AS PRÁTICAS MINDFULNESS NA SAÚDE MENTAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

MINDFULNESS PRACTICES IN MENTAL HEALTH: AN INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7474197


Fabricio Luciano Mendes E Silva1
Denilson Gomes Silva2
Ruth Raquel Soares de Farias3


RESUMO

O objetivo deste trabalho foi apresentar os benefícios das práticas de meditação mindfulness na saúde mental através de uma revisão integrativa. E tem a intenção de expor o quão as práticas meditativas advindas do oriente rompem barreiras para além dos mosteiros e apresenta-se para a sociedade em geral abarcando o eixo científico, profissionais da área da saúde em diversas situações que estejam acometer a saúde da pessoa (paciente), e com ênfase aos profissionais de psicologia que trabalham com o mindfulness (área de estudos da terapia cognitiva comportamental) tratando diversos transtornos e  para pessoas normais  com pouca ou sem experiência alguma nas técnicas de meditação e relaxamento.Trata-se de uma revisão bibliográfica do tipo revisão integrativa, ocorreu no período de 2016 a 2022, no portal BVS, nas bases de dados Pepsic, PubMed, Lilacs e SciELO. Ao final, 8 artigos foram incluídos para constituir a amostra desta pesquisa. Os resultados demonstram a importância de compreeder o manejo adequado para as práticas meditativas de atenção plena para que possamos estar extraindo o maior benefício possível dessa aplicação incluindo a níveis cerebrais no funcionamento dos neurotransmissores.

PALAVRAS-CHAVE: mindfulness; atenção plena; saúde mental; qualidade de vida; estresse psicológico.

ABSTRACT

The objective of this work is to present the benefits of mindfulness meditation practices in mental health through an integrative review. And it intends to expose how the meditative practices coming from the East break barriers beyond monasteries and present themselves to society in general, encompassing the scientific axis, health professionals in various situations that are affecting the health of the person ( patient), and with emphasis on psychology professionals who work with mindfulness (an area of ​​study of cognitive behavioral therapy) treating various disorders and for normal people with little or no experience in meditation and relaxation techniques. bibliographic review of the integrative type, took place from 2016 to 2022, in the BVS portal, in the Pepsic, PubMed, Lilacs and SciELO databases. In the end, 8 articles were included to constitute the sample of this research. The results demonstrate the importance of understanding the proper management of mindfulness meditative practices so that we can be extracting the greatest possible benefit from this application, including brain levels in the functioning of neurotransmitters.

KEYWORDS: mindfulness; full attention; mental health; quality of life; psychological stress.

1 INTRODUÇÃO

No contexto contemporâneo, a enxurrada de afazeres que carregamos em nossos ombros, é gigantesco que tem momentos em que simplesmente estamos agindo no que se chama de “piloto automático”, logo essa inconsequência pode vir a somatizar dores no corpo e prejudicar principalmente nossa saúde física e de antemão a psicológica também, a tão querida saúde mental já é prioridade e não mais um luxo ir a clínica para tratar com psicólogo, terapeuta ou analista, seja qual for o profissional em que identificamo-nos, é importante esse suporte. 

Com tantas mudanças em nossa rotina, cada vez mais desafiadoras, os relacionamentos à distância e sentimentos à flor da pele, é chegado o momento de refletir nossa conduta e hábitos de vida se quisermos manter o bem-estar, e sem dúvida a saúde mental é o foco, a rotina é óbvio que não vai ser esquecido. Como muitas pessoas estão trabalhando de home-office, com certeza se faz necessário um ambiente de trabalho saudável, acolhedor, para que possamos produzir bem com nosso ofício e contribuir para com a sociedade. Propor práticas, exercícios e atividades que nos proporcionem esse equilíbrio, bem estar, concentração temos a “prática chamada mindfulness” (DEMARZO; CAMPAYO, 2017). 

O treino de mindfulness foi inicialmente introduzido por Kabat-Zinn (1982) como tratamento para dor crônica, mas se mostrou eficaz para outros problemas, como, por exemplo, diversos transtornos de ansiedade (VANDENBERGER; ASSUNÇÃO, 2009). 

Mindfulness é um conhecimento milenar que tem por objetivo permitir a “atenção plena” no momento presente, um estado mental alcançado por práticas meditativas. Quando alcançamos tal estado de consciência e auto-regulação da atenção, é provável que iremos perceber emoções, ansiedades e sensações à medida que surgem, sem suprimi-las, logo criamos uma postura e conduta mais flexível diante dos percausos ou situações que nos incomodam (WILBERT et al., 2019). 

