THE IMPLICATIONS OF POSTPARTUM DEPRESSION ON WOMEN’S LIVES: AN INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411241527
Josimara Brito Vasco de Oliveira1;
Wanessa da Silva Araújo2;
Izabella Araújo Morais3
RESUMO
INTRODUÇÃO: Durante o período gestacional a mulher passa por inúmeras mudanças que podem afetar o metabolismo, e em muitos casos, podem gerar impactos no pós parto, fazendo com que necessitem de suporte profissional para lidar com suas emoções. OBJETIVO: Investigar fatores associados à DPP, suas complicações, e os principais fatores de risco durante a gestação e o puerpério, além de explorar estratégias de abordagem para um tratamento mais eficaz. METODOLOGIA: Revisão integrativa com levantamento dos artigos na literatura das bases de dados, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Scientific Electronic Library (SciELO), Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (LILACS) e PubMed. RESULTADOS: foram encontrados 1978 artigos, sendo excluídos 1605 por serem ilegíveis e não publicados em português e inglês, 16 por duplicidade e 310 após uma leitura dos títulos e resumos. Por fim, selecionamos 47 artigos para leitura na integra com amostra final de 10 artigos, 6 estudos incluídos e 4 publicações incluídas. DISCUSSÃO: O papel do enfermeiro é fundamental na detecção precoce da DPP, assim como investigar os fatores de risco e sinais indicativos na atenção primária é essencial para prestar assistência de forma eficaz. CONCLUSÃO:Os fatores determinantes para o desenvolvimento da depressão pós-parto (DPP) são variados e multifatoriais, envolvendo aspectos biológicos, psicológicos e sociais que atuam em conjunto para aumentar a vulnerabilidade das mulheres.
Palavras–chave: Assistência de Enfermagem; Enfermeiro; Depressão Pós-Parto
ABSTRACT
INTRODUCTION: During pregnancy, women go through countless changes that can affect their metabolism and, in many cases, have an impact on their postpartum period, making them need professional support to deal with their emotions. OBJECTIVE: To investigate factors associated with PPD, its complications, and the main risk factors during pregnancy and the puerperium, as well as to explore approach strategies for more effective treatment. METHODOLOGY: Integrative review with a survey of articles in the literature from the Virtual Health Library (VHL), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Scientific Electronic Library (SciELO), Latin American and Caribbean Center on Health Sciences Information (LILACS) and PubMed. RESULTS: 1978 articles were found, 1605 were excluded because they were illegible and not published in Portuguese or English, 16 because they were duplicates and 310 after reading the titles and abstracts. Finally, we selected 47 articles to read in full, with a final sample of 10 articles, 6 studies included and 4 publications included. DISCUSSION: The role of nurses is fundamental in the early detection of PPD, and investigating risk factors and indicative signs in primary care is essential for providing effective care. CONCLUSION: The determining factors for the development of postpartum depression (PPD) are varied and multifactorial, involving biological, psychological and social aspects that act together to increase women’s vulnerability.
Keywords: Nursing Care; Nurse; Postpartum Depression
INTRODUÇÃO
Para que a gestação ocorra, é necessária a fecundação do ovócito II pelo espermatozoide, geralmente na tuba uterina. Após a fecundação, o óvulo fecundado se desloca até o útero, onde se implanta, dando início ao processo gestacional. Durante a gestação, o corpo e a mente da mulher passam por grandes transformações, preparando-se para o parto e a maternidade (Brasil, 2024).
Entre as diversas mudanças que ocorrem nesse período, as alterações hormonais representam um dos fenômenos mais desafiadores para muitas mulheres. A interrupção do ciclo menstrual e o início da gravidez são marcados pela ação dos hormônios estrogênio e progesterona, que preparam o organismo feminino para a gestação. Essas mudanças hormonais afetam o metabolismo e, em muitos casos, podem gerar impactos no pós-parto, exigindo suporte profissional para ajudar as mulheres a lidarem com suas emoções ( McLaughlin, 2022).
A depressão pós-parto (DPP) inclui uma série de sintomas, como redução do funcionamento mental, irritabilidade, choro frequente, sentimentos de culpa e incapacidade, baixa autoestima, desesperança, sensação de inutilidade, dificuldade em atender às necessidades do bebê, falta de energia e motivação, desinteresse em cuidados com a criança, transtornos alimentares e do sono, e queixas psicossomáticas (Soares; Rodrigues, 2018).
