AS DIFFICULTIES OF THE SCHOOL PHYSICAL EDUCATION TEACHER IN FIGHT TEACHING IN SANTARÉM CITY, PARÁ
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8264858
Ringo de Sousa Reis¹
Victor Peleja dos Santos²
Erivelton Ferreira Sá³
RESUMO
As lutas se estabeleceram no último período como um dos eixos curriculares da Educação Física escolar. No entanto, muitos fatores têm sido apontados como dificultantes no ensino dessas práticas corporais na escola. Neste sentido, esta investigação teve como objetivo geral verificar as dificuldades enfrentados pelos professores de Educação Física escolar no ensino das lutas no município de Santarém, Pará. Como metodologia adotamos uma abordagem qualitativa, com pesquisa descritiva e de campo, na qual realizamos uma entrevista semiestruturada gravada em áudio com 20 professores de Educação Física da Rede Pública Municipal de Santarém, Pará. A análise dos dados foi do tipo Análise de Conteúdo temático/categorial de Bardin (2011). Como principais resultados verificamos que apesar da temática das lutas ser tratada na formação inicial dos professores participantes da pesquisa estes sentem, ainda, muitas dificuldades em ministrar este conteúdo na escola em decorrência de falta de conhecimento, dificuldades decorrentes de infraestrutura inadequada das escolas e falta de materiais, umas das hipóteses para essa realidade decorre da quantidade insuficiente de formações continuadas sobre lutas apontadas pelos professores. Grande parte dos docentes afirmam não conseguir desenvolver estratégias para lidar com estas dificuldades, outros, por sua vez acabam por convidar mestres de artes marciais para ministrar estas atividades. Apesar disto, todos os docentes consideram as lutas como relevantes para a formação dos educandos. Concluímos, que um sólido processo de formação continuada dos professores da rede municipal de Santarém, poderia contribuir significativamente para a transformação da realidade encontrada.
Palavras-chave: Ensino de Lutas. Prática docente. Dificuldades docentes. Educação Física Escolar.
ABSTRACT
The struggles are established in the last period as one of the curricular axes of school Physical Education. However, many factors have been pointed out as hindering the teaching of these corporate practices at school. In this sense, this research had as general objective to verify as difficulties faced by the Physical Education teachers in the teaching of schools in the city of Santarém, Pará. As the adopted methodology is a qualitative approach, with descriptive and field research, in which a semi-structured audio recorded interview with 20 Physical Education teachers from the Municipal Public Network of Santarém, Pará. An analysis of the data was of the Thematic / Categorical Content Analysis by Bardin (2011). As the main results verified, although the theme of the classes are dealt with in the initial formation of the teachers participating in the research, these difficulties are still difficult to teach at school due to lack of knowledge, difficulties of inadequate use of schools and lack of materials, some of them. hypotheses for this reality decorate the insufficient amount of continuing training on the struggles pointed out by teachers. Most of the documents claim to be unable to develop strategies to deal with these difficulties, others in turn finished inviting martial arts masters to minister these activities. Nevertheless, all documents are considered relevant for the education of students. To conclude, that a solid process of continuous formation of teachers of the municipal network of Santarém, could contribute to the increase of the transformation found in reality.
Keywords: Fight Teaching. Teaching practice. Teaching difficulties. School Physical Education.
1 INTRODUÇÃO
As lutas estão presentes no cotidiano do ser humano desde os primórdios da humanidade, e foram evoluindo de acordo com as necessidades do homem. No início eram utilizadas para a sobrevivência do ser humano como na caça, para se defender de animais ou até mesmo de outros humanos.
No entanto, quando falamos do universo que gira em torno dessas práticas corporais, algumas terminologias acabam por se confundir, e a princípio, ao menos no imaginário popular, parecem ter um mesmo significado. No entanto, Campos (2014) e Rufino e Darido (2015) afirmam que essa aparente semelhança nos termos Lutas, Artes Marciais e Modalidades Esportivas de Combates, carrega na verdade conceitos e concepções distintas.
No que se refere às Artes Marciais, Campos (2014) afirma que este termo remete ao deus romano da guerra Marte, e designam confrontos entre oponentes com ou sem a utilização de armas. O autor destaca, ainda, que o termo arte marcial de forma prática caracteriza o ensino de técnicas de oposição entre oponentes com a intenção de se defender em uma ocasião de guerra.
Por sua vez, a designação “modalidades esportivas de combate” ou simplesmente esportes de combate dizem respeito às características adotadas por determinadas lutas a fim de possibilitar competições esportivas entre seus praticantes. Campos (2014) destaca que os esportes de combate se diferenciam das artes marciais pois são regidos por regras rígidas e universais, que ditam os preceitos a serem seguidos para tentar superar um oponente em determinado momento, cabendo ao vencedor uma premiação. Por outro lado, o mesmo autor, destaca que muitas artes marciais passaram por esse processo de esportivização dando origem a esportes de combate.
Concordamos com Campos (2014), que ao tratar de uma proposta de ensino das práticas corporais que envolvem oposição na escola o termo mais apropriado a ser utilizado refere-se às “Lutas”. Esta conceituação é mais abrangente que as anteriores, sendo capaz de agregar o sentido de oposição e confronto; os aspectos filosóficos e teológicos presentes em certas artes marciais e as codificações encontradas nas regras das modalidades esportivas de combate.
Rufino e Darido (2015) apresentam algumas características das lutas; oposição entre oponentes que envolvem sempre certos níveis de contato; regras instituídas que orientam as ações e a tomada de decisão dos lutadores; certo grau de imprevisibilidade nas ações do adversário; ações defensivas e ofensivas realizadas concomitantemente em um alvo móvel personificado no oponente; enfrentamento físico em um embate corporal com intuito de subjugar o oponente.
Do ponto de vista histórico, Cartaxo (2011) afirma que as lutas surgiram em diferentes aspectos no mundo todo, mas as que tiveram mais evidências no contexto histórico da humanidade apareceram entre os povos do oriente a mais de 5.000 anos a.C. Os povos indianos existentes nesse período usavam de sua disciplina rígida para estudar, através de observação, o movimento dos animais na luta por sua sobrevivência. Eles estudavam, adaptavam e treinavam repetidamente esses movimentos para posteriormente, munidos dessa nova habilidade, utilizá-los em práticas de guerra. Através da observação de alguns animais, desenvolveram métodos de defesa como se fossem presas. Da observação de outros animais, desenvolveram métodos de ataques como predadores. Assim deu-se origem a luta sem armas.
