REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7823885
Maria Carmem Silva Batista1
Polliana Perlles G. B. e Sousa²
RESUMO
O presente trabalho é um estudo que analisa as mudanças da nova BNCC – Base Nacional Curricular Comum no que diz respeito à aprendizagem da leitura e formação do leitor literário no Ensino Fundamental – anos iniciais. Essa pesquisa aborda a visão de professoras, da rede municipal de ensino de Mossoró, acerca das metodologias ativas e do seu uso em sala de aula. Faz parte de nossos objetivos analisar as implicações da BNCC no ensino da leitura, no que diz respeito à formação de alunos leitores. Além de buscar compreender a percepção docente acerca das metodologias ativas, da Base e suas contribuições para a formação do leitor literário. Também faz parte de nossos objetivos analisar a importância da leitura literária para o processo ensino-aprendizagem no Ensino Fundamental – anos iniciais, e ainda, compreender as mudanças necessárias para os novos olhares metodológicos trazidos pela BNCC no âmbito da sala de aula. Para tanto, realizamos em nossa metodologia uma pesquisa bibliográfica sobre as metodologias ativas e a BNCC no ensino de leitura, com aporte teórico em autores como: Bachich (2018), Moran (2018), Cortelazzo, Fiala, et al. (2018), Matter (2017), Colomer (2003). Como resultado da pesquisa pudemos perceber como as professoras entrevistadas fazem o uso das metodologias ativas e como as mudanças da BNCC afetaram o planejamento e as metodologias de suas aulas. Também desejamos contribuir para os profissionais e acadêmicos da área no sentido de dar subsídios para o entendimento das mudanças ocorridas na sala de aula, a partir da nova legislação e das metodologias ativas de ensino, no intuito de que tais sujeitos busquem refletir sobre suas práticas pedagógicas.
Palavras-chave: Leitura; Metodologias Ativas; BNCC.
Introdução
O presente trabalho, intitulado “As Metodologias Ativas e a BNCC: contribuições e implicações para a formação do leitor literário” é um estudo que analisa as mudanças da nova BNCC – Base Nacional Curricular Comum no que diz respeito a aprendizagem da leitura e formação do leitor literário no Ensino Fundamental – anos iniciais. Dessa forma, levanta-se o seguinte questionamento: o que mudou no ensino de leitura em Língua Portuguesa com a BNCC e com as metodologias ativas de ensino?
Nesse ínterim, faz parte de nossos objetivos analisar as implicações da BNCC no ensino da leitura, no que diz respeito à formação de alunos leitores. Além de buscar compreender a percepção docente acerca das metodologias ativas, da BNCC e suas contribuições para a formação do leitor literário. Também faz parte de nossos objetivos analisar a importância da leitura literária para o processo ensino-aprendizagem no Ensino Fundamental – anos iniciais, e ainda, compreender as mudanças necessárias para os novos olhares metodológicos trazidos pela BNCC no âmbito da sala de aula.
Para tanto, este trabalho justifica-se pelo interesse em conhecer a nova legislação nesta área de conhecimento, tendo em vista a constatação das grandes mudanças e evolução das concepções pedagógicas que fundamentam o processo de ensinar e educar. Afinal, sabemos que hoje é cada vez mais evidente as mudanças que ocorrem na educação e a necessidade delas para o desenvolvimento integral do nosso educando, pois o crescimento do uso das tecnologias e sua constante presença em nossas escolas têm revelado que o ensino, especialmente através da leitura, tem necessitado de maiores adaptações, principalmente na metodologia.
Nesse ensejo, realizamos em nossa metodologia uma pesquisa bibliográfica sobre as metodologias ativas e a BNCC no ensino de leitura, com aporte teórico em autores como: Bachich (2018), Moran (2018), Cortelazzo, Fiala, et al. (2018), Matter (2017), Colomer (2003).
Por fim, esperamos que nosso trabalho venha a contribuir para os profissionais e acadêmicos da área no sentido de dar subsídios para o entendimento das mudanças ocorridas na sala de aula, a partir da nova legislação e das metodologias ativas de ensino, no intuito de que tais sujeitos busquem refletir sobre suas práticas pedagógicas.