Portanto, mindfulness vai funcionar como uma auto-regulação e centramento em si (o equilíbrio e paz interior), para que a pessoa observe, reflita suas emoções e possa buscar os recursos internos mais positivos para lidar com situações desagradáveis do seu dia a dia (BRANDÃO, 2021).

Nessa perspectiva exposta acima, o interesse pelo tema surgiu a partir do que o pesquisador vivencia e observa a sua volta com situações e pessoas próximas do convívio social, por vezes incongruência de raciocínio por não estarem presentes ao que estamos realizando, agindo até mesmo de forma reativa. 

Esse tema é relevante para a Psicologia, porque pontua além de uma ferramenta disponível para as pessoas praticarem e treinar atenção plena, quanto se mostrou eficiente para as várias nuances da vida agitada, corriqueira no cotidiano das pessoas, envolvendo as questões psicológicas, quebrando paradigmas culturais e enobrecendo os valores sociais, porque a pessoa passa a ter mais compreensão de si mesma.

O objetivo deste trabalho foi apresentar os beneficios das práticas de meditação mindfulness na saúde mental através de uma revisão integrativa. E tem a intenção de apresentar o quão as práticas meditativas advindas do oriente rompem barreiras para além dos mosteiros e apresenta-se para a sociedade em geral abarcando o eixo científico, profissionais da área da saúde em diversas situações que estejam acometer a saúde da pessoa (paciente), e com ênfase aos profissionais de psicologia que trabalham com o mindfulness (área de estudos da terapia cognitiva comportamental) tratando diversos transtornos e  para pessoas normais  com pouca ou sem experiência alguma nas tecnicas de meditação, relaxamento.

2 METODOLOGIA

A pesquisa foi de natureza bibliográfica, do tipo revisão integrativa, trabalhando tanto com elementos de forma teórica quanto empírica. Souza, Silva e Carvalho (2010) nos esclarecem a respeito da revisão integrativa como sendo um método que nos fornece condições na síntese tanto do que se incorpora quanto do conhecimento significativo na prática da aplicabilidade dos resultados obtidos.

A pesquisa bibliográfica do tipo de revisão integrativa possibilita uma conexão entre elementos soltos, agrupando-os para uma melhor compreensão dialógica, abrangendo muitas informações a dispor de uma pesquisa ou tema que possa ser delimitado, separando achado de ideias de contribuições científicas (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

 A revisão foi conduzida utilizando das etapas de: exibir o tema, e selecionar a questão em evidência da pesquisa, estabelecer critérios para inclusão e exclusão para tais coletas de dados e expôr os estudos que foram incluídos na revisão integrativa.

A coleta de dados ocorreu de modo virtual nas fontes de pesquisas cientificas: portal de acesso à biblioteca Virtual em Saúde (BVS); e bases de dados como Scientific Electronic Library Online (SCIELO), PubMed, Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Periódicos eletrônicos em Psicologia (PEPSIC). A partir dos descritores: atenção plena, saúde mental e qualidade de vida.

Para a pesquisa foram incluídos os literários digitais direcionados ou que tenham relevância, artigos publicados em lingua portuguesa, com os resumos disponíveis nas bases de dados selecionadas e acesso ao texto completo. No período compreendido entre 2016 a 2022, artigos publicados cuja metodologia adotada permitiu-se obter evidências significativas sobre procedimentos, intervenções ou diretrizes na área de estudo do tema selecionado. 

Foram excluidos artigos anteriores a 2016 publicados em idiomas diferentes do português, artigos que não se encaixaram na temática ou que estavam duplicados. Foram excluídos os livros, capítulos, resenhas, notícias, monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado. A exclusão de publicações desse tipo se justifica tendo em vista que as mesmas, em contraste com os artigos, nem sempre passam por um processo rigoroso de avaliação por pares.

O percurso metodológico foi por meio do levantamento dos artigos numa sequência lógica de avaliação do título, resumo e texto completo, em que utilizou os referidos descritores, isoladamente ou combinados e mais boleanos, em seguida, executou um fichamento dos artigos selecionados a fim de organizar os dados nas seguintes categorias: autor, ano de publicação e título; tipo de estudo e principais desfechos. Com base nessa organização, procedeu uma nova leitura do conjunto do material, visando delinear os pontos mais significativos de cada artigo e construir eixos de análise integrativa.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a obtenção dos resultados, pode-se encontrar 20 artigos na base de dados LILACS, 34 na SCIELO, 30 no Pepsic e 16 na PubMed em que a amostra final apresentou 08 artigos. Após as leituras exaustivas, optou-se em sistematizar as informações relativas aos artigos selecionados, conforme mostra o quadro 1.

