REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202506301815
Laura Maria de Paula Cardoso Sampaio¹; Daniel Wallace de Paula Marques Ribeiro Paes Landim²; Pettra Roque Araújo da Silva³; Bianca Ariadne Silva do Nascimento⁴; Nayra da Rocha Silva⁵; Bruna dos Anjos Araújo⁶; Antônio Veimar da Silva⁷.
RESUMO
Este artigo tem como objetivo analisar as contribuições da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), desenvolvida por Carl Rogers, e da perspectiva fenomenológicoexistencial no acolhimento terapêutico de indivíduos enlutados. Através de uma revisão bibliográfica de caráter qualitativo, foram selecionadas obras clássicas e contemporâneas que tratam do luto, da escuta clínica, da subjetividade e da vivência da perda. O estudo evidencia que o luto é uma experiência humana profunda, subjetiva e transformadora, que exige um olhar clínico acolhedor, ético e não patologizante. A ACP oferece recursos teóricos e práticos para a construção de um espaço terapêutico empático e autêntico, no qual o enlutado pode reorganizar suas emoções e ressignificar a perda. Já a abordagem fenomenológico-existencial compreende o luto como um processo de ruptura e reconstrução ontológica do ser-no-mundo, valorizando a angústia como motor de autenticidade. Conclui-se que a integração dessas abordagens contribui significativamente para práticas clínicas humanizadas no contexto do luto.
PALAVRAS-CHAVE: Luto. Psicoterapia; Abordagem Centrada na Pessoa; Fenomenologia; Escuta clínica.
ABSTRACT
This article aims to analyze the contributions of the Person-Centered Approach (PCA), developed by Carl Rogers, and the phenomenological-existential perspective in the therapeutic support of grieving individuals. Through a qualitative bibliographic review, classical and contemporary works addressing grief, clinical listening, subjectivity, and the experience of loss were selected. The study shows that grief is a profound, subjective, and transformative human experience that requires a clinical approach that is welcoming, ethical, and non-pathologizing. The PCA offers theoretical and practical resources for the creation of an empathic and authentic therapeutic space in which the bereaved individual can reorganize their emotions and reframe the loss. The phenomenological-existential perspective, in turn, understands grief as a process of rupture and ontological reconstruction of being-in-the-world, valuing anguish as a driver of authenticity. It is concluded that the integration of these approaches significantly contributes to humanized clinical practices in the context of grief.
KEYWORDS: Grief. Psychotherapy; Person-Centered Approach; Phenomenology; Clinical listening.
1 INTRODUÇÃO
“Com a supressão do outro, há uma perda de sentido do mundo-da-vida com exigência de nova significação. A vivência do luto impõe, por conseguinte, novas formas de ser-no-mundo.” (FREITAS; MICHEL, 2014, p. 274)
O luto, compreendido como um processo psicológico complexo desencadeado por perdas afetivamente significativas, sejam elas de entes queridos, animais de estimação, relações interpessoais ou aspectos da própria identidade, impõe um estado de desorganização emocional e existencial. Essa vivência pode gerar sofrimento psíquico, impactos físicos e alterações cognitivas, sendo geralmente uma situação estressora para o corpo e a mente, conforme já apontado por Landim e Almendra (2025). A singularidade dessa vivência é moldada pela história, pelos vínculos e pela interpretação individual da ausência (Parkes, 1998).
Embora tradicionalmente compreendido em estágios como negação, raiva, barganha, depressão e aceitação (Kübler-Ross, 1969), o luto é reconhecido atualmente como um processo dinâmico e não linear, influenciado pelo suporte psicológico e social (Stroebe; Schut, 2010).
Diante desse cenário, diferentes abordagens psicológicas buscam oferecer caminhos para que o indivíduo enlutado ressignifique sua perda e recupere o equilíbrio emocional. Entre essas abordagens, destaca-se a Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), desenvolvida por Carl Rogers, propõe uma escuta sensível, empática e não diretiva, sustentada por três pilares fundamentais: empatia, aceitação incondicional e congruência (ROGERS, 1957).