A BNCC E A FORMAÇÃO DO LEITOR LITERÁRIO: CONTRIBUIÇÕES E IMPLICAÇÕES
É certo que a BNCC nos traz uma nova perspectiva sobre a relação da Língua Portuguesa com o desenvolvimento do universo digital, da informação e da comunicação, por isso, para o seu processo de ensino trazem a centralidade da proposta voltada aos textos e a sua relação com o contexto de produção e o desenvolvimento das habilidades dos alunos, seja em âmbito educacional ou social. Isso, por entender que a linguagem é, “uma forma de ação interindividual orientada para uma finalidade específica; um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais existentes numa sociedade, nos distintos momentos de sua história (BRASIL, 2018, p. 67).”
Dessa forma, a Base nos traz uma proposta na qual o texto é o centro da unidade do trabalho e sempre deve ser relacionado com o contexto de produção e o desenvolvimento das habilidades que se relacionem com o uso da linguagem, seja na leitura, escuta ou produção textual.
Assim, cabe ao componente Língua Portuguesa proporcionar aos alunos experiências que contribuam para a ampliação dos letramentos, de forma a possibilitar uma participação significativa e crítica nas diversas práticas sociais permeadas/constituídas pela oralidade, pela escrita e por outras linguagens. (BRASIL, 2018, p.68).
Destarte, esse componente curricular traz o eixo de leitura para um direcionamento muito importante, a formação do leitor. De acordo com a BNCC (BRASIL, 2018, p.71), o eixo em questão busca “compreender as práticas de linguagem que decorrem da interação ativa do leitor/ouvinte/espectador com os textos escritos, orais e multissemióticos e de sua interpretação.”
Ou seja, é a leitura em um sentido mais amplo, não considerando apenas os textos escritos, mas também a leitura de imagem, fotos, gifs, vídeos, filmes, músicas, dentre outros gêneros, para que o leitor tenha o domínio de perceber e interpretar os diversos tipos de linguagens.
Assim, no âmbito da BNCC, temos a divisão de habilidades relacionada a cada gênero literário, respeitando as particularidades literárias de cada gênero e nessa perspectiva auxiliando no desenvolvimento das habilidades de cada aluno.
Como já ressaltado, na perspectiva da Base, as habilidades não são desenvolvidas de forma genérica e descontextualizada, mas por meio da leitura de textos pertencentes a gêneros que circulam nos diversos campos de atividade humana. Daí que, em cada campo que será apresentado adiante, serão destacadas as habilidades de leitura, oralidade e escrita, de forma contextualizada pelas práticas, gêneros e diferentes objetos do conhecimento em questão. (BRASIL, 2018, p.75).
Ainda no parâmetro da Base Nacional Curricular compreendemos que a participação dos alunos nas atividades de leitura é vista com grande importância, pois é através dos textos que o mesmo consegue a ampliação do seu repertório de experiências que só podem ser acessados através da leitura.
A participação dos estudantes em atividades de leitura com demandas crescentes possibilita uma ampliação de repertório de experiências, práticas, gêneros e conhecimentos que podem ser acessados diante de novos textos, configurando-se como conhecimentos prévios em novas situações de leitura. (BRASIL, 2018, p.75).
Por isso, percebemos a importância de incentivar a leitura para as crianças desde cedo, como também de incentivar o contato com filmes, músicas e outros gêneros textuais e de oralidade.
METODOLOGIAS ATIVAS: UM POUCO DE CONHECIMENTO
O ensino começou muito antes do que imaginamos, antes mesmo da criação do alfabeto e da escrita, quando os mais velhos reuniam os mais novos para assim passar o conhecimento de geração em geração.
Apenas a partir do século XIII que surgiram as primeiras salas de aula físicas, com bancos e mesas, porém, os ensinamentos eram notadamente de cunho religioso, sem grandes preocupações quanto aos métodos de ensinar. Fator esse que só ganhou destaque após a publicação da Didática Magna por Comenius no século XVII.
[…] foi, entretanto, apenas no século XVII que o método de ensino ganhou maior destaque, a partir da publicação da “Didática Magna”, por Comenius, propondo um ensino de massa, com uma boa utilização do tempo, com eficácia na transmissão, com método e ordem. […] (CORTELAZZO, FIALA, et al. p. 24. 2018)
A partir desse contexto até o século XIX a educação era totalmente centrada no professor como figura central e detentor de todo o conhecimento, alunos passivos e simples ouvintes. Somente nos meados desse século com o surgimento do movimento Escola Nova e a pedagogia tradicional cada vez mais em baixa, podemos perceber a mudança de foco do processo de ensino para o aluno.
