AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE: PERSPECTIVAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Ethnic-Racial Relations in Contemporary Education: Perspectives and Pedagogical Practices

Relaciones étnico-raciales en la educación contemporánea: perspectivas y prácticas pedagógicas

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12171904


Juvenicio Jesus dos Santos[1]
Joseane Costa Santana[2]
Jonas da Silva Santos[3]
Nelma Cristina Silva Barbosa de Mattos[4]


Resumo

Este artigo objetiva analisar, na prática cotidiana escolar, os limites e possibilidades para promover o ensino da história e cultura afro-brasileira no decorrer do ano letivo, de modo a transgredir o Novembro Negro, com vistas à valorização da história e cultura afrobrasileira e a promoção de uma educação antirracista nos ambientes educativos. Trata-se de  uma pesquisa desenvolvida no âmbito do curso da especialização em Relações Étnico-Raciais e Cultura Afro-Brasileira na Educação. O estudo foi realizado em uma escola pública da rede estadual de educação em um município do interior da Bahia, no ano de 2022 e 2023.  O estudo apontou que, no contexto da pós-pandemia de Covid-19, a escola enfrentou desafios para implantar a lei 10.639/03, entretanto ampliou os debates sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira na educação, destacando atividades interdisciplinares. Além disso, com a implementação da educação em tempo integral, foram incluídas no currículo oficial da escola duas disciplinas dedicadas ao ensino da história e cultura afro-brasileira. dessa forma, os resultados destacam a necessidade de promover uma educação inclusiva e antirracista, incorporando de forma contínua o ensino da história e cultura afro-brasileira, requerendo reflexão constante e engajamento de toda a comunidade escolar.

Palavras-chave: Educação Antirracista. Currículo. Prática Pedagógica.

Abstract

This article aims to analyze the limits and possibilities in everyday school practice to promote the teaching of Afro-Brazilian history and culture during the school year, in order to transgress Black November, with a view to valuing Afro-Brazilian history and culture and promoting anti-racist education in educational environments. This research was carried out as part of the specialization course in Ethnic-Racial Relations and Afro-Brazilian Culture in Education. The study was carried out in a state school in a municipality in the interior of Bahia, in 2022 and 2023. The study pointed out that, in the context of the post-Covid-19 pandemic, the school faced challenges in implementing law 10.639/03, but expanded debates on teaching Afro-Brazilian history and culture in education, highlighting interdisciplinary activities. In addition, with the implementation of full-time education, two subjects dedicated to the teaching of Afro-Brazilian history and culture were included in the school’s official curriculum. Thus, the results highlight the need to promote inclusive and anti-racist education, incorporating the teaching of Afro-Brazilian history and culture on an ongoing basis, requiring constant reflection and engagement by the entire school community.

Keywords:Anti-racist education; Curriculum; Pedagogical practice.

Resumen

Este artículo tiene como objetivo analizar los límites y las posibilidades en la práctica escolar cotidiana para promover la enseñanza de la historia y la cultura afrobrasileñas durante el año escolar, con el fin de transgredir el Noviembre Negro, con vistas a valorar la historia y la cultura afrobrasileñas y promover una educación antirracista en los entornos educativos. Esta investigación se realizó en el marco del curso de especialización en Relaciones Étnico-Raciales y Cultura Afrobrasileña en Educación. El estudio se llevó a cabo en una escuela pública de un municipio del interior de Bahía, en 2022 y 2023. El estudio señaló que, en el ámbito de la pandemia post-Covid-19, la escuela enfrentó desafíos en la implementación de la Ley 10.639/03, pero amplió los debates sobre la enseñanza de la historia y la cultura afrobrasileña en la educación, destacando las actividades interdisciplinarias. Además, con la implementación de la educación a tiempo completo, se incluyeron en el currículo oficial de la escuela dos asignaturas dedicadas a la enseñanza de la historia y la cultura afrobrasileñas. Así, los resultados destacan la necesidad de promover una educación inclusiva y antirracista, incorporando la enseñanza de la historia y la cultura afrobrasileñas de forma continua, lo que requiere una reflexión y un compromiso constantes por parte de toda la comunidad escolar.

Palabras clave: Educación antirracista. Currículo. Práctica pedagógica.

Introdução

“Numa sociedade racista não basta não ser racista.

É necessário ser antirracista”.

