AS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS E A IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA DA ENFERMAGEM À MULHER PORTADORA DA SÍFILIS

SEXUALLY TRANSMITTED INFECTIONS AND THE IMPORTANCE OF NURSING CARE FOR WOMEN WITH SYPHILIS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10114938


Josenilda Ferreira Santos1
Jussara Lima da Silva2
Manoel Holanda Soares3


Resumo

O presente estudo propõe uma reflexão a respeito das infecções sexualmente transmissíveis e a relevância da assistência da enfermagem às mulheres portadoras da Sífilis. Como objetivo, o mesmo busca conhecer o relevante papel da enfermagem no controle e prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis, assim como, apresentar as principais consequências das IST; apontar as IST mais comuns. As ISTs são doenças que podem ser transmitidas de uma pessoa para outra por meio do contato sexual, incluindo o vaginal, anal e oral. As ISTs podem ser causadas por bactérias, vírus, fungos ou parasitas. A sífilis, por exemplo, é uma IST causada pela bactéria Treponema pallidum. A bactéria pode ser transmitida por contato sexual vaginal, anal ou oral, ou de uma mãe para o filho durante a gravidez ou o parto. A partir desse entendimento surge a seguinte questão problema que impulsionou o desenvolvimento deste trabalho: Qual o papel da Enfermagem na assistência à mulher portadora da sífilis? Para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se como recurso metodológico, a pesquisa bibliográfica realizada a partir da análise pormenorizada de materiais já publicados na literatura e artigos científicos divulgados no meio eletrônico. Dentre os achados, observou-se que os enfermeiros desempenham um papel fundamental na prevenção, diagnóstico e tratamento da sífilis. Conclui-se então o seguinte: A sífilis é uma doença grave que pode ter consequências devastadoras. A assistência da enfermagem é essencial para a prevenção, diagnóstico e tratamento da sífilis, especialmente em mulheres.

Palavras-chave: Assistência da Enfermagem. IST. Mulheres. Sífilis. 

1  INTRODUÇÃO

O estudo a ser pesquisado trará uma breve reflexão a respeito das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) que tem se alastrado na sociedade brasileira entre as mulheres. 

As IST são doenças causadas por diferentes agentes, como por exemplo, vírus, bactérias ou outros microrganismos. São transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual, seja por sexo oral, vaginal ou anal, sem uma proteção, ou seja, sem o uso de um preservativo (camisinha), seja esta feminina ou masculina, com uma pessoa já infectada. Vale ressaltar ainda que, uma IST pode ser transmitida da mãe para o filho durante a gestação, o pato e até mesmo durante a amamentação. 

Lembrando que, o tratamento dos pacientes com alguma infecção sexualmente transmissível vai melhorar satisfatoriamente a qualidade de vida do mesmo, uma vez que, o tratamento bem feito, interromperá a cadeia de transmissão da infecção. Salientando que, o atendimento e tratamento é ofertado pela rede de saúde pública, ou seja, o Sistema Único de Saúde proporciona o tratamento gratuitamente. Basta apenas que o paciente demonstre interesse e busque auxílio corretamente. 

A pesquisa se mostra relevante pelo fato de abordar uma temática de grande relevância à população, assim como aos profissionais da Enfermagem, tendo em vista que, o enfermeiro exerce um papel crucial na prevenção e promoção da saúde do indivíduo.

A Enfermagem tem o papel de fornecer conhecimentos que sejam capazes de investigar possíveis pacientes contaminados por alguma IST, assim como dá subsídios aos pacientes para que estes tenham uma qualidade de vida melhor a partir do tratamento adequado da IST.

São várias as Infecções Sexualmente Transmissíveis, no entanto, a população ainda é carente quanto às informações preventivas, por isso, o Enfermeiro exerce um importante papel na propagação desses saberes.