Já no final do século XIX chegam as novas metodologias atreladas ao movimento escola ativa, com o intuito de libertar o aluno da tutela exagerada do professor, trazendo maior autonomia no processo de ensino-aprendizagem, como bem nos diz, Cortelazzo (2018, p. 92):
No final do século XIX, o movimento da “Escola Nova” ou “Escola Ativa” que pregava a libertação do educando da tutela exagerada dos professores, dando-lhe mais autonomia no próprio processo de aprendizagem; esse movimento chega ao Brasil pelas mãos de Rui Barbosa.
Junto com o surgimento das novas metodologias que proporcionam aos alunos uma maior liberdade para experimentar, processar, criar e trazer o professor como mediador do processo de ensino, temos os novos métodos, as novas formas de fazer esse processo acontecer. Por isso, vale ressaltar que as metodologias ativas são diversas no que concerne às técnicas, métodos e são bastante úteis ao processo de ensino- aprendizagem.
Para Moran (2015) as metodologias ativas são caminhos para avançar mais no conhecimento profundo, nas competências socioemocionais e em novas práticas. E é certo que as escolas que nos mostram novos caminhos estão mudando para modelos mais centrados em aprender ativamente com problemas reais, desafios relevantes, jogos, atividades e leituras, valores fundamentais, combinando tempos individuais e tempos coletivos; projetos pessoais de vida e de aprendizagem e projetos em grupo. Tudo isso exige uma mudança de configuração do currículo, da participação dos professores, da organização das atividades didáticas e da organização dos espaços e tempos.
Nesse ensejo e ainda de acordo com o autor supracitado podemos inferir que as metodologias ativas de aprendizagem não se tratam apenas de uma novidade na educação, pois a inovação se dá pela maneira como hoje, podemos trazer para a sala de aula essa metodologia, através das TDICs, considerando o perfil do aluno do século XXI e tornando-o ativo e responsável por sua aprendizagem, desconsiderando os aspectos de uma educação bancária, na qual o professor é o detentor do conhecimento, sendo o aluno um mero receptor.
Assim, para Moran (2019, p 8), se faz necessário “recriar a escola como comunidade viva de aprendizagem”, valorizando o conhecimento prévio dos estudantes, a contextualização e os conhecimentos adquiridos. O desenvolvimento das metodologias ativas em sala de aula tem por objetivo desenvolver a autonomia intelectual dos alunos por meio de atividades planejadas, dentro de um processo que busca incentivar o desenvolvimento da curiosidade para pesquisar, refletir e analisar possíveis situações.
O LEITOR LITERÁRIO E A SUA FORMAÇÃO
As crianças e os adolescentes só tiveram uma literatura voltada especificamente a elas a partir do século XVIII, porém, esse contato com a literatura vem se tornando cada dia mais frequente, através da grande diversidade de textos voltados para uma melhor compreensão, e em especial, dos textos de ficção que tanto encanta essa faixa etária.
Para Colomer (2003, p. 13), “uma parte muito importante da formação literária das crianças e adolescentes de nossa sociedade produz-se atualmente através da leitura de textos de ficção criados como um produto editorial específico”.
Desde o seu nascimento a literatura infanto-juvenil vem passando por várias mudanças, entretanto, é fato que a escola permaneceu ainda muito fincada em uma literatura formativa, das cartilhas e livros didáticos. Foi apenas no meio bibliotecário que se iniciou o discurso de uma leitura apenas pelo prazer de ler, conforme aferimos nas palavras de Colomer (2003, p. 23) quando nos diz que, “foi nos meios bibliotecários que se iniciou o discurso moderno sobre a leitura como um ato livre dos cidadãos, uma leitura “funcional” que incluía leitura de ficção por simples prazer”.
A partir desse movimento, percebemos a necessidade de se definir critérios para uma literatura voltada para o público infantil e jovem, surgindo assim os primeiros estudos na área e os primeiros profissionais.