Ângela Davis

A promoção da educação das relações étnico-raciais tem sido um grande desafio nos ambientes escolares brasileiros. Nesse contexto, espera-se dos docentes um planejamento pedagógico que valorize a história e a cultura da população negra e dos povos originários durante todo ano letivo, com o propósito de enfatizar as africanidades brasileiras e suas contribuições para o desenvolvimento da humanidade.

De acordo com Gonçalves e Silva (2005, p. 155-156)

ao dizer africanidades brasileiras, estamos nos referindo às raízes da cultura brasileira que têm origem africana e que africanidades brasileiras ultrapassam, pois, o dado ou o evento material, como um prato de sarapatel, uma congada, uma apresentação de capoeira […] constituindo-se nos processos que geraram tais dados e eventos, hoje incorporados pela sociedade brasileira.

Nesse sentido, trazer para a prática, a obrigatoriedade da inclusão no currículo oficial da rede de ensino do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, outorgada na Lei 10.639/03, em consonância com a Lei 11.645/08 ainda é algo complexo, mas ao mesmo tempo não é impossível a luta pela promoção da educação das relações étnico-raciais; pautada há tempo pelos movimentos sociais, essa inclusão nos ambientes educativos efetivam algumas atividades voltadas ao ensino de história e cultura afro-brasileira, mas ainda há um longo caminho a ser trilhado, quando se refere à educação das relações étnico-raciais.

Para Lopes (2005, p.187), “é preciso insistir sempre que a sociedade brasileira é preconceituosa e discriminadora em relação à sua população […]”, assinalando que o modelo de educação não tem sido inclusivo, ainda quando permita a entrada de todos na escola. Em síntese, o que acontece é que todos podem entrar, ou a maioria entra, mas nem todos conseguem sair devidamente escolarizados, aptos e com autonomia para enfrentar a vida como cidadãos.

Tal afirmação evidencia a necessidade vital de um planejamento pedagógico que valorize a história e a cultura afro-brasileira no decorrer de todo ano letivo, com o intuito de contribuir para o reconhecimento e valorização do povo negro no progresso e na autonomia da comunidade escolar.

Os estudiosos Miléo e Trindade (2022) também acreditam que a solução para o problema do racismo deve ser abordada por meio da educação moral ou da educação e cultura. Sabemos o quão é importante fortalecer a valorização da cultura afro-brasileira e o resgate da ancestralidade, assim como apoiar a construção da identidade étnico-racial. O movimento negro tem lutado por uma educação que possa ajudar a superar a opressão racial e uma das principais formas de alcançar essa mudança é por meio da reformulação do currículo escolar e da representação mais justa e positiva do negro nos materiais didáticos.

          Sendo assim, como percurso argumentativo, este artigo, a princípio o percurso metodológico deste estudo; depois, são apresentadas algumas considerações sobre Equidade Racial na Educação com uma breve descrição do embasamento teórico que fundamenta de forma crítica a necessidade de trabalhar as questões raciais em ambientes educativos; depois, na secção Discussões e Resultado faz-se um relato do processo de transição do ensino remoto para o ensino presencial.

Além disso, aborda o processo de transição para a educação em tempo integral e a ascensão das discussões sobre a educação das relações étnico raciais na escola e; ademais, apresenta uma discussão sobre a educação das relações étnico-raciais no decorrer do ano letivo no Colégio Líbia; bem como apresenta de maneira reflexiva, o Papel da Coordenação Pedagógica na Viabilização do Ensino da História e Cultura Afrobrasileira no Colégio Líbia.

Dessa forma, este artigo objetiva analisar na prática cotidiana escolar os limites e possibilidades para promover o ensino da história e cultura afro-brasileira no decorrer do ano letivo, de modo a transgredir o novembro Negro, com vistas à valorização da história e cultura afrobrasileira e a promoção de uma educação antirracista nos ambientes educativos.

Caminho metodológicos

O estudo foi construído a partir de uma pesquisa de campo desenvolvida no Colégio Estadual Democrático Líbia Tinoco Melo, doravante denominado Colégio Líbia, com 14 (catorze) docentes, no interior da Bahia, no período entre 2022 e 2023.

Como dispositivo para produção de dados contemplou-se a observação participante, na perspectiva da pesquisa e do acontecimento, conforme propõe Macedo (2016). Nessa perspectiva, Gil (2008, p. 103) aponta que “a observação participante, ou observação ativa, consiste na participação real do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada”.