Diversos fatores de risco estão associados à DPP, incluindo situação conjugal, conflitos familiares, falta de apoio, histórico pessoal e familiar de transtornos psicológicos, gravidez não planejada, suporte social insuficiente, dificuldades financeiras, complicações obstétricas e relação com a própria mãe, entre outros (Soares; Rodrigues, 2018, p. 115).
Justifica-se essa pesquisa pois a DPP afeta muitas mulheres no período pósnatal, comprometendo o bem-estar mental e dificultando o vínculo materno. Além disso, a falta de diagnóstico e tratamento adequado pode levar a consequências graves tanto para a mãe quanto para o desenvolvimento infantil. Pesquisas nessa área são essenciais para melhorar políticas de saúde, tratamentos e apoio às mulheres durante esse período delicado. (Brasil, 2024)
Diante desse cenário, é fundamental compreender a experiência materna no puerpério. Esse entendimento revela os desafios enfrentados pelas mães e destaca a DPP como uma importante questão de saúde pública. Ao abordar esses aspectos, podemos promover intervenções eficazes e oferecer suporte adequado, contribuindo para a saúde física e mental das mães e o desenvolvimento saudável de seus filhos. Esta pesquisa tem como objetivo investigar fatores associados à DPP, suas complicações, e os principais fatores de risco durante a gestação e o puerpério, além de explorar estratégias de abordagem para um tratamento mais eficaz. Assim, buscase responder à questão: quais os fatores determinantes para o desenvolvimento da depressão pós-parto na vida das mulheres?
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que permite reunir, analisar e sintetizar os resultados de diferentes estudos, promovendo melhorias nas práticas de cuidado ao paciente. Além disso contribui para a formulação de políticas e protocolos e fortalece o pensamento crítico indispensável na prática. Portanto, a revisão integrativa, tem resultados significativos na educação continuada visto que qualifica profissionais da saúde e facilita a atualização de conhecimentos e práticas baseada em evidências sobretudo no cenário atual da Enfermagem. (Souza; Silva; Carvalho, 2010)
Os procedimentos metodológicos utilizados percorreu as seguintes etapas: 1) Identificação do tema e pergunta norteadora; 2) Estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos e busca na literatura; 3) Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; 4) Avaliação dos estudos incluídos na revisão; 5) Interpretação dos resultados e 6) Apresentação da revisão, síntese do conhecimento. (Souza; Silva; Carvalho, 2010)
Para realização do presente trabalho foi utilizado a estratégia PICO. P que quer dizer população/paciente, ou seja, mulheres no puerpério, I para intervenção sendo a depressão no pós parto, C para comparação/controle, assistência de enfermagem e O para desfecho/Outcome que seria o bem estar dessas mulheres. Nesse sentido questiona-se: Quais os fatores determinantes para o acometimento da depressão pós parto na vida da mulher?
Para o levantamento dos artigos na literatura, realizou-se uma busca nas seguintes bases de dados: Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online(MEDLINE), Scientific Electronic Library (SciELO), Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (LILACS) e PubMed.
Foi utilizado como estratégia de busca estruturada, os descritores de ciências da saúde (DeCS) e operadores booleanos AND e OR, sendo eles os seguintes descritores e suas combinações na língua inglesa: “Depression, postpartum” (Postpartum, Depression OR Post Partun Depression OR Postnatal Depression) AND “Postpartum Period” AND “Mental Health” (Health, mental OR Hygiene, Mental OR Mental Hygiene), AND “Menstrual Cicle” (Cicle, Menstrual OR Ovarian Cicle) AND “Pregnancy, Unplanned” AND “Prenatal Care” (Antenatal Care OR Care, Antenatal OR Care, Prenatal).
Como critério de inclusão foi utilizado: artigos publicados nos últimos dez anos em português e inglês que foram devidamente traduzidos, que falam especificamente sobre a Depressão pós parto e assistência de enfermagem ou temas relacionados a DPP como fatores de risco, sintomas, manifestações clínicas. Os critérios de exclusão foram: dissertações, teses, monografias, estudos duplicados, relatos de experiências e estudo de revisão.