Este estudo, portanto, justifica-se pela necessidade de práticas psicológicas mais humanizadas, que reconheçam o luto como uma experiência legítima e não patológica, em contraste com a tendência atual de medicalização do sofrimento. O objetivo central deste artigo é analisar as contribuições da Abordagem Centrada na Pessoa e da perspectiva fenomenológico-existencial para o acolhimento terapêutico de indivíduos enlutados. Por meio de uma revisão bibliográfica qualitativa, busca-se demonstrar como essas abordagens promovem uma escuta sensível e ética, favorecendo a reorganização afetiva, existencial e a transformação do indivíduo diante da perda
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 O LUTO: UMA EXPERIÊNCIA HUMANA UNIVERSAL
O luto, compreendido como uma experiência humana universal que atravessa culturas, épocas e contextos históricos, envolve uma série de reações emocionais, cognitivas e comportamentais. Essas manifestações refletem a tentativa do indivíduo de adaptar-se a uma realidade profundamente alterada pela ausência, conforme descrito por Parkes (1998).
Tradicionalmente, Elisabeth Kübler-Ross (1969) propôs um modelo de cinco estágios para o luto: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. No entanto, apesar de sua ampla divulgação, autores contemporâneos, como Stroebe e Schut (2010), enfatizam que o luto é um processo dinâmico e não linear, caracterizado por flutuações entre momentos de enfrentamento e de evitação da dor.
No entanto, para além dos modelos meramente descritivos, compreensões mais recentes propõem que o luto não se limita a um sofrimento a ser superado, mas representa um caminho profundo de ressignificação da existência. Sob a perspectiva fenomenológico-existencial, a perda significativa configura uma ruptura na estrutura de significados do mundo vivido. Como indicam Freitas e Michel (2014, p. 274), essa desorganização da realidade cotidiana exige a atribuição de novos sentidos à existência, instaurando uma profunda transformação no modo de ser-no-mundo e desafiando tanto a dimensão emocional quanto a ontológica do indivíduo.
Ao reconhecer essa complexidade do luto, torna-se imprescindível uma abordagem terapêutica que acolha o sofrimento singular do enlutado, sem reduzi-lo a etapas pré-definidas ou a patologizações precipitadas. É fundamental respeitar o tempo subjetivo do enlutado e a singularidade de cada vivência, pois o processo de luto não se submete a cronologias fixas ou modelos lineares de recuperação emocional. Impor delimitações temporais pode, inclusive, negar a experiência única do indivíduo, dificultando a atribuição de novos sentidos à perda vivida.
Além das dimensões emocionais e temporais, a corporeidade desempenha um papel central no luto, manifestando a dor não apenas psiquicamente, mas também corporalmente através de sintomas como fadiga, alterações no sono e no apetite. A abordagem terapêutica que contempla essa dimensão promove uma escuta ampliada e humanizada.
Da mesma forma, a historicidade do sujeito é um elemento essencial, pois cada perda se inscreve em uma narrativa de vida única, marcada por experiências anteriores, valores culturais, crenças e relações sociais, permitindo um acompanhamento mais empático e efetivo.
A experiência do luto, ademais, evidencia a vulnerabilidade constitutiva do ser humano. Como assinala Heidegger (1927), a consciência da morte nos remete à nossa condição de ser-para-a-morte, despertando uma oportunidade única de reflexão sobre o próprio existir. Sob essa ótica, o luto ultrapassa a simples noção de ausência e revela-se como uma oportunidade existencial para que o indivíduo entre em contato com sua verdade interior e ressignifique sua trajetória de vida.
Assim, o acolhimento do enlutado deve ocorrer em uma atmosfera de compreensão profunda, livre de expectativas normativas, com a função do psicólogo de criar espaços de escuta e validação que favoreçam a emergência de novos arranjos existenciais e o fortalecimento do poder-ser daquele que atravessa a dor da perda
2.2 O LUTO NA PERSPECTIVA FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAL
Sob a perspectiva fenomenológico-existencial, o luto transcende a dimensão puramente emocional, sendo compreendido como uma ruptura profunda no modo de ser-no-mundo do indivíduo. Essa experiência convoca a totalidade do ser, mobilizando suas estruturas mais profundas diante da ausência irremediável de um outro significativo.
