AS REDES SOCIAIS EM PEDIATRIA E AS INTERAÇÕES MÉDICO-FAMÍLIA-PACIENTE EM UM ESTUDO DE REVISÃO DE LITERATURA

SOCIAL NETWORKS IN PEDIATRICS AND PHYSICIAN-FAMILY-PATIENT INTERACTIONS IN A LITERATURE REVIEW STUDY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7827978


Ana Luiza Ribeiro Bard de Carvalho1
Gabriela Eyng Possolli2


RESUMO

Esse artigo é uma Revisão Integrativa com base em Souza, Silva e Carvalho (2010) que se organizou a partir de uma pesquisa de Dissertação de Mestrado em Ensino nas Ciências da Saúde. O Problema que norteou a revisão foi: Sobre o que versam as publicações dos últimos seis anos a respeito do uso de redes sociais em pediatria? Para a busca utilizamos os descritores: redes sociais, pediatria, família, Facebook, Instagram, relação médico-paciente. Usando com bases de dados e ano: Scielo, Altmetric e Wiley e Google Acadêmico, período de 2015 a 2021. A busca obteve como primeiro filtro um total de 150 resultados de pesquisa, dos quais 127 eram artigos, teses ou dissertações. Segundo filtro: de 127, 101 fora de escopo, 24 dentro do tema proposto, 2 artigos repetidos. 3º Filtro: 24 estudos analisados na íntegra, 18 selecionados para a fase de análise e levantamento de categorias. Ao final do processo os estudos incluídos foram 18 estudos, sendo 11 artigos, 7 teses e dissertações, com 8 em inglês e 10 em português. A análise dos estudos resultou nas categorias: 1- Evolução e Uso de Redes Sociais; 2- Relação médico-família-paciente nas redes sociais; 3- Construção de Conhecimento na área da saúde nas redes sociais; 4- Pediatria e Redes Sociais.

Palavras-chave: Pediatria; Redes Sociais; Relação médico-família-paciente.

ABSTRACT

This article is an Integrative Review based on Souza, Silva and Carvalho (2010) that was organized from a Master’s Dissertation research in Teaching in Health Sciences. The Problem that guided the review was: What do the publications of the last six years about the use of social networks in pediatrics deal with? For the search, we used the descriptors: social networks, pediatrics, family, Facebook, Instagram, doctor-patient relationship. Using databases and year: Scielo, Altametric and Wiley and Google Scholar, period from 2015 to 2021. The search obtained as a first filter a total of 150 search results, of which 127 were articles, theses or dissertations. Second filter: out of 127, 101 out of scope, 24 within the proposed theme, 2 repeated articles. 3rd Filter: 24 studies analyzed in full, 18 selected for the analysis and category survey phase. At the end of the process, the studies included were 18 studies, 11 of which were articles, 7 theses and dissertations, 8 in English and 10 in Portuguese. The analysis of the studies resulted in the following categories: 1- Evolution and Use of Social Networks; 2- Doctor-family-patient relationship on social networks; 3- Construction of knowledge in the area of ​​health in social networks; 4- Pediatrics and Social Networks.

Keywords: Pediatrics; Social media; Doctor-family-patient relationship.

1. PRIMEIRA FASE: ELABORAÇÃO DA QUESTÃO NORTEADORA

Levando-se em conta a expansão da internet e a facilidade de busca de qualquer conteúdo na web por parte dos pacientes, elaborou-se a seguinte questão norteadora para a revisão integrativa aqui empreendida: Sobre o que versam as publicações dos últimos seis anos a respeito do uso de redes sociais em pediatria?

2. SEGUNDA FASE: BUSCA OU AMOSTRAGEM NA LITERATURA

Os critérios de inclusão a este estudo foram: artigos na íntegra e disponíveis gratuitamente, teses e dissertações disponíveis nos idiomas português e inglês no período de janeiro de 2015 a agosto de 2021. Como critérios de exclusão: artigos pagos, anteriores a janeiro de 2015, redundâncias e conteúdo não relacionados ao tema, além de exclusão de livros e outros tipos de material. Os descritores utilizados na busca foram: redes sociais, pediatria, família, facebook, instagram, relação médico-paciente. 