Quadro 01: Artigos científicos selecionados

AUTOR , ANO E TÍTULOTIPO DE ESTUDOPRINCIPAIS DESFECHOS
Fleury, Costa, e Abdo (2019). Os efeitos da prática mindfulness na satisfação sexual e conjugal. Trabalho EmpíricoOs elementos que estão envolvidos nas práticas de mindfulness e de sua etiologia, auxiliam para manutenção das disfunções sexuais feminina, bem como também práticas terapêuticas que sejam indicadas para o individual quanto casais.
Fortes, et al (2019). Mindfulness em crianças com ansiedade e depressão: uma revisão sistemática de ensaios clínicos.
         
Revisão Sistemática da LiteraturaDiante de pesquisas ainda em desenvolvimento neste sentido, este material propôs expor através de uma revisão sistemática de literatura, a investigação de estudos que exibem o mindfulness como prática terapêutica diante de ensaios clínicos em crianças com ansiedades, depressão ou outros agravantes psicológicos.
Peixoto e Gondim (2020). Mindfulness e regulação emocional: Uma revisão sistemática de literatura.Revisão Sistemática da LiteraturaA regulação emocional também foi caracterizada como um importante mediador na relação entre mindfulness e saúde mental, ainda que existam outros modelos que concebem mindfulness como o mediador da relação entre regulação emocional e saúde mental.
Pinho et al (2020). Mindfulness no contexto dos transtornos mentais: uma revisão integrativa.


Revisão Integrativa
É importante observar como o sujeito interpreta a prática do mindfulness em sua vida, sua
disponibilidade, motivação, engajamento, bem como a criação de expectativas e a ansiedade desenvolvida sobre as práticas e seus resultados.
Pereira, Dalgolbo e Silva (2021). Revolução Budista ou apocalipse Zumbi? Discussões sobre Mindfulness a partir de uma perspectiva gestáltica.
Estudo Discursivo
Portanto destacamos que, a despeito do que parece uma crescente produção crítica internacional, não encontramos
literatura brasileira que analise o movimento de mindfulness
contemporâneo com esta mirada, de modo que convidamos a comunidade científica brasileira para este debate.
Silveira et al (2021). Os efeitos do mindfulness na percepção dos estudantes de medicina de umauniversidade brasileira.Estudo QualitativoNa perspectiva de uma abordagem em grupo, além dos efeitos positivos, a prática se mostrou barata, acessível e de fácil reprodução.
Azevedo, Xavier e Menezes (2022). Conhecimento, Recomendação e Uso de Mindfulness
por Psicólogos Clínicos Brasileiros.
Delineamento de levantamento descritivo, exploratório e transversal.Este estudo agrega dados sobre uso de práticas de mindfulness por psicólogos clínicos brasileiros. Foi verificada uma associação entre o conhecimento, a recomendação e o uso de mindfulness pelos psicoterapeutas.
Wenceslau, Souza e
Sousa (2022). Atenção plena e equilíbrio emocional: experiência de uma disciplina durante
a pandemia de Covid-19.
Relato de Experiência.Neste estudo-piloto, uma disciplina optativa sobre atenção plena e equilíbrio emocional foi avaliada como satisfatória em seus aspectos de currículo e métodos de ensino e avaliação, por mais de 80% dos estudantes participantes.
Fonte: Autores Próprios.

Na prática do autocuidado para a saúde mental, a meditação e as suas diferentes técnicas constituem um exercício que aumenta os níveis de concentração, consequentemente o potencial de aumento da autoconsciência para a melhoria das relações consigo e com os outros.

Mindfulness, como técnica de redução do estresse, sugere recalibração emocional porque não é a presença de estímulos estressores que determina como uma pessoa responde, mas a necessidade de adaptação do organismo de cada indivíduo. Com esta hipótese, o mindfulness surge como uma estratégia clínica centrada na regulação da emoção, que ajuda a melhorá-la e restaurar a atenção plena no momento presente (FLEURY et al., 2019).

O treinamento de estar no controle e estar presente envolve estar ciente do que está acontecendo sob nossa pele, nossos pensamentos, sentimentos, emoções e memórias. Nesse momento, as pessoas se voltam para suas necessidades mais imediatas e compreendem seu lugar no mundo, o que as leva a prestar atenção ao momento estressante que estão vivendo (PEIXOTO et al., 2020).