Inúmeras modalidades de lutas foram criadas, algumas desapareceram com o passar do tempo, outras se perpetuaram e existem até os dias atuais. Dessa forma, as modalidades existentes podem ser classificadas como: lutas de aproximação, lutas de agarre e lutas com implemento (RUFINO; DARIDO, 2015).
Sendo assim, Rufino e Darido (2015) apontam que as lutas fazem parte de cultura corporal, ou seja, são práticas historicamente importantes e que acompanham os seres humanos ao longo do tempo, sendo uma das mais elementares manifestações dessa cultura. Rufino e Darido (2015) afirmam ainda que as lutas são manifestações inseridas na esfera da cultura corporal, fazendo parte do modo de ser das pessoas e das sociedades de diferentes formas ao longo da história.
Dessa forma, Soares et al; (2012), dizem que as práticas relacionadas à esfera da cultura corporal de movimento, dentro de suas especificidades, têm se constituído social e historicamente como os conteúdos escolares que devem ser ensinados durante as aulas de Educação Física, compreendida como componente curricular da educação básica.
Para Brasil (1997), a Educação Física permite, desde os primeiros anos de ensino, que os alunos vivenciem as mais diversas práticas corporais advindas das diferentes manifestações culturais que estão presentes no seu cotidiano. Nesse sentido as danças, lutas, esportes, ginásticas e jogos constituem um vasto acervo cultual que deve ser valorizado, conhecido e desfrutado.
É evidente a inserção da temática das lutas como um importante conteúdo a ser ensinado nas aulas de Educação Física na escola, como uma das práticas que compõem o universo da cultura corporal. É necessário compreender, no entanto, os processos didáticos e metodológicos que contribuem para a efetivação do processo de ensino e aprendizagem das lutas na escola (RUFINO, DARIDO, 2015)
Contudo, muitas vezes, o ensino de tais manifestações tem apresentado dificuldades de tratamento pedagógico na escola (CALDEIRA, 2001; KIRK, 2010; BRACHT, 2010; GONZÁLEZ; FENSTERSEIFER, 2010). Neste sentido, esta pesquisa justifica-se na tentativa de elucidar quais as dificuldades encontradas no município Santarém, Pará acerca do ensino do conteúdo lutas nas escolas. Isto porque a diversificação e ampliação de práticas corporais existentes no âmbito da cultura corporal, cujas vivências devem ser possibilitadas aos alunos nos educandários, perpassa pelas lutas como objeto de conhecimento curriculares obrigatórios presentes na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017). O estudo mostra-se ainda importante pelo aprofundamento do debate científico em torno do trato pedagógico do conteúdo curricular lutas na Educação Física escolar. A proposta desta investigação é relevante tendo em vista os aspectos da autonomia, criticidade, emancipação e a construção de conhecimentos significativos que estas práticas corporais podem possibilitar aos alunos. As reflexões que apontam para a cultura corporal de movimento como o conjunto de conhecimentos que devem ser “tematizados” pela Educação Física podem municiar, pedagogicamente, para construir possibilidades metodológicas para o trato específico deste tema.
Alguns autores apontam que as lutas têm suscitado dúvidas aos professores durante a prática pedagógica, seja por dificuldades de domínio destes conteúdos (BARROS; GABRIEL, 2011; NASCIMENTO; ALMEIDA, 2007), por desconhecimento e preconceito com relação a estas práticas (DEL VECCHIO; FRANCHINI, 2006; RUFINO; DARIDO, 2011) ou ainda devido a produção acadêmica insuficiente que possa subsidiar as ações profissionais (CORREIA; FRANCHINI, 2010; RUFINO; DARIDO, 2012).
Entende- se que é o professor de Educação Física o profissional adequado para abordar essa temática durante as aulas da disciplina Educação Física na escola, trazendo consigo conhecimentos prévios de como desenvolve-lo de forma consciente e segura. A escola seria também responsável pelo desenvolvimento progressivo das muitas linguagens do aluno, sendo florescidas as características para o seu exercício da cidadania durante a vida, nesse sentido as lutas são importantes vivências para estarem presentes nesse contexto.
De acordo com Rufino e Darido (2013), a Educação Física é um conjunto de atividades planejadas e estruturadas que visam explorar as capacidades físicas aplicado ao movimento humano através da prática de atividades corporais.
O ideário de uma Educação Física Escolar é aquela que o aluno tem a oportunidade de experenciar as vivencias ao máximo através de diversas praticas corporais como: Esportes, Jogos, Lutas, Ginásticas, Atividades Rítmicas e Expressivas, de acordo com (Parâmetros Curriculares Nacionais) PCN’s (LEITE, et al, 2012).
As artes marciais, não são apenas modalidades como Judô, Karatê ou Jiu-jitsu, mas a prática informal, que possibilita ao educando a abordagem das artes marciais de outras formas dentro da educação física escolar (FERREIRA, 2006)
Segundo os PCN’s, as danças, esportes, lutas, jogos e ginásticas, tem um enorme valor cultural e precisa ser valorizado e reconhecido na prática da Educação Física (BRASIL, 1997).
Mesmo com todo o potencial pedagógico as lutas são conteúdos pouco trabalhados nas escolas devido à falta de especialidade dos professores entre outros problemas que se pretende investigar. Neste sentido partimos da questão problema: Quais as dificuldades enfrentadas pelos professores de Educação Física escolar no ensino das lutas no município de Santarém-Pa? E traçamos como objetivo geral: Verificar as dificuldades enfrentados pelos professores de Educação Física escolar no ensino das lutas no município de Santarém, Pará.
E como objetivos específicos: (1) Verificar se a formação do professor de Educação Física escolar contemplou conteúdos relacionados às lutas; (2) Analisar se o professor de Educação Física escolar desenvolve atividades de lutas como conteúdo da disciplina; (3) Relacionar as principais dificuldades que o professor de Educação Física escolar possui para desenvolver atividades que abordem o conteúdo lutas. (4) Identificar quais estratégias os professores de Educação Física utilizam para enfrentar as dificuldades no trabalho com lutas na escola.