A fenomenologia, fundada por Edmund Husserl e desenvolvida por Martin Heidegger, propõe a suspensão de pressupostos e teorias prévias (epoché) para que se possa acessar a vivência do luto tal como ela se apresenta à consciência, permitindo escutar o sofrimento do enlutado em sua singularidade, sem reduzi-lo a estágios ou sintomas pré-definidos.
FIGURA 1: ALGUNS CONCEITOS FENOMENOLÓGICO-EXISTENCIAIS NO CONTEXTO DE PESSOAS ENLUTADAS

A Figura 1 ilustra, de forma visual, alguns dos principais conceitos da fenomenologia existencial aplicados ao acolhimento de pessoas enlutadas. Nela, são destacados elementos centrais como a compreensão da finitude e a angústia existencial (Heidegger, 1927), a suspensão de julgamentos (epoché), a relevância da historicidade e da corporeidade (Kovács, 1992; McLaren, 1998), a presença simbólica do outro ausente, e o acolhimento do silêncio e do tempo (Freitas e Michel, 2014; Lima e Granetto, 2023). Esses conceitos fundamentam uma escuta terapêutica que respeita a singularidade e o tempo da experiência do enlutado.
Nesse sentido, sob a ótica fenomenológico-existencial, o luto configura uma possibilidade de reorganização ontológica do ser-no-mundo, pautada pela autenticidade e ressignificação da existência. Segundo Heidegger (1927) , o ser humano é um ‘ser-para-a-morte’ (Sein-zum-Tode), cuja existência é intrinsecamente marcada pela finitude. A consciência dessa finitude se manifesta não só no confronto com a própria mortalidade, mas, contundentemente, no encontro com a morte do outro. Assim, o luto interrompe a continuidade do cotidiano, abala referências existenciais e impõe ao indivíduo a reconstrução de sentidos, reavaliação de valores e reformulação de projetos de vida.
Como apontam Freitas e Michel (2014, p. 274) , ‘com a supressão do outro, há uma perda de sentido do mundo-da-vida com exigência de nova significação’. O enlutado é, então, lançado em um espaço de ausência onde a relação concreta com o falecido cessa, demandando a elaboração simbólica de um novo vínculo, mediado pela memória e pela internalização afetiva. Silva (2023) ressalta que esse processo não é linear nem uniforme, e cada sujeito é convocado a reorganizar seu mundo a partir do que o outro significava para sua existência.
A angústia existencial ocupa um papel central nesse cenário. Heidegger descreve-a como um estado afetivo que desvela o nada, ou seja, a ausência de fundamento seguro para o ser. No luto, essa angústia manifesta-se como o desamparo diante da perda do outro que sustentava parte do nosso mundo. Embora dolorosa, essa sensação de vazio e estranhamento é potencialmente transformadora.
Como afirma Feijoo (2013), o luto lança o indivíduo em uma situação-limite que pode abrir um espaço autêntico para a ressignificação da própria existência. Nesse contexto, é essencial que a abordagem clínica não busque interromper prematuramente esse processo, nem tratá-lo como algo patológico. Kovács (1992) adverte que o sofrimento do luto não deve ser medicalizado, por ser parte intrínseca da condição humana de amar e perder.
Complementarmente, McLaren (1998) argumenta que o luto é uma resposta natural e profundamente humana à ruptura de laços significativos, devendo ser compreendido com sensibilidade e respeito ao ritmo do enlutado.
Ademais, a escuta clínica baseada na fenomenologia existencial propõe um acolhimento que não oferece respostas prontas, mas que sustenta o outro em sua travessia de dor. Lima e Granetto (2023) destacam que o terapeuta, ao reconhecer o sofrimento como parte da experiência de ser-no-mundo, abre espaço para que o sujeito reconstrua sua narrativa e encontre novos modos de existência.
Assim, o luto se torna uma oportunidade para o florescimento de uma nova maneira de estar no mundo, mais autêntica e consciente da própria finitude. Em vez de buscar a ‘superação’, a abordagem existencial compreende a importância de integrar a perda à história do sujeito, permitindo que a presença do outro se transforme em uma ausência habitada, em memória viva que continua a moldar a existência.
