REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410311414
Bianca Freitas Castro;
Cristielle De Brito Silva;
Orientador: Msc. Gabriel De Oliveira Rezende.
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo analisar algumas considerações a respeito das intercorrências em procedimentos estéticos com ácido hialurônico, para tanto, na elaboração deste trabalho foi realizado um levantamento bibliográfico com foco na abordagem dos efeitos adversos decorrentes da aplicação do ácido hialurônico como procedimento estético. Atualmente nos deparamos cada vez mais com os procedimentos estéticos, que visam uma aparência mais jovem, trazendo volume e realizando uma harmonização facial. Os preenchedores dérmicos são os mais utilizados para a harmonização facial, sendo o AH o preenchedor mais procurado, devido a sua eficácia e segurança. Contudo, apesar de ser uma substância segura não está isenta de complicações. Com isso, para prevenção das complicações o profissional precisa ser qualificado, e possuir os conhecimentos adequados das técnicas, da anatomia da face e ser ágil para reverter alguma intercorrência caso ocorra. Sobretudo, quanto aos riscos decorrentes desses procedimentos, em especial, do ácido hialurônico aplicado na face e servir como alerta das consequências desfavoráveis decorrentes da aplicação, tanto aquelas conhecidas pela ciência quanto aquelas que ainda necessitam de estudos mais aprofundados, ainda com a indicação de possíveis tratamentos que possam mitigar a ocorrência e/ou consequência de tais intercorrências e, sendo elas inevitáveis, apresentar caminhos já conhecidos pela ciência para reparação das consequências decorrentes de tal aplicação.
Palavras-chave: Preenchedores dérmicos; ácido hialurônico; Facial hyaluronic acid complications; Rejuvenescimento facial; Harmonização facial.
1. INTRODUÇÃO
A busca pelos padrões de beleza da atualidade tem sido uma procura constante entre homens e mulheres. Hoje em dia a preocupação em ter o corpo perfeito, o rosto padrão, tem feito com que as pessoas optem pelos tratamentos estéticos, sejam eles invasivos ou não invasivos, conciliados com uma dieta, medicamentos e exercícios físicos (PINHEIRO et al., 2020).
É interessante observar que a Biomedicina estética foi regulada pela resolução nº 304 em 23 de abril de 2019 e desde então, os procedimentos realizados por essa área tem aumentado de forma gradativa, assim como, especializações voltadas para a área de Biomedicina Estética (MAIA; SALVI, 2018).
Os tratamentos faciais voltados para o rejuvenescimento facial são ideais para combater a flacidez da pele, as linhas de expressão, bigode chinês, entre outros, atuam de maneira a prevenir esta condição do envelhecimento com estímulo de colágeno através da administração e preenchimento com ácido hialurônico (AH), um preenchedor dérmico capaz de corrigir rugas, dar volume e assimetria ao contorno facial (MAIA e SALVI, 2018).
O Ácido Hialurônico (AH) foi descrito pela primeira vez em 1934 durante uma análise do humor vítreo bovino, sendo o composto mais abundante da matriz extracelular, é formado por glicosaminoglicano, e uma molécula muito importante na composição da nossa pele, essa molécula ajuda a reter água nas camadas mais internas da pele a derme, facilitando a hidratação natural do organismo, considerado na atualidade como preenchimento padrão ouro para a correção de rugas, perda de contorno e reposição do volume facial (ABDULJABBAR, 2017).
As intercorrências decorrentes da aplicação mal-sucedida do Ácido Hialurônico (AH) podem induzir formação de hematomas, petéquias, reações inflamatórias e infecciosas, nódulos, cicatrizes hipertróficas, necrose tecidual, edemas e granulomas (ÁLVARES, 2020).
A ocorrência de complicações com o uso de AH é baixa e a maioria das incidências são leves, sendo raro eventos graves. É importante destacar que a seleção e colocação correta do produto pode ajudar a prevenir complicações (BEZERRA DANTAS, 2021).
