1963, quando o cientista Herbert Gilbert patenteou um dispositivo semelhante, porém sem sucesso, devido às limitações tecnológicas da época (Santos et al., 2022).

De acordo com Cavalcante (2018), a grande variedade de modelos de cigarros eletrônicos (CE) disponíveis é classificada em quatro grupos, conhecidos como gerações. A primeira geração, que compreende os primeiros dispositivos arquitetados, assemelhasse ao cigarro convencional em dimensão e aspecto, sendo em sua maioria descartável. A segunda geração caracteriza-se por um sistema de tanque recarregável com a solução de nicotina e apresenta maior tamanho em comparação à primeira. A terceira geração diferencia-se pela possibilidade de substituição do líquido inserido no tanque, o que permitiu a introdução dos diversos sabores existentes atualmente; além disso, esses dispositivos possuem baterias mais potentes, são maiores e apresentam formatos variados, alguns similares a smartphones.

Desde o ano em que foi idealizado, esse produto passou por diversas mudanças, incluindo a criação de novos sistemas organizacionais para o funcionamento do equipamento, como a produção de dispositivos descartáveis, pequenos, com quantidade limitada de líquido, em formatos de “canetas” e “pendrives”, atualmente chamados de “Pod” ou “Pen”, considerados a quarta geração (Almeida et al., 2017). Diferentemente do modelo anterior, esses dispositivos contam com um sistema em que o cartucho, contendo o líquido saborizado, é recarregado à medida que ocorre a utilização. A ativação do sistema acontece quando a pressão gerada pela inalação sensibiliza o dispositivo, que então aquece e produz o vapor característico do cigarro eletrônico. Os dois modelos mencionados ainda estão sendo comercializados no mercado brasileiro, sendo o “Pod” a invenção mais recente e a que tem ganhado cada vez mais popularidade entre os jovens (Takahashi et al., 2024).

Os cigarros eletrônicos representam um dos artefatos tecnológicos da atualidade que possuem acesso facilitado pelo meio digital, principalmente pelos jovens, mesmo tendo sua comercialização, importação e propaganda proibida no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) desde o ano de 2009, pois não existe regulamentação ou supervisão sobre a composição, produção, controle de qualidade e regulação desses dispositivos, fazendo com que a segurança desses aparelhos seja questionada (Oliveira et al., 2017). Logo, essa facilidade de acesso e falta de supervisão acerca da comercialização faz com que esse produto seja vendido livremente online, sem restrição de quantidade ou avaliação da qualidade do equipamento (Barradas et al., 2021).

Os CE têm ganhado cada vez mais espaço entre os jovens, sendo demonstrada pelo aumento da prevalência rapidamente na última década, revelando inúmeros novos usuários no período de 2014 a 2019, sendo documentado mais usuários de CE em comparação a cigarros convencionais nos Estados Unidos, com números em torno de 13 milhões de usuários ativos no período avaliado (Santos et al., 2022). No Brasil, de acordo com Bertoni e Szklo (2021) uma porcentagem de 6,7% da população das capitais do país, contando apenas com a população maior de idade, já tiveram contato com os dispositivos de liberação de nicotina alguma vez  na vida, porém uma porcentagem de 2,32% da população afirma fazer o uso diário dos CE. Ou seja, cerca de 2,4 milhões de pessoas já tiveram contato com os CE e 835 mil brasileiros fazem uso contínuo dos dispositivos nas capitais do País, sendo que 80% desses indivíduos possuem entre 18 e 34 anos.

Dentre os fatores relacionados a aceitação dos CE, os diferentes sabores presentes no líquido comercializado, chamado de juice, promove e facilita o uso contínuo do produto, tendo em vista que mascara o sabor da nicotina, não causa mal hálito ou deixa resquícios do aroma nas vestimentas (Barradas et al., 2021). Além disso, a curiosidade dos usuários e não usuários de experimentar os diferentes tipos de sabores, como: café, morango, frutas amarelas e outros milhares existentes. Ademais, os sabores adocicados, a base de frutas e sobremesas, por serem palatáveis e possuírem aroma agradável atuam como reforço positivo para os adultos jovens e são satisfatórios para uso crônico, sendo comprovada a existência de cerca 7000 sabores diferentes (Associação Médica Brasileira, 2021).

