REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11627382
Elenice Teresinha Steiger De Mattia
Rosa Emilia Silva Vieira Dos Santos
Resumo
Um dos maiores desafios da hipertensão arterial sistêmica (HAS) é a adesão ao tratamento, de acordo com essa afirmação, esse estudo mostra a dificuldade diária em seguir as recomendações médicas dos idosos, além disso identificar os principais pontos negativos nesse processo. Trata-se de um estudo descritivo, realizado com 10 hipertensos, na Estratégia da Saúde da Família do Belo Horizonte em Medianeira-PR, com cerca de 50% homens e 50% mulheres, todos assistidos pela equipe da ESF. Os dados foram obtidos a partir de um questionário aplicado, referenciado de acordo ao questionário sócio demográfico e o teste de Morisky-Green. Buscando através desse estudo um auxílio para intervenções sobre a assistências com os idosos com HAS, a fim de possibilitar um aumento na taxa de adesão ao tratamento.
Palavras-chaves: HAS; Saúde Pública; Pressão Alta.
1. INTRODUÇÃO
O envelhecer do indivíduo é um processo fisiológico natural, sendo a visão do envelhecimento uma abordagem global do desenvolvimento humano. Isso exige da enfermagem um olhar holístico sobre os conhecimentos de cada indivíduo-idoso. O aumento da população idosa vem ocorrendo de forma rápida e progressiva, exigindo que os profissionais da saúde, em especial os enfermeiros, estejam capacitados para atender as especificidades desta etapa da vida, melhorando e qualificando a assistência prestada (OLIVEIRA; TAVARES, 2010).
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), é considerado idoso aqueles que apresentam acima de 65 anos. Portanto, lugares que têm uma perspectiva inferior de vida como o Brasil, estipula-se 60 anos segundo o Estatuto do Idoso (SILVA et al.,2010). Atualmente, os idosos representam 14,3% dos brasileiros, ou seja, 29,3 milhões de pessoas (IBGE, 2022).
O paciente idoso que se encontra com problemas crônicos de saúde deve ter uma atenção integral. Nesse sentido as políticas públicas em saúde ao idoso, profissionais capacitados e a família, devem buscar meios de prevenir e/ ou minimizar os efeitos negativos do estado de saúde do paciente, além de orientar quanto ao autocuidado (SILVA et al., 2017).
Fatores associados à hipertensão arterial podem agravar a condição de saúde do idoso. Essas morbidades requerem controle e desconforto ao idoso desestimulando-os a continuar o tratamento (RAMOS, FILHA, SILVA. 2015).
O índice de adesão ou não adesão ao tratamento atinge diretamente no tratamento terapêutico. Destaca-se o papel da enfermagem, que por sua vez possibilita um alcance maior com consultas de enfermagem, buscando ativamente essas pessoas e fazendo um acompanhamento e controle. O relatório da Organização mundial da Saúde sobre adesão a terapias de longo prazo, aponta que em países desenvolvidos, a adesão entre pacientes que sofrem de doenças crônicas é em média de apenas 50%. Esse percentual é ainda menor em países em desenvolvimento, dada a escassez de recursos de saúde e as desigualdades em acesso aos cuidados de saúde (WHO, 2003)
O termo “adesão ao tratamento” retrata o nível de seguimento das orientações terapêuticas medicamentosas ou não. É uma técnica de conduta complicada, sendo influenciada pelo local, profissionais de saúde e assistência médica. A adesão é conveniente e poderia acontecer com todas as pessoas, por exemplo, hipertensas, sujeitas ao tratamento (DANIEL; VEIGA, 2013).
Entre os principais motivos apresentados para a não adesão correta ao tratamento está o esquecimento e a presunção de que a pressão arterial estava controlada. Por não conhecer sua doença, o paciente prejudica seu tratamento não mantendo hábitos adequados, assim, é importante que o hipertenso conheça e compreenda sua doença para que ocorra uma adaptação comportamental (GIROTTO et al., 2013).
2. METODOLOGIA
A definição do tipo de estudo e um bom delineamento desse estudo são a base da pesquisa científica de qualidade (ESTRELA, 2018). Esta pesquisa teve como finalidade a realização de um estudo de abordagem quantitativa nas dificuldades dos idosos hipertensos na adesão ao tratamento, direcionada à obtenção de levantamento de dados descritivos, analisando estatisticamente os resultados (MANZATO, 2012).
A presente pesquisa foi realizada em uma Estratégia Saúde da Família (ESF) Belo Horizonte no Município de Medianeira-PR, através de uma busca a hipertensos de ambos os sexos a fim de se caracterizar o perfil dos mesmos com busca ativa, abordando-se a adesão ao tratamento ou dúvidas, consultas de rotina, atividades físicas e boa comunicação com a equipe da Unidade Básica de saúde.
Para o cálculo da amostra foram considerados os pacientes acompanhados de dezembro de 2023 a fevereiro de 2024, nas quintas-feiras agendados para estratificação de risco, representando o total de 10 pacientes. Com o erro amostral de 5% e o nível de confiança de 90%, a amostra será constituída de 9 participantes. Transcorreu como instrumento de coleta de dados um questionário estruturado quantitativo, sendo utilizado o teste de Morisky-Green que permitiu mensurar o grau de adesão ao tratamento de hipertensão arterial (HAS). (MORISKY et al.,1986).