Para se evitar tais intercorrências, é extremamente importante que as normas de biossegurança sejam respeitadas, além da especialização do profissional na área. Diante disso, torna-se necessário sempre procurar clínicas com profissionais aptos para realizar tais tratamentos estéticos que ministram o Ácido Hialurônico. Apesar das complicações e intercorrências serem de baixos índices, profissionais capacitados devem ser capazes de solucionar rapidamente o problema e oferecer um acompanhamento correto, a fim de evitar frustrações ao paciente e problemas irreversíveis. Sendo assim, o presente projeto é baseado em um levantamento bibliográfico sobre as principais intercorrências e complicações ocorridas com o uso de ácido hialurônico (SANTOS,2019).
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. PROCEDIMENTOS REALIZADOS COM ÁCIDO HIALURÔNICO
O ácido hialurônico é um polissacárido com alto peso molecular que tem uma a cadeia linear de dissacarídeos repetidos, o glicosaminoglicano, presente no organismo humano e uma das principais partes da substância amorfa fundamental da matriz fora das células de nosso corpo. A perda ocorre como resultado do envelhecimento humano. Estruturas de suporte faciais naturais, reabsorção óssea, atrofia de gordura superficial e profundo dos músculos e do tecido conjuntivo (colágeno, elastina e ácido hialurônico) memória visual (PUTINATTI, 2019).
A aplicação de métodos de injeção de preenchedores cutâneos como Ácido Hialurônico deve ser feita. baseado em um profundo conhecimento anatômico da região do corpo que será aplicada. A substância perfeita para preenchimento de partes moles ainda não foi encontrada. reações prejudiciais causadas pelo tipo de substância usada ou pelo erro no método de emprego (ROSA; MACEDO, 2018).
Atualmente, o ácido hialurônico tem sua maior utilização na volumização facial, para corrigir a perda dos coxins gordurosos decorrentes do envelhecimento, sobretudo nas áreas malar e mandibular. Nessas indicações, o ácido hialurônico de escolha tem algumas particularidades que o diferenciam do utilizado para simples preenchimento, tais como o tamanho da partícula, mais viscoelasticidade, diferente comprimento de cadeia dos polímeros, e tipo e densidade de crosslinker, com o objetivo de obter o melhor resultado na acomodação do produto na pele, sem risco de migração do local da injeção. A aplicação deve ser feita nos planos supraperiostal ou subcutâneo profundo, podendo ser utilizadas cânulas, que reduzem o risco de sangramento (NERI et al., 2018).
2.2. Preenchimento facial
Atualmente, há uma procura crescente por técnicas que visam rejuvenescer a pele através de procedimentos estéticos menos invasivos, que buscam corrigir as linhas de expressões e sulcos faciais, através do aumento do volume da área facial, bem como, na restauração dos contornos faciais. Estes procedimentos realizam uma harmonização e rejuvenescimento facial, visando preservar cuidadosamente modificações anatômicas e buscando atender as expectativas do paciente (Ribeiro et al., 2022).
Através dos procedimentos não invasivos usando preenchimentos biodegradáveis de tecidos moles é possível restabelecer a aparência jovem de um rosto envelhecido, preenchendo dobras e melhorando linhas finas e rugas, ao mesmo tempo em que se mostra seguro e eficaz para pacientes masculinos e femininos em todos os grupos étnicos. A procura crescente por terapias menos invasivas ocasionou a evolução dos biomateriais em direção ao produto ideal, buscando preencher os critérios de segurança, tais como biocompatibilidade e reversibilidade, o ácido hialurônico é o produto mais utilizado mundialmente para preenchimento facial, sendo rotineiro nos consultórios (Daher et al., 2020).
O ácido hialurônico (AH) se enquadra nas características de um preenchimento ideal. Para ser considerado um preenchimento ideal, o mesmo deve ser seguro e eficaz, biocompatível, não alergênico, não carcinogênico, reprodutível, estável, de fácil aplicação e remoção quando necessário e ter um bom custo/benefício (Vasconcelos et al., 2020).