3. TERCEIRA FASE: COLETA DE DADOS

A amostragem na literatura foi levantada no mês de agosto de 2021 por de busca nas bases Scielo, Altametric e Wiley, via pesquisa no Google Acadêmico. O Google Acadêmico é um mecanismo de busca de materiais acadêmicos ricos e úteis em informação. Ele engloba artigos, TCCs, teses, dissertações e livros. Os materiais acessados via base de dados Google são provenientes especialmente do servidor Google e de bases de dados acadêmicas de acesso aberto. 

Obteve-se um total de 150 resultados (75 em língua portuguesa e 75 em língua inglesa), desses eram 127 pesquisas em formato de artigos, teses ou dissertações, 23 outros tipos de materiais. Dos 127 resultados, 101 fugiram do escopo de busca, 24 dentro do tema proposto, e 2 artigos repetidos.

Esses 24 estudos foram analisados por meio do resumo de cada um, para verificar se deveriam ou não integrar a amostra para a revisão integrativa. Após essa nova análise, foram selecionados 18 estudos que tinham como temática as redes sociais e a relação médico-paciente  para a próxima fase de análise, que foi a leitura dos artigos na íntegra e o levantamento de categorias.

Desses 18 estudos, 11 são artigos e 7 são teses e dissertações, sendo em relação ao idioma 8 em inglês e 10 em portugues. Eles estão localizados na série histórica de 2015 a 2021, sendo que um é do ano de  2021, cinco são do ano de 2020, seis do ano de 2019, um do ano de 2018, dois do ano de 2016 e três do ano de 2015.

Quadro 01 – Estudos selecionados para 2ª fase: leitura do resumo e decisão de inclusão

Fonte: dados da pesquisa, 2022.

O Quadro 2 apresenta os artigos selecionados para leitura na íntegra para extrair categorias de análise, a fim de encontrar os pontos de convergência entre os textos dos vários autores. Nesse quadro é possível visualizar o ano, a autoria, o título dos artigos, as palavras-chave e o link de acesso. 

Quadro 02 – Estudos selecionados para a Revisão Integrativa

Fonte: dados da pesquisa, 2022.

Conforme a metodologia da revisão integrativa, a partir da leitura na íntegra dos estudos incluídos, foram levantados os temas de cada estudo. Com a lista completa de temas e abordagens dos estudos chegou-se às categorias que convergiram na maioria das pesquisas que compuseram a revisão que estão descritas no quadro a seguir e os estudos incluídos em cada uma delas.

Quadro 03 – Categorias, Descrição e Estudos por categoria

Fonte: dados da pesquisa, 2022.

4. QUARTA FASE: DISCUSSÃO DOS ESTUDOS INCLUÍDOS

CATEGORIA I – Evolução e Uso de Redes Sociais

A expansão e popularização da internet ampliou o acesso à informação, criando condições para o aparecimento de uma sociedade mais bem informada e com papel ativo. Na área da saúde, é possível ter acesso a cada vez mais informação sobre diagnósticos, doenças, sintomas, possibilidades de tratamento, medicamentos, profissionais, custos de tratamento, entre outros. A maior  disponibilização dessas informações pode ser justificada pela demanda gerada pelos usuários, já que a saúde é uma preocupação do ser humano (LIMA, 2016).

Futagami e Possolli ressaltam que as redes sociais tiveram um avanço significativo na última década com a expansão das tecnologias digitais, após o desenvolvimento da Web 2.0. Destaca ainda que a proliferação da cibercultura por meio do desenvolvimento tecnológico teve impacto “nas comunidades, nas percepções sobre o mundo e na busca de conhecimentos” (2018, p.244). Essas autoras detalham ainda que: 

Os ambientes virtuais se tornaram locais ideais para a integração de conteúdos e de pessoas com os mesmos objetivos de interesse. Grupos sociais com interesses em comum surgem por meio da internet nas redes sociais, possibilitando uma interação cada vez mais ativa, criando laços comunitários. O ciberespaço possibilita que a informação produzida seja armazenada e disseminada globalmente, facilitando o processo de circulação e incorporação de informações, além de colaborar com a organização de ações em rede. Esses espaços interativos da internet têm se tornado essenciais para a educação com vistas à promoção da saúde (FUTAGAMI, POSSOLLI, 2018, p.244).

Jildeh afirma ter havido um aumento acentuado, de quase dez vezes no uso de redes sociais por adultos de 2005 a 2015, e que apesar disso, o aumento do uso das mídias sociais pelos médicos foi menos dramático. Acredita-se que as principais barreiras para o uso mais difundido das mídias sociais pelos médicos sejam a falta de habilidades com a mídia e a ineficiência no uso (JILDEH, 2019)

O Facebook é a rede social mais popular entre os médicos, com 75% de uso, seguido pelo LinkedIn (57%), Instagram (43%) e Twitter (31%). 51% relatam acessar as redes sociais pelo menos uma vez por dia (CHLUS, 2020).