A escolha dos estudos foi feita de forma independente por dois revisores, utilizando a plataforma Rayyan. Em um primeiro momento, os artigos foram selecionados a partir da leitura do título e do resumo, sendo considerados para a leitura completa aqueles que atenderam aos critérios de elegibilidade e alcançaram consenso entre os revisores. Em seguida, esses artigos foram analisados na íntegra para decidir sobre sua inclusão ou exclusão na revisão. As divergências foram resolvidas em consenso por ambas as partes.
Desde de o início da revisão, foram selecionados no total de 10 artigos, abrangendo uma variedade de temas relevantes para nossa pesquisa. Esses artigos foram escolhidos criteriosamente com base em sua relevância, qualidade e impacto na área, repetindo um esforço abrangente para garantir uma base solida de conhecimento. A diversidade dos textos, que incluem revisões integrativas, contribuiu para uma compreensão mais rica e aprofundada do tema em questão.
Processo de seleção dos artigos encontrados após leitura integral dos estudos:
Figura 1- Fluxograma Prisma
Traduzido por: Verónica Abreu*, Sónia Gonçalves-Lopes*, José Luís Sousa* e Verónica Oliveira / *ESS Jean Piaget – Vila Nova de Gaia – Portugal de: Page MJ, McKenzie JE, Bossuyt PM, Boutron I, Hoffmann TC, Mulrow CD, et al. The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews. BMJ 2021;372:n71. doi: 10.1136/bmj.n71
RESULTADOS
Baseado nos artigos encontrados que são relacionados ao tema, foi composta uma síntese em forma de quadro contendo dez artigos e suas respectivas informações como: título, autor, ano de publicação, tipo de pesquisa e objetivo. Conforme demonstrado quadro 1
Quadro 1: Resultados de busca bibliográfica
ARTIGO | TÍTULO | AUTOR/ANO | TIPO DE PESQUISA | OBJETIVO |
1 | Vivencias e significados da depressão pós parto de mulheres no contexto da família | Maria Aparecida Rodrigues da Silva et al – 2016 | Revisão qualitativa | Compreender as vivencias e significados da depressão pós parto materna para a mulher e sua família |
2 | Depressão pós parto: uma revisão sobre fatores de risco e de proteção | Alessandra da Rocha Arrais e Tereza Cristina Cavalcanti Ferreira de Araújo – 2017 | Revisão da literatura | Investigar os fatores de risco e de proteção para depressão pós parto |
3 | Depressão pós parto: atuação do enfermeiro | Almira Silva Justen Monteiro et al – 2020 | Revisão bibliográfica | Listar os cuidados do enfermeiro as mulheres com depressão pós parto e suas repercussões psicossociais |
4 | Enfermagem na prevenção de depressão pós parto | Paulo Henrique Santana Feitosa Sousa et al – 2020 | Revisão integrativa de leitura | Ressaltar a importância da enfermagem frente a prevenção da depressão pós parto |
5 | A atuação da enfermagem frente a prevenção da depressão pós parto nas unidades básicas de saúde | Nirlayne Carvalho Soares et al – 2021 | Estudo descritivo com abordagem qualitativa | Descrever a atuação da enfermagem e sua importância, mediante a prevenção e a detecção precoce da depressão pós parto nas unidades básicas de saúde |
6 | Fatores de risco associado a depressão pós parto | Paulo Henrique Santana Feitosa Sousa et al -2021 | Revisão integrativa | Elencar os fatores de risco associados a depressão pós parto, bem como destacar as escalas utilizadas em sua identificação |
7 | Causas de depressão pós parto em mulheres: fatores de risco | Bruna Rivia Ferreira da Silva Pereira et al – 2021 | Revisão de literatura | Principais fatores de risco que envolvem o desenvolvimento da depressão pós parto |
8 | Depressão pós-parto: causas e fatores de risco | Larissa da Silva Saciente, Isabela Gertrudes Batalhão – 2021 | revisão bibliográfica | Relatar sinais e sintomas da depressão pós-parto |
9 | Assistência de enfermagem na depressão pós parto | Andreia kathellen Ferreira Sampaio et al – 2023 | Revisão bibliográfica | Destacar a assistência de enfermagem na depressão pós parto, considerando fatores de risco e implicações psicossociais |
10 | Os efeitos da depressão pós parto nas puérperas | Ana Santos et al – 2023 | Revisão integrativa da literatura | Avaliar de que modo a depressão pós parto influencia no estado de saúde da puérpera e do recém-nascido e quais intervenções de enfermagem que contribuem para prevenir o surgimento dessa patologia. |
Fonte: elaborado pelas autoras.