2.3. POSSÍVEIS INTERCORRÊNCIAS OCASIONADAS PELO ÁCIDO HIALURÔNICO
Na atualidade apareceram alguns materiais impróprios para a aplicação do ácido hialurônico, e a atuação de profissionais não capacitados ou preparados para realizá-los, o que gerou na grande maioria dos clientes um receio de realizar o procedimento. Afim de obter bons resultados, alguns aspectos precisam ser levados em consideração na escolha do Ácido Hialurônico como: a análise da compatibilidade biológica, a segurança da forma de aplicação no paciente, o equilíbrio no local da aplicação, apresentar baixo risco de possíveis efeitos adversos, apresentar mínimas reações inflamatórias, não utilizar substâncias que sejam carcinogênicas, apresentar facilidade na aplicação, primar por uma proposta que produza resultados o mais natural possível, baixa imunogenicidade, a procedência do produto e a viabilidade do custo/benefício para o paciente (SANTOS,2020).
O profissional necessita realizar a anamnese do paciente por completo, tratando por fazer uma avaliação rígida dos possíveis antecedentes de alergias, além dos medicamentos, cogitando sobre os benefícios e priorizando por uma comunicação clara e transparente ao paciente sobre os possíveis riscos, além de discutir com ele, as expectativas esperadas após o procedimento. É indispensável solicitar a assinatura do paciente, quando se refere ao termo de consentimento e proceder com o registro fotográfico da condição de antes e depois da aplicação do AH. No entanto, mesmo com os benefícios estéticos dessa aplicação de ácido, em alguns casos, pode ser relatado a presença de sinais flogísticos como eritema e edema, por um curto período, e em seguida os pacientes retornaram as suas atividades normais (MARTINS, 2018).
Nas complicações mais leves como surgimento de acne no local da aplicação, edemas e mudança na cor, que podem ser reversíveis espontaneamente surgiram em baixas porcentagens, porém observáveis com o uso do ácido hialurônico. Nota-se através da revisão de literatura que o resultado dos preenchimentos obteve um nível de satisfação bastante significativa. Verificou-se em alguns artigos que o efeito do preenchimento foi persistente após um ano (HABRE et al., 2019).
Park et al., 2020, cita que, após a realização de uma pesquisa em âmbito nacional, em que foi analisado 22 pacientes que apresentaram complicações agudas após à aplicação de injeções de ácido hialurônico, resultando na perda de visão de longo prazo e lesão cerebral. Os locais em que foram injetadas são: nariz – rinoplastia para aumento nasal, sulcos nasolabiais e glabela.
Para que não ocorra algumas complicações na hora da aplicação, deve-se usar as técnicas necessárias para realizar o procedimento, como introduzir o ácido bem devagar e com pouquíssima pressão, usar micro cânulas de ponta romba, realizar a aspiração antes de injetar, utilizar injeções suplementares. Se os sintomas na área dos olhos persistirem, indica-se encaminhar o paciente com urgência ao oftalmologista, realizar à aplicação de hialuronidase injetável na área em que foi aplicado o ácido hialurônico e em média de 2 a 4ml de hialuronidase na região retrobulbar (Beleznay et al., 2018).
Entretanto, os profissionais que fazem aplicação do ácido hialurônico, devem ter bastante cautela e possuir muito conhecimento da anatomia vascular e de técnicas seguras da injeção. Os efeitos adversos do AH nas mesmas condições supracitadas de necrose tecidual e sustentam que, se houver suspeita da mencionada complicação adversa, a hialuronidase deve ser aplicada imediatamente dissolvendo assim as partículas do gel de ácido hialurônico (COSTA,2019).
Vale destacar os efeitos adversos do preenchimento com AH serem reversíveis tais como ocorre com a hialuronidase, a título de exemplo, uma enzima que decompõe o ácido hialurônico nativo e injetado. A hialuronidase é particularmente útil quando a determinação é que a injeção de preenchimento foi muito superficial, o que é evidenciado por uma descoloração azulada. É fundamental orientar o paciente de que o tratamento com ácido hialurônico não é permanente e seus resultados podem durar de 8 a 16 semanas, contudo, válido lembrar que o prazo depende do tipo utilizado para o preenchimento dérmico (FERREIRA,2020).