Um diferencial do Facebook é a possibilidade de construção de comunidades de pacientes, onde eles podem compartilhar informações sobre sua doença, seu tratamento e expor dúvidas e medos. Além disso, no Facebook  e no Instagram podem fazer um perfil profissional para compartilhamento de informações e interação com clientes atuais e futuros. Segundo Takáo, o aumento do uso de tecnologias e da internet é um fenômeno que modificou o modo como a população adquire conhecimento. A oferta de informações em saúde deixou de ser domínio do profissional de saúde, transmitida de maneira pontual na consulta médica, para tornar-se pública,e de fácil acesso à população (TAKAO, 2020).

Na internet há comunidades em redes sociais como o Facebook, que principalmente no contexto de pacientes crônicos funcionam como importante fonte de apoio e acolhimento. Elas oferecem um ambiente no qual as pessoas compartilham suas dúvidas, aflições, informações sobre sua doença e seu tratamento. Pode haver o estabelecimento de laços afetivos entre os participantes, que motivam uns aos outros a lidar de forma positiva com o adoecimento (PEREIRA NETO, 2015).

Segundo Macauley, a mídia social pode ser uma ferramenta útil na prática da medicina, ao expandir o acesso aos cuidados de saúde, identificando comportamentos de alto risco, contribuindo para a pesquisa, promovendo networking e suporte online, educando médicos e pacientes. Ao mesmo tempo, há questões de confidencialidade, privacidade, profissionalismo e limites que precisam ser consideradas (MACAULEY,2021 )

CATEGORIA II – Relação médico-família-paciente nas redes sociais

Em 2001, o Institute of Medicine (EUA) recomendou que os cuidados de saúde deveriam ser guiados pelas preferências, necessidades e valores individuais do paciente. Redefinir a estrutura da relação médico-paciente, incluindo o uso das mídias sociais, poderia agregar valor e ser um passo importante para as práticas médicas que desejavam aprimorar seu foco na Medicina Centrada no Paciente. (PINTO, 2015)

Com a expansão da internet e da disseminação dos conhecimentos em saúde, algumas das barreiras da relação médico-família-paciente foram quebradas. Os pacientes se tornaram mais capazes e com mais poder para mediar a própria saúde. Esse novo usuário é chamado por alguns pesquisadores de  “paciente-informado” ou “paciente expert”. Ele sai do papel de receptor de informações recebidas em uma consulta e passa a saber sobre sua saúde, através de pesquisas na internet e de informações recebidas nas mídias. Isso traz mudanças profundas na tradicional relação profissional-usuário (DE LIMA, 2016).

A relação médico-paciente acaba sendo influenciada pela popularização da internet e das mídias sociais,pois a partir do momento que  o médico deixa de ser o único detentor do conhecimento, os poderes têm que ser compartilhados, diferente do que ocorreria anteriormente. (ATEM,2019) 

Nas comunidades de doentes na internet, os pacientes ao compartilhar sua doença, suas aflições e dúvidas e seus tratamentos, também conhecem a trajetória de outras pessoas na mesma condição.  Ao conhecer outros doentes, eles tomam conhecimento de novas alternativas terapêuticas, que muitas vezes não foram oferecidas pelo seu médico. Assim, num primeiro contato com o médico, o paciente questiona seu tratamento a fim de entender qual é melhor o tratamento dele ou do colega de internet.(PEREIRA NETO, 2015).

A relação médico-paciente antes hierarquizada, atualmente se transforma em uma relação horizontalizada. Para os profissionais já habituados a essa conformação, essa mudança trata-se de um desafio, já que o paciente e seus pais tornam-se mais ativos, questionadores e discutem mais sobre sua saúde. O médico deve refletir sobre como agir frente à procura de informações na internet pelos pais dos pacientes. Apesar de alguns resistirem a essas mudanças, a melhor saída talvez seja utilizar-se das mídias a fim de desenvolver a cooperação com o paciente e seus responsáveis frente ao processo de saúde doenca e promover melhoria da assistência (TAKÁO, 2020).