A existência tradicional de uma rede importante e descentralizada de bibliotecas públicas permitiu que, com a ampliação do serviço voltado para a atenção à infância, surgisse uma categoria socioprofissional caracterizada por uma sólida formação cultural e pelo contato direito com os destinatários da literatura infantil e juvenil. (COLOMER, 2003, p.24).
Dai em diante tivemos uma grande evolução no quesito de entender a literatura voltada a esse público, os estudos deixaram de ser apenas das obras e passaram para um circuito mais amplo. Hoje os estudos inter relacionados de todas os campos da linguagem, só tendem a beneficiar os estudos das literaturas infantil e juvenil, conforme nos expressa COLOMER (2003, p.92), “o estudo inter relacionado de todos os elementos fez-se plausível e os estudos sobre literatura infantil e juvenil podem resultar especialmente beneficiados por isso.”
Quando vemos a literatura como uma forma de aprendizagem das crianças devemos nos preocupar que tipo de aprendizagem é essa, que tipos de textos essa criança tem contato. A partir daí criou-se o conceito de “competência literária”, que é definido por BIERWISCH (1965, apud COLOMER, 2003, p.93) “como capacidade humana que possibilita a produção e recepção de estruturas poéticas.”
Com a popularização da literatura como forma de aprendizagem surge a necessidade de entender como um texto é considerado literário, a partir dessa necessidade surge a teoria da recepção, que nos mostra o leitor também como um elemento do fenômeno literário a partir de suas reações diante o texto lido. Ou seja, “a teoria da recepção insistiu em que o texto não é o único elemento do fenômeno literário, mas é também a reação do leitor e que, por conseguinte, é preciso explicar o texto a partir desta reação”. (COLOMER, 2003, p.95)
A leitura veio com a intenção de fazer relação entre o texto lido e o aluno, com o intuito de modificar as expectativas do leitor, assim como as informações que ele vem armazenando ao longo da vida, como bem nos evidencia a autora supracitada, “a leitura pretende estabelecer coerências significativas entre os signos e inclui tanto a modificação das expectativas do leitor, como da informação armazenada em sua memória.”
Nesse ínterim, podemos compreender que os textos literários são repletos de elementos não ditos que devem ser preenchidos pelo próprio leitor.
O texto implica um “leitor modelo”, mas o prevê como um “leitor cooperativo”, e, nessa antecipação, o autor escolheu desde a língua, uma enciclopédia, um gênero ou um léxico, até uma competência interpretativa que não apenas se pressupõe, como o texto se encarrega de construir através de suas pistas. (COLOMER, 2003, p.96)
Assim, dentre todas as mudanças que vem ocorrendo, em todo o percurso seguido pelas teorias literárias, nos estudos da literatura infantil e juvenil, a mais importante é a reflexão sobre o leitor.
[…] a questão decisiva não reflexão sobre literatura infantil e juvenil não é que os livros sejam para crianças, nem quais são bons segundo critérios literários convencionais […], mas mostrar a forma pela qual o texto constrói o seu leitor implícito e como este conceito descreve a ideia que temos da criança como leitor e do livro como leitura. (COLOMER, 2003, p. 97)
Outra mudança que percebemos ao longo do tempo em relação ao leitor, principalmente em sua relação com o outro é o fato de tirarmos a importância que foi colocada sob o “leitor implícito” que surgiram para que não houvesse problemas em atribuir os livros para um menino ou menina, já que esse leito era visto como discriminado em função do gênero, em favor de uma relação mais relevante na relação de narrador e ouvinte, que vem sendo descrita por Colomer (2003) da seguinte forma:
[…] Inicialmente os autores partiram de uma voz narrativa “dupla” dirigida alternadamente a um ouvinte infantil e a um adulto. O adulto “escutava” como o narrador contava a história às crianças e recebia os comentários que o narrador, de vez em quando, lhe dirigia “por cima da cabeça” do ouvinte infantil. Atualmente, as melhores obras se debatem para achar uma voz narrativa dual, que possa incluir o adulto sem desdobrar-se e tentar circunscrever-se às relações entre narrador e ouvinte, o par literário “inscrito” no texto. […] (COLOMER, 2003, p. 98)
A partir dessas mudanças uma nova teoria foi formulada por Bakhtin e Medvedev (1985), que nos mostra que o significado no texto não é transmitido pelo autor, mas é construído pela interação dele com o leitor, através da leitura e das experiências de vida acumuladas pelo leitor.