Nesse horizonte, o luto é visto como um processo de amadurecimento ontológico, onde o indivíduo não apenas sofre, mas elabora a perda em sua plenitude, redirecionando sua vida sem apagar o vínculo afetivo que permanece em sua interioridade.
Frequentemente, esse processo de amadurecimento ocorre quando o sujeito compreende que a dor da perda não impede a continuidade da vida, permitindo a coexistência entre sofrimento e existência. Seguir adiante não exige apagar a relevância do vínculo; ao contrário, o indivíduo pode reconstruir sua identidade ao integrar a ausência do outro como um elemento constitutivo de sua história. Dessa forma, a ausência, que antes era um vazio imobilizante, pode transformar-se em uma presença silenciosa que se manifesta nas decisões, nos vínculos e nas lembranças cotidianas.
Nessa perspectiva, a dor do luto é percebida como um elemento fecundo, capaz de promover transformações profundas. A travessia da perda pode revelar novas compreensões sobre o essencial na vida, os laços que nos constituem e os projetos que ainda podem ser construídos. Trata-se de um movimento que exige coragem para habitar o vazio e escutar o que emerge desse espaço silencioso.
Nesse contexto, a escuta terapêutica assume um papel fundamental. Mais do que conduzir o sujeito a uma meta de normalização, o terapeuta oferece um espaço de acolhimento e de presença autêntica, onde o enlutado pode nomear suas dores, experimentar suas fragilidades e encontrar novos sentidos por meio da relação. Acolher o luto como parte da trajetória pessoal representa a valorização da vida, apesar da dor da perda, e o reconhecimento de que a existência humana, marcada pela finitude, possui a potência de produzir sentido.
Assim, o luto não se limita à dor da ausência, mas pode revelar-se como uma oportunidade de aprofundamento existencial, possibilitando ao sujeito a reconexão com sua liberdade de escolha e reinvenção de si.
2.3 ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA (ACP) E O LUTO
A Abordagem Centrada na Pessoa (ACP), desenvolvida por Carl Rogers a partir da década de 1950, propõe uma forma de compreensão e atuação terapêutica que coloca o indivíduo no centro do processo, reconhecendo sua capacidade inata de crescimento, autorregulação e reconstrução de sentido. Fundamentada em uma visão humanista da existência, a ACP considera que o ser humano possui uma tendência atualizante, ou seja, uma força motivacional básica orientada à realização plena de seu potencial, desde que inserido em um ambiente psicologicamente facilitador. No contexto do luto, essa abordagem oferece uma alternativa ética e sensível às formas mais diretivas ou patologizantes de cuidado.
A ACP reconhece o sofrimento decorrente da perda como uma vivência legítima, singular e profundamente subjetiva, que não deve ser reduzida a esquemas generalizantes ou a cronogramas de superação. Conforme argumenta Rogers (1957), os três pilares fundamentais da relação terapêutica — empatia, congruência e aceitação positiva incondicional — criam as condições necessárias para que o cliente entre em contato com sua dor e se mova, em seu próprio tempo, em direção à ressignificação da perda.
FIGURA 2: MANEJOS DA ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA NO CONTEXTO DE PESSOAS ENLUTADAS.

A Figura 2 ilustra os principais manejos clínicos da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) no acolhimento de pessoas enlutadas. Ela apresenta os pilares fundamentais da abordagem — empatia profunda, aceitação incondicional e congruência — conforme delineado por Carl Rogers e seus desdobramentos em práticas como a escuta ativa com presença genuína, o respeito ao ritmo interno do cliente, a não diretividade e o foco na experiência presente. A figura também destaca conceitos como a tendência atualizante e o ambiente facilitador, que fundamentam a construção de um espaço de acolhimento sensível e autêntico, onde o sofrimento é legitimado e a expressão emocional é incentivada para a ressignificação da perda.
Sob a perspectiva da abordagem, o luto não é tratado como um desvio patológico, mas reconhecido como uma vivência legítima que necessita ser acolhida e significada no tempo e na experiência individual. A escuta empática e acolhedora permite que a pessoa enlutada expresse livremente suas diversas e, por vezes, contraditórias emoções, sem o peso de julgamentos externos. Essa escuta profunda não busca interpretar ou oferecer respostas prontas, mas validar a experiência interna do cliente e acompanhá-lo na construção de novos significados.