Os resultados apresentados neste estudo foram produzidos a partir de 2 (duas) rodas de conversas realizadas com os professores do Colégio Líbia, etapa do ensino médio, contemplando as 04 áreas do conhecimento (Linguagens, Ciências Humanas. A primeira roda de conversa aconteceu no último trimestre do ano letivo de 2022 e a segunda, no primeiro trimestre de 2023 e versou sobre as concepções de educação antirracista aplicada no contexto escolar pelos professores e sobre as atividades com o ensino de história e cultura afro-brasileira desenvolvidas nas aulas pelos professores, no decorrer do ano letivo de 2022 e as propostas para 2023.

No tocante à roda de conversa, segundo Moura e Lima (2014), seu conceito frequentemente evoca a imagem de conversas informais, de caráter familiar, que parecem se perder com o passar do tempo. Todavia, trata-se de um importante dispositivo de pesquisa, segundo os autores, pois nas rodas de conversa, o diálogo se revela como um momento ímpar de compartilhamento, isso porque fundamenta-se na prática de escutar e falar, envolvendo uma multiplicidade de interlocutores.

As falas dos participantes foram cuidadosamente examinadas em busca de padrões, temas emergentes e nuances significativas que refletissem não apenas as experiências individuais dos professores, mas também as dinâmicas coletivas e as inter-relações dentro do contexto escolar. Esse processo analítico permitiu identificar convergências e divergências nas percepções dos docentes sobre a implementação da educação antirracista e o ensino de história e cultura afro-brasileira.

Além disso, a análise das falas revelou a importância atribuída pelos professores à conscientização sobre identidade racial, ao enfrentamento de estereótipos e preconceitos, bem como à valorização do protagonismo dos alunos na construção de uma educação mais inclusiva e equitativa. Os dados analisados contribuíram para uma compreensão mais abrangente das complexidades envolvidas na promoção da diversidade étnico-racial no ambiente escolar, apontando caminhos para o desenvolvimento de estratégias pedagógicas mais eficazes e alinhadas com princípios de justiça social e igualdade.

Algumas considerações sobre equidade racial na Educação

O racismo na Educação é tema de estudos extensivos que evidenciam sua reprodução nos ambientes escolares, desde o currículo eurocêntrico até práticas de silenciamento de vítimas. Isso resulta em tratamento diferenciado dos estudantes negros pelos professores, impactando suas trajetórias acadêmicas, como apontado pela Secretaria de Educação da Bahia.

Estudos de diversos autores têm ampliado essa compreensão, destacando a necessidade de uma educação antirracista que valorize a história afro-brasileira e envolva a comunidade. Conforme Gomes (2005, p. 148), “o racismo persiste, mesmo que negado no discurso dos brasileiros, e continua presente nos sistemas de valores que orientam o comportamento da sociedade, manifestando-se em diversas práticas sociais.”

Apesar das leis antirracistas, sua efetivação exige práticas pedagógicas contínuas ao longo do ano letivo, não apenas em datas específicas. O currículo ainda reflete uma pedagogia hegemônica e colonial, exigindo uma abordagem contrária dos educadores. É crucial desafiar estruturas opressivas através de uma educação inclusiva e diversa, integrando perspectivas negras nas disciplinas e capacitando os educadores como aliados em uma sociedade mais justa.

A promoção de uma educação antirracista requer um projeto pedagógico político (Mazrui, 2010). Educadores devem transcender o conteúdo curricular, adotando uma abordagem contra hegemônica e resistindo à dominação branca e racista. A educação deve ser emancipadora, promovendo o respeito à diversidade no cotidiano escolar. Coimbra (2020) salienta que os educadores são formados sob uma perspectiva conteudista, enquanto o contexto da sala de aula demanda uma formação emancipadora.

A UNESCO (2022) propõe uma educação baseada na cooperação e solidariedade, valorizando a diversidade. No entanto, há uma tensão entre reconhecer as diferenças e desigualdades sem desafiar as hegemonias. É necessário superar o sistema de educação bancária e promover uma educação como prática da liberdade, indo além da reprodução do conhecimento.

Os educadores devem encorajar os estudantes a se engajarem na comunidade para compreender as demandas das relações étnico-raciais, contribuindo para práticas pedagógicas que enfrentem o racismo e promovam a superação das desigualdades.

Resultados e discussão

O contexto da prática escolar cotidiana revelou a necessidade e a urgência de se diminuir a distância entre a intenção de trabalhar as questões étnico-raciais no decorrer do ano letivo, de modo transversal e a ação a favor da equidade racial.