Desse modo, Pinho et al. (2020) explanam que a depressão é um distúrbio caracterizado pela perda de prazer (anedonia) nas atividades cotidianas, como apatia, alterações cognitivas e diminuição da capacidade de raciocinar corretamente, concentrar-se ou tomar decisões. É um distúrbio emocional que tem acompanhado a humanidade ao longo da história. Muitas patologias clínicas crónicas, quando associadas à depressão, acabam por conduzir a uma pior evolução e adesão aos tratamentos recomendados, resultando numa pior qualidade de vida e numa maior morbilidade global (PINHO et al., 2020).

Nesse sentido, com base em Peixoto et al. (2020), a depressão pode ser vista e tratada de várias maneiras, pode se manifestar como unipolar ou bipolar, crônica ou episódica, leve a grave e pode até existir sozinha ou em combinação com outros transtornos. Aos primeiros sintomas, deve-se sempre procurar um psiquiatra que possa dar um diagnóstico preciso e fazer as intervenções necessárias para cada indivíduo.

Fortes et al. (2019) explicam que a depressão tem diferentes manifestações: depressão, depressão atípica, depressão bipolar, depressão pós-parto, transtorno afetivo sazonal e distimia. A depressão tem várias causas e fatores de risco, como solidão, falta de apoio social, experiências de vida estressantes recentes, histórico familiar de depressão, problemas de relacionamento ou conjugal, estresse financeiro, trauma ou abuso na infância, uso de drogas, desemprego ou subemprego, problemas de saúde Problemas de condição ou dor crônica.

Compreender a causa da depressão é o primeiro passo para superá-la e buscar um tratamento baseado em mudanças saudáveis ​​no estilo de vida, incluindo prática de yoga, relaxamento, dança, alimentação saudável, medicamentos, psicoterapia, eletroconvulsoterapia, estimulação magnética transcraniana repetitiva, suplementos alimentares, atividade física e mindfulness (PINHO et al., 2020).

Nesse diapasão, Fleury et al. (2019) esclarecem que o Mindfulness é um tipo de trabalho psicoterapêutico que surgiu como um padrão de apoio na psicologia baseado no desenvolvimento da capacidade de estar presente de forma expansiva e receptiva na experiência do momento, mesmo quando essa experiência é difícil e complexa para o indivíduo. Busca um equilíbrio psicológico que acompanha qualidades psicológicas como flexibilidade, resiliência, autenticidade, paciência, conexão, gentileza, compaixão e sabedoria.

Nessa seara, Fortes et al. (2019) elucidam que, prática de mindfulness é cada vez mais utilizada na formação clínica, onde são utilizadas técnicas de intervenção em perturbações específicas para reduzir o stress, a ansiedade e a depressão, e outras perturbações psiquiátricas com o objetivo de minimizar a doença e até promover a recuperação. Segundo o autor, esta tecnologia pode ajudar a melhorar o bem-estar.

A atenção plena tem sido associada a diferentes abordagens de saúde mental e integrada à psicologia, como terapia cognitivo-comportamental (TCC), psicoterapia psicodinâmica, psicoterapia humanística/existencial, medicina comportamental e psicologia positiva (PINHO et al., 2020). Os autores observam que a prática de mindfulness tem sido utilizada como uma terapia complementar para ajudar na saúde das pessoas. Mindfulness pode ser usado por qualquer pessoa de qualquer idade com poucas limitações.

O mindfulness, quando aplicado, está relacionado à regulação emocional e à autoaceitação, ajudando o indivíduo a reduzir sua tendência a pensamentos negativos e ruminações que tiram a felicidade e geram mais sofrimento emocional. O propósito da meditação mindfulness é liberar o indivíduo de padrões de reação automática, resultando em maior atenção e consciência dos hábitos que determinam como uma pessoa se comporta e se relaciona com o mundo (FLEURY et al., 2019).

Peixoto et al. (2020) dizem que uma prática de meditação permite criar relações entre pensamentos, emoções e perspectivas de forma mais flexível e racional. O treinamento da atenção consciente permite que a pessoa utilize determinadas técnicas para se manter focada e concentrada, tornando-se assim consciente de que pensamentos, emoções e respostas corporais muitas vezes são ativados inconscientemente, buscando controlar essa integração da forma mais flexível e racional possível.

Em termos de saúde, a prática auxilia no tratamento de doenças clínicas e psiquiátricas, além de prevenir o estresse. No campo da educação, houve melhorias em áreas como concentração, desempenho acadêmico e relacionamento. Nos negócios, manter essa rotina mentalmente disciplinada pode ajudar a reduzir e prevenir o estresse no trabalho e aumentar o prazer no trabalho (FLEURY et al., 2019).