Conforme Natalie Rogers (1993) destaca, ampliando o pensamento de seu pai, ‘as emoções, quando aceitas e expressas num ambiente seguro, são fontes de cura e transformação’. O terapeuta, nesse contexto, atua como um facilitador do reencontro do cliente com suas próprias forças internas, mesmo em momentos de extrema fragilidade, acolhendo a dor emocional como parte essencial do processo de cura.
A ACP diferencia-se, portanto, de modelos que visam acelerar o processo de luto ou aplicar técnicas padronizadas. Em vez disso, a abordagem confia na capacidade inata do indivíduo de se reorganizar psiquicamente quando sustentado por uma relação terapêutica autêntica. Como reforçam Ribeiro e Andrade (2018), a escuta empática e a validação dos sentimentos da pessoa enlutada tornam-se ferramentas essenciais para um processo terapêutico eficaz.
O acolhimento do luto, conforme a ACP, prioriza a presença autêntica e o compromisso com o outro, em detrimento de interpretações complexas ou diretividade. Nesse espaço seguro, o cliente encontra liberdade para integrar a dor e reconstruir sua narrativa, reconfigurando sua existência diante da perda de forma construtiva.
A abordagem rogeriana propõe que o sofrimento do luto seja reconhecido como parte do fluxo natural da experiência humana, e não como um obstáculo a ser removido. O respeito à experiência subjetiva do cliente implica validar sua dor, suas memórias e sua forma única de elaborar a perda. A expectativa não é de uma ‘cura’ no sentido tradicional, mas sim a compreensão de que o luto será incorporado à história do indivíduo de forma singular.
Fundamenta-se na concepção de que cada pessoa possui os recursos internos necessários para enfrentar sua dor, desde que amparada por um ambiente relacional facilitador. A tendência atualizante, conceito central da ACP, possibilita o surgimento de novos sentidos e perspectivas, mesmo em contextos de sofrimento intenso.
Nesse contexto, a escuta terapêutica não visa acelerar processos, mas sustentar espaços para a expressão autêntica. Muitas vezes, o simples ato de falar sobre a perda, ser ouvido sem julgamento e ser acolhido em suas emoções contraditórias já desencadeia movimentos internos de reorganização e crescimento. Para tanto, o terapeuta precisa lidar com sua própria humanidade, reconhecendo os limites do que pode oferecer.
Estar com o outro em seu sofrimento é um gesto de profunda empatia e humildade, que exige da escuta não apenas técnica, mas uma presença plena e genuína. Assim, a ACP se estabelece não apenas como um método de intervenção, mas como uma filosofia de cuidado centrada no respeito radical à experiência humana em sua travessia do luto.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa, de natureza exploratória, fundamentada na realização de uma revisão bibliográfica. A escolha por esse delineamento metodológico justifica-se pela necessidade de aprofundar a reflexão teórica sobre o luto sob as perspectivas fenomenológico-existencial e da ACP, permitindo uma compreensão mais abrangente e crítica dos processos de acolhimento terapêutico diante da experiência da perda.
A pesquisa qualitativa foi adotada por seu compromisso com a análise da subjetividade e da complexidade das vivências humanas, aspectos centrais na abordagem do luto. A revisão bibliográfica, enquanto metodologia, é de grande importância para a sistematização de conhecimentos já consolidados e para a identificação de lacunas e possibilidades de novos olhares sobre o tema, especialmente em campos que envolvem a singularidade da experiência emocional e existencial.
Para a seleção do material, foram utilizados critérios de relevância acadêmica, pertinência teórica ao objeto de estudo, atualidade e rigor científico. A busca bibliográfica concentrou-se em plataformas reconhecidas, como Scielo, PePSIC, BVS-Psi, CAPES Periódicos e Google Acadêmico, além de consultas a repositórios de dissertações e teses de universidades brasileiras. As palavras-chave empregadas nas buscas incluíram: “luto”, “fenomenologia existencial”, “ser-para-a-morte”, “Abordagem Centrada na Pessoa”, “acolhimento terapêutico”, “psicologia humanista” e “experiência de perda”. A combinação desses termos possibilitou o levantamento de um material diversificado, abrangendo livros clássicos, artigos científicos e produções acadêmicas recentes.