2  FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1  As Infecções Sexualmente Transmissíveis

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a sífilis voltou a ser uma doença de alta prevalência, se apresentando como um grave problema de saúde pública. Está presente em todos os estratos sociais, países desenvolvidos e em desenvolvimento, nos portadores do vírus do HIV tanto quanto imunocompetentes, em homens e mulheres. Entretanto, dados expostos são mais elevados em populações de baixa renda. A OMS avalia a existência de 36 milhões de casos e 11 milhões de novos casos por ano em países em desenvolvimento (Santos et al., 2019, p.66).

A sífilis é tida como uma doença infectocontagiosa sistêmica e sexualmente transmissível configurada como um problema de Saúde Pública, porém apresenta tratamento eficaz e de baixo custo. Dentro deste contexto, destaca-se a existência de um contra-senso, haja vista que doenças infecciosas de maior complexidade já foram controladas. (Carvalho; Brito, 2014, p.288).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2016), as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), são doenças provenientes de vírus, bactérias ou outros microrganismos. Seu principal contágio se dá por meio do sexo com uma pessoa já infectada, seja este por via oral, vaginal ou anal sem proteção, como por exemplo, o uso de preservativos. No entanto, vale salientar ainda que, a IST pode ser transmitida para um bebê por meio da mãe, seja na gestação, no parto e até mesmo no período da amamentação.

Existem diversos tipos de IST e, cada uma tem suas características, peculiaridades e consequências a saúde da mulher. As infecções sexualmente transmissíveis ocasionam graves sequelas à saúde reprodutiva e infantil, uma vez que, muitas delas provocam a infertilidade e complicações severas ao feto ou a saúde do bebê no parto e/ou nascimento. Dentre essas patologias está a sífilis que pode ocasionar até mesmo a morte fetal (BRASIL, 2019).

2.2  Sífilis e suas consequências

Em 2019, foram notificados no Sinan 152.915 casos de Sífilis adquirida (taxa de detecção de 72,8 casos/100.000Habitantes); 61.127 casos de sífilis em gestantes (taxa De detecção de 20,8/1.000 nascidos vivos); 24.130 casos De sífilis congênita (taxa de incidência de 8,2/1.000 Nascidos vivos); e 173 óbitos por sífilis congênita (taxa de Mortalidade de 5,9/100.000 nascidos vivos), (BRASIL,2019).

Segundo Reinehr et al., (2017), a sífilis é uma IST provocada pelo Treponema pallidum (T. pallidum) apresentando assim uma forma de espiroquetas (delgadas, gram negativas). É um tipo de bactéria que resseca de forma rápida se exposta ao meio ambiente por um determinado tempo. Outra curiosidade dessa bactéria é que ela morre muito fácil ao entrar em contato com sabão ou outras substâncias desinfetantes.

O agente etiológico da sífilis foi descoberto no ano de 1905 pelos médicos Fritz Richard Schaudinnn e Paul Erich Hoffmann na Alemanha. No ano de 1907, a partir dos estudos de Wassermann foi realizado o primeiro exame de sorologia para detectar a doença.  Com a descoberta da penicilina, nos anos de 1940 houve uma redução significativa dos casos da sífilis (Domingues; Leal, 2016).

Lembrando ainda que, a Sífilis é uma doença sistêmica, lenta e crônica. A transmissão acontece inicialmente quando existe o contato direto com lesões que pode ocorrer por meio de transfusão sanguínea, contato sexual, transmissão vertical (gestantes e parturientes) e através de acidentes com material biológico contaminado (Leite et al., 2021, p.3).

A infectividade da sífilis por transmissão sexual é cerca de 60% maior, nos estágios iniciais (primária, secundária e latente recente), diminuindo gradualmente com o passar do tempo (latente tardia e terciária). Essa maior transmissibilidade explica-se pela intensa multiplicação do patógeno e pela riqueza de treponemas nas lesões, comuns na sífiluuuuis primária e secundária. Tais lesões são infrequentes ou não existem no segundo ano da infecção. É tendencioso algumas pessoas com sífilis desconhecer a infecção, causando uma probabilidade de transmiti-la para parceiros sexuais. O motivo disso acontecer é a  ausência ou insuficiência de sintomas, dependendo do estágio da infecção. (Moura, 2017, p.5).