Como hipótese inicial de pesquisa partimos do pressuposto de que as dificuldades apontadas pelos professores de Educação Física para o trabalho com as lutas na escola vão se relacionar com defasagens na sua formação inicial; com condições de trabalho referentes à espaços e materiais inapropriados ou em falta; e com problemas de relações interpessoais relativos ao preconceito e analogia imediata feita entre lutas e comportamento violento.
2 Lutas e Educação Física Escolar: um debate necessário
Ser profissional do ensino, na sociedade contemporânea, não é tarefa fácil visto que existem muitos fatores que influenciam no exercício profissional docente, desde sua formação até constituição profissional.
Para Ens e Donato (2011), a denominada “sociedade do conhecimento”, na qual nos encontramos imersos, traz algumas implicações para o “ser professor” visto que há uma complexidade na profissão que vivencia estado de constante tensão por conta dos desafios a ela inerentes. Nesta circunstância, ser docente é formar o aluno no intuito de prepará-lo para viver na sociedade das mudanças e incertezas, e para ser capaz de enfrentar desafios. Além disso, ao professor é almejado que ele contribua para uma melhora qualitativa da sociedade, o que só se faz quando há o “compromisso político-social na docência” para a formação cidadã dos sujeitos.
De acordo com Marcelo (2009), a profissão docente é uma “profissão do conhecimento”, sendo que são o conhecimento e o saber que legitimam tal profissão. O trabalho docente é baseado no “compromisso em transformar esse conhecimento em aprendizagens relevantes para os alunos” (Marcelo, 2009, p. 8). Nessa perspectiva, o professor é um profissional que trabalha com o conhecimento, e, para tanto, necessita ter compromisso com a aprendizagem discente.
Marcelo (2009) ressalta ainda que nos dias de hoje, ser professor se configura em compreender que tanto os alunos como o conhecimento transformam-se muito rapidamente, mais do que o que estávamos habituados, e para continuar respondendo adequadamente ao direito discente de aprender é preciso que os professores se esforcem também para continuar aprendendo. Dito de outro modo, não é só a tarefa de ensinar aos alunos, de fazê-los aprender, mas também é necessário o esforço do professor para continuar aprendendo para poder ensinar.
A Educação Física Escolar, segundo Betti (1992), se constitui como a área que trata da cultura corporal e que tem como finalidade introduzir e integrar o aluno nessa esfera, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e também transformá-la.
É importante que se deixe claro que o objetivo principal da Educação Física Escolar não é a formação de atletas, não busca obter a melhora do desempenho físico, e nem visa práticas tecnicistas que enfatizam aulas com treinamentos excessivos, repetitivos e exaustivos. O profissional de Educação Física deve ter em mente a formação de cidadãos, dando oportunidade aos menos favorecidos, incluindo os deficientes físicos e os menos habilidosos, fazendo com que conheçam seus corpos através da prática de exercícios lúdicos dentro do contexto escolar (BRASIL, 2000).
Nesse contexto, um dos importantes desafios da Educação Física Escolar é criar condições de autoconhecimento e desenvolvimento dos alunos nos domínios motores, cognitivos, afetivos e sociais, construindo assim uma vida ativa, saudável e produtiva, integrando de forma adequada e harmônica o corpo, mente e espírito por meio das vivências diferenciadas de atividade física na escola e fora dela (ALVES, 2003).
As lutas são manifestações inseridas na esfera da cultura corporal, fazendo parte do modo de ser das pessoas e das sociedades de diferentes formas ao longo da história (RUFINO; DARIDO, 2015).
As lutas são disputas em que o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinado espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Caracterizam-se por uma regulamentação específica, a fim de punir atitudes de violência e de deslealdade. Podem ser citados como exemplo de lutas desde as brincadeiras de cabo-de-guerra e braço-de-ferro até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e do caratê. (Brasil 1997).
Os PCN’s definem as lutas como ações pedagógicas excluindo a violência nas práticas, mas compreende ainda valores e atitudes. Ainda no documento oficial as lutas são definidas como disputas em que os oponentes devem ser vencidos não com força, mas com técnicas e estratégias de equilíbrio, imobilização ou falhas entre espaço na combinação de ações de ataque e defesa. Os parâmetros ainda destacam que as lutas se caracterizam por uma regulamentação específica que puni atitudes de violência e deslealdade (BRASIL, 1997).
De acordo com a BNCC todo tipo de práticas corporais podem ser consideradas pedagógicas em qualquer etapa ou modalidade de ensino desde que levem em consideração alguns critérios de progressão de conhecimento e os elementos específicos das diferentes praticas corporais caracterizando sujeitos e contextos.
No entanto, é importante distinguir os termos artes marciais e lutas, pois apesar de serem empregados ligados um ao outro como se tivessem o mesmo significado, cada um guarda em si peculiaridades que não devem ser ignoradas. Para isso partimos do princípio que toda arte marcial é uma luta, mas nem toda luta é uma arte marcial (SOUZA, 2009, p. 13).
O substantivo luta vem do latim Lucta e significa “combate com ou sem armas, entre pessoas ou grupos de disputa”, desta forma o termo luta pode ser empregado a qualquer combate entre dois ou mais indivíduos e que fazem parte da história da cultura humana enquanto que às artes marciais, mesmo empregado para designar lutas orientais, o termo artes marciais é de origem ocidental e latina referente às artes de guerra e luta. O termo artes marciais é uma composição do Latim arte, (que é o conjunto de regras para bem dizer ou fazer qualquer coisa), e martiale (referente à guerra, bélico, militar ou a guerreiros).
No que se refere a metodologia de ensino das lutas na escola, corroboramos com as ideias de jogos de oposição (DOS SANTOS, 2012; CAMPOS, 2014); Jogos de Luta (RUFINO; DARIDO, 2015) e jogos de combate (CARTAXO, 2013). Apesar de terminologias diferenciadas os autores apresentam propostas pedagógicas semelhantes que tratam as lutas através de jogos, tais jogos não devem visar apenas o divertimento e descontração, mas sim tratar de aspectos básicos de variadas lutas envolvendo princípios de ataque, defesa, oposição, e basear-se em aspectos agonísticos e lúdicos.