DISCUSSÃO
Diagnóstico Precoce e Suporte Familiar
Silva e Gertrudes (2021), enfatizam que a identificação precoce da DPP é fundamental para evitar que a condição afete o bem-estar da mãe e do bebê. No entanto, para que esse diagnóstico seja eficaz, é essencial contar com o apoio da família, como destacado por Aparecida et al. (2016). O envolvimento familiar permite uma observação mais próxima da mãe, facilitando a detecção de sintomas e oferecendo um apoio emocional que ajuda a enfrentar os desafios do pós-parto.
Segundo Aparecida et al. (2016), as reações descontroladas da mulher, resultantes da DPP, impactam profundamente a percepção que a família tem sobre ela. O marido, por exemplo, muitas vezes busca se distanciar como uma forma de lidar com a situação, o que, paradoxalmente, pode exacerbar a irritabilidade da mulher e acentuar sua sensação de solidão. Essa dinâmica reflete um ciclo vicioso onde a falta de comunicação e o distanciamento emocional dificultam o apoio mútuo.
Nesse sentido Monteiro et al. (2020), observou que a educação em saúde é um ponto positivo e essencial para sensibilizar as puérperas e seus familiares, o que contribui para a prevenção e tratamento dos sintomas da DPP.
A Importância da Enfermagem na Identificação e Prevenção
Estudos revelam que a enfermagem desempenha um papel fundamental na identificação precoce e manejo da DPP, não apenas pela proximidade com as puérperas mas também pela capacidade de estabelecer uma relação de confiança que facilita o acompanhamento.
O papel dos enfermeiros, conforme apontado por Pereira et al. (2021), é essencial na detecção precoce e no acompanhamento das mães. Monteiro et al. (2020) defendem que, ao fortalecer os vínculos afetivos e oferecer suporte contínuo, a enfermagem facilita a identificação de sinais precoces de DPP. Esse suporte próximo permite que a enfermagem seja uma ponte entre a mãe e a família, integrando o diagnóstico precoce ao apoio familiar.
Em Santos et al. (2023), essa atuação é expandida para além da assistência médica, abordando o apoio emocional e familiar durante o pós-parto como uma estratégia para fortalecer a resiliência emocional das mulheres, o que é crucial para um vínculo positivo com o bebê.
Por outro lado, Monteiro et al. (2020), destaca que é necessário que as profissionais incentivem tanto as mulheres quanto seus parceiros a entenderem as fases do puerpério, visando facilitar o controle da depressão pós-parto. No entanto, isso é desafiador, dado que a rede pública de saúde ainda apresenta lacunas significativas na oferta de serviços específicos para essa condição.
Para tanto, é essencial que os enfermeiros continuem se capacitando, oferecendo um acolhimento qualificado, esclarecendo dúvidas e proporcionando segurança durante o parto e os cuidados com o bebê. Isso pode ser crucial para reduzir os riscos associados à DPP, esclarecem Soares et al. (2021).
Atenção Primária como Centro do Suporte Multidisciplinar
No contexto de saúde pública, Soares et al. (2021) sugerem que a atenção primária é uma linha de frente essencial no combate à DPP. Com enfermeiros, médicos e outros profissionais aptos a identificar sintomas, a atenção primária garante um suporte inicial crucial que vai além da saúde física, proporcionando também apoio emocional e orientação.
O estudo de Soares et al. (2021), enfatiza que enfermeiros, ao entenderem profundamente os sinais e sintomas da DPP, têm uma oportunidade única de intervir nos cuidados preventivos. Isso é complementado por Sampaio et al. (2023), que defende uma abordagem humanizada, promovendo a capacitação contínua da equipe para superar limitações de recursos e melhorar a qualidade do atendimento.