Quando não tratada, a sífilis pode evoluir para formas mais graves, costumando comprometer especialmente os sistemas nervoso e cardiovascular. A transmissão por transfusão sanguínea pode ocorrer, difícil acontecer, devido ao controle dos hemocentros. (BRASIL, 2015).

O crescimento da doença distribui-se em três fases: primária, secundária e terciária. A fase primária normalmente apresenta-se após 21 dias da infecção. Neste período, surge a úlcera genital indolor, que pode durar de 2 a 6 semanas. A fase secundária é marcada pelo aparecimento de lesões cutâneas por todo o corpo, associadas, por vezes, a febre e dores musculares, são seguidas de um período de latência com duração de anos, caracterizadas pela inexistência de sinais e sintomas. Enfim, a fase terciária ocorre com muitos anos após a infecção inicial e compreendida através das formas nervosa, cutânea e cardiovascular da doença. (Carvalho; Brito 2014, p.288).

Para Costa et al., (2015), a sífilis é tratada de igual modo para todos os contaminados pela bactéria T. pallidum, porém, o que vai depender do tempo de tratamento é o estágio no qual a doença se encontra. Salienta-se que, o único medicamento capaz para eliminar a bactéria é a penicilina. Esse antibiótico possui também a capacidade de prevenir a transmissão vertical, ou seja, da mãe para o filho.

2.3 Diagnóstico, tratamento da Sífilis.

Tendo em vista que a sífilis tem fases assintomática e latente, com uma diversidade de sinais e sintomas que podem levar facilmente a confusão diagnóstica com várias outras doenças, o diagnóstico baseado apenas na anamnese e no exame físico muitas vezes é impreciso, o teste laboratorial se reveste de grande importância, todas mulheres com úlceras genitais devem ser submetidas a teste sorológico para sífilis. (SOUZA, et al., 2018).

O treponema pesquisado pode ser realizado com a realização por imunofluorescência direta, exame de material corado e biópsias. Porém, é um método não muito disponível em nosso meio, e apresenta limitações, pois é positivo tanto em pessoas com tratamento anterior para sífilis, quanto indivíduos sem tratamento ou com tratamento incompleto (BRASIL, 2017)

Contudo, os testes sorológicos são ainda os mais importantes para o diagnóstico e triagem da sífilis. Os testes ditos não-treponêmicos, reagínicos ou inespecíficos, cujo principal exemplo é o VDRL, são testes de floculação que se baseiam na detecção de anticorpos contra a cardiolipina. Quantitativos predominantes, sensíveis, baratos e úteis para monitoramento da terapêutica. Pode exibir resultados falso-positivos (pelo fato do antígeno ser uma cardiolipina e não o treponema), em casos de co infecções ou doenças autoimunes (mononucleose, hepatite viral, LES, tuberculose, malária, etc.), ou falso-negativos, quando ocorre ou há efeito Fenômeno Pró-zona (alta taxa de anticorpos em amostra não diluída), comum na gestação. Demais testes podem ser realizados através de fixação de complemento, como os métodos de Wassermann e Kolmer, menos utilizados atualmente. (BRASIL, 2019)

Os exames imunológicos, são os mais usados. Estes por sua vez são divididos em treponêmicos e não treponêmicos. Os testes treponêmicos detectam anticorpos específicos produzidos contra os antígenos do T. pallidum. Tornam-se reagentes, sendo importantes para a confirmação do diagnóstico. Constantemente, continuam positivos mesmo após realizar o tratamento pelo resto da vida do paciente; por isso, não são indicados para o monitoramento da resposta ao tratamento. (BRASIL, 2015)

Os testes não treponêmicos são testes de floculação quantitativa e seus títulos estão relacionados à atividade da doença e são utilizados no acompanhamento do tratamento. O VDRL é o mais utilizado para confirmação diagnóstica, pois apresenta boa sensibilidade e especificidade, podendo permanecer reagente mesmo após a cura da infecção (cicatriz sorológica), porém com queda progressiva das titulações. Os testes treponêmicos são qualitativos e aferem a presença de anticorpos contra os antígenos de superfície do agente etiológico. O não  relacionamento com a velocidade da doença e a não utilização para detectar a reinfecção. A permanência positiva por toda a vida e, quando negativos, incluem infecção prévia. (Silva; Vieira, 2018)

De acordo com Brasil (2015), para o diagnóstico da sífilis, devem ser utilizados, um dos testes treponêmicos e um dos testes não treponêmicos. A ordem de realização fica a critério do serviço de saúde. Quando o teste rápido for utilizado como triagem, nos casos reagentes, uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste não treponêmico. 