Outro fator relevante para a popularização do uso dos CE é a forma como ele é amplamente divulgado, a utilização da falsa ideia de que os CE não causam tantos malefícios a saúde quanto os cigarros convencionais é altamente utilizada no marketing do produto pelos influenciadores digitais e pelas respectivas lojas que o disponibilizam (Pedrosa et al., 2023). Associada a venda pela internet, principalmente pelas redes sociais e sites online, que consiste na principal forma de comercialização atualmente, demonstrando ser um desafio para a realização de fiscalizações. Porém, concomitante a isso, esse meio abrange um grande público, devido ao alcance global das redes sociais, sendo desfavorável e controversa a decisão da proibição e controle de vendas (Santos et al., 2022).

Inserido no mercado, o cigarro eletrônico (CE) possui em sua composição diversas substâncias químicas. O líquido vaporizado pelo sistema de aquecimento pode variar quanto à concentração de nicotina e à presença de compostos como aromatizantes, corantes, glicerina vegetal, propilenoglicol e nanopartículas de metais tóxicos, provenientes do próprio dispositivo. Entre essas substâncias, incluem-se compostos carcinogênicos e citotóxicos (Barufaldi et al., 2021). Essa composição é responsável por ampliar o espectro de risco para doenças relacionadas ao tabagismo, como doenças pulmonares, cardiovasculares e psicológicas (Pereira & Solé, 2018). Dessa forma, o uso contínuo do CE pode representar uma ameaça significativa à saúde pública, especialmente se também houverem tais condições associadas.

Além disso, estudos demonstram riscos à saúde relacionados a vários sistemas fisiológicos do organismo, sendo a mais conhecida atualmente as lesões pulmonares associadas ao uso de cigarros eletrônicos (EVALI), que possui uma curva exponencial crescente desde 2019, onde milhares de paciente foram diagnosticados com essa síndrome, cursando com repercussões respiratórias, gastrointestinais e constitucionais (Barufaldi et al., 2021). Ademais, recentemente vem sendo discutido o aumento dos riscos cardiovasculares dos usuários de CE, sendo relatadas alterações agudas na frequência cardíaca e pressão arterial (Oliveira et al., 2022). De acordo com estudos ressaltados pela SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) a liberação desses dispositivos apresenta um grande prejuízo para a saúde da população.

Outra preocupação relacionada ao uso de CE é a possibilidade do usuário, que pode nunca ter tido contato com cigarros convencionais, iniciar a utilização de outros produtos que contenham nicotina, devido a dependência dessa substância, causada pelas alterações neuropsicológicas, funcionando como produto introdutório para o cigarro convencional, demonstrando ser um fator alarmante para a saúde pública (Cavalcante et al., 2017). É importante citar que a dependência ocorre pelo componente orgânico nos dispositivos e suas substâncias, e também ao ato de fumar, relacionados a fatores sociais e psíquicos, onde existe a permanência do hábito de fumar (Barradas et al., 2021).

Do ponto de vista científico, a investigação dos repercussões associados ao do uso do cigarro eletrônico pode fornecer dados importantes para a literatura científica sobre tabagismo, tendo em vista que o cigarro eletrônico, embora muitas vezes, considerado uma alternativa mais segura ao cigarro convencional, pode apresentar ainda mais riscos à saúde, especialmente em longo prazo. Assim, o estudo pode contribuir para a compreensão dos riscos associados ao seu uso, bem como os potenciais impactos na saúde respiratória, cardiovascular e mental da população. Logo, esses  dados são essenciais para auxiliar em políticas de saúde, diretrizes educacionais e estratégias de prevenção relacionadas ao uso de dispositivos eletrônicos de entrega de nicotina. Sendo relevante tanto sob uma perspectiva social quanto científica.