Sampaio et al. (2023), ressaltam ainda que, é essencial investir na capacitação contínua dos profissionais de enfermagem, fornecendo treinamentos e atualizações específicas sobre a prevenção e o manejo da DPP. Além disso, é fundamental promover um ambiente de trabalho saudável e de apoio, no qual os profissionais possam se sentir valorizados e motivados em sua prática.
Esse suporte é complementado pela atuação de uma equipe multidisciplinar, conforme proposto por Pereira et al. (2021), que enfatizam o valor de monitoramento desde o pré-natal para detectar e prevenir a DPP, integrando profissionais de diferentes áreas.
Na formação continua e suporte interdisciplinar, Sampaio et al. (2023), e Santos et al. (2023) indicam que a formação dos profissionais de saúde é fundamental para que compreendam os fatores que influenciam a DPP e desenvolvam uma abordagem personalizada. A presença de obstetras e profissionais da saúde mental facilita a identificação de características fisiopatológicas, abordando a DPP em um nível mais profundo e garantindo que o tratamento seja mais eficaz.
Silva e Gertrudes (2021), referem que a equipe multidisciplinar deve realizar intervenções preventivas durante o pré-natal, avaliando o comportamento da gestante e envolvendo a rede de apoio familiar para identificar alterações. A participação ativa de profissionais de saúde é crucial para encaminhamentos psicológicos precoces, com o objetivo de reduzir a prevalência da DPP e melhorar o bem-estar da mãe e do bebê.
Fatores de Risco e de Proteção
Os artigos indicam uma variedade de fatores de risco que atuam de forma combinada, tornando a DPP um fenômeno de etiologia multifatorial. Silva e Gertrudes (2021), revisam esses fatores, destacando que o histórico de saúde mental e condições socioeconômicas são aspectos críticos. Em contrapartida, estudos de Arrais e Araújo (2017), apontam que a ênfase recai sobre o apoio familiar e social, ressaltando que mulheres sem suporte tem maior predisposição a desenvolver sintomas.
Corroborando com essas idéias, fatores hormonais, estresse, baixa escolaridade e experiências traumáticas anteriores, como depressão ou ansiedade, também são amplamente discutidos, conforme apontado no artigo de Pereira et al. (2021).
Nesse sentido, Arrais e Araújo (2021), apontam também que ter tido depressão na vida, a presença de estresse e ansiedade e depressão durante a gestação, baixo suporte social e familiar, falta de apoio do parceiro e falta de apoio social no puerpério, são fatores que aumentam o risco de ter DPP. A falta de uma rede de apoio pode intensificar sentimentos de isolamento e vulnerabilidade, tornando-os mais suscetíveis a enfrentar desafios como a depressão e a ansiedade.
Assim, o fortalecimento das relações familiares e sociais surge como um fator crucial para a promoção da saúde mental.
Os estudos de Sousa et al. (2021), apontam para a complexidade dos fatores de risco, como falta de apoio, histórico de depressão, baixa renda e mulheres vítimas de violência, que demandam uma intervenção focada e coordenada.
Além de identificar fatores de risco, é essencial promover estratégias de proteção, como redes de apoio social, que também são recomendadas por Sousa et al. (2020). A atuação da enfermagem, ao observar a saúde emocional da mãe de forma contínua, permite identificar esses fatores e prevenir o agravamento da condição.
Seguindo a mesma linha de raciocínio de Sousa et al. (2021), sobre fatores de proteção, Arrais e Araújo (2017), citam que, ter participado de algum programa de pré-natal com base numa abordagem psicológica, ter uma relação saudável com suas próprias mães e ter suporte social na gestação e no puerpério e manter relações sociais positivas podem proteger a gestante contra a DPP, e podem minimizar o impacto que os fatores de risco podem causar o que confirma vários estudos da área.
Impacto Psicossocial e Relação Com o Desenvolvimento Infantil
A revisão de Santos et al. (2023), enfatiza que a DPP pode comprometer o vínculo entre mãe e bebê, afetando o desenvolvimento infantil e a saúde mental materna a longo prazo.
Esse impacto é reiterado no estudo de Monteiro et al. (2020), onde a interrupção do vínculo afetivo é descrita como uma das implicações mais significativas da DPP.
Os artigos ainda abordam o papel da enfermagem na redução desses impactos. Sampaio et al. (2023), sugerem que enfermeiros treinados para fornecer suporte emocional podem ajudar a melhorar o bem-estar da mãe e a promover uma conexão mais saudável com o bebê, o que é essencial para um desenvolvimento infantil positivo. Essas pesquisas destacam que mulheres que não possuem esse suporte tendem a ter uma maior predisposição ao desenvolvimento de sintomas relacionados a transtornos emocionais e psicológicos.
Estratégias de Intervenções e a Importância do Diagnóstico Precoce.
A necessidade de diagnóstico precoce e intervenções direcionadas é uma constante entre os artigos. Sousa et al. (2020) e Soares et al. (2021), ressaltam que o enfermeiro deve adotar uma postura proativa, buscando detectar sintomas precocemente para iniciar o acompanhamento e as orientações adequadas.
Santos et al. (2023), sugerem que o desenvolvimento de uma relação de confiança com as mães permite uma observação mais próxima dos sinais de DPP, o que é essencial para a detecção precoce e intervenção antes do agravamento dos sintomas. Além disso, Silva e Gertrudes (2021), recomendam a utilização de medicamentos como a Fluoxetina e a Sertralina, quando indicados, embora ressaltem a importância de pesar os riscos e benefícios, especialmente considerando o impacto no bebê.
Sampaio et al. (2023), destacam que a prevenção e o tratamento da DPP requerem esforços contínuos para melhorar a eficácia das intervenções, promover a segurança e o suporte adequado às gestantes e puerpéras. Além disso, através da capacitação, colaboração interprofissional e da avaliação constante das intervenções, favorece para uma assistência de qualidade, acolhedora e efetiva, contribuindo para o bem estar das mulheres durante esse período delicado.
CONCLUSÃO
De acordo com a literatura revisada, os fatores determinantes para o desenvolvimento da DPP são variados e multifatoriais, envolvendo aspectos biológicos, psicológicos e sociais que atuam em conjunto para aumentar a vulnerabilidade das mulheres. Os principais fatores encontrados foram: histórico de saúde mental prévio, fatores hormonais e biológicos, fatores socioeconômicos, falta de apoio familiar e social, experiências traumáticas e histórico de violência, relacionamento com o parceiro e estresse e sobrecarga de demandas maternas.
Para um tratamento eficaz, é fundamental implementar estratégias interconectadas, como o rastreamento nas consultas de pré-natal e pós-parto, realizadas por profissionais capacitados. A construção de redes de apoio comunitário proporciona um ambiente acolhedor para que as mães compartilhem experiências, troquem informações e recebam suporte emocional, o que fortaleça seu bem-estar e facilite a recuperação, além de promover uma maior conscientização sobre a depressão pós-parto deve ser abordada de forma multidisciplinar, garantindo que as mães recebam o suporte necessário para enfrentar os desafios emocionais e físicos associados.
A atenção integral deve ser garantida por equipes multidisciplinares que criam planos de cuidados personalizados. A educação sobre a DPP e o acesso facilitado ao tratamento, incluindo a telemedicina, são essenciais. Para enfrentar a DPP de forma eficaz as políticas públicas podem ficar em monitoramento contínuo e o acompanhamento próximo das mães, com visitas domiciliares e suporte emocional que são fundamentais para ajustar as intervenções às suas necessidades e promover uma o bem-estar mental e emocional das mães, garantindo que se sintam reforçados e seguros durante o período de recuperação.
Essa colaboração fortalece vínculos familiares e promove o desenvolvimento saudável do bebê, tornando o enfrentamento da DPP uma responsabilidade compartilhada, com um sistema de apoio robusto que garante um ambiente seguro e acolhedor, facilita o acesso a recursos e contribui para a recuperação emocional das mães, benéfica toda a família e promove o bem-estar de todos os membros.
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1Graduanda do curso de Enfermagem no Centro Universitário IESB. E-mail: josimarabrito2013@gmail.com https://orcid.org/0009-0006-5296-898X
2Graduanda do curso de Enfermagem no Centro Universitário IESB. E-mail: wanessinha22sa@gmail.com https://orcid.org/0009-0004-7315-2061
3Docente do curso de Enfermagem no Centro Universitário IESB. Mestre em Ciências e Tecnologias em Saúde pela Universidade de Brasília. E-mail: enf.izabellamorais@gmail.com
https://orcid.org/0000-0001-8923-6420