A mensagem não se transmite do autor para o leitor, mas se constrói, como uma espécie de ponte ideológica, que se edifica no processo de interação. Os limites do significado encontram-se nas relações entre as interações do autor, o conhecimento do leitor e as propriedades do texto durante o processo de interpretação (Nystrand, 1989). (COLOMER, 2003, p. 98/99)
A relação de reciprocidade do leitor com o autor de textos, tem grande importância, já que é através dela que é possível medir a habilidade do autor e na literatura infantil e juvenil essa relação se torna mais importante ainda, entendendo que o texto será dirigido a leitores com menos experiência e em processo de desenvolvimento.
[…] Por exemplo, pode-se contextualizar suficientemente a nova informação, com algum tipo de elaboração (uma definição do termo introduzido, talvez), dividir o texto em unidades que facilitem a leitura (parágrafos, capítulos, etc.), ou qualquer outro meio que permita resolver o problema previsto. […] (COLOMER, 2003, p. 99)
Assim, percebemos a importância que entender a que tipo de leitor o texto está sendo dirigido e a forma como esse leitor irá receber as informações que estão sendo repassadas no texto é de grande importância para a formação do leitor literários, já que é a partir das reflexões desse leitor que o texto se torna significante.
A PESQUISA
Nesse tópico abordaremos a visão de duas professoras da educação básica sobre o uso das metodologias ativas em sala de aula e os impactos que a BNCC traz nesse processo de ensino e aprendizagem.
A entrevista foi realizada em uma escola do município de Mossoró, com duas professoras que serão nomeadas de Entrevistada 1 e Entrevistada 2, a Entrevistada 1 atuando no 1º ano do ensino fundamental, do sexo feminino, casada, entre 46 e 55 anos, com 29 anos atuando na área, tendo pós-graduação em psicopedagogia, e a Entrevistada 2 atuando no 5º ano do ensino fundamental, do sexo feminino, casada, acima dos 55 anos, na área a 31 anos e também com pós-graduação em psicopedagogia.
Quando questionadas em relação aos seus conhecimentos sobre as metodologias ativas, ambas relataram conhecer e até citaram alguns poucos exemplos, mas sabendo da vasta quantidade de metodologias e de sua diversidade percebemos que ainda são pouco conhecidas.
“Sim conheço, as tecnologias simuladoras, a interação com o professor e com os colegas e, é, tem a participação ativa com os alunos também.” (Entrevistada 1)
“Sim, eu conheço a oralidade, a leitura, a escrita, tem também os conhecimentos linguísticos e gramaticais e também a educação literária.” (Entrevistada 2)
A existência dessa variedade de inúmeros métodos de ensino e de aprendizagem podemos perceber também na fala de Cortelazzo, Fiala, et al. (2018, p. 101) quando fala que “São muito os métodos de ensino ou de aprendizagem (dado que se trata apenas da mudança de perspectiva), e uma rápida busca na internet resulta facilmente em quase uma centena de diferentes métodos.”
Com a chegada da BNCC no processo de ensino, também foi questionado suas opiniões sobre as mudanças que estão sendo percebidas no ensino de literatura diante das recomendações da BNCC. A Entrevistada 1, fala das mudanças relacionadas à participação do aluno que está mais ativa.
“Bom na minha opinião, a BNCC vem dar a oportunidade do aluno pensar, perguntar, argumentar e interagir.” (Entrevistada 1)
Já a Entrevistada 2 nos fala sobre os novos conhecimentos e competências que devem ser estimulados nos alunos.
“Eu acho que a BNCC traz um conjunto de aprendizagens essenciais, traz também conhecimentos e competências que os alunos precisam desenvolver ao longo de toda a educação básica.” (Entrevistada 2)
E a própria BNCC nos traz em sua fala essa necessidade da participação mais ativa do aluno no ensino da literatura, sendo de grande importância para o desenvolvimento no processo de leitura e de construção de conhecimento para a sua atuação na sociedade.