Pode- se dizer então que a principal diferença entre lutas e artes marciais é que esta ultima considera que os “conteúdos da cultura de origem da atividade teriam uma orientação proveniente de uma filosofia de vida, que determinaria a sua diferença com as lutas, como por exemplo: o boxe”. (DRIGO et al , 2005).
Para a Base Nacional Comum Curricular (BNCC):
A unidade temática Lutas foca nas disputas corporais, nas quais os participantes empregam técnicas, táticas e estratégias específicas para imobilizar, desequilibrar, atingir ou excluir o oponente de um determinado espaço, combinando ações de ataque e defesa dirigidas ao corpo do adversário. Dessa forma, além das lutas presentes no contexto comunitário e regional, podem ser tratadas lutas brasileiras (capoeira, huka-huka, luta marajoara etc.), bem como lutas de diversos países do mundo (judô, aikido, jiu-jí-tsu, muay thai, boxe, chinese boxing, esgrima, kendo etc.) (BRASIL, 2018, p. 176).
As lutas esportivas também são tratadas na BNCC dentro da unidade temática Esporte, mais especificamente no objeto de conhecimento denominado como categoria de esportes de combate organizada em objeto de conhecimento de acordo com contexto das esferas sociais.
3 METODOLOGIA
O estudo desenvolveu-se seguindo uma abordagem qualitativa, onde a pesquisa tem o ambiente como fonte direta dos dados. O pesquisador mantém contato direto com o ambiente e o objeto de estudo em questão, necessitando de um trabalho mais intensivo de campo (PRODANOV; FREITAS, 2013).
Tratou- se de uma pesquisa descritiva, tendo em vista que os pesquisadores buscaram analisar a frequência com que o fenômeno objeto de investigação ocorre, sua natureza, suas características, causas, relações com outros fatos. Assim, para coletar tais dados, utilizou-se de técnicas específicas, dentre as quais, nesta investigação destacou-se a entrevista (RODRIGUES, 2009).
De acordo com os procedimentos desenvolvidos neste estudo, classificou-se como pesquisa de campo, onde seu objetivo é conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual procuramos uma resposta, ou de uma hipótese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que presumimos relevantes, para analisá-los (PRODANOV; FREITAS, 2013).
Neste sentido a investigação se desenvolveu em escolas da rede pública municipal de Santarém – Pará, onde existam professores de Educação Física atuando com a disciplina Educação Física. Como participantes, este estudo contará com o universo de 20 professores de Educação Física que atuam nas referidas escolas. Além do mais, foram respeitados os seguintes critérios: Ser formado em curso de Licenciatura em Educação Física; Estar lotado no componente curricular Educação Física no ano letivo de 2019; Assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE; Apêndice 1); Atuar como docente da Educação Física há pelo menos 3 anos.
A coleta de dados foi realizada através da aplicação de uma entrevista semiestruturada com perguntas voltadas para os objetivos da pesquisa. A entrevista para Lakatos e Marconi (2003) é uma conversa efetuada face a face baseada em um roteiro de perguntas previamente elaborado, mas que estiveram aberto, caso seja necessário, a novos questionamentos no decorrer das perguntas, a fim de elucidar possíveis dúvidas que ainda persistam.
Para a análise dos dados foi utilizado a análise de conteúdo de Bardin (1977) que se caracteriza pelo desenvolvimento das seguintes fases: (1) Pré-análise; (2) exploração do material; (3) Tratamento dos resultados, inferência e interpretação.
Ressaltamos que a pesquisa seguiu os preceitos da ética em pesquisa com serem humanos descritos na Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde. Tendo sido avaliado pelo Comitê de ética em pesquisa da Universidade do Estado do Pará, campus XII, Santarém sob o parecer de aprovação 3.508.898.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apresentaremos a seguir os resultados e as respectivas discussões referentes aos resultados obtidos a partir das entrevistas realizadas com os vinte professores de Educação Física da rede pública municipal de Santarém, Pará.
Respondendo ao primeiro objetivo específico dessa investigação, que era: Verificar se a formação acadêmica do professor de Educação Física escolar contemplou conteúdos relacionados às lutas, tivemos os seguintes resultados apresentados nos quadros 1 e 2. Especificamente quando questionados se “Sua formação Acadêmica contemplou a disciplina de lutas (Artes Marciais e /ou esportes de combate? Quais disciplinas?”, os professores apresentaram as seguintes respostas:
Quadro 1- Formação acadêmica contemplou a disciplina lutas
CATEGORIA | UR | UNIDADE DE CONTEXTO |
Lutas na formação acadêmica | 17 | Prof. 5. “Sim, tivemos a disciplina de lutas no início da faculdade, mas foi algo muito genérico.” |
Ausência das lutas na formação acadêmica | 03 | Prof. 17. “Não, eu não lembro de ter essa disciplina na faculdade.” |
UR- Unidade de Registro |
Observamos que a categoria de maior recorrência foi “Lutas na formação acadêmica” representada na fala de 17 docentes, por sua vez a categoria “Ausência das lutas na formação acadêmica” foi destacada na fala de três professores. Esse resultado aponta que grande parte dos centros de formação superior já estão alinhados com as diretrizes apontadas pela Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), que apresenta as lutas como uma das Unidades temáticas do componente curricular educação Física na Educação Básica.
Acreditamos, porém, que isso decorre das orientações curriculares presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (BRASIL, 1997, 1998, 1999) que objetivam as modalidades e vivências que os alunos devam ter no ambiente escolar, descrevendo as lutas como um dos eixos do trabalho pedagógico com Educação Física na escola.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) da Educação Física oportunizam ao aluno, através da cultura de movimento humano, a incorporação de conhecimentos, valores e habilidades, expressos principalmente nas manifestações do esporte, do jogo, da ginástica, da luta e da dança.