Segundo Bezerra Dantas (2021), a incidência de complicações geralmente é baixa, e a maioria dos casos apresenta gravidade leve, com eventos graves sendo raros. A seguir, destacamos as principais eventualidades associadas ao uso de preenchedores dérmicos à base de ácido hialurônico (FERREIRA,2018).
Necrose: é uma complicação temida, resultante de injeções imprudentes que obstruem os vasos sanguíneos ou decorrente do inchaço local que exerce pressão sobre os vasos adjacentes. A região da glabela é particularmente propensa a necrose oriunda da injeção intra-arterial, e isso pode levar a problemas graves, incluindo cegueira (FARIA, et al., 2020).
O tratamento envolve o uso de hialuronidase para dissolver o AH o mais rápido possível, sendo fundamental iniciar o tratamento precocemente para evitar danos graves. Para minimizar os riscos e garantir a segurança do paciente, a ultrassonografia de alta frequência tem sido utilizada para visualizar com precisão o produto injetado, reduzindo os riscos vasculares em áreas faciais. A hialuronidase, uma enzima derivada do testículo bovino e ovino, também pode ser usada para corrigir complicações, dissolvendo o ácido hialurônico. No entanto, é importante usar doses baixas dessa enzima para evitar reações alérgicas, pois ela é de origem animal (SOUZA, 2018).
Podemos encontrar possíveis riscos que podem ser causados por uso inadequado de ácido hialurônico, entre eles estão os seguintes achados:
2.3.1.Infecção:
Pode ser de origem bacteriana ou viral. As infecções de início precoce apresentam endurecimento, eritema, sensibilidade e prurido, e podem ser indistinguíveis da resposta transitória pós-procedimento. Posteriormente podem ocorrer nódulos flutuantes e sintomas sistêmicos (febre, calafrios). As infecções cutâneas são normalmente relacionadas com a flora residente, introduzida pela injeção. Deve ser realizada cultura microbiológica, com introdução de tratamento antibiótico adequado à cultura. Os abscessos devem ser drenados. Em infecções mais duradouras ou com má resposta aos antibióticos, deve ser considerada a presença de infecções atípicas (por exemplo por Mycobacterium spp.) e biofilmes. Nesses casos pode ser necessário antibiótico alternativo. Acredita-se que a contaminação ocorre por má higienização da pele (LOWE, 2018).
2.3.2.Edema e Eritema:
Eritema, vermelhidão da pele, devido à vasodilatação dos capilares cutâneos. Edema, acúmulo de líquido no tecido subcutâneo que ocorre quando os fluidos dentro dos vasos sanguíneos ou linfáticos extravasam para a pele. Geralmente são imediatos e observados na maioria dos casos. Ocorrem por inflamação local (resposta lesão tecidual) e pela propriedade hidrofílica do produto. Podem ainda ser agravado por múltiplas injeções, material espesso e técnica incorreta de aplicação. Deve-se colocar gelo durante intervalo de cinco a dez minutos e manter a cabeça elevada. Regride em horas ou no máximo um ou dois dias (REQUENA, 2019).
2.3.3.Nódulos:
Pápulas esbranquiçadas ou nódulos podem surgir após a aplicação de ácido hialurônico devido a técnicas inadequadas ou aplicação superficial. O tratamento inclui massagem local, corticoides orais, hialuronidase e, em casos graves, remoção cirúrgica. Geralmente tendem a melhorar em intervalo de cinco a dez dias. Nos casos de sangramento abundante pode ser necessária a cauterização do vaso (SILVA, 2022).
2.3.4.Hematomas:
Ocorre por perfuração de pequenos vasos no local da aplicação ou por compressão e ruptura secundária dos vasos. Deve-se fazer compressão imediata do local. Há maior risco de sangramento volumoso se houver ruptura de vasos profundos. Recomenda-se realizar a aplicação em local com boa iluminação para tentar evitar a perfuração dos vasos, o uso de cânulas ao invés de agulhas também pode diminuir a incidência. É importante saber que os preenchedores associados à lidocaína promovem vasodilatação e podem aumentar o risco de sangramento local (CROCCO, 2018).