Para a região o presente projeto contribuiu e atualizou os dados a respeito dos idosos, da microrregião de Medianeira, trouxe a percepção de abordagem no controle dessa população. Os participantes poderão compreender a importância do acompanhamento da pressão arterial (PA). Foi fornecido e lido o termo de consentimento a todos os participantes e explicado do de forma clara o seu conteúdo e que não serão divulgados os nomes dos entrevistados preservando a identidade, sendo apenas identificados em falas como paciente 1 (P1). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa da Faculdade Uniguaçu conforme estabelecido na Resolução 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde, garantindo-se o sigilo de Identidade, além da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial, caracterizada pela elevação sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg. Frequentemente se associa a distúrbios metabólicos, a alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo. Por esse fato, é um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo, sendo a principal causa para desenvolvimento de doenças cardiovasculares (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2016).
Entrevistado no total 10 pacientes hipertensos, sendo 3 homens e 7 mulheres, que variam de 60 a 72 anos, entre os mesmos há 4 mulheres obesas e 4 diabéticas, e dois homens obesos. Todos os participantes da pesquisa apenas possuem o ensino fundamental completo, porém vivem em condições socioeconômicas baixas, recebendo auxílio previdenciário em torno de um salário mínimo e residem apenas o casal ou junto à um com familiares, os mesmos reclamaram nas condições financeiras, pois tendo as despesas da casa e se tiver que comprar alguma medicação quando não tem na rede pública, fica difícil o tratamento.
São acompanhados pela equipe da estratégia da saúde da família com consultas regulares para renovação de receita a cada 6 meses e as medicações são fornecidas pelo SUS ou pela farmácia popular.
Este resultado colabora com os estudos de Pimenta et al., (2015) e Brito Vieira et al., (2016), os quais observaram que a maior parte dos pacientes era do sexo feminino, pelo fato de as mulheres zelarem mais por sua saúde, o que contribui para um tratamento antecipado.
FIGURA 1. Participantes da pesquisa.
O que chamou a atenção foi que todos demonstraram saber o que significa ser hipertenso, mesmo com a ausência de sintomas, os pacientes entrevistados referiram que não abandonaram o tratamento. Devido às crises hipertensivo podem ocorrer algumas complicações e outros problemas de saúde, para evitar que ocorra é importante fazer o acompanhamento da pressão arterial, como método de prevenção. Mesmo assintomáticos e sem apresentar nenhuma complicação decorrente da HAS, acreditam ser importante manter o tratamento adequado, principalmente como prevenir complicações a longo prazo “ não se sentem doentes”. Como depoimento de uma paciente do sexo feminino de 71 anos (P1)
“Eu tomo os dias de pressão, isso é sagrado”.
Uma das dificuldades no início do tratamento é que alguns pacientes apresentam efeitos adversos, o que os faz sentirem-se, a partir de então, “doentes” e acharem que a medicação não está fazendo efeito. Mas na realidade, os sintomas são os relativos aos efeitos colaterais dos medicamentos, até a adaptação do organismo. Destaca-se paciente assintomático, sendo diagnosticado de HAS pelo médico através de resultados de exames laboratoriais e sintomas apresentados pelo paciente. Conforme relato de um paciente do sexo masculino de 67 anos (P2).
“Sou magro e não sinto nada, de vez em quando uma dor de cabeça tomo uma dipirona e passa”.
Pois o tratamento da HAS baseia-se em medidas não-farmacológicas também, em relação a mudança no estilo de vida, incluindo os cuidados com dieta com restrição de sal, redução de peso, atividade física regular, abandono do tabagismo e do álcool. Todos os participantes da pesquisa não participam de nenhum grupo do programa de hipertensos e de atividades físicas estando acima do peso.
FIGURA 2. Caracterização do perfil demográfico dos idosos acometidos pela HAS.
Segundo Dourado, (2011), os fatores para não adesão ao tratamento são os seguintes: esquecimento, sintomatologia, desmotivação e numerosos comprimidos. O paciente também possui dificuldades na mudança de estilo de vida e falta de instrução quanto ao tratamento. Os idosos necessitam de uma atenção especial por parte dos profissionais. Pela idade já não apresentam motivação para aderir ao tratamento. Alguns fazem o uso apenas da terapia medicamentosa sem ter nenhum outro cuidado com a saúde, o que requer atenção e assistência por parte da Equipe de Saúde da Família (ESF).
Conclui-se que os idosos com HAS vivenciam muitas situações de risco: idade, baixo nível de escolaridade, uso de tabaco e de álcool e obesidade. Assim, ações que minimizem ou controlem essas situações são de suma importância. Mesmo os fatores citados, conseguem superar e enfrentar o cotidiano e ter uma boa qualidade de vida.
O presente estudo ofereceu um diagnóstico do estado de saúde dos idosos entrevistados, dando uma base para o planejamento da assistência de enfermagem voltada para esse público, promovendo saúde e prevenção de complicações, consequentemente uma melhoria na saúde e na qualidade de vida destes.
4. CONCLUSÃO
Podemos evidenciar que os pacientes em questão avaliados na ESF, avaliados pela profissional de saúde se baseiam em sintomas colaterais advindos das medicações de controle. A análise contribuiu para um balanço e relação dos idosos hipertensos que fazem tratamento contínuo, detectando os diversos motivos na adesão do tratamento.
Essa investigação buscou incluir idosos tanto masculino como feminino com o intuito de intervir em algum caso de acordo com a necessidade do paciente. Buscando uma promoção e qualidade de vida dessa faixa etária com morbidade.
Vale ressaltar que a pesquisa apresentada incluiu vários fatores e diferenças de acordo com cada paciente, e que para que possam ter um resultado preciso nas intervenções, devemos trabalhar com a equipe multiprofissional e com diferentes estratégias para alcançarmos as diferenças de todos.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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