Portanto, tendo em vista que o uso de cigarros eletrônicos (CE) representa uma tendência emergente entre a população (Lima et al., 2023), faz-se necessário analisar os principais efeitos cardiovasculares, pulmonares e psicológicos associados ao seu consumo. A crescente popularidade desses dispositivos, especialmente entre jovens, levanta preocupações quanto à banalização de seus riscos, o que reforça a importância de estudos atualizados com essa temática.

2. METODOLOGIA

Este estudo se caracteriza como uma revisão integrativa de literatura, na qual foi utilizada a questão norteadora “Quais são as repercussões pulmonares, cardiovasculares e psicológicas do uso do cigarro eletrônico?” As buscas dos artigos ocorreram nas bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Google Acadêmico e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE/PubMed). Por meio de leitura, análise, interpretação e seleção dos artigos utilizados.

Utilizou-se como estratégia de busca os operadores Booleanos “OR” e “AND” e respectivos descritores, MESH (Medical Subject Headings) e o DeCs (Descritores em Ciências da Saúde). Posto isso, foram utilizados os seguintes descritores: ‘‘Cigarro Eletrônico”, ‘‘Lesão pulmonar’’, “Eventos Cardíacos” e “Transtorno por Uso de Nicotina”.

Como critérios de inclusão, foram selecionados artigos publicados entre os anos de 2014 e 2024, pois ao longo da última década a popularização e a prevalência do cigarro eletrônico obteve um aumento gradativo, disponíveis gratuitamente e na integra, apresentados em português, inglês ou espanhol que discutissem sobre repercussões pulmonares, cardiovasculares ou psicológicas relacionadas ao uso dos cigarros eletrônicos. Como critérios de exclusão, foram excluídos artigos com mais de 10 anos de publicação, artigos duplicados nas bases, revisões de literatura e artigos não disponibilizados em sua forma integra ou gratuita. 

Inicialmente foram encontrados 26 artigos na base de dados BVS, 22 no SciELO, 30 no Google Acadêmico e 19 no PubMed. Após análise e seleção com base nos critérios de inclusão e exclusão utilizados, foram selecionados 12 artigos da BVS, 9 do SciELO, 10 do Google Acadêmico e 5 do PubMed, totalizando 35 artigos para a realização da revisão integrativa.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
3.1. Efeitos pulmonares do uso dos dispositivos liberadores de nicotina

A popularização dos CE em relação aos cigarros tradicionais se baseia como uma alternativa de cessação do tabagismo, uma vez que se promove a comercialização afirmando que são menos prejudiciais. No entanto estudos atuais evidenciam que estes dispositivos não são isentos de riscos à saúde pulmonar (Vargas et al., 2019).

A inflamação pulmonar, é uma das principais consequências do uso de dispositivos liberadores de nicotina. Estudos demonstram que os aerossóis produzidos por esses dispositivos contêm substâncias tóxicas como formaldeído, acroleína, que são capazes de irritar o tecido pulmonar. Essa irritação pode levar a uma reposta inflamatória crônica, aumentando o risco de doenças respiratórias inflamatórias (Gotts et al., 2019).

A exposição aos vapores dos dispositivos de nicotina pode causar danos diretos às células pulmonares, tendo em vista que substâncias químicas presentes no vapor inalado, como compostos carbonílicos e metais pesados, podem induzir estresse oxidativo e apoptose nas células epiteliais dos pulmões (Goniewicz et al., 2014).

Esses danos celulares comprometem a integridade do tecido pulmonar e podem contribuir para o desenvolvimento de condições pulmonares crônicas. Além disso, o uso regular de dispositivos de nicotina pode resultar em uma redução na função pulmonar, o que pode ser mensurado através do exame espirometria, revelando uma diminuição nos parâmetros de função pulmonar e demonstrando um impacto negativo semelhante ao observado em cigarros convencionais. Essas pesquisas indicam que usuários de cigarro eletrônicos frequentemente relatam sintomas respiratórios como tosse, chiado e dispneia (Wang et al., 2019).

Há uma preocupação crescente de que o uso prolongado de dispositivo liberadores de nicotina pode aumentar a incidência de doenças respiratórias como bronquite crônica e asma. Além disso, usuários de CE podem experimentar exacerbações de condições respiratórias preexistentes. Estudos epidemiológicos sugerem uma correlação entre o uso desses dispositivos e um aumento nas hospitalizações por condições respiratórias (Bowler et al., 2017).