Entre os principais autores e obras selecionados para este estudo, incluemse: Parkes (1998) com contribuições sobre a adaptação à perda; Kübler-Ross (1969) com a teoria dos estágios do luto; Stroebe e Schut (2010) com a Teoria do Processo Dual; Rogers (1957; 1961) com os fundamentos da ACP; Heidegger (1927) e sua ontologia da finitude; Freitas e Michel (2014) com a análise fenomenológica do luto; Kovács (1992) e McLaren (1998) com reflexões sobre o sofrimento humano ; e Lima e Granetto (2023) e Silva (2023) como produções contemporâneas relevantes.
O processo de seleção envolveu inicialmente a leitura dos resumos e abstracts, seguida da leitura integral dos materiais que se mostraram pertinentes. Foram excluídas fontes que apresentassem caráter meramente opinativo, falta de fundamentação teórica consistente ou publicações desatualizadas em relação aos avanços conceituais sobre o luto e a prática clínica.
A análise dos dados foi de natureza interpretativa e reflexiva, buscando a identificação de categorias teóricas comuns, divergências conceituais e a articulação entre os princípios fenomenológico-existenciais e os fundamentos da ACP no contexto do luto. As ideias extraídas foram organizadas de forma a possibilitar uma compreensão integrada da experiência do enlutado e das possibilidades de intervenção terapêutica centradas no respeito à subjetividade.
Assim, a metodologia adotada permitiu não apenas o levantamento e a organização do conhecimento existente, mas também a promoção de uma reflexão crítica sobre as práticas de acolhimento psicológico ao luto, valorizando o ser humano em sua condição existencial e sua capacidade de ressignificar a dor da perda a partir de seus próprios recursos internos.
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
A partir da análise das obras consultadas, foi possível observar que tanto a abordagem fenomenológico-existencial quanto a ACP apresentam perspectivas distintas, porém convergentes, que enriquecem a compreensão e o manejo clínico do luto. Em ambas as abordagens, o luto é reconhecido como uma experiência singular, que desafia o indivíduo a ressignificar seu modo de ser-no-mundo diante da ausência do outro significativo.
No referencial fenomenológico-existencial, o luto é compreendido como uma travessia ontológica em que o sujeito é confrontado com a finitude, a perda de sentido e a necessidade de reconstrução existencial. Heidegger (1927) destaca que a morte, enquanto possibilidade mais própria, revela a vulnerabilidade constitutiva do ser e convoca o indivíduo à autenticidade.
Essa compreensão é aprofundada por Freitas e Michel (2014), que apontam como a ausência de um ente querido rompe com a estrutura do mundo vivido, demandando do sujeito um processo de ressignificação diante da nova realidade. Lima e Granetto (2023) também contribuem para esse entendimento ao defenderem que a dor do luto, longe de ser patológica, representa uma abertura para a ressignificação da existência.
TABELA 1: RELAÇÃO DOS AUTORES E ARTIGOS ANALISADOS COM OS PRINCIPAIS RESULTADOS NO TÓPICO: FENOMENOLOGIA E EXISTENCIALISMO EM RELAÇÃO AO LUTO.
AUTOR/ANO | OBJETIVO | RESULTADO |
HEIDEGGER (1927) | Compreender a morte como possibilidade mais própria do ser humano. | A morte revela a vulnerabilidade e convoca à autenticidade do ser. |
FREITAS E MICHEL (2014) | Analisar o impacto da perda sobre o mundo-da-vida do enlutado. | A perda desestabiliza o mundo vivido e exige nova atribuição de significado. |
FEIJOO (2013) | Investigar o luto como situação-limite no existir humano. | O luto configura um espaço de abertura para a autenticidade existencial. |
LIMA E GRANETTO (2023) | Refletir sobre o sofrimento no luto a partir da fenomenologia. | O sofrimento é reconhecido como parte constitutiva da existência e não como patologia. |
KOVÁCS (1992) | Estudar a vivência da perda e o cuidado ético com o enlutado. | O luto é uma resposta esperada diante da perda e deve ser compreendido como parte do funcionamento psicológico saudável, não como uma condição clínica a ser medicalizada ou patologizada. |
A Tabela 1 sintetiza os principais autores e estudos que abordam o luto sob a ótica fenomenológico-existencial. Os resultados apresentados convergem para a compreensão da perda como uma ruptura na estrutura de sentido do mundo vivido, que, ao invés de ser patologizada, revela-se uma oportunidade para a autenticidade e a ressignificação da existência.