No panorama atual, a relação dos profissionais de saúde com pacientes e família tem se modificado com o avanço da internet. O saber que antes era propriedade dos experts agora pode ser encontrado em alguns segundos com o uso de um celular. Quando a família do paciente na consulta chega munido de informações adquiridas previamente, discutindo sobre aspectos clínicos até usando termos técnicos para demostrar que pesquisou sobre e entende do assunto, essa atitude pode gerar no médico assistente um descontentamento e a impressão de falta de confiança no trabalho dele (SABINO, 2020).

Outra maneira dos médicos fazerem um bom proveito deste novo cenário é incrementando ações de educação em saúde além do que já é realizado nas consultas, utilizando as mídias sociais como grupos de Facebook, páginas do Instagram e blogs. Isso facilita a disseminação de informações confiáveis, e a interatividade e há uma rapidez de acesso. Como desvantagens do relacionamento virtual se tem uma perda do envolvimento presencial e um aumento da impessoalidade (SILVA, 2019).

As pessoas têm buscado cada vez mais conhecimentos na internet, deixando de obter informações exclusivamente com os médicos assistentes. As informações não são exclusivas do profissional de saúde, porém a interação com ele continua sendo importante (FUTAGAMI, POSSOLLI, 2018).

Segundo Taberner, um estudo espanhol sobre o uso da Internet por cuidados primários e médicos hospitalares realizado em 2009 mostrou que 30,8% dos entrevistados relataram que a Internet complica seu relacionamento com os pacientes e mais de 30% sentiam que sua credibilidade era prejudicada pelo uso da internet pelos pacientes (TARBERNER,2016 )

Em um estudo, os pacientes participantes afirmaram que as postagens de seus médicos nas mídias sociais não afetariam sua confiança e respeito por eles, além de que, ao vê-las os pacientes se sentiram mais próximos do seu médico. Por outro lado, a grande maioria dos médicos do estudo (70%) achavam que ser amigo virtual de seus pacientes lhes daria informações sobre seus hábitos e estilos de vida, permitindo aos médicos traçar melhores planos de tratamento. Além disso, afirmaram que ao aprender mais sobre as perspectivas sociais, políticas ou ideológicas dos pacientes por meio de postagens nas mídias sociais isso não afetaria sua atitude em relação a esses pacientes (EKMEKCI,2020).

CATEGORIA III – Construção de conhecimento na área da saúde nas redes sociais

A web reconfigurou as relações existentes entre os agentes envolvidos nas relações: prestadoras de serviço em saúde, conteúdos, usuários, profissionais. Antigamente, informações sobre saúde e doenças e seus tratamentos eram praticamente de conhecimento exclusivo dos profissionais da área da saúde, pois o acesso a esse tipo de conteúdo era mais difícil (DE LIMA, 2016). 

As redes sociais possuem a capacidade de mudar o padrão de acesso às informações de saúde, pois uma porcentagem crescente de pacientes utiliza a internet e as mídias sociais para obter informações relacionadas aos cuidados médicos e que isso pode ajudar no empoderamento dos pacientes por meio da informação ampliada. (NISAR, SHAFIQ, 2019)

Muito se questiona sobre as razões do paciente procurar informações em saúde na internet.  Os principais pontos são o acesso fácil e rápido , o anonimato, a  privacidade de acessar informações delicadas, baixo custo, alta efetividade e a interatividade (TAKÁO, 2020).

O uso de comunidades online seria uma ferramenta para capturar e aproveitar ideias inovadoras de usuários em vários campos e apontava para o seu potencial de uso na área médica, para troca de informações de saúde e doença entre pacientes com doenças crônicas, favorecendo o conceito de cuidado centrado no paciente (AMANN, 2016)

As comunidades nas diversas redes sociais geralmente têm membros que coordenam, organizam e promovem a interação no grupo. Dentre esses membros, alguns podem ser profissionais da saúde interessados no tema específico ou apenas pacientes e familiares com a mesma vivência. Essa troca pode gerar tanto informações de qualidade, com base em diretrizes confiáveis quanto informações duvidosas sobre o assunto em questão (FUTAGAMI, POSSOLLI, 2018).

O suporte entre membros nas redes sociais resulta na construção e fortalecimento da rede de relacionamentos, na aceitação da doença e do sentimento de pertencimento àquela  comunidade, gerando um empoderamento do paciente ou familiar, impulsionando a lutar por melhores condicoes de vida, a reinvidicar aumento do poder e da autonomia e mais participacao nas relações (BELO, 2020).