Sabemos que a legislação determina a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e a maioria dos docentes compreendem a necessidade de valorização da identidade étnico-racial nos ambientes educativos, mas tem faltado práticas concretas e ao mesmo tempo efetivas, tais como a realização de atividades voltadas ao ensino de história e cultura afro-brasileira, bem como sobre o racismo durante todo o ano letivo; entretanto, as discussões sobre essa temática têm sido debatidas apenas em datas pontuais, especificamente no mês da consciência negra – novembro.

Nesse sentido, a coordenação pedagógica tem o desafio de articular junto aos docentes de forma interdisciplinar projeto que promova o ensino da história e cultura afro-brasileira. Segundo Santos, Souza e Santo (2022, p. 09), “a Coordenação Pedagógica realiza uma função primordial no âmbito de uma instituição de ensino […]’’, posto que em uma concepção macro, ela é responsável pela articulação entre gestores escolares, a família dos estudantes e os educadores.

No recorte temporal deste estudo, observou-se que alguns assuntos tornaram-se centrais nos debates coletivos no colégio Líbia, como o processo de transição do ensino remoto para o ensino presencial e a transição para a educação em tempo integral. Essas demandas deixaram em segundo plano as discussões sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira em 2022, contudo as discussões reacenderam de forma oficial em 2023.

Do processo de transição do ensino remoto para o ensino presencial

A pandemia de Covid-19 levou as escolas, incluindo o Colégio Líbia, a adotar o ensino remoto para cumprir as recomendações de saúde. Isso exigiu que os professores replanejassem suas práticas para garantir o direito à aprendizagem dos alunos.

Segundo Galvão e Saviani (2021), a gestão da pandemia no Brasil foi criticada por seu mau gerenciamento e negação da gravidade do vírus. A transição para o ensino remoto trouxe desafios, como a precarização do trabalho dos docentes e a evasão escolar, exigindo uma readequação das práticas pedagógicas por parte dos coordenadores e diretores.

O Ministério da Educação, ao instituir o ensino remoto sem uma preparação prévia, não respeitou os próprios sujeitos envolvidos no processo, sem construir um plano pedagógico com a participação dos órgãos coletivos de representatividade docente, obrigando as escolas a implementar, sem a realização de um planejamento prévio para suprir as instituições escolares com as condições pedagógicas e materiais para oferta do ensino remoto, bem como os estudantes que não possuíam uma estrutura adequada, para acompanhar o ensino remoto.

No estado da Bahia, por exemplo, todos os docentes e coordenadores pedagógicos tiveram que transformar seus objetos pessoais em instrumentos de trabalho (computadores, smartphones, tablets, melhoria do serviço de internet, aquisição de novos aparelhos, cursos online de curto prazo, dentre outros). Além disso, esse processo excluiu um número elevado de estudantes, por consequência houve uma elevação preocupante da evasão escolar.

Segundo dados da Agência Senado (2020, citado por Galvão; Saviani, 2021, p. 37), uma pesquisa realizada no final de julho de 2020 revelou que na rede pública, 26% dos alunos que estavam tendo aulas online não tinham acesso à internet. Isso destaca a necessidade urgente de discutir a inclusão digital. É incontestável que esse tema é crucial e deve ser debatido para que as escolas possam implementar práticas híbridas eficazes durante a pandemia.

A transição abrupta do ensino presencial para o remoto na educação básica trouxe desafios para gestores, professores e alunos, como garantir o acesso a dispositivos com internet, manter a produtividade no processo de ensino-aprendizagem e adaptar os métodos de avaliação, entre outros. De acordo com a Organização Todos Pela Educação (OTPE, 2021), durante a pandemia, o número de crianças e adolescentes fora da escola aumentou em 171%. No segundo trimestre de 2021, cerca de 244 mil estudantes de 6 a 14 anos não estavam regularmente matriculados, um aumento de aproximadamente 154 mil em relação a 2019.

Segundo a OTPE (2021, p. 02), “acompanhar estes indicadores é essencial para o monitoramento da garantia do direito à educação de todas as crianças e jovens”. Após todo processo de vacinação que foi implementado no Brasil, apesar dos incentivos contrários à vacinação por vários representantes constitucionais, a pandemia foi controlada, passando a se discutir sobre o processo de transição gradativa para o retorno presencial. Em 2022, deu-se início ao planejamento pedagógico a fim de viabilizar esse processo, ocorrendo o retorno presencial a partir do segundo semestre de 2022.

No entanto, o processo de transição do ensino remoto para o presencial deixou em segundo plano as discussões sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira da educação das relações étnico-raciais, no decorrer do ano letivo de 2022 e tornou-se um entrave na implementação das discussões no ambiente escolar. Contudo, a equipe docente reuniu esforços, sobretudo os que possuem afinidade com o ensino de história e cultura afro-brasileira, realizaram algumas atividades, garantindo as discussões no decorrer do ano letivo.

É evidente que os impactos da pandemia foram sentidos por nossos/as estudantes, em particular por aqueles/as inseridos/as na lista de maior vulnerabilidade social. Nossos/as estudantes sentiram a elevação exponencial da desigualdade social imperante, sem contar que a inclusão digital estabeleceu uma diferenciação de acesso à educação, em sua concepção macro, pois surgiu um novo tipo de analfabeto, que foi o analfabeto tecnológico, o que ocasionou mais uma “camada” de exclusão e desse conflito, surgiu também a necessidade de um modelo de formação que dê conta desse novo obstáculo educacional.

A educação das relações étnico-raciais no decorrer do ano letivo no Colégio Líbia

Apesar dos desafios impostos pelo ensino remoto, alguns docentes, a partir da orientação da coordenação pedagógica, desenvolveram atividades pedagógicas que fomentaram as discussões sobre a valorização da história e cultura afro-brasileira durante o ano letivo de 2022, transgredindo a realização de atividade em data pontual, como as que ocorrem, com maior intensidade, nesta escola no mês de novembro.

No intuito de ampliar os diálogos diaspóricos para pensar a educação para as relações étnico-raciais no ambiente educativo, buscou-se fomentar as discussões a partir do conteúdo programático de história, África para além do Egito antigo, Reinos da África (O reino de Axum; de Gana), Diáspora Africana (deslocamento populacionais forçados); Africanos Escravizados na América (Escravidão no Brasil).

Na área de linguagens foi realizado estudo sobre escritores/as negros/as, buscando conhecer as contribuições dos autores/as negros/as para a literatura e música e artes brasileira. Nessa atividade, os estudantes tiveram contato com várias produções científicas, canções e produções artísticas de pessoas negras, compreendendo que existem muitas produções negras e que, em muitos casos, esses/as autores/as não aparecem no livro didático oficial. Nessa atividade, os estudantes puderam refletir criticamente sobre a contribuição do povo negro para o campo da literatura, arte e música.

Alinhada com a proposta pedagógica das atividades desenvolvidas em linguagens, na área de Humanas, os estudantes foram desafiados a mergulharem no campo da pesquisa, tendo como lócus suas comunidades. Nesta atividade, os estudantes identificaram um/a negro/a que possuem destaque na comunidade, seja por seus saberes ou por serviço prestado a comunidade, com o objetivo de conhecer melhor o seu lugar de convívio e a contribuição dos sujeitos negros para o desenvolvimento de sua comunidade.

Na área de Matemática e Ciências da Natureza, foi feita uma atividade de pesquisa e apresentação de cientistas negros e sua contribuição para o desenvolvimento da humanidade. As atividades objetivaram compreender a importante participação do povo negro para o desenvolvimento da ciência. Nessa atividade, os estudantes ficaram surpresos em saber que o inventor da geladeira foi o Frederick McKinley Jones, uma pessoa negra, que com sua invenção, modificou substancialmente o destino da humanidade.

As atividades culminaram com um cine debate do filme Estrelas além do tempo. Esse filme trata da corrida espacial travada entre Estados Unidos e Rússia durante a Guerra Fria, em que uma equipe de cientistas da NASA, formada exclusivamente por mulheres afro-americanas, provou ser o elemento crucial que faltava na equação para a vitória dos Estados Unidos, liderando uma das maiores operações tecnológicas registradas na história americana e se tornando verdadeiras heroínas da nação; tal prática possibilitou evidenciar o protagonismo de mulheres negras em uma área exclusiva, da época, de engenheiros homens e brancos.

Dessa forma, apesar dos entraves enfrentados no ambiente da escola, frente aos desafios do ensino remoto, a equipe pedagógica pôde trabalhar as questões étnico-raciais além do novembro negro, já que o objetivo era transgredir a ideia de escravização do povo negro, proposta presente no livro didático, para demonstrar a contribuição da comunidade negra para o desenvolvimento da humanidade, desde o campo das artes, música, literatura, saberes populares até a produção científica.