O tratamento de escolha para a sífilis é o penicilínico, sendo a Penicilina G Benzatina a escolha, em dose única de 2,4 milhões de unidades na sífilis primária, secundária e latente recente; e 2,4 milhões de unidades semanais durante três semanas (dose total de 7,2 milhões UI), nas formas latente tardia, latente com duração ignorada ou na terciária. Doxiciclina ou Ceftriaxona opções para o tratamento.  O seguimento do paciente deve ser realizado avaliando-os títulos dos testes não treponêmicos mensalmente nas gestantes, e, na população geral, a cada três meses no primeiro ano e a cada seis meses no segundo ano. (SILVA; VIEIRA 2018).

Como medida de garantia de acesso, a Benzilpenicilina benzatina passou a ser componente estratégico na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME), com aquisição centralizada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2017). 

A Benzilpenicilina benzatina deve ser administrada exclusivamente por via intramuscular (IM). A região ventro-glútea é a via preferencial, por ser livre de vasos e nervos importantes, sendo tecido subcutâneo de menor espessura, com poucos efeitos adversos e dor local, outros lugares alternativos para a administração pode ser a região do vasto lateral da coxa e o dorso glúteo. (COFF, 2016). 

Para mulheres com alergia confirmada à penicilina, como não há garantia de que outros medicamentos consigam tratá-la, impõe-se a dessensibilização e o tratamento com penicilina benzatina. Na impossibilidade de realizar o tratamento, a mulher deve ser tratada com Ceftriaxona (BRASIL, 2015).

O parceiro sexual deve ser testado e tratado. Ele deve realizar teste imunológico; ser tratado com esquema de sífilis latente tardia, na ausência de sinais e sintomas; e quando impossível estabelecer-se a data da infecção, deve ser tratado na mesma oportunidade, em caso de dúvida quanto ao seguimento.

Em se tratando das consequências, a sífilis pode provocar inúmeras ações à saúde da mulher, como por exemplo, em uma gestação, pode ocorrer a morte intraútero ou a do neonato, os sintomas apresentados pelo feto pode ser destacado, o baixo peso, rinite com coriza sanguinolenta, obstrução nasal, prematuridade, choro ao manuseio, hepatoesplenomegalia, alterações respiratórias (pneumonia), icterícia, anemia severa, ascite e lesões cutâneas (na palma da mão e no pé) (BRASIL, 2015).

Mediante as informações sobre essa infecção sexualmente transmissível que provoca graves sequelas à mulher, afirma-se que o papel do enfermeiro é fundamental, pois, através do seu acompanhamento à saúde da mulher é possível detectar precocemente os casos de sífilis. 

O trabalho no orientar, acompanhar no diagnóstico e, principalmente no tratamento faz uma grande diferença, uma vez que, esse acompanhamento pode evitar de maneira eficaz a transmissão da doença. A sífilis tem tratamento e cura, no entanto, faz-se necessário de um acompanhamento eficaz por parte do profissional da enfermagem. 

2.4 A importância da Assistência da Enfermagem à mulher com sífilis.

A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. É uma doença crônica que pode se manifestar de forma aguda, latente ou tardia. A sífilis pode ser transmitida por contato sexual vaginal, anal ou oral com uma pessoa infectada, ou da mãe para o bebê durante a gravidez ou o parto (BRASIL, 2015).