Nas respostas obtidas através da entrevista, a fala do professor 5. “Sim, tivemos a disciplina de lutas no início da faculdade, mas foi algo muito genérico.”, nos leva a interpretar que, apesar de estar incluída na grade curricular da formação desse professor, a disciplina de lutas não é abordada de forma satisfatória, deixando o docente ainda com muitas dúvidas em relação a aplicabilidade desse conteúdo dentro do ambiente escolar, em relação a isso Rufino e Darido (2015) apontam que é muito comum que ainda existam curso de Educação Física que formam professores com conhecimentos limitados em relação a modalidade de lutas, o que gera insegurança nos novos professores que por muitas vezes se limitam a não executar essa modalidade nas suas aulas.
Em contrapartida existem muitos cursos de Educação Física que se quer tem essa disciplina no seu currículo de formação dos professores, o que é mais prejudicial ainda para os futuros professores como pode ser visto na fala do professor 17. “Não, eu não lembro de ter essa disciplina na faculdade. ”, pois, sem a vivência, ou o simples contato dessa modalidade fica mais difícil a sua inserção no ambiente escolar, nessa perspectiva Del Vecchio e Franchini (2006) indicam que a formação acadêmica, em partes, é responsável pela não inserção dessa modalidade na escola, por não oferecer em sua grade a disciplina específica, tornando assim a formação do docente deficiente desse conteúdo.
Ainda sobre sua formação acerca das modalidades de ensino de lutas, questionamos se o professor teve continuidade na sua formação, tivemos os seguintes resultados expostos no quadro 2:
Quadro 2- Você participou de alguma formação continuada com a temática lutas
CATEGORIA | UR | UNIDADE DE CONTEXTO |
Ausência de formações | 14 | Prof. 8. “ Não, só na graduação mesmo.” |
Participação em formações | 06 | Prof. 5. “Sim, fiz alguns cursinhos online, pois acho que o conteúdo deve ser explorada no ambiente escolar.” |
UR- unidade de registro. |
A formação continuada dos professores é um processo que deve servir permanente para o aprimoramento necessários à docência, que venha ser eficiente para promover uma ação docente que promova de forma efetiva as mais variadas aprendizagens. Dessa forma uma ação continuada de estudos, vivências e especialização nas modalidades de lutas, trazem um aperfeiçoamento constante na aplicabilidade desse conteúdo na escola.
Ao ser questionado quanto a formação continuada na modalidade lutas, obtivemos como categoria de maior recorrência “Ausência de formações” com 14 professores, enquanto a categoria “Participação em formações” foi destacada por 6 docentes.
Acerca das respostas dos professores de Educação Física participantes da pesquisa sobre a vivência em formações continuadas o professor 5 diz que: “Sim, fiz alguns cursinhos online, pois acho que o conteúdo deve ser explorada no ambiente escolar. ”, essa fala aponta a importância da formação continuada, pois possibilita o professor a ter uma atuação mais enérgica e confiante na hora de desenvolver determinada modalidade ao qual não o tenha tido de forma concreta, ou até, não a tenha sido apresentada na sua formação. De acordo com Contreras (2002) o objetivo da formação continuada é estimular perspectivas críticas e reflexivas aos professores de forma a fornecer possibilidades de pensamentos autônomos, propiciando uma auto formação, o que implica em investimento pessoal em vista de uma identidade profissional. Baseando-se nisso temos a concepção de que é necessária uma formação continuada, considerando a própria Educação Física como uma disciplina que passa constantemente por modificações em seus fundamentos e conceitos.
Por outro lado, o professor 8 ao responder o questionamento, afirma que não participou de formações continuadas, “Não, só na graduação mesmo”. Essa fala, assim como sua representação baseada na maioria dos entrevistados, demonstra que não raramente muitos professores se limitam apenas aos conhecimentos adquiridos dentro do ambiente universitário, deixando de lado a continuidade da formação, algumas vezes por falta de interesse na modalidade, por vezes falta de oportunidade de se aprimorar.
De acordo com Alvarado Prada (2006) a formação profissional proporcionada pela formação acadêmica distanciada da ação pedagógica não foi superada, uma vez que essa formação não proporcionou efetivamente a atuação plena do profissional em todas os seguimentos de atuação dentro da escola, tendo este que buscar constantemente aprimoramento para sua prática efetiva, e que muitas vezes isso não ocorre, ficando esse apenas com suas experiências individuais e coletivas, vividas na sala de aula e no interior do sistema escolar. Concordando com o que foi exposto, Rufino e Darido (2015) apontam para a importância da formação inicial e continuada do professor de Educação Física, para que este tenha uma gama de conhecimento e de saberes das mais diversas dimensões de ensino, para que possa ser efetiva sua prática pedagógica de forma mais ampla e que possibilite uma abordagem prática e didática das dimensões dos conteúdos.
Respondendo ao segundo objetivo específico traçado nesta investigação que era: Analisar se o professor de Educação Física escolar desenvolve atividades de lutas como conteúdo da disciplina, desenvolvemos o seguinte questionamento aos docentes: Você ministra os conteúdos de lutas nas suas aulas? Se sim, quais modalidades? Obtivemos nas falas dos professores de Educação Física participantes os seguintes resultados apresentados no quadro 3 abaixo:
Quadro 3- Docência do conteúdo lutas nas aulas dos professores participantes da pesquisa
CATEGORIA | UR | UNIDADE DE CONTEXTO |
Não, por falta de conhecimento | 08 | Prof. 2. “Não pelo fato de não ter conhecimento, e não consigo trazer outro professor por questão financeira.” |
Sim, ministrado por convidados | 07 | Prof. 3. “ Sim, convidando pessoas que tenham vivencias práticas. Karatê, Capoeira, Jiu-Jitsu… Tentamos trazer a modalidade que os alunos pedem.” |
Sim, ministrado pelo professor | 05 | Prof. 19. “ Sim, da forma que consigo com o pouco conhecimento que tenho da modalidade, mas não trabalho uma modalidade específica.” |
UR – Unidade de registro |
Ao ser questionado quanto o ensino do conteúdo de lutas nas suas aulas, obtivemos como categoria de maior recorrência “Não, por falta de conhecimento” com 8 professores, enquanto a categoria “Sim, ministrado por convidados” foi destacada por 7 docentes, e a categoria “Sim, ministrado pelo professor” representa a fala de 5 dos entrevistados.