O Eixo Leitura compreende as práticas de linguagem que decorrem da interação ativa do leitor/ouvinte/espectador com os textos escritos, orais e multissemióticos e de sua interpretação, sendo exemplos as leituras para: fruição estética de textos e obras literárias; pesquisa e embasamento de trabalhos escolares e acadêmicos; realização de procedimentos; conhecimento, discussão e debate sobre temas sociais relevantes; sustentar a reivindicação de algo no contexto de atuação da vida pública; ter mais conhecimento que permita o desenvolvimento de projetos pessoais, dentre outras possibilidades. (BRASIL, 2018, p.71)
Percebendo essas mudanças no ensino da literatura, foi questionado às entrevistadas sobre a importância da leitura na formação dos alunos nos anos iniciais do ensino fundamental, e diante do questionamento ambas falaram de forma bastante positiva sobre o questionário.
“É que quando a gente estimula a leitura na vida da criança, a gente possibilita a interação do aluno com os diversos textos.” (Entrevistada 1)
“Bom, primeiro é necessário a gente compreender que a leitura vai muito além dos processos de codificação e descodificação, e sim temos que ver a leitura como um processo de construção de estudos, onde o leitor tem um papel ativo e crítico.” (Entrevistada 2)
Essa importância é percebida também na fala de COLOMER (2003, p. 84), quando fala que “o acesso à língua escrita foi um dos campos mais fecundos na pesquisa da psicologia cognitiva” e destaca que durante as observações no processo de pesquisa desses temas, percebemos que é através dos contos e do folclore infantil que as crianças adquirem mais conhecimentos sobre a escrita.
Levando em conta a importância da literatura na vida escolar dos alunos e entendendo as mudanças que vêm surgindo no processo de ensino diante da chegada das novas tecnologias digitais, foi questionado às entrevistadas sobre as mudanças que essas tecnologias trazem ao ensino de literatura.
A entrevistada 1 afirmou não saber responder à pergunta, já que a mesma não tem muito conhecimento sobre as tecnologias.
“Mulher, eu não sei dizer, eu não entendo sobre tecnologias e nem uso muito em sala de aula, sabe?”
Hoje sabemos da importância do professor atuante em sala de aula está cada vez mais familiarizado com essas novas tecnologias digitais que vem surgindo e essa importância é enfatizada na fala de BACHICH e MORAN quando afirmam que “tornar o professor proficiente no uso das tecnologias digitais de forma integrada ao currículo é importante para uma modificação de abordagem que se traduz em melhores resultados na aprendizagem dos alunos.”
Ainda dentro do questionamento sobre a importância das tecnologias digitais no ensino de literatura, temos a visão da Entrevistada 2, que fala da importância das tecnologias no intuito da construção de novas e diferentes experiências com os alunos.
Com essas novas tecnologias digitais a gente pode ver a realização de novas experiências prazerosas que iluminam mundos de conhecimentos, proporcionando diferentes saberes, além de também permitir a conexão com autores e outros leitores. (Entrevistada 2)
E essa possibilidade de construir conhecimentos e novas experiências através das tecnologias, quando vemos o quando é facilitado o processo de interação de aluno leitor com vários outros por todo o mundo.
Essas ferramentas potencializam as possibilidades de discussão sobre uma obra literária, permitindo que o diálogo sobre o texto lido extrapole o parceiro professor ou colega de turma: é possível discutir uma leitura com uma infinidade de pessoas além daqueles que estão envolvidos diretamente no ambiente escolar. (BACHICH, MORAN, 2018, p.51)
Por fim, foi perguntado a elas como que podemos fazer a interligação das novas tecnologias digitais nas aulas de literatura, nesse questionamento a Entrevistada 1 afirmou ser importante o uso das tecnologias, já que as mesmas chamam bastante a atenção dos alunos, e a Entrevistada 2 nos falou que podemos fazer essa interligação com o uso de celular, notebook e entre outros.
“Eu acho que é preciso juntar as novas tecnologias digitais na sala de aula porque elas chamam mais a atenção dos alunos, eu não uso muito, mas eu sei que é necessário.” (Entrevistada 1)
“Acho que é possível fazer essa ligação através do uso de notebook, celular e etc.” (Entrevistada 2)
Percebemos como é difícil a articulação das tecnologias em sala de aula e principalmente no ensino de literatura por parte dos professores, na fala de BACHICH e MORAN (2018, p. 52), quando falam que “justamente pelo desconhecimento do potencial das ferramentas tecnológicas, as experiências iniciais com tecnologias digitais nas disciplinas de literatura no curso de letras foram bastante simples e modestas”.