O Papel da Coordenação Pedagógica na Viabilização do Ensino da História e Cultura Afrobrasileira no Colégio Líbia

A implementação efetiva do ensino da História e Cultura Afro-brasileira no contexto educacional contemporâneo representa um imperativo ético e legal. Tal iniciativa visa à promoção da igualdade e valorização da diversidade cultural, contribuindo para a formação de cidadãos conscientes e críticos. Neste contexto, a figura do coordenador pedagógico emerge como um agente chave na concretização desse propósito, desempenhando um papel de articulação e planejamento junto aos professores.

De acordo com Libâneo (2007), o coordenador pedagógico é um mediador fundamental entre a gestão escolar e o corpo docente. Sua atuação se traduz na promoção de um ambiente colaborativo e de diálogo entre os professores, fornecendo espaços para reflexão e troca de experiências. Através desta intermediação, o coordenador propicia a integração dos diferentes componentes curriculares, assegurando uma abordagem interdisciplinar e contextualizada.

De maneira semelhante, Vasconcellos (2008) corrobora este entendimento ao ressaltar o papel do coordenador na construção e execução do projeto político-pedagógico da instituição. Para o autor, este profissional é incumbido de articular as metas e objetivos educacionais com as práticas cotidianas de ensino, garantindo a coerência com as diretrizes curriculares e os valores éticos que permeiam o processo educativo.

Adicionalmente, segundo Santos, Souza e Santo, (2022, p. 09), tal profissional exerce uma função fundamental na rotina da escola, pois está incumbido de analisar, orientar o planejamento, refletir e avaliar sobre o trabalho pedagógico, promover a formação continuada dos professores em serviços, nos momentos de planejamento individual e coletivo.

No contexto específico do Colégio Líbia, observa-se que o coordenador pedagógico assume um papel central na viabilização do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira. Através de um contínuo processo de sensibilização e formação, o coordenador promove a conscientização dos professores acerca da relevância desse conteúdo para a formação integral dos alunos. Adicionalmente, ele desempenha um papel ativo na seleção de materiais didáticos e na elaboração de estratégias pedagógicas que possibilitem uma abordagem inclusiva e contextualizada da temática.

Mediante reuniões regulares de planejamento pedagógico, grupos de estudo, o coordenador pedagógico cria espaços de reflexão e compartilhamento de experiências entre os docentes, estimulando a construção coletiva de práticas pedagógicas inovadoras para o ensino da História e Cultura Afro-brasileira. Este profissional também acompanha de perto a implementação das atividades em sala de aula, fornecendo suporte e feedbacks construtivos aos professores, promovendo assim, um ambiente de aprendizado dinâmico e participativo.

Dessa forma, a partir deste estudo, observou-se o papel crucial do coordenador pedagógico na efetivação do ensino da História e Cultura Afro-brasileira no Colégio Líbia em Teolândia. Por meio de sua função de articulação e planejamento, a coordenação atuou como um elo essencial entre a gestão escolar e os professores, incentivando a construção de práticas pedagógicas inclusivas e contextualizadas. Desta maneira, a coordenação pedagógica se revela como um elemento catalisador na promoção da igualdade e valorização da diversidade cultural no contexto educacional contemporâneo.

Considerações finais

A Educação das Relações Étnico-Raciais é uma discussão fundamental no âmbito da educação básica. Desde a década de 70, o movimento negro tem debatido sobre os estudos relacionados ao ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Ela visa a promoção do respeito e da valorização das diferenças étnico raciais e a desconstrução do racismo estrutural presente na sociedade brasileira.

O processo de transição do ensino remoto para o presencial, no Colégio Líbia, em 2022, deixou em segundo plano as discussões sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira no âmbito escolar, constituindo-se como um entrave na implementação das reflexões no ambiente escolar. Nesse sentido, é importante destacar que, mesmo diante das dificuldades impostas pela pandemia, a equipe docente não deixou de reunir esforços para manter o ensino de história e cultura afro-brasileira em pauta, realizando algumas atividades, o que garantiu as reflexões no decorrer do ano letivo.