2.3.5.Necrose:
Complicação rara, ocasionada por compressão local (supercorreção ou intensa inflamação) ou injeção intra-arterial acidental (com embolização vascular). As áreas com alto risco de comprometimento incluem: glabela, asa nasal, as artérias angulares (região naso labial) e lábios (CROCCO, 2018).
Complicações com ácido hialurônico causa mais risco para a necrose tecidual por oclusão arterial. O paciente relata dor imediata após aplicação, e algumas horas depois a pele torna-se pálida (pela isquemia), adquirindo posteriormente coloração cinza-azulada. Em dois ou três dias há ulceração e necrose local. Essas características podem ser mal interpretadas como hematoma induzido por injeção, dor e edema, mas a gravidade e a persistência da dor devem alertar o profissional para possibilidade de oclusão vascular. Não existe consenso quanto ao tratamento ideal nesses casos, mas é importante ter cuidados locais de higiene, realizar compressas mornas, massagem local para dissolver o êmbolo e pasta de nitroglicerina a 2%. Também é descrita a injeção de hialuronidase o mais precoce possível, nas primeiras 24 horas do procedimento, com redução dos danos causados pela necrose (PARADA 2019).
2.3.6.Ativação do herpes:
O risco de ativação do herpes simples após a injeção dérmica de preenchedores, devido ao dano direto causado pela agulha aos axônios, com a subsequente manipulação do tecido e resposta inflamatória, é estimado como sendo inferior a 1,45%. Como não há diretrizes definidas, a profilaxia antiviral sistêmica pode ser realizada em pacientes com história pessoal de herpes facial recorrente (> 3 episódios/ano). Podem ser empregados 400mg de aciclovir três vezes ao dia durante dez dias ou 500mg de valaciclovir duas vezes ao dia durante sete dias, começando dois dias antes do procedimento (GAZZOLA, 2018).
2.3.7.Hipersensibilidade aguda:
As injeções de preenchedores podem desencadear resposta imune. As reações de hipersensibilidade podem variar de leve vermelhidão até a anafilaxia. A incidência de reação de hipersensibilidade relacionada ao AH é de cerca de 0,6%. Cerca de 50% desses casos são transitórios e estarão resolvidos em até três semanas. Recomenda-se o uso de antihistamínicos, anti-inflamatórios não esteroides (Aines), esteroides intralesionais ou sistêmicos, minociclina e hidroxicloroquina. A hialuronidase pode ajudar a remover o núcleo da inflamação (PARADA, 2020).
2.3.8.Nódulos:
Geralmente são observados a curto e médio prazos, manifesta-se como pápulas esbranquiçadas ou nódulos. Ocorrem na maioria das vezes por má técnica de aplicação, por injeção muito superficial do AH. Pelo efeito Tyndall, as pápulas podem adquirir coloração levemente azulada. O tratamento pode ser feito com massagem local, e em casos extremos o corticoide oral está indicado a drenagem e hialuronidase são opções. Nos casos graves pode ser realizada remoção cirúrgica do material. Felizmente, a maioria dos casos tem resolução espontânea. O preenchimento deve ser injetado apenas após a agulha ter atingido a profundidade apropriada, devendo-se parar a injeção antes da retirada da agulha. Da mesma forma, a injeção no plano correto é vital (COHEN, 2018).
2.3.9.Granulomas:
Ocorrem entre seis e 24 meses após aplicação dos preenchedores. Surgem como nódulos palpáveis não dolorosos no trajeto de aplicação dos preenchedores. Acredita-se que essas reações ocorram pela presença de impurezas no processo de fermentação bacteriana na produção do ácido hialurônico e não decorrentes de hipersensibilidade ao próprio produto. (FERRARI, 2012). O tratamento é controverso, e pode ser realizada aplicação de hialuronidase (com concentrações que variam de 50U/mL10 a 150U/mL17 ou infiltração intralesional de corticoide (triancinolona injetável na concentração de 5mg/mL) (SMAL et al., 2019).