A atenção plena é a melhor ferramenta para reduzir o estresse, a ansiedade, a depressão e outros fatores que contribuem para o desequilíbrio do paciente. Permite que as pessoas tenham melhor acesso aos seus próprios pensamentos e emoções, permitindo que avaliem seu estilo de vida e o momento atual em que vivem (SILVEIRA et al., 2021).

Mindfulness é uma habilidade que nos permite prestar atenção consciente e sem julgamento às nossas experiências no momento, estar aberto e aceitar as coisas como elas são e dar-lhes a devida importância (FORTES et al., 2019).

Compreende-se, portanto, que o mindfulness se constitua em uma possível prática de autocuidado para enfrentar as repercussões associadas ao conflito social na sociedade contemporânea. Por meio das técnicas de mindfulness, todo o organismo entra em um estado de harmonia mais harmonioso, e o indivíduo passa a ter mais sinapses neuronais, formando mudanças comportamentais que duram mais e começam a se processar mais rapidamente, pois os neurônios vão fazendo novas conexões e alteram a estrutura do corpo. cérebro.

Fortes et al. (2019), explicam que os neurocientistas chamam essa atividade de neuroplasticidade. Não está claro como funciona todo esse processo, mas os resultados podem ser observados na formação de memórias. A técnica é uma tarefa multifacetada e heterogênea que envolve focalizar a atenção de maneira focada, como abrir experiências sensoriais, emoções e pensamentos. A terapia de atenção plena ajuda os indivíduos a quebrar os mecanismos de condicionamento negativo e fornece novas ferramentas para reduzir a vulnerabilidade mental.

Do ponto de vista psicológico, a atenção plena parece prevenir formas potencialmente disfuncionais de processamento de pensamento, como ruminação e reações a emoções negativas. E a norma configura-se como uma ferramenta que pode reduzir a vulnerabilidade à doença mental. (FLEURY et al., 2019).

Mindfulness tem ampla aplicabilidade para uma ampla gama de desequilíbrios físicos e psicológicos, e surge como um processo terapêutico que pode ajudar as pessoas a melhorar seus sintomas, não diretamente em seu tratamento, mas na psique que tem impacto direto nos mecanismos de bem-estar de uma saúde emocional e mental da pessoa, bem como a saúde física, auxiliando e aliviando os sintomas e reequilibrando as condições atuais.

Nesse sentido, Azevedo, Xavier e Menezes (2022) explanam que quando os níveis de estresse no corpo são controlados, permitindo ferramentas para manter o equilíbrio diante dos desafios externos, que fazem parte da vida cotidiana, a saúde física é imediatamente melhorada, os níveis de corticosteroides são reduzidos no corpo, levando ao aumento da imunidade e restaurar a saúde, anteriormente em estado de confusão.

 O mindfulness funciona na senda das abordagens terapêuticas como uma ferramenta para perceber, reconhecer e relacionar-se construtivamente com o momento presente de forma adaptativa e, ao mudar o foco dos momentos vividos, muda imediatamente a forma de vivê-los. ou seja, terá diferentes efeitos na saúde física e mental dos praticantes. Mindfulness é uma forma de descobrir conscientemente cada pensamento no momento em que é vivenciado, com plena consciência, sem julgamentos e críticas, com uma atitude interior de aceitação e sem expectativas para o momento seguinte (PINHO et al., 2020).

Segundo Fleury et al. (2019), existem vários processos mentais associados aos efeitos da atenção plena, como regulação da atenção, consciência corporal, regulação da emoção e desenvolvimento do insight metacognitivo. Ao regular a atenção, as pessoas aprendem a se concentrar nas experiências do momento presente porque o estresse é um resultado contínuo da projeção de pensamentos no futuro ou da reflexão sobre o que aconteceu no passado. Pensar no que ainda precisa ser feito ou reviver o que já aconteceu cria um contraste entre o futuro e o passado, o que significa perder a oportunidade de viver o único momento que existe, que é o momento presente, quando, na maioria das vezes, é livre de qualquer estresse ou estimulação nervosa.

No entanto, mesmo quando você está cheio de estímulos estressantes, você aprende a estar nessa experiência de forma receptiva, curiosa e sem julgamento, aceitando cada momento que surge, porque essa aceitação permite que você aja de forma mais receptiva. mais nítido. Uma abordagem equilibrada em vez de uma reação impulsiva à situação em questão (FLEURY et al., 2019).

Com a consciência corporal, aprende-se a estar consciente do corpo em cada momento da experiência no momento presente. Na realidade, pouca atenção tem sido dada ao corpo, porém, ele indica como ocorrem os pensamentos refletidos no corpo, gerando desequilíbrios na saúde física que muitas vezes são negligenciados.

Azevedo, Xavier e Menezes (2022) elucidaram que ao desenvolver a capacidade de reconhecer os sinais, os indivíduos estarão mais aptos a gerenciá-los de forma construtiva, restabelecendo assim o reequilíbrio. Por exemplo, se você notar tensão nos ombros enquanto trabalha no computador, tente relaxá-los ou, quando estiver tenso e suas mãos se contraírem involuntariamente, observe e tente relaxá-los.

A esse respeito, através da regulação emocional, a pessoa aprende a processar as emoções reconhecendo a experiência emocional em cada momento da experiência de vida, quando reconhece as emoções no presente, convida-se a prestar atenção a essas emoções sem reprimi-las ou torná-las conscientes. Envolvemo-nos como se estivéssemos no meio de um tornado em constante espiral, ou seja, aprendemos a criar um espaço entre as nossas emoções e as nossas respostas às ações de forma a reduzir a impulsividade e reequilibrar o nosso estado emocional interno (WENCESLAU et al., 2022).

Com base em Azevedo, Xavier e Menezes (2022) dizem que a atenção plena e a meditação diferem dessa visão, argumentando que as funções da mente humana podem ser compreendidas e modificadas. A metacognição descreve o conhecimento usado para entender os processos cognitivos e os mecanismos que os alteram, o que pode ser definido ao analisar o funcionamento da mente. Esses tipos de terapias acreditam que o que importa não é se o conteúdo dos pensamentos é positivo ou negativo, mas como a pessoa se relaciona com eles, se acredita neles e como se deixa afetar por eles. 

A terapia de mindfulness é a melhor ferramenta para desenvolver a inteligência emocional, estar ciente dos pensamentos e emoções que surgem em si e nos outros e ser capaz de discernir entre eles para fazer escolhas que permitam cultivar ideais em vez de focar no indesejável (SILVEIRA et al. 2021).

Pesquisas sobre terapias demonstram seu uso para melhorar o desempenho e a produtividade no trabalho, muitas vezes por meio da atenção, foco e resiliência, e no desenvolvimento da inteligência emocional, melhorando assim a qualidade das relações interpessoais e da liderança (PINHO et al., 2020).

Com base em Fortes et al. (2019) todas as terapias, possuem contraindicações e precauções de uso, devendo ser realizada uma avaliação clínica antes de participar de um grupo de tratamento. A primeira medida preventiva destina-se a indivíduos saudáveis ​​com baixa motivação, atitudes críticas ou antagónicas, e a segunda medida preventiva destina-se a indivíduos doentes, ou seja, doentes na fase aguda de qualquer doença, como depressão maior, perturbação bipolar ou psicose, em Estados dissociativos de crise, estresse pós-traumático e transtornos de personalidade.

Peixoto et al. (2020), esclareceram que no que diz respeito à adesão ao tratamento, pacientes com dor crônica desistem com mais frequência do que aqueles com outras condições como estresse, insônia, ansiedade, hipertensão, etc. Os homens são mais propensos do que as mulheres a abandonar seus empregos.

Nesse sentido, Fortes et al. (2019) explicaram que a terapia de atenção plena pode ajudar os indivíduos a recuperar a autonomia e o foco no trabalho, manter a atenção total na vida diária, aprender a respirar adequadamente e melhorar a qualidade de vida deles, de suas famílias e das pessoas ao seu redor.

Mindfulness está associado a padrões cerebrais mais potentes que atuam no sistema límbico e se manifestam como respostas psicofisiológicas mais adaptativas, ou seja, do ponto de vista psicológico, previne pensamentos disfuncionais como ruminação, reações e emoções negativas emoções.

A terapia de mindfulness ajuda os indivíduos a quebrar os mecanismos de condicionamento negativo e fornece novas ferramentas para reduzir a vulnerabilidade mental (FORTES et al., 2019). Como tal, o mindfulness tem sido proposto por vários autores como uma intervenção terapêutica para as perturbações mentais, promovendo o treino mental das emoções, sentimentos, etc. (FLEURY et al., 2019).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir desta pesquisa, pode-se entender a relevância da prática da meditação mindfulness, tanto em termos de pesquisa científica quanto na reabilitação ou reestruturação das cognições.