A chegada do ensino em tempo integral na escola, ampliou as discussões sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira. A implementação de disciplinas específicas sobre a Educação das Relações Étnico Raciais possibilitou aos alunos aprofundarem seus conhecimentos, bem como refletir com maior afinco sobre a importância do respeito à diversidade étnico racial e da luta contra o racismo.

Apesar disso, a Educação das Relações Étnico Raciais na contemporaneidade ainda enfrenta desafios. É preciso que este ensino esteja presente em todas as disciplinas, e não apenas em disciplinas específicas. Além disso, é fundamental a formação continuada dos docentes, a fim de que estes estejam preparados para lidar com questões relativas à ensino de história e cultura afro-brasileira.

Concordamos que o racismo é estrutural, institucional. Diariamente, os indivíduos não “veem/percebem”, que agem com preconceito, que estão perdurando, segregando essa prática em suas atitudes, na maneira como sentem, pensam, impõem, falam e discutem. Por esse motivo, precisamos sim, falar mais sobre esse assunto, pesquisar, refletir, trabalhar e discutir para extinguir os nossos espaços educacionais.

Outro dado importante refere-se à linguagem utilizada em sala de aula. Precisamos estar atentos ao que falamos para as crianças, porque sabemos que a linguagem é um indicador muito forte da perpetuação e prática do racismo. Nossos pensamentos são traduzidos através da linguagem. Como profissionais da educação, devemos estar sempre atentos para ter uma linguagem acolhedora e valorizada, e não que menospreze e/ou inferiorize, pois, tal prática pode deixar uma marca significativa e indelével. Por exemplo, quando um docente se refere positivamente ao cabelo liso de uma criança e negativamente ao cabelo de outra criança, referindo-se ao cabelo “bom” e ao cabelo “ruim”, ele está reforçando uma cultura que dá forma às palavras racistas, mesmo sem perceber. Ou seja, mesmo que você não esteja ciente da ação.

Enfim, a Educação das Relações Étnico Raciais no Colégio Estadual Democrático Líbia Tinoco Melo, também deve estar presente na formação dos futuros profissionais desta unidade escolar, para que eles possam atuar de forma mais consciente e responsável. Como pedagogo, sei que a inclusão do ensino nos cursos de formação de professores é fundamental para a promoção de uma educação mais inclusiva e plural.

A representação hegemônica produz práticas racistas que precisam ser criteriosamente escrutinadas na nossa comunidade escolar para garantir a representatividade. Não cabe mais fechar os olhos para trabalhar com propósitos educativos perpétuos. Portanto, é fundamental que as discussões sobre a Educação das Relações Étnico-Raciais sejam uma prioridade na educação básica. É preciso que o ensino de história e cultura afro-brasileira faça parte do Projeto Político Pedagógico (PPP), em atividades extracurriculares e em projetos pedagógicos e não esteja presente ou limitada aos momentos de festividade ou em datas importantes. Somente assim, poderemos construir uma sociedade mais justa e igualitária, livre do racismo e da discriminação.

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[1] Mestre em Educação Científica, Inclusão e Diversidade pela UFRB, 2024. Especialista em Educação das Relações Étnico Raciais na Educação  pelo IFBAIANO, 2023. Licenciado em Pedagogia pela UNEB, 2015.  Coordenador Pedagógico na Rede Estadual de Educação da Bahia. E-mail: juveniciosantos@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5250038462494455. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9579-4864.

[2] Mestra em Ensino e Relações Étnico-Raciais pela UFSB (2021). Graduada em Letras e Artes pela UESC (2004). Docente EBTT de Língua Portuguesa e Espanhola, no IFBAIANO. E-mail: joseane.santana@ifbaiano.edu.br. Lattes: http://lattes.cnpq.br/7064042520146087. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6468-9589.

[3] Mestre em Gestão e Tecnologias Aplicadas à Educação (GESTEC/UNEB). Licenciado em Pedagogia (UNEB), Campus XV. Especialista em Relações Étnico-Raciais e Cultura Afro-Brasileira na Educação (IFBaiano). E-mail: jonassantoscpsec@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/3252451593772881. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9399-948X.

[4] Doutora em Estudos Étnicos e Africanos pelo CEAO/ UFBA (2016). É professora de Artes, coordenadora do Neabi do IF Baiano, campus Valença, e do Curso de Especialização Lato Sensu em Relações Etnico-Raciais e Cultura Afro-brasileira na Educação (REAFRO. E-mail: nelma13@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5646855405404714. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-4505-1157.