2.4. A IMPORTÂNCIA DO BIOMÉDICO ESTETA NA REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS COM USO DE ÁCIDO HIALURÔNICO
A biomedicina estética tem como objetivo melhorar o bem-estar físico dos indivíduos por meio de tratamentos estéticos que abordam disfunções corporais e faciais. Isso inclui prevenção de doenças, rejuvenescimento fisiológico e aumento da autoestima. O profissional deve avaliar cada paciente individualmente antes do procedimento, fazer uma boa anamnese (avaliar antecedente de alergia, uso de medicações), verificar os riscos e benefícios, além de discutir a expectativa esperada. Se possível, sempre solicitar assinatura do termo de consentimento e realizar fotografias antes e depois da aplicação do ácido hialurônico (Crocco et al., 2019).
A profissão de biomédico esteta ganhou reconhecimento no Brasil, com a habilitação para atuar na estética, e esses profissionais são altamente capacitados para realizar tratamentos relacionados ao envelhecimento. A segurança do paciente é uma prioridade, especialmente em procedimentos faciais, e medidas preventivas são fundamentais para garantir a qualidade de vida do paciente, de acordo com as normas da ANVISA. A formação dos biomédicos estetas deve incluir conhecimento sobre os riscos e intercorrências relacionados a esses procedimentos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020).
O biomédico esteta deve identificar sinais graves de complicações pela aplicação de ácido hialurônico e atuar na prevenção de complicações com o uso do ácido hialurônico. O conhecimento sobre as complicações graves e os métodos de prevenção são essenciais para o cuidado seguro na prática estética ( SOARES, 2021).
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. TIPO DE ESTUDO
Um estudo descritivo transversal e retrospectivo, que descreveu as principais intercorrências e complicações ocorridas pelo uso de ácido hialurônico, que busca informações em revisão bibliográfica baseada na literatura especializada.
3.2. LOCAL DO ESTUDO
O local de estudo será realizado em livros, revistas, publicações em periódicos, artigos científicos, monografias, dissertações e teses, selecionados através de busca no banco de dados a partir das fontes Google Acadêmico, Scielo e Lilacs, bem como livros especializados, que remetam ao tema e metodologia.
3.3. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Os critérios de inclusão serão de artigos gratuitos e cujo tema principal abordava as complicações e manejo clínico do preenchimento com ácido hialurônico. Foram excluídos artigos não disponíveis de forma gratuita, além da exclusão de títulos repetidos e os resumos que não abordassem exclusivamente o preenchimento com ácido hialurônico na região facial.
Conforme a pesquisa realizada na base de dados informada, foram encontrados 30 artigos que abordavam direta e indiretamente o tema de pesquisa. Após aplicação dos filtros de inclusão e exclusão foram utilizados um total de 26 artigos.
3.4. ANÁLISE DOS DADOS
Após a coleta da análise de dados, estes dados foram tabulados visando uma síntese do conhecimento e das evidências cientificas, foram analisados e confrontados com as informações obtidas na literatura.
4. RESULTADOS ESPERADOS
Podemos esperar que este estudo forneça uma visão mais abrangente e atualizada sobre o uso correto de ácido hialurônico na biomedicina estética, contribuindo para o avanço do conhecimento científico nesta área. Por meio de todos os resultados apresentados, é possível notar que há riscos de intercorrência diante da aplicação do ácido hialurônico, por isso, cabe ao biomédico, sempre realizar os procedimentos de biossegurança e estar qualificado para a realização do procedimento.
O Ácido Hialurônico tem sido considerado um preenchedor labial seguro, eficaz e bem embasado pela literatura, trazendo resultados satisfatórios, pois proporciona o ganho e a melhora do contorno e volume dos lábios, melhorando a estética e as funções como mímica e fala, além de ser tratar de um material reversível apresentando um baixo risco de complicações.