Na fala do professor 2, “Não pelo fato de não ter conhecimento, e não consigo trazer outro professor por questão financeira”. Que se enquadra na categoria de maior incidência, podemos observar que apesar de ser prevista dentro das modalidades a serem desenvolvidas na escola, ela não ocorre por falta de conhecimento o que é uma dificuldade a ser superada. De acordo com Nunes e Medeiros (2017) a falta de estudos nessa área contribui para que muitos professores não trabalhem esse conteúdo na escola. Desse modo uma alternativa a se buscar para minimizar essa falta de conhecimento é convidando outros professores para ministrarem aulas dessa modalidade, o que por vezes esbarra na questão financeira, que é requeria por esse professor convidado.
Como podemos observar na fala do professor 3, “Sim, convidando pessoas que tenham vivencias práticas. Karatê, Capoeira, Jiu-Jitsu… tentamos trazer a modalidade que os alunos pedem”. As aulas estavam sim sendo aplicadas dentro do contexto escolar, mas não pelo professor titular da turma, mas sim por um professor convidados que ali se fazia presente.
Segundo a fala do professor 19, “Sim, da forma que consigo com o pouco conhecimento que tenho da modalidade, mas não trabalho uma modalidade específica”. Observamos que apesar do pouco conhecimento acerca da modalidade, ele desenvolvia essa modalidade com seus alunos, não sendo uma abordagem especifica de uma modalidade apenas, mas de um contexto geral desse conteúdo. Segundo Carreiro (2005) em relação ao professor de Educação Física escolar, não é necessário que ele seja um profundo conhecedor das artes marciais, mas sim que ele se sinta capacitado para reproduzir e apresentar uma forma de expressão corporal dentro da modalidade de lutas, o que não exige formação em qualquer modalidade especificamente. Ainda de acordo com o autor, é possível que o professor que não tem conhecimentos suficientes sobre o conteúdo, possa obter através de revistas, livros, internet e possivelmente na troca de conhecimento com alunos.
Respondendo ao terceiro objetivo específico prescritos para esta investigação, que era: Relacionar as principais dificuldades que o professor de Educação Física escolar possui para desenvolver atividades que abordem o conteúdo lutas, tivemos os seguintes resultados a partir das falas dos participantes da investigação:
Quadro 4- Existência ou não de dificuldades em ministrar os conteúdos de lutas
CATEGORIA | UR | UNIDADE DE CONTEXTO |
Sentem dificuldades | 16 | Prof. 20. “Sim, eu não tenho conhecimento para desenvolver as lutas, é uma dificuldade que vários professores têm.” |
Não sente dificuldades | 04 | Prof. 19. “Não, até por que eu não ministro uma modalidade específica, tento trazer um pouco que aprendo de cada uma das modalidades com as pesquisas que faço.” |
UR – Unidade de registro |
Ao ser questionado quanto o ensino do conteúdo de lutas nas suas aulas, obtivemos como categoria de maior recorrência “Sentem dificuldades” com 16 professores, enquanto a categoria “Não sente dificuldades” foi destacada por 4 docentes.
Ao serem questionados se sentiam dificuldades em ministrar os conteúdos de lutas nas suas aulas, pudemos observar que a maioria dos professores sentiam dificuldades dos mais diversos tipos, dentre eles o de maior incidência foi a falta de conhecimento, como podemos observar na fala do professor 20. “Sim, eu não tenho conhecimento para desenvolver as lutas, é uma dificuldade que vários professores têm”. Essa falta de conhecimento se dá por vários fatores que pode ser por uma deficiência no currículo da formação desse professor, pela falta de oferta de cursos de especialização na área ou cursos de extensão, ou até mesmo pela falta de interesse do professor pelo conteúdo.
De acordo com Dos Santos (2012) a falta de formação continuada dos professores de educação física nessa área de conhecimento faz com que essa prática seja deixada de lado pelo professor e acaba com que ela seja substituída por outras mais tradicionais como o futebol por exemplo. Ainda segundo esse autor, é no professor que se deve buscar sensibilização para que essa prática seja efetiva na escola, abrindo caminho para novos profissionais, pois, assim como todas transformações socioeducativas, elas são lentas e precisam de tempo para se tornarem efetivas.
Do contrário alguns professores alegaram não ter dificuldades em desenvolver as aulas de lutas como podemos observar na fala do professor 19. “Não, até por que eu não ministro uma modalidade específica, tento trazer um pouco que aprendo de cada uma das modalidades com as pesquisas que faço”. De acordo com Cartaxo (2013) o professor deverá se colocar como uma ponte facilitadora da aprendizagem, com uma prática docente capaz de utilizar a luta, tendo como objetivos as competências, as habilidades e o controle emocional dos educandos, sem necessariamente ser praticante de uma modalidade específica.
No questionamento sobre as dificuldades do professor para ministrar as aulas de lutas, foi indagado em relação aos materiais e espaços disponíveis, quais seriam os maiores empecilhos para a prática dessa modalidade, o quadro 5 a seguir ilustras as respostas.
Quadro 5- Dificuldades de materiais e infraestrutura relatadas pelos docentes
GATEGORIA | UR | FALAS REPRESENTATIVAS |
Tem dificuldades | 13 | Prof. 11. “Sim, a escola não dispõe de materiais e nem de espaço apropriado para as práticas esportivas.” |
Não tem dificuldades | 07 | Prof. 15. “Não, existiam projetos aqui na escola, de artes marciais, e com o fim do projeto os materiais ficaram aí.” |
UR – Unidade de registro |
Ao ser interpelado quanto ao ensino do conteúdo de lutas nas suas aulas, obtivemos como categoria de maior recorrência “Tem dificuldades” com 13 professores, enquanto a categoria “Não tem dificuldades” foi destacada por 7 docentes.
Em relação as dificuldades encontradas com materiais e espaços, pudemos observar que a grande maioria não dispõe desses recursos para desenvolverem suas aulas na modalidade de lutas, como podemos observar na fala do professor 11, “Sim, a escola não dispõe de materiais e nem de espaço apropriado para as práticas esportivas”. Segundo Carreiro (2005) por parte dos professores, as lutas encontram uma grande resistência na sua execução, sendo alegado como argumentos a falta de espaço, a falta de materiais e falta de roupas adequadas, além da associação das lutas com a violência. De acordo com Dos Santos (2012) ao trabalhar as lutas no contexto escolar, é necessário que o professor disponha de materiais e espaço adequados para as práticas, e que a falta de verba para adquirir materiais não interfere na organização de um bom trabalho pois existem possibilidades de adequação desses materiais e espaço, por meio de aulas criativas. Segundo Cartaxo (2013) no que diz respeito a violência, a luta só é violenta quando praticada sem respeito e com a falta de cuidados na preservação da integridade física sua e do outro.
A maioria dos professores que não sentem dificuldades em relação a materiais e espaço, alegam que a escola em que atuam receberam materiais de projetos preexistentes que foram extintos, como podemos observar na fala do professor 15 “ Não, existiam projetos aqui na escola, de artes marciais, e com o fim do projeto os materiais ficaram aí”, os outro professores que não sentem dificuldades de materiais e espaço apontam que essa dificuldade nessa modalidade não existe pelo fato de não desenvolverem a modalidade de lutas.
Nas dificuldades apontadas notou-se que boa parte se deve em relação aos materiais e espaços que não estão disponíveis para a pratica, em relação as dificuldades enfrentadas com a gestão pedagógica e os pais, podemos observar o descrito no quadro 6 a seguir.
Quadro 6- Ausência de dificuldades nas relações interpessoais com pais, gestão escolar e alunos
GATEGORIA | UR | FALAS REPRESENTATIVAS |
Não tem dificuldades | 20 | Prof. 4. “Os pais não apresentam dificuldades, a gestão escolar também não.” |
UR – Unidade de registro |
Ao ser questionado quanto a relação interpessoal com pais, gestão escolar e alunos representa alguma dificuldade, obtivemos a seguinte categoria “Não tem dificuldades” foi destacada por todos os 20 docentes.
Questionados sobre a relação com a gestão escolar e com os pais, os professores alegaram que não existem barreiras que impeçam a inserção da modalidade de lutas nas aulas de Educação Física, como é exposto na fala do Professor 4. “Os pais não apresentam dificuldades, a gestão escolar também não”. Cartaxo (2013) destaca que atualmente não existem impedimentos para as aulas de lutas, principalmente nas grandes escolas, e que essa modalidade tem adquirido um grande apoio da sociedade, uma vez que as lutas atuam diretamente na formação cognitiva, social e cultural, além de trabalhar diretamente o desenvolvimento psicomotor e da personalidade da criança. Por outro lado, Leite et al. (2012) afirma que muitas vezes a modalidade de lutas esbarra no julgamento errôneo por parte da coordenação, diretores de escolas e dos pais, por acreditarem que as lutas incitam à violência, uma vez que poderiam, em tese, aguçar a agressividade de alunos mais indisciplinados. Ainda segundo o autor, essa visão se dá por parte por reflexo da mídia, que expõe filmes de lutas muitas vezes de maneira negativa, levando ao imaginário das pessoas que a violência é fonte direta das lutas.
A seguir, questionamos os professores quanto ao preconceito que as lutas sofriam por parte dos alunos, as respostas ilustram o quadro 7.
Quadro 7- Preconceito como dificuldade a participação dos alunos nas aulas de lutas
GATEGORIA | UR | FALAS REPRESENTATIVAS |
Não existem preconceitos | 20 | Prof. 12. “Não, o que eles questionam é sempre se tanto os meninos quanto as meninas podem praticar determinada modalidade de luta. |
UR – Unidade de registro |
Ao ser questionado quanto a relação interpessoal com pais, gestão escolar e alunos representa alguma dificuldade, obtivemos a seguinte categoria “Não existem preconceitos” foi destacada por 20 docentes.
Ao serem questionados sobre os preconceitos sofridos dentro da modalidade, por parte dos alunos, os professores responderam que não encontraram nas suas aulas preconceitos que dificultassem a inserção de modalidades de lutas, como podemos ver na fala do professor 12. “Não, o que eles questionam é sempre se tanto os meninos quanto as meninas podem praticar determinada modalidade de luta”. Dos Santos (2012) afirma que os esportes de combate ainda são vistos como prática exclusivas dos homens, embora tenha aumentado atualmente o número de mulheres nessas práticas corporais. Cartaxo (2013) acrescenta ainda que a sociedade carrega muitos conceitos tradicionais em relação as práticas de lutas por parte das mulheres, e que esse preconceito se dá por acreditarem que ao praticar as lutas as mulheres irão desenvolver características masculinas, provocando mudanças física no corpo.
Respondendo ao objetivo específico que era: Identificar quais estratégias os professores de Educação Física utilizam para enfrentar as dificuldades no trabalho com lutas na escola, tivemos os seguintes resultados demonstrados no quadro 8:
Quadro 8- Estratégias utilizadas pelos professores para lidar com as dificuldades
GATEGORIA | UR | FALAS REPRESENTATIVAS |
Nenhuma Estratégia | 08 | Prof. 13. “Não utilizo nenhuma estratégia para isso, no lugar de lutas eu ministro outra modalidade a qual eu tenha mais conhecimento.” |
Convida outros professores | 06 | Prof. 2. “Peço para o professor convidado trazer o que ele tiver disponível, a escola não dispõe de materiais.” |
Fazendo adaptações de espaço e materiais | 06 | Prof. 5. “Busco sempre fazer adaptações com os materiais disponíveis e utilizo os locais livres para a prática da modalidade.” |
UR – Unidade de registro |
Ao ser questionado quais estratégias os professores utilizavam para lidar com essas dificuldades, obtivemos como categoria de maior recorrência “Nenhuma Estratégia” com 8 professores, enquanto a categoria “Convida outros professores” foi destacada por 6 docentes, e a categoria “Fazendo adaptações de espaço e materiais” representa a fala de 6 dos entrevistados.