É importante ressaltar o quanto a neurociência vem estudando os benefícios desse reequilíbrio das funções vitais do corpo para seus praticantes, e mesmo para aqueles que não são diligentes na arte da meditação ou mesmo do auto-relaxamento e relaxamento são extremamente relevantes. Coordenar a organização mental. Enfrentar as situações adversas ao nosso redor.

Nesse sentido, procuramos sintetizar e refletir sobre os principais conceitos, taxonomia e aplicabilidade do mindfulness como ferramenta de redução de barreiras para o desenvolvimento da prática de autocuidado.

Também está relacionado que esta técnica de meditação pode ser usada como uma prática que possibilite a cura. Mesmo quando associado à terapia, pode ser uma adição poderosa porque pode ajudar os indivíduos a desenvolver uma atitude positiva para lidar com os problemas do dia a dia. Ressaltamos que, diferentemente de outras terapias que utilizam a fala terapêutica em longo prazo, esta técnica ajuda a combater a negatividade, defende a responsabilidade pessoal e fornece soluções rápidas com base em objetivos.

Concluiu-se que o mindfulness é uma técnica utilizada pela psicologia para melhorar a qualidade de vida devido ao seu papel de auxiliar os processos mentais, inclusive no combate ao estresse, ansiedade e depressão, mas sem prejudicar a necessidade do acompanhamento de uma equipe interprofissional composta por médicos, nutricionistas etc.

Assim, quanto mais se compreende o autoconhecimento que essa ferramenta proporciona para prevenção e tratamento, mais agudamente se pode observar seu potencial para a saúde da população, acelerando o processo de autocura existente em todo ser humano.

REFERÊNCIAS 

ANDRADE, R.F. de.; et al. A prática de Mindfulness em profissionais de saúde em tempos de COVID-19: uma revisão sistemática. Rev. Qualidade HC. FMRP-USP, Ribeirão Preto, p.205 – 214, 2020. Disponível em: https://www.hcrp.usp.br /revistaqualidade/uploads/Artigos/283/283.pdf. Acesso em: 29 nov. 2021.

AZEVEDO, M. L. de.; XAVIER, M. C.; MENEZES, C. B.Conhecimento, Recomendação e Uso de Mindfulness por Psicólogos Clínicos Brasileiros. Rev. Psicologia: Ciência e Profissão. Santa Catarina, v.42, p.1 – 18, dez. 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pcp/a/stgh5KtZkQsM8N8VtKGbRrc/?lang=pt#. Acesso em: 08 dez. 2022.

BRANDÃO, R. Mindfulness saiba o que é e como aplicar no seu dia a dia. Zenklub, 18 fev. 2021. Disponível em: https://zenklub.com.br/blog/saude-bem-estar/mindfulness/.  Acesso em: 18 set. 2021.

CARVALHO, L. P. N. de.; et al. Efeitos da meditação associada a educação em neurociências da dor em adultos com fibromialgia: ensaio clínico controlado e randomizado. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. Ribeirão Preto, v.16, n.3, p.3 – 13, set. 2020. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-69762020000300002. Acesso em: 27 set. 2021. 

DEMARZO, M.; CAMPAYO, J.G. Mindfulness Aplicado à Saúde (Mindfulness for Health). PROMEF. São Paulo, v.1, n.12, p.9 – 47, jan – abr. 2017. Disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/40948499/mindfulness-aplicado-a-saude-mindfulness-for-health.  Acesso em: 21 set. 2021.

DONATO, E.C. da S. G.; et al. Efetividade de uma intervenção baseada em Mindfulness para redução de estresse e melhora da qualidade de vida em estudantes de enfermagem. SMAD, Rev Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. Ribeirão Preto, v.16, n.3, p.33-43. set. 2020. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/smad/article/view/152589. Acesso em: 16 out. 2021.

FLEURY, H. J.; COSTA, I. F. A.; ABDO. C. H. N. Os efeitos da prática mindfulness na satisfação sexual e conjugal. Medicina Sexual, São Paulo, v. 24, n. 4, p.170 – 173. out – dez. 2019. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2020/02/1049394/rdt_v24n2_170-173.pdf. Acesso em: 29 nov. 2022.

FORTES, P. M.; et al. Mindfulness em crianças com ansiedade e depressão: uma revisão sistemática de ensaios clínicos. Contextos clinicos, Porto Alegre, v.12, n. 2, p. 584 – 598. ago. 2019. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-34822019000200010. Acesso em: 29 nov. 2022.