A assistência da enfermagem à mulher com sífilis é de fundamental importância para a prevenção, diagnóstico e tratamento precoce da doença. O enfermeiro é o profissional de saúde que está mais próximo da mulher, seja no pré-natal, no parto ou no puerpério.

Nesse sentido, o enfermeiro desempenha um papel fundamental na prevenção da sífilis, por meio das seguintes ações: Educação em saúde: o enfermeiro deve orientar a mulher sobre os riscos da sífilis e as formas de prevenção, como o uso de preservativos em todas as relações sexuais. Triagem: o enfermeiro deve realizar a triagem da sífilis em todas as mulheres que iniciam o pré-natal. Busca ativa: o enfermeiro deve realizar a busca ativa de casos de sífilis na população, por meio de ações como a notificação de casos suspeitos e a realização de exames em parceiros sexuais (Silva, Vieira 2018).

Ainda de acordo com o autor supracitado, o enfermeiro desempenha um papel fundamental no diagnóstico e tratamento da sífilis, a partir das seguintes ações: Diagnóstico: o enfermeiro pode realizar o diagnóstico da sífilis por meio de exames laboratoriais, como o VDRL e o FTA-ABS. Tratamento: o enfermeiro deve orientar a mulher sobre o tratamento da sífilis, que é realizado com antibióticos. Acompanhamento: o enfermeiro deve acompanhar a mulher durante o tratamento e após o término do mesmo, para garantir a cura da doença.

A assistência da enfermagem à mulher com sífilis é essencial para a prevenção, diagnóstico e tratamento precoce da doença. O enfermeiro é o profissional de saúde que está mais próximo da mulher, e pode contribuir de forma significativa para a redução da incidência e prevalência da sífilis no Brasil (Silva, Vieira 2018).

3  METODOLOGIA 

O presente estudo diz respeito a uma abordagem qualitativa, do tipo descritivo, com delineamento de revisão bibliográfica, através do método de revisão sistemática de literatura colocando o pesquisador em contato direto com tudo o que for escrito para a construção do trabalho científico realizada nas diversas opções de bases de dados que se pode utilizar para conseguir artigos e periódicos.

Para o desenvolvimento deste estudo sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis e a importância da assistência da Enfermagem à mulher portadora da sífilis, serão utilizados alguns achados escritos por alguns autores falando sobre o tema, com o objetivo de descrever de forma simples e bastante esclarecedora. As ISTs são infecções causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos que se transmite, principalmente, através das relações sexuais sem o uso de preservativo com uma pessoa que esteja infectada.

Os artigos, monografias foram separados e analisados para a observação se existe relevância com o objetivo do trabalho e se existe um enquadramento com o tema solicitado. Dessa forma, o que tiver relevância será organizado para serem referenciados no decorrer do desenvolvimento.

A partir dos dados, confere e exibe as ideias as quais foram encontradas, assim definindo como pesquisa bibliográfica como modelo de revisão sistemática do assunto em conformidade com tema apresentado.

Para desenvolvimento do trabalho, a revisão integrativa desdobrar-se-á em duas etapas: identificação do tema, definição do problema e pergunta clínica; e pesquisa da melhor evidência. 

Para realização da primeira etapa serão seguidos os seguintes objetivos: 1) Definir o problema; 2) Formular uma pergunta clínica de pesquisa; 3) Definir os descritores; 4) Definir a estratégia de busca nas fontes de dados; 5) Definir as bases de dados. 

Após ter definido o problema e formulado a pergunta, surgiram os seguintes Descritores: ISTs; saúde da mulher; sífilis; cuidados da enfermagem; assistência à mulher.

As bases de dados escolhidas foram: Google Acadêmico e Scientific Electronic Library Online (SciELO), onde foram selecionados artigos, revistas, monografias e trabalhos em língua portuguesa dentre os anos: 2014 a 2023. Assim sucedeu-se a segunda etapa pela busca da melhor evidência que correspondesse ao desejo da pesquisa. 

Na busca inicial 43 (quarenta e três) artigos foram encontrados, sendo que 26 (vinte e seis) na base de dados SCIELO e 17 no Google Acadêmico. 