Essa perspectiva ressalta a importância de uma escuta clínica que acolha a travessia do enlutado em sua singularidade, sem pressa ou imposições normativas. Observa-se, ainda, um reposicionamento da prática clínica para a sustentação ética da experiência humana , o que a aproxima da proposta da Abordagem Centrada na Pessoa, ao valorizar a subjetividade como núcleo do processo terapêutico.
A ACP, por sua vez, enfatiza a capacidade do ser humano de encontrar, dentro de si, os recursos necessários para elaborar suas experiências dolorosas, desde que inserido em um ambiente facilitador. Segundo Rogers (1957; 1961), mesmo em contextos desafiadores, o ser humano é impulsionado por uma tendência natural de desenvolvimento e autorregulação, que o move em direção ao crescimento e à reconstrução do equilíbrio interno.
No contexto do luto, essa potencialidade interna pode ser favorecida quando o indivíduo é acolhido em um ambiente terapêutico fundamentado na empatia, autenticidade e aceitação plena, elementos essenciais da abordagem centrada na pessoa.
TABELA 2: RELAÇÃO DOS AUTORES E ARTIGOS ANALISADOS COM OS PRINCIPAIS RESULTADOS NO TÓPICO: ABORDAGEM CENTRADA NA PESSOA EM RELAÇÃO AO LUTO
AUTOR/ANO | OBJETIVO | RESULTADO |
ROGERS (1957; 1961) | Fundamentar a importância da tendência atualizante no processo de luto. | O indivíduo pode encontrar crescimento e equilíbrio mesmo diante da dor, em ambiente facilitador. |
NATALIE ROGERS (1993) | Explorar a expressão emocional como meio de cura no luto. | A expressão genuína das emoções em ambiente seguro favorece a transformação e a cura. |
RIBEIRO E ANDRADE (2018) | Analisar a importância da escuta empática no processo de luto. | A validação dos sentimentos do enlutado promove a integração do luto ao percurso de vida. |
GONDIM E SOUZA (2015) | Discutir o papel da empatia no atendimento a enlutados. | A empatia é fundamental para criar um ambiente de aceitação e apoio para a elaboração do luto. |
A Tabela 2 apresenta os principais achados. Ela ilustra como essa abordagem enfatiza a capacidade inerente do indivíduo em elaborar suas experiências dolorosas, desde que apoiado por um ambiente facilitador que promova o crescimento e a reconstrução do equilíbrio interno. Os resultados convergem para a importância da empatia, autenticidade e aceitação incondicional como elementos cruciais para o acolhimento do enlutado.
A articulação entre a fenomenologia existencial e a ACP permite vislumbrar uma prática clínica mais humanizada, que respeita a singularidade do enlutado e reconhece o luto como uma oportunidade de crescimento ontológico. Em vez de buscar eliminar a dor, propõe-se criar condições para que o sujeito possa habitá-la, compreendê-la e, a partir dela, reconfigurar seu projeto de ser. Em síntese, a revisão bibliográfica evidenciou que tanto a perspectiva fenomenológico-existencial quanto a Abordagem Centrada na Pessoa oferecem fundamentos teóricos e práticos sólidos para a construção de um acolhimento terapêutico ético, sensível e transformador no contexto do luto.
A análise da perspectiva fenomenológico-existencial evidenciou o luto como uma experiência que transcende o sofrimento psíquico, atingindo uma dimensão ontológica do ser. Conforme demonstrado por Heidegger (1927) e aprofundado por Freitas e Michel (2014), atravessar o luto implica confrontar a própria finitude e possibