AS DIFICULDADES PSICOSSOCIAIS ENFRENTADAS PELOS IDOSOS NO CENÁRIO DE PANDEMIA DA COVID-19

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8172630


¹Felipe Silva Ribeiro
²Quimilda Gabriela Machado de Castro Alves Pontes Soares
³Vilton de Lima Martins Filho
4Gyovanna Cardoso da Silva
5Fhilipe Gomes de Figueredo
6Luma Crys Pinheiro Lima
7Gabriel Antônio Sousa do Nascimento
8Roberta Livia Barbosa de Brito
9Fernanda Oliveira Andrade Rabelo
10Luís Augusto Pereira da Silva


RESUMO

É de conhecimento público as sinérgicas mudanças ocasionadas pela pandemia do Sars-CoV-2 que foram responsáveis por modificar aspectos sociais, econômicos e comportamentais da comunidade global, afetando todos os grupos etários. Dentro dessa conjuntura, apesar de tais mudanças atingirem todo o corpo social, os idosos foram afetados de forma mais agressiva por esse novo cenário, causando o agravamento de diversas complicações, dentre elas as patologias psicossociais, como a depressão, a ansiedade, o sentimento de solidão e de abandono, a falta de lazer e o pouco entendimento sobre a própria pandemia. A consequência desse quadro desafiador, indubitavelmente, é o aumento do consumo de medicamentos e a diminuição da qualidade de vida dos senis. Portanto, ao diagnosticar os entraves associados ao isolamento de tal grupo é possível refletir sobre medidas interventivas, as quais têm como objetivo resgatar a qualidade de vida dos idosos.

Palavras-chave: Saúde Mental; Doenças; SARS-CoV-2; Isolamento

Abstract: It is public knowledge as synergistic changes caused by the Sars-CoV-2 pandemic that were responsible for modifying social, economic and behavioral aspects of the global community, affecting all age groups. Within this conjuncture, despite such changes affecting the whole social body, the elderly was more aggressively affected by this new scenario, causing the aggravation of several complications, among them psychosocial pathologies, such as depression, anxiety, the feeling of loneliness and abandonment, lack of leisure and little understanding of the pandemic itself. The consequence of this challenging situation, undoubtedly, is the increase in the consumption of medicines and a decrease in the quality of life of the senile. Therefore, when diagnosing the barriers associated with the isolation of such a group, it is possible to reflect on intervention measures, such as which aim to rescue the quality of life of the elderly.

Keywords: Mental Health; Diseases; SARS-CoV-2; Isolation

INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) no final de dezembro de 2019 esse órgão internacional foi notificado sobre casos de pneumonia que foram causadas por uma nova mutação do Coronavírus ocorrido na cidade de Wuhan, na China; semanas após o ocorrido, autoridades chinesas confirmaram a existência do novo vírus, catalogando como SARS-CoV-2. O impacto dessa situação se estabeleceu com a formação de um cenário global de emergência de Saúde Pública, sobretudo, causado pela rápida disseminação desse microrganismo. No início de 2020 esse cenário de alerta já se estabelecia em todos os continentes, chegando também, ao Brasil.

Diante dos impactos que a covid-19 trouxe, este artigo possui como objetivo refletir sobre as mudanças repentinas nos contextos sociais, ambientais, comportamentais e psicológicos que causaram o isolamento principalmente dos anciãos e como consequência o agravamento das doenças psicológicas entre os idosos de Porto Nacional – TO, além de propor mudanças estratégicas, precisas, inteligentes e facilmente exequíveis para a redefinição desse quadro deletério.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, a necessidade de interromper qualquer tipo de aglomeração influiu no dia a dia dos indivíduos. Esse isolamento social, estabelecido bruscamente, destinado principalmente aos idosos, causou uma modificação nas atividades realizadas diariamente por esse grupo, atividades essas mesmo que simples, como sair para fazer caminhada, ir a um mercado, conversar na porta de casa ou jogar baralho com amigos eram de extrema importância para a manutenção da saúde mental deles. No entanto, essas ações foram extinguidas sem uma abordagem psicoterápica instrucional por parte tanto das autoridades do País, Estado ou Municípios, quanto pelos próprios familiares, ficando de lado a instrução sobre as novas circunstâncias impostas aos avançados de idade, já que foram considerados os principais do grupo de risco.

Esse quadro atípico para a maioria dos senis causou o agravamento das doenças psicológicas, como a ansiedade, a depressão e o pânico, as quais foram cultivadas por outras problemáticas intrínsecas às modificações trazidas pela pandemia. Dessa maneira, por causar consequências tão severas que podem desencadear em problemas mais complexos e até mesmo em suicídio, é irrefutável a urgência em discutir as complicações psicossociais que principalmente os idosos estão enfrentando nessa nova realidade angustiante.

Em primeira análise, sobre as implicações que motivam a problemática, um dos primeiros impactos foi o pouco entendimento sobre o porquê a necessidade de um isolamento tão rápido e extremo, o que deixou esse grupo desorientado, confuso e amedrontado. Além disso, o excesso de informações sensacionalistas vinculadas pelos principais meios de comunicações que atingem esse público – televisão e jornal – são responsáveis por provocar e agravar patologias psicossociais nos mais velhos.

Ademais, visualizando essa mazela social por outra ótica, o pouco convívio familiar da pessoa idosa também agrava essa conjuntura de isolamento social. Isso ocorre porque mesmo antes da pandemia boa parte dos avançados de idade já possuíam sentimento de solidão em suas casas, por não possuírem contato diário com seus familiares, a exemplo da contratação de cuidadores ou o abandono em casas de repouso. Ao aprofundar esse ponto de vista por uma análise fisiopatológica, a América PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences) relata que o abandono familiar pode desenvolver situações de estresse elevado, as quais desencadeiam respostas inflamatórias, reduzindo a produção de leucócitos (defesa do organismo), o que diminui, consequentemente, a imunidade do organismo. Tal estudo ratifica a problemática do agravamento de patologias sobre os senis por causa do abandono familiar em função do isolamento social.

Essa situação de agravamento de doenças traz consigo outro entrave: o aumento do uso de medicamentos pelo grupo da terceira idade, dentre eles está o uso desmedido de remédios para imunidade, gripes, alergias e inflamações, além de, principalmente, a utilização dos ansiolíticos, como antidepressivos e alguns contra ansiedade, causando até mesmo hipocondria nos senis como consequência da síndrome de pânico, medo e do sentimento de abandono diante do isolamento domiciliar trazido pela pandemia.

Outrossim, é válido especificar como essa problemática atingiu os idosos de alta vulnerabilidade social, uma vez que há dentro desse grupo aqueles em situação de rua. Desse modo, analisando o contexto do estado do Tocantins, onde há a participação de parte do financiamento público de apenas dois Institutos de Longa Permanência de Idosos (ILPI); tal situação denuncia a omissão do estado com essa parcela dos avançados de idade, uma vez que uma dessas instituições, a Joao 23 está ameaçada de fechar por causa do pouco número de funcionários e de problemas na estrutura, de acordo com matéria pública em 2017 pelo veículo de informações G1. Essa conjuntura de desrespeito mostra a omissão do Estado do Tocantins no que concerne à promoção da saúde que foi discutida desde 1986 pela Carta de Ottawa já que um dos pontos pré-estabelecidos por essa carta é a Elaboração e a Implementação de Políticas Públicas Saudáveis.

Em última análise, mas não menos importante, outros segmentos da vida social do idoso que sofreu implicações foi o lazer e a atividade física. Dentro dessa perspectiva, o instituto Locomotiva fez estudos em junho de 2020 que indicaram que a faixa etária que mais ia às ruas eram as pessoas com mais de 60 anos de idade, dentre diversas atividades, está o lazer que, no entanto, é prejudico por causa da ausência de uma rede de apoio no Tocantins. Essa pesquisa denuncia a omissão do Estado com as atividades diária dos senis, comprovando o que já foi discutido sobre amparo estatal em relação a esse grupo principalmente nas cidades do Tocantins. Assim, a falta de lazer e de atividade física implica não só no agravo de doenças como diabetes e hipertensão que já são comuns nos mais velhos, mas também no aumento dos transtornos de ansiedade, como síndrome do pânico, fobia especifica e social, transtorno obsessivo-compulsivo e distúrbio de ansiedade generalizada. Ademais, além de todo um leque de doenças psíquicas, de acordo com a OMS as mudanças de humor e comportamento e as demências são as principais agravadas nos idosos.

REFERENCIAL METODOLÓGICO

Diante dessa situação adversa e prejudicial para grande parcela dos idosos, esse estudo de revisão bibliográfica qualitativa de caráter descritivo desenvolvido por alunos do curso de medicina do primeiro período do Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC) tem como disposição tornar necessário a realização de um plano interventivo preciso e fortemente exequível, pois é preciso levar em consideração os aspectos sanitários e momento de instabilidade causado pelo Sars-CoV-2.

Assim, a escuta qualificada pode ser um dos principais agentes aliados na luta contra o sentimento de solidão dos senis, além de poder ser feita via telefone e internet, respeitando o distanciamento social. Esse projeto será realizado pelos próprios acadêmicos, os quais valeram da capacitação inicial sobre como desenvolver uma escuta qualificada, por meio do acesso ao corpo de psicologia da rede de Porto Nacional – TO ou através de psicólogo(a) particular. Dessa maneira, será possível não só escutar os idosos que estão isolados, com pouco contato e diálogo dentro de casa, mas também será promovido uma conversa segura para eles. Esse grupo de idosos será identificado através do auxílio da agente comunitária que possuir mais pessoas desse grupo.

Esse diálogo ocorrerá duas vezes por semana com cada um do grupo estudado e a conversa será conduzida com informações básicas sobre a pandemia para elucida-los do que realmente está acontecendo, além de ter como objetivo descontruir o sensacionalismo que é imposto por alguns veículos de comunicação, pois sabe-se que algumas notícias são veiculadas de modo exagerado para atrair o interesse do espectador; todavia, esse artificio midiático pode ser responsável por agravar as patologias psicossociais dos avançados de idade.

Outrossim, é preciso ter uma visão macro do problema e consequentemente da solução para ele. Por isso, além da escuta qualificada, a realização de uma cartilha – Manual da Diversão e Saúde – que será entregue semanalmente atingirá não só dos senis que possuem telefone ou celular em casa, mas também os mais vulneráveis socialmente que não possuam esses aparelhos, como alguns que estão nos ILPI. Portanto, essa cartilha terá caráter informativo, instrucional e lúdico, a qual será composta por informações básicas sobre a pandemia, a necessidade do isolamento social, porque a visita dos parentes e amigos cessaram, além de texto com caráter de resiliente e esperançoso para que os idosos tenham paciência e que sejam fortes com essa situação, visando o fim dela. A parte lúdica contará com cinco jogos de fácil compreensão, dentre eles: caça palavra, palavras cruzadas, quebra cabeça reformável, jogo dos 7 erros, sudoku. Tais jogos serão relacionados com o contexto da pandemia e com palavras ligadas à esperança e à resiliência para que os senis, além de distraírem-se, possam também absorver algo de benéfico para a saúde mental deles, para que, por conseguinte, ocorra a redução da ansiedade, da depressão e do pânico entre esse grupo.

Dessa maneira, apesar da existência da pandemia causada por um vírus que possui chances letais, a importância do isolamento será preservada, mas as doenças psíquicas trazidas por ele também terão a devida atenção, uma vez que a existência de uma patologia não exclui o desenvolvimento de outras. Tal pensamento é legitimado por pesquisas, como a feita por pesquisadores da universidade de Chicago, os quais descobriram que o isolamento pode aumentar o risco de morte em 14% nas faixas etárias mais avançadas. Esse estudo corrobora a importância dessa intervenção.

Após a pandemia, o projeto contará com a criação de grupos com os idosos anteriormente cadastrados na escuta qualificada e que recebiam o manual, nessa parte do projeto será disponibilizados jogos de tabuleiro e rodas de conversas para os encontros semanais em espaços públicos da cidade. Ademais, os acadêmicos, junto a uma das Unidades Básicas de Saúde, poderão desenvolver, se utilizando do trabalho em equipe interdisciplinar, com psicólogos, médicos, dentistas, enfermeiros, um dia mensal voltado para a saúde mental dos idosos, no qual, esse dia será destinado exclusivamente a esse grupo, onde ocorrerá palestras, rodas de conversas e atividades com os idosos. Essa parte 2 do projeto tem como objetivo não só manter a visibilidade de cuidado com o grupo de risco, não acabando, assim, os cuidados com ele pós-pandemia, mas também servirá para ressocializar o indivíduo senil no âmago social e consequentemente promover, de modo constante, ações de saúde psíquica para os avançados de idade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em diversas culturas como a japonesa e a indígena, a figura do idoso carrega consigo um espectro gigantesco de valorização por causa da sua experiência a mais que os outros indivíduos. O objetivo deste projeto vai além de apenas propor intervenções para melhorar a condição psíquica dos idosos no cenário de pandemia da Covid-1

de um olhar sensível e aprofundado que precisa ser dado à terceira idade para revelar a importância do cuidado integral com o grupo em questão. É preciso não só garantir a saúde do idoso para que ele tenha seus últimos dias em paz, é inquestionável garantir uma boa qualidade de vida para sujeitos que depois de anos de luta diária nas suas vivências, possam ter a real valorização que merecem. Este estudo convoca cada leitor, desde os menos instruídos até os especialistas no assunto a possuírem uma visão ampliada de que a qualidade de vida contempla todos os Determinantes Sociais da Saúde, mas que é preciso dá uma atenção elevada aos idosos diante da atual conjuntura de isolamento social. Mas que é preciso dá uma atenção elevada aos aspectos psíquicos dos idosos diante da atual conjuntura de isolamento social.

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Ver. Bras. Geriatr. Gerentol. A Pessoa idosa domiciliada sob distanciamento social: possibilidades de enfrentamento a covid-19. Fev:2020. Acesso em 10 dez 2020

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¹Graduando em Medicina
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