 A mídia social permite que os pacientes se envolvam em seus próprios cuidados médicos e ditem seu curso clínico, levando a um maior envolvimento e satisfação do paciente. O engajamento e a satisfação do paciente são dois dos objetivos centrais do sistema de saúde. Há também evidências de que pacientes mais engajados têm melhores resultados de saúde e experiências de cuidado (JILDEH,2019).

CATEGORIA IV – Pediatria e Redes sociais

Desde a gravidez até o nascimento, as famílias têm uma rede de apoio cada vez mais presente, resultante da popularização da internet. Este fenômeno é percebido na sociedade moderna pois as famílias acabam dispondo de uma menor rede presencial. Por meio dos blogs, sites e das redes sociais, uma infinidade de informações e consultorias são oferecidas para ajuda e orientação para o cuidado com as crianças (BELO, 2020).

Nos dias de hoje, na prática pediátrica, os pais pesquisam informações na internet e levam essa demanda para a consulta. Além disso, alguns médicos que participam das redes sociais têm posicionamentos diferentes quanto à interatividade com os pacientes. Alguns preferem o contato virtual para sanar pequenas dúvidas, usando a tecnologia a seu favor, enquanto outros acham incômodo essas mensagens que podem ser recebidas a qualquer hora, não tendo a definição de madrugada, feriado nem fim de semana. (SILVA, 2019).

Belo, constata que 79% das maes do seu estudo utilizam o Facebook, Twitter, Instagram, Youtube e Whatsapp para este fim, sendo 98% para buscas informativas para saúde. Além disso, 15% se sentiram prejudicadas em algum momento com alguma informação obtida na rede social (BELO, 2020) 

A maioria dos millennials (54%) e mais de quatro em cada 10 (42%) adultos são ou gostariam de ser amigos ou de seguir seus profissionais de saúde nas mídias sociais. E os pacientes que atualmente não usam mídias sociais considerariam fazê-lo para melhorar a comunicação médico-paciente. Isso é particularmente verdadeiro para pacientes pediátricos, que como pessoas nascidas ou criadas na era da tecnologia digital estão mais familiarizadas com a comunicação e a expressão através da mídia social do que muitos adultos. (MACAULEY, ELSTER, FANAROFF,2021).

Em um estudo, 32% dos médicos pesquisados ​​tiveram interações nas redes sociais com os pacientes ou suas famílias. 16% só tiveram contato com os indivíduos depois que eles deixaram de ser pacientes. No entanto, 37% dos médicos pediatras dizem que se tornaram “amigos” dos pacientes e familiares, em comparação com 20% dos médicos não pediatras. 32% dos pediatras afirmam que só interagem com ex-pacientes e familiares nas redes sociais, em comparação com 6% aos não pediatras (CHLUS, 2020).

O uso das redes sociais pelos pediatras pode ser um fator importante na diminuição da ansiedade dos pais por desencadear um sentimento de aproximação e segurança  com o médico e a sensação de haver fácil acesso. Isso é tudo que os pais querem, um pediatra acessível. O fato do médico estar inserido em outras redes de perfis pessoais do paciente pode trazer uma sensação de cuidado, pois ele sente que o médico está participando da vida dele, observando seu cotidiano (SILVA, 2019).

Segundo Mazza, em seu estudo com familias de recem-nascidos prematuros as razões que os levaram a procurar informações online foram adquirir conhecimento e  esclarecimento, a curiosidade, sanar dúvidas, diminuir a ansiedade e preocupação, estabelecer comunicação com profissionais, posicionar-se diante de medidas aplicadas e, se necessário, analisar e questionar as condutas adotadas pela equipe médica,  alem de auxiliar o paciente ou outras famílias (LIMA, MAZZA, 2019)

No estudo realizado por Solon, foi evidenciado que mesmo nas famílias com apoio do profissional de saúde para a etapa da introdução alimentar da criança, houve influência das redes sociais na hora da escolha pela mãe do modelo escolhido para essa etapa. As participantes da pesquisa afirmaram que receberam orientações por meio de profissionais de saúde, mas que também tiveram indicações através de outras fontes como amigos e familiares, google e redes sociais (whatsapp, instagram) (SOLON, 2019).

REFERÊNCIAS

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1https://orcid.org/0009-0005-6796-6234, analuizabard@yahoo.com.br
2https://orcid.org/0000-0001-6976-6838, profgabisenar@gmail.com