Dos estudos, por meio da leitura minuciosa dos títulos e resumos disponíveis, excluiu-se 31 (trinta e um) publicações, do SCIELO  11(Onze), e do Google Acadêmico 7 (Sete).

Assim, apenas 18 (doze) publicações foram essenciais para esta revisão, por corresponderem à questão de pesquisa percebida após a leitura dos artigos na íntegra. A seguir, um fluxograma (Figura 1) representativo da busca realizada dos artigos nas bases de dados SCIELO e Google Acadêmico.

Figura 1: Esquema representativo da busca de artigos

Fonte: elaborado pelo autor com bases em dados coletados, 2023.

4  RESULTADOS E DISCUSSÕES  

Os resultados do presente estudo mostraram que as IST são uma importante causa de morbidade e mortalidade em mulheres em todo o mundo. As mulheres são mais suscetíveis a IST do que os homens devido a uma série de fatores, incluindo: Anatomia da genitália feminina, que torna mais fácil para os patógenos entrar no corpo; Maior exposição aos patógenos, devido a relações sexuais e ao uso de contraceptivos hormonais; Resposta imunológica alterada, que pode dificultar a luta das infecções (WHO, 2023).

Outro resultado obtido com as pesquisas é que as IST podem causar uma variedade de sintomas, incluindo dor, coceira e corrimento vaginal; dor ao urinar. Além de manchas ou sangramento fora do período menstrual; dor abdominal e febre.  Em alguns casos, as IST podem não causar nenhum sintoma. No entanto, mesmo as IST assintomáticas podem causar complicações graves, como infertilidade, câncer e doenças cardíacas (WHO; 2023).

De acordo com Silva (2016), o cuidado de enfermagem é fundamental para o diagnóstico, tratamento e prevenção de IST. Os enfermeiros desempenham um papel importante na educação das mulheres sobre IST, na promoção de comportamentos saudáveis e na prestação de cuidados de apoio às mulheres com IST. 

Os resultados deste estudo mostraram ainda que a sífilis é uma infecção transmitida por atos sexuais (sem proteção com a pessoa infectada) de alta prevalência no Brasil, com um maior impacto na saúde das mulheres. A assistência da enfermagem à mulher portadora da sífilis é essencial para o diagnóstico precoce, tratamento adequado e prevenção da transmissão da doença.

A sífilis é uma IST que pode ser transmitida por contato sexual vaginal, anal ou oral com uma pessoa infectada. A sífilis pode ser dividida em três estágios: primário, secundário e terciário.

O estágio primário da sífilis é caracterizado pelo aparecimento de uma ferida indolor na pele, geralmente no pênis, vagina, ânus ou boca. O estágio secundário da sífilis é caracterizado por uma variedade de sintomas, incluindo erupções cutâneas, febre, dor de garganta e fadiga. O estágio terciário da sífilis é o mais grave e pode causar danos aos órgãos internos, incluindo o cérebro, o coração e os nervos.

A sífilis é uma patologia curável através do tratamento adequado. O tratamento padrão para a sífilis é uma injeção de penicilina. O tratamento é eficaz na cura do problema e na prevenção da transmissão.

No Brasil, a sífilis é uma IST de alta prevalência. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2022, foram notificados 120.693 casos de sífilis no país. A sífilis é mais prevalente em mulheres do que em homens.

A assistência da enfermagem à mulher portadora da sífilis é essencial para o diagnóstico precoce, tratamento adequado e prevenção da transmissão da doença. Os enfermeiros desempenham um papel importante na educação sobre a sífilis, no diagnóstico e no tratamento da doença.

4.1  Importância da assistência da enfermagem à mulher portadora da sífilis

A assistência da enfermagem à mulher portadora da sífilis é importante para os seguintes motivos:

  •   Educação: Os enfermeiros podem educar as mulheres sobre a sífilis, incluindo os riscos, os sintomas e o tratamento da doença.
  •   Diagnóstico: Os enfermeiros podem realizar testes de sífilis para diagnosticar a doença precocemente.
  •   Tratamento: Os enfermeiros podem administrar o tratamento para a sífilis e monitorar a resposta ao tratamento.
  •   Prevenção: Os enfermeiros podem educar as mulheres sobre como prevenir a transmissão da sífilis.