Ao longo de toda a entrevista podemos perceber como é importante a leitura na formação escolar dos alunos, principalmente na formação da sua escrita e oralidade, como também na construção de seu conhecimento de mundo.
Compreendemos também com a abordagem da entrevista como o uso das tecnologias digitais, em muitos casos, ainda é escasso nas escolas e como esse uso pode ajudar não só no ensino de literatura, mas em todas as disciplinas, já que assim podemos perceber uma maior interação do alunos, não só com o professor, mas também com os outros alunos. Atingindo assim os objetivos tanto das metodologias ativas, como da BNCC.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo de todo o trabalho vimos todo o processo de evolução da educação para chegar onde estamos hoje, vendo o aluno cada vez mais como um sujeito ativo em seu processo de ensino e aprendizagem.
Percebemos com o passar do tempo o aluno deixar de ser visto como apenas um receptor de informação e o professor detentor de todo o conhecimento e vimos nascer uma educação que é construída através da interação do professor com o aluno mais atuando no seu próprio processo de aprendizagem.
Muitas das metodologias ativas vem buscando interligar o ensino com as tecnologias ativas que vem a cada dia tomando mais espaço, não só na educação como na vida de todos. Os alunos vêm chegando nas escolas cada vez mais ligados a essas tecnologias, o uso do celular por eles é constante em seu dia a dia.
Assim percebemos a grande importância de estabelecer a relação entre a tecnologia, metodologias ativas e a sala de aula, pois além de chamar atenção dos alunos vamos instigá-los a ser mais participativos, dinâmicos, ativos e protagonistas do próprio processo de aprendizagem. Afinal, esse é um procedimento indicado, sugerido pelo novo olhar curricular abordado pela BNCC que expõem a necessidade de o aluno ser cada vez mais ativo para que tenha maior desenvolvimento de suas habilidades.
Dessa forma inferimos que todo esse processo que vem sendo abordado pelas metodologias ativas e pela BNCC na aprendizagem dos alunos é de grande importância para todas as áreas do conhecimento, o que foi bastante visto em nosso estudo. Afinal, é certo que a leitura é de suma importância no desenvolvimento da linguagem escrita e da oralidade do aluno, assim como na formação de seu conhecimento de mundo e na interação com outras pessoas.
Por isso, reiteramos que as tecnologias digitais vêm atuando de forma muito significativa nesse processo de fortalecer a interação dos alunos leitores com leitores de diversos lugares do mundo, bem como, estimular os alunos a estarem cada vez mais ativos no processo de leitura.
Todos esses pontos ficaram muito perceptíveis durante a entrevista, quando podemos ver que as professoras entrevistadas sabem da importância da leitura na formação dos alunos, assim como a importância do uso das tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem com o intuito de trazer ao aluno uma melhor interação com a aula.
Além disso, também foi notável como o uso das tecnologias digitais ainda é um tabu para muitos profissionais da educação, que não fazem uso, não por não querer ou não saber como esse recurso pode servir de auxílio, mas não usam pelo fato de não saber como fazer o uso, fato este que é bastante preocupante e merece atenção, para que dessa forma o processo de ensino e aprendizagem torne-se cada dia mais prazeroso.
REFERÊNCIAS
BACHICH, Lilian; Moran, José. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018.
CORTELAZZO, Angelo Luiz… [et al]. Metodologias ativas e personalizadas de aprendizagem: para refinar seu cardápio metodológico. Rio de Janeiro: Alta Books, 2018.
COLOMER, Teresa. A formação do leitor literário. São Paulo: Global, 2003.MATTAR, João. Metodologias ativas: Para a educação presencial, blended e a distância. 1. Ed. São Paulo: Artesanato Educacional, 2017.
1Professora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Doutora em Letras- Língua Portuguesa – PPGL/UERN. mariacarmem@uern.br
²Professora da Educação Básica, Rede Municipal de Ensino. Graduada em Pedagogia. polianagbandeiraa@gmail.com