Casos de doenças pulmonares graves, como a EVALI, tem sido amplamente documentado. Esta condição é caracterizada por sintomas graves como dificuldade respiratória, dor torácica, e alguns casos pode ocorrer, insuficiência respiratória aguda. A EVALI está associada principalmente ao uso de vaping THC adulterado, no entanto também foi observado em CE de usuários de nicotina (Layden et al., 2020).

Os vapores dos dispositivos de nicotina podem comprometer a função imunológica dos pulmões. Estudos comprovam que a exposição a esses vapores pode alterar a atividade dos macrófagos alveolares, células muito importantes para a defesa pulmonar contra os patógenos. Isso pode aumentar a suscetibilidade a infeções respiratórias e reduzir a capacidade de resposta imunológica a agentes infecciosos (Scott et al., 2018).

3.2. Efeitos cardiovasculares do uso dos dispositivos liberadores de nicotina

De acordo com Araújo (2023) há evidências de que o uso dos CE pode causar danos ao sistema cardiovascular através de diferentes mecanismos fisiopatológicos, aumentando o risco da ocorrência de eventos cardiovasculares, como Infarto Agudo do Miocárdio, devido a alterações nos componentes funcionais desses sistemas, entre eles encontra-se insuficiência coronariana, alterações da integridade endotelial, aumento do estresse oxidativo e a ativação plaquetária.

Entre os produtos químicos inalados durante o uso dos CE, a presença de nicotina exerce um efeito no sistema simpático, relacionado com o aumento da sua atividade, causando alterações na pressão arterial sistêmica e na frequência cardíaca, devido ao aumento do tônus simpático (Oliveira et al., 2022). Além disso, outras substâncias químicas constituintes dos aerossóis inalados desempenham efeitos potencialmente cardiotóxicos, como chumbo, cromo, níquel, manganês, partículas finas e ultrafinas, compostos carbonílicos, aromatizantes e outros, os quais produzem efeito pró inflamatório e causam estresse oxidativo, associados a lesão das paredes endoteliais em resposta ao processo inflamatório, formações de placas ateroscleróticas e disfunção endotelial (Pereira & Solé, 2018).

Além do mais, é relatado um aumento da agregação e adesão plaquetária nos usuários crônicos de CE, correlacionado ao favorecimento da formação de trombos, devido a exposição de extratos liberados do vapor dos CE, que foram comprovados como capazes de elevar os níveis de ativação plaquetária na corrente sanguínea (Kuntic et al., 2020). Sendo as roturas súbitas e a formação de trombos sobre as placas de aterosclerose constituintes da maior parte dos eventos cardiovasculares, causando a morte das células cardíacas por processo isquêmico prolongado, conceituado como Infarto Agudo do Miocárdio (Araújo et al., 2023).

3.3. Efeitos psicológicos: do uso dos dispositivos liberadores de nicotina

A dependência à nicotina provocada pelo uso de dispositivos liberadores de nicotina, como os cigarros eletrônicos, tem sido amplamente estudada nos últimos anos devido ao crescente uso desses dispositivos, especialmente entre os jovens e adultos jovens (Araújo et al., 2023). Segundo Benowitz (2023), a nicotina é uma substância altamente viciante, e sua administração através de dispositivos eletrônicos pode aumentar a prevalência de uso devido à percepção de serem menos prejudiciais que os cigarros convencionais. Esta percepção, no entanto, pode ser enganosa, pois os cigarros eletrônicos ainda possuem nicotina e outras substâncias tóxicas que podem levar à dependência (Araújo et al., 2023).

Sendo assim, o processo de dependência à nicotina envolve complexos mecanismos neurobiológicos, como descrito por Kalivas e Volkow (2022), a nicotina atua no sistema dopaminérgico do cérebro, especificamente na via mesolímbica, a qual é crucial para o reforço e a formação da dependência. Somado a isso, a ativação repetida dessa via pela nicotina leva a alterações neuro adaptativas que intensificam o desejo e a necessidade de consumo contínuo, resultando em uma forte dependência. Estudos de Steinberg (2023) confirmam que os dispositivos eletrônicos de liberação de nicotina podem entregar doses de nicotina suficientemente elevadas para causar dependência em usuários regulares.

A dependência à nicotina induzida pelo uso de dispositivos liberadores de nicotina também tem implicações clínicas significativas (Santos, 2018). Segundo os achados de Hartmann-Boyce (2021), os usuários de cigarros eletrônicos que desenvolvem dependência à nicotina apresentam maiores dificuldades em cessar o uso, comparáveis aos desafios enfrentados por fumantes de cigarros convencionais. Desse modo, intervenções clínicas devem, portanto, ser adaptadas para abordar especificamente as características do uso de cigarros eletrônicos, incluindo a entrega intermitente de nicotina e os aspectos comportamentais do uso (Pedrosa et al., 2023). 

Além dos efeitos neurobiológicos, fatores comportamentais e sociais também desempenham um papel significativo na dependência à nicotina (Caldas; Silva; & Machado, 2023). Conforme relatado por Glasser (2021), o uso de cigarros eletrônicos muitas vezes começa em contextos sociais, onde a pressão dos pares e a curiosidade são motivadores e potencializadores comuns. Dessa maneira, a facilidade de acesso e a variedade de sabores disponíveis nos dispositivos eletrônicos os tornam particularmente atraentes para os jovens, que podem subestimar os riscos de dependência. Essa normalização social do uso de dispositivos de nicotina pode levar a um aumento nas taxas de dependência, criando um novo desafio de saúde pública (Cavalcante, 2018).

Por tudo isso, é importante destacar as políticas e regulamentações que podem ajudar a mitigar a dependência à nicotina entre usuários de dispositivos eletrônicos (Oliveira et al., 2022). Como sugerido por McNeill et al. (2019), regulamentações mais rigorosas sobre a venda e a comercialização de cigarros eletrônicos, bem como campanhas educacionais sobre os riscos de dependência, são essenciais para reduzir a prevalência de uso entre os jovens. Além do mais, políticas de saúde pública devem focar na prevenção do início do uso e na promoção de programas de cessação para aqueles que já desenvolveram dependência (Araújo et al., 2023). 

Em resumo, a dependência à nicotina provocada pelo uso de dispositivos liberadores de nicotina é uma questão complexa que envolve fatores neurobiológicos, comportamentais e sociais (Caldas; Silva; & Machado, 2023). Contudo, estudos recentes indicam que os cigarros eletrônicos, apesar de serem vistos como menos prejudiciais, podem levar a uma dependência significativa, especialmente entre os jovens (Leventhal et al., 2015). Por tudo isso, vale destacar que abordagens clínicas e políticas públicas eficazes são necessárias para enfrentar este desafio emergente de saúde pública (Kuntic et al., 2020).

4. CONCLUSÃO  

Pode-se demonstrar através dos artigos, que os cigarros convencionais e eletrônicos, apresentam danos significativos à saúde, contribuindo para o aumento de comorbidades que sobrecarregam o sistema de saúde e requerem atenção dedicada e contínua da comunidade científica e dos profissionais da área.

Em relação ao sistema respiratório, observam-se reações inflamatórias as quais causam prejuízo a função pulmonar; ao cardiovascular há evidências onde o estresse oxidativo danificam os vasos sanguíneos, elevando a pressão arterial e a frequência cardíaca; enquanto no âmbito psicológico, destacam-se sinais e sintomas de ansiedade, depressão e dependência nicotínica.  Portanto, torna-se evidente que os cigarros eletrônicos não são alternativas seguras comparado ao cigarro convencional, salientando que ambos provocam danos significativos à saúde.

Deste modo, tendo em vista a rasa quantidade de publicações científicas acerca do uso de cigarros eletrônicos no Brasil, é notório a necessidade da realização de mais estudos sobre o tema. Dito isso, espera-se, através dos resultados obtidos, ter contribuído para reflexão sobre o uso e perigos acerca desse dispositivo e seus impactos na saúde pública no Brasil.

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