MENDES; K. dal S.; SILVEIRA, R. C. de C. P.; GALVÃO, C. M. Revisão Integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto – Enfermagem. Ribeirão Preto, v.17, n.4, p.758 – 764, nov. 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ tce/a/XzFkq6tjWs4wHNqNjKJLkXQ/?lang=pt#. Acesso em: 28 nov. 2021.

PACHECO, A.; MARTINS, J.; SIMÕES, M. Promoção de saúde mental na comunidade: análise conceptual, cadernos de saúde. Lisboa, v.11, n. 2, p.27 – 36, jun. 2019. Disponível em: https://revistas.ucp.pt/index.php/ cadernosdesaude/article/view/5166. Acesso em: 15 set. 2021. 

PEIXOTO, L. S. A.; GONDIN, S. M. G. Mindfulness e regulação emocional: uma revisão sistemática de literatura. Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. Bahia, v.16, n.3, p.88 – 104, set. 2020. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/smad/article/view/168328. Acesso em: 10 out. 2021. 

PEREIRA, F. N.; DALGOLBO, C. G.; SILVA, M. O. da. Revolução Budista ou apocalipse Zumbi? Discussões sobre Mindfulness a partir de uma perspectiva gestáltica. Rev. Psic. USP. Vitória, v.32, p.1 – 9. out. 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pusp/a/x9JLCdgmWdXwrStgpBvCZPk/?lang=pt#. Acesso em: 03 dez. 2022.

PINHO, P. H.; CARNEVALLI, L. M.; SANTOS, R. O.; LACERDA, L. C. S De. Mindfulness no contexto dos transtornos mentais: uma revisão integrativa. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. Bahia, v.16, n.3, p.105-117, mai-jun. 2020. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ smad/article/view/166027/168211. Acesso em: 17 set. 2021. 

SANCHES, M. G. de A. P.; et al. Intevenção baseada em mindfulness para cuidadores de idosos com demência. SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. São Carlos, v.16, n.3, p.23 – 32, set. 2020. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/smad/article/view/167674. Acesso em: 23 set. 2021

SILVEIRA, L. L.; et al. Os efeitos do mindfulness na percepção dos estudantes de medicina de uma universidade brasileira. Rev. Brasileira de Educação Médica, Curitiba, v.45, n.2, p.1 – 8, mar. 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbem/a/mXcYp4xzXwjK8DzBwqcdpyt/?lang=pt#. Acesso em: 05 dez. 2022.

SOUZA, M. T. de.; SILVA, M. D. da.; CARVALHO, R. de. Revisão integrativa: O que é e como fazer. Rev. Einstein. São Paulo. v.8, n.1, p.102 – 106, mar. 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/eins/a/ZQTBkVJZqcWrTT34cXLjtBx/?format=pdf&lang=pt.   Acesso em: 19/12/2022.   

VANDENBERGHE, L.; ASSUNÇÃO, A. B. Concepções de mindfulness em Langer e Kabat-Zinn: um encontro da ciência Ocidental com a espiritualidade Oriental. Contextos Clínic. São Leopoldo, v.2, n.2, p.124-135, dez. 2009. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci _arttext&pid=S1983-34822009000200007&lng=pt&nrm=iso.  Acesso em: 30 set. 2021.

VANDENBERGHE, L.; SOUSA, A. C. A. de. Mindfulness nas terapias cognitivas e comportamentais. Rev. bras.ter. cogn.  Rio de Janeiro, v.2, n.1, p.35 – 44, jun. 2006. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S1808-56872006000100004&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 29 out. 2021.

WENCESLAU, L. D.; SOUZA, P. R. de.; SOUSA, G. L. de. Atenção plena e equilíbrio emocional: experiência de uma disciplina durante a pandemia de Covid-19. Revista Brasileira de Educação Médica. Juiz de Fora, v.46, n.3, p.1 – 10, nov. 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbem/a/bNRsDYTf74vCtnP8xRq85kL/?lang=pt. Acesso em: 09 dez. 2022.

WILBERT, J. K. W.; et al. Mindfulness e liderança nas organizações: Um tema emergente. Anais do Congresso Internacional de Conhecimento e Inovação – CIKI. Porto Alegre, v.1, n.1, p.1 – 15, nov. 2019. Disponível em: https://proceeding.ciki.ufsc.br/index.php/ciki/article/download/653/432/2512. Acesso em: 06 out. 2022.


1ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9294-2286
Faculdade de Ensino Superior do Piauí, Brasil

2ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4476-6230
Centro Universitário UniFacid

3ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0988-0900
Faculdade de Ensino Superior do Piauí, Brasil