Recomendações

Com base nos resultados deste estudo, recomenda-se que:

  •   Os enfermeiros sejam capacitados para diagnosticar e tratar a sífilis.
  •   Os serviços de saúde ofereçam testes de sífilis gratuitos e de fácil acesso.
  •   As campanhas de educação sobre a sífilis sejam direcionadas às mulheres.

A assistência da enfermagem à mulher portadora da sífilis é essencial para o controle e a prevenção da doença. Os enfermeiros desempenham um papel importante na promoção da saúde das mulheres e na prevenção da transmissão de ISTs.

5  CONCLUSÃO

As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) são um problema de saúde pública global, com um impacto significativo na saúde das mulheres. A sífilis é uma IST de alta prevalência no Brasil, com um maior impacto na saúde das mulheres.

A assistência da enfermagem à mulher portadora da sífilis é essencial para o diagnóstico precoce, tratamento adequado e prevenção da transmissão da doença. Os enfermeiros desempenham um papel importante na educação sobre a sífilis, no diagnóstico e no tratamento da doença.

Para melhorar o controle e a prevenção da sífilis, é importante que os enfermeiros sejam capacitados para diagnosticar e tratar a doença. Os serviços de saúde também devem oferecer testes de sífilis gratuitos e de fácil acesso. As campanhas de educação sobre a sífilis devem ser direcionadas às mulheres.

A assistência da enfermagem à mulher portadora da sífilis é essencial para a promoção da saúde das mulheres e na prevenção da transmissão de ISTs. Essa assistência pode ser realizada de formas diferentes, como por exemplo: Na Educação: Os enfermeiros devem educar as mulheres sobre a sífilis, incluindo os riscos, os sintomas e o tratamento da doença. A educação deve ser fornecida de forma clara e compreensível, e deve ser adaptada às necessidades individuais da mulher.

No Diagnóstico: Os enfermeiros devem realizar testes de sífilis para diagnosticar a doença precocemente. Os testes de sífilis são gratuitos e de fácil acesso no Brasil.

No Tratamento: Os enfermeiros devem administrar o tratamento para a sífilis e monitorar a resposta ao tratamento. O tratamento para a sífilis é eficaz na cura da doença e na prevenção da transmissão.

Na Prevenção: Os enfermeiros devem educar as mulheres sobre como prevenir a transmissão da sífilis. A prevenção da sífilis inclui o uso de preservativos durante a relação sexual e a realização de testes de sífilis regulares.

A partir dessas percepções foi possível responder a questão-problema que impulsionou o desenvolvimento desse estudo, que foi: Qual o papel da Enfermagem na assistência à mulher portadora da sífilis? 

Enfim, a resposta é coerente ao que se compreendeu, logo, entende-se que, o papel da Enfermagem na assistência à mulher portadora da sífilis é essencial para o diagnóstico precoce, tratamento adequado e prevenção da transmissão da doença. Nesse sentido, os enfermeiros desempenham um papel importante na educação sobre a sífilis, no diagnóstico e no tratamento da doença.

Assim, outra observação a ser feita com a pesquisa é que, os objetivos que nortearam o trabalho foram satisfatoriamente alcançados, uma vez que foi possível conhecer o relevante papel da enfermagem no controle e prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis, assim como, apresentar as principais consequências das IST, apontando ainda as ISTs mais comuns.

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1Discente do Curso Superior de Bacharel em Enfermagem da Faculdade São Vicente de Pão de Açúcar, Alagoas. E-mail: josiferreiraj@gmail.com
2Docente do Curso Bacharelado em Enfermagem da Faculdade São Vicente de Pão de Açúcar – FASVIPA email: Jussaralimadasilva@hotmail.com
3Docente do Curso Bacharelado em Enfermagem da Faculdade São Vicente de Pão de Açúcar – FASVIPA