Na fala do professor 13. “Não utilizo nenhuma estratégia para isso, no lugar de lutas eu ministro outra modalidade a qual eu tenha mais conhecimento. ” Podemos observar que as aulas que abordariam as temáticas lutas muitas vezes são substituídas por outra modalidade ao qual o professor tenha mais domínio e segurança para desenvolver. Para Breda et al. (2010) o professor que não diversifica suas aulas está privando os alunos do desenvolvimento integral no que se refere ao aspecto motor, cognitivo, afetivo, social e moral. Ainda segundo o autor, a ausência de uma disciplina que aborde o tema de lutas na faculdade de Educação Física ou por esta ter sido insuficiente para desmitificar que é preciso ser especialista ou mestre em determinada modalidade para desenvolvê-la, esta modalidade não é tratada como deveria na escola, deixando o acesso apenas para aquelas crianças que podem frequentar uma academia para prática especifica.
De acordo com o professor 2. “Peço para o professor convidado trazer o que ele tiver disponível, a escola não dispõe de materiais”. Podemos entender que de certa forma o conteúdo de lutas está sendo abordado nas suas aulas, mesmo que sem ser ministrada pelo professor titular, e sim por um convidado. Rufino (2012) afirma que em muitos espaços o ensino das lutas se torna difícil, principalmente nas escolas, devido à falta de estrutura física e espaço disponíveis para a prática, dessa forma, o professor busca alternativas para sanar problema.
Seguindo o que foi dito pelo professor 5. “Busco sempre fazer adaptações com os materiais disponíveis e utilizo os locais livres para a prática da modalidade”. Compreendemos que apesar de todas as dificuldades encontradas com o espaço e com materiais, as lutas não estavam sendo deixada de lado, ele estava fazendo acontecer da forma que era possível para naquele momento com os recursos disponíveis. Dos Santos (2012) aponta que é possível fazer adaptações com materiais reutilizáveis para a prática das lutas na escola, como garrafas pet, pneus, lonas, jornais, caixa de papelão entre outros.
Por fim, indagamos aos professores entrevistados sobre suas percepções acerca do conteúdo curricular lutas, de forma que se eles acreditavam ou não que essa temática deveria ser tratada nas aulas de Educação Física escolar. As respostas foram compiladas e estão ilustradas no quadro 9 a seguir:
Quadro 9- Crença na docência das lutas nas aulas de Educação Física
GATEGORIA | UR | FALAS REPRESENTATIVAS |
Acreditam que as lutas devam ser desenvolvida nas aulas | 20 | Prof. 13. “Sim, todos os conteúdos da Educação Física são importantes para o desenvolvimento do aluno em todos os aspectos.” |
UR – Unidade de registro |
Podemos observar que a resposta foi unanime, no sentido de que todos os professores entrevistados acreditam que sim, os conteúdos das modalidades de lutas devem ser desenvolvidos nas aulas de Educação Física como podemos ver na fala do professor 13. ” Sim, todos os conteúdos da educação física são importantes para o desenvolvimento do aluno em todos os aspectos”. Para Rufino (2012) as lutas são parte integrante e constituinte da cultura corporal do ser humano e por isso devem ser ensinadas nos mais diversos ambientes da educação formal e não formal. Breda et al. (2010) afirma que as lutas envolvem valores e modos de comportamento relacionados ao respeito, à dedicação, à confiança, à autoestima, visando ao desenvolvimento integral do ser humano.
CONCLUSÃO
Em relação ao objetivo geral delineado para esta pesquisa, da qual foi investigar quais as dificuldades dos professores de Educação Física escolar no ensino das lutas no município de Santarém – Pa. Conseguimos identificar que muitas são as dificuldades para inserção dessa temática durante as aulas de Educação Física, sendo as mais recorrentes a falta de conhecimento dos docentes da área e a falta de espaço e materiais disponíveis para as práticas.
No que se refere ao 1º objetivo específico que era: Verificar se a formação acadêmica do professor de Educação Física escolar contemplou conteúdos relacionados às lutas; observamos que a maioria dos entrevistados alegou ter contato com o conteúdo de lutas, apesar disso, muitos apontam que a disciplina durante o ensino superior não é satisfatória, deixando ainda os professores com muitas dúvidas quanto a sua inserção dentro do ambiente escolar, situação essa que corrobora para que muitos docentes não desenvolvam essa temática durante suas aulas. Mesmo alegando que o conteúdo de lutas no ensino superior não é satisfatório, a maioria dos entrevistados afirmou que não buscou uma formação continuada nas temáticas de lutas, o que prejudica diretamente o ensino da modalidade nas escolas.
Em relação ao 2º objetivo específico que era: Analisar se o professor de Educação Física escolar desenvolve atividades de lutas como conteúdo da disciplina; pudemos observar que a maioria dos docentes afirmou que não trabalham essa modalidade nas aulas. No que se refere ao 3º objetivo específico que era: Relacionar as principais dificuldades que o professor de Educação Física escolar possui para desenvolver atividades que abordem o conteúdo lutas. Observamos que as principais dificuldades dos professores eram a falta de conhecimento, falta de espaço adequado e de materiais que pudessem ser utilizados nas aulas.
Com relação ao 4º objetivo específico que era: Identificar quais estratégias os professores de Educação Física utilizam para enfrentar as dificuldades no trabalho com lutas na escola. Verificamos que para tentar sanar as dificuldades encontradas, estratégias diferentes eram utilizadas pelos professores, como a substituição da modalidade por outra que o professor tenha mais afinidade, como por exemplo o futebol, ou convidando outro professor para ministrar o conteúdo de lutas, sendo que esses eram responsáveis por levar os materiais para a prática, ou fazendo adaptações de equipamentos com materiais recicláveis e espaço para aqueles que conseguiam desenvolver a modalidade durantes suas aulas.
Faz-se interessante sugerir, através dos resultados obtidos, que novos estudos possam ser produzidos sobre o conteúdo de lutas, no sentido de buscar respostas para os questionamentos que ainda persistem nessa prática docente, além de incitar a criação de cursos de formação continuada ou capacitações para os professores sobre esse conteúdo, a fim de melhor qualifica-los para a prática pedagógica. Por fim, esperamos que esse estudo sirva como pressuposto teórico a ser utilizados em futuras discussões sobre as dificuldades nos ensinos das lutas nas aulas de Educação Física no município de Santarém, Pará.
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¹Acadêmico concluinte CEDF/UEPA
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²Acadêmico concluinte CEDF/UEPA
pacumaluco@gmail.com
³Professor Orientador CEDF/UEPA
erivelton.f.sa@hotmail.com