Para o sucesso do tratamento, é necessário que o Biomédico-Esteta se prepare adequadamente para executar o procedimento, se aprofundando nos conhecimentos anatômicos, planejando os casos individualmente, realizando a técnica seguindo as recomendações gerais e específicas, além de manter-se atento ao diagnóstico precoce diante de uma complicação.
É muito relevante que o profissional se atente as contraindicações para indicar a aplicação de AH, dentre elas estão aquelas consideradas transitórias como gravidez, amamentação e durante o tratamento ortodôntico e outras que estão relacionadas a problemas de saúde, infecções ativas, processos inflamatórios, hipersensibilidade ao produto e reações alérgicas.
O Biomédico-Esteta deve realizar um teste de aspiração de sangue na área antes de aplicar o produto, a fim de se certificar se não está sendo injetado dentro de uma artéria.
O exame de ultrassom é indicado para planejar, executar e acompanhar o pós-operatório do procedimento, colaborando com a visualização do sistema vascular, localização do preenchedor e nos casos em que acontecer a embolização com a obliteração e compressão vascular, possibilitar a intervenção imediata para degradação do ácido hialurônico.
A complicação grave resulta da aplicação de AH intra-arterial e um dano químico ao endotélio que provoca a embolização direta com a oclusão intravascular.
A compressão vascular externa e o edema resultante do processo inflamatório, também são fatores extravasculares que devem ser considerados para que aconteça a intercorrência.
5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode se concluir que os benefícios do ácido hialurônico, bem como seu efeito, são inquestionáveis e magnífico na pele. O conhecimento de anatomia e o conhecimento profissional também é importante. Isso certamente torna o procedimento mais seguro e eficaz para o paciente. A abordagem das complicações deve ser bem familiar para os especialistas, pois embora também possam ser o resultado de más técnicas, incidentes e variações seu aparecimento pode ser causado por fatores anatômicos. Embora uma grande quantidade dessas reações adversidades imprevisíveis, possam ter uma detecção rápida e um tratamento adequados para reduzir o desconforto e os efeitos colaterais do paciente.
O papel dos biomédicos estetas é fundamental nesse contexto, pois sua formação técnica e ética contribui para a realização de procedimentos estéticos eficazes e seguros. A busca por procedimentos estéticos deve ser acompanhada por uma avaliação cuidadosa das expectativas do paciente, bem como pela consideração de fatores psicológicos e emocionais. A ética profissional, a transparência na comunicação e o respeito à privacidade do paciente são valores essenciais para garantir um cuidado completo e compassivo. Em última análise, o equilíbrio entre a busca pela beleza e a saúde deve ser mantido, e os biomédicos estetas desempenham um papel crucial nesse equilíbrio. Eles não apenas ajudam os pacientes a alcançarem uma aparência desejada, mas também promovem o bem-estar geral, contribuindo para uma abordagem holística da saúde e da estética.
A maior parte dos estudos analisados demonstraram que o ácido hialurônico é eficaz e seguro para a correção dos sulcos, rítides e melhora do contorno e volume de diferentes regiões faciais em mulheres adultas, com reações imediatas previsíveis e leves e com possibilidade de manutenção dos resultados até 180 dias após a aplicação.
O ácido hialurônico tem se tornado cada vez mais seguro e suas complicações na atualidade estão relacionadas principalmente à técnica de aplicação inadequada. Avaliação cuidadosa do paciente, planejamento terapêutico adequado e técnica apurada são fundamentais para alcançar os melhores resultados com o tratamento. É de extrema importância que o profissional executor do procedimento de preenchimento esteja preparado para prontamente avaliar e lidar com possíveis efeitos adversos.
As perspectivas futuras para o uso do ácido hialurônico em procedimentos é realizando uma boa especialização e condutas para que não haja erros no decorrer do procedimento, para que gere resultados positivos no paciente, o profissional deve esta devidamente capacitado para garantir satisfação pessoal, elevando a sua autoestima e trazendo bons resultados para todos os envolvidos.
Portanto, o ácido hialurônico é um bom coadjuvante para retardar e combater os sinais de envelhecimento. Ele confere a pele um aspecto mais jovem, possibilitando vários benefícios como aumento de volume, sustentação, hidratação e elasticidade. Sua correta aplicação restaura os contornos faciais permitindo um equilíbrio simétrico da face. Estudos revelam que bons resultados do preenchimento dérmico facial com ácido hialurônico se mantêm por um período variável de 6 a 18 meses.
REFERÊNCIAS
BERNARDES, I.N et al, Preenchimento com ácido hialurônico – Revisão de Literatura, Revista Saúde em Foco, Amparo, ed.10, p. 603 – 612, 2018.
CASTRO, S.M, Preenchimento com ácido hialurônico e uso da hialuronidase para reversão do procedimento, 2018, 28 f, Monografia (Pós-graduação em Biomedicina Estética) – Instituto Nacional de Ensino Superior de Pesquisa e Centro de Capacitação Educacional, Recife, 2018. Disponível em: https://www.ccecursos.com.br/img/resumos/biomedicina-estetica/tcc—sly-demoraiscastro.pdf.
CROCCO, E.I.; ALVES, R.O.; ALESSI, C., Eventos adversos do ácido hialurônico injetável, Surg. Cosmet. Dermatol, v.4, n.3, p. 259 – 263, 2012. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2655/265524650007.pdf. Acesso em: 01 de out., 2021.
DALMEDICO, M.M et al, Coberturas de ácido hialurônico no tratamento de queimaduras: revisão sistemática, Rev. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v.50, n3, p.2020.
DASTRE, A.R., Benefícios e propriedades do ácido hialurônico no rejuvenescimento facial, 2018, 27f, Monografia (Especialização) – Faculdade Sete Lagoas, Santo André, 2018.
EGEA, R., AMADO, E.T., OTA, C., Mecanismo de ação de injetáveis utilizados na biomedicina estética, Anais do EVINCI, Curitiba, v.3, n.1, 2015. Disponível em:https://portaldeperiodicos.unibrasil.com.br/index.php/anaisevinci/article/view/865/8 41. Acesso em: 30 de jun., 2021. FERREIRA, N.R.; CAPOBIANCO, M.P.; Uso do ácido hialurônico na prevenção do envelhecimento facial, Revista Edição Atual, São Jose do Rio Preto, 2019.
HIRATA, L.L; SATO, M.E.O., SANTOS, C.I.M., Radicais livres e o envelhecimento cutâneo, Acta Farm. Bonaerense, v.23, n.3, p. 418 – 424, 2017.
LIMA, C.C.; MACHADO, A.R.S.R.; MARSON, R.F.; A utilização de implantes faciais a base de ácido hialurônico, Rev. Conexão Eletrônica, Três Lagoas, v.13, n.1, 2018.
ABDULJABBAR, M.H.; BASENDWH, M.A. Complications of hyaluronic acid fillers and their managements. / Journal of Dermatology & Dermatologic Surgery, V.20, n16, p. 100-106, (2018).
ALMEIDA, A. T.; BANEGAS, R.; BOGGIO, R.; BRAVO, B.; BRAZ, A.; CASABONA, G.; … & MARTINEZ, C. Diagnóstico e tratamento dos eventos adversos do ácido hialurônico: recomendações de consenso do painel de especialistas da América Latina. Surgical & Cosmetic Dermatology, v.9, n.3, p.204-213, 2019.
DAHER, JC.; DA-SILVA, SV.; CAMPOS, AC.; DIAS, RCS.; DAMASIO, AA.; COSTA, RSC. Complicações vasculares decorrentes de preenchimentos faciais com ácido hialurônico: elaboração de protocolo de prevenção e tratamento. Rev. Brás. Cir. Plást. v.35, n.1, p.2- 7, 2020.
PARADA, M. B.; CAZERTA, C.; AFONSO, J. P.; IOSHIMOTO, D. S. Manejo de complicações de preenchedores dérmicos. Surg Cosmet Dermatol, v. 8, n. 4, p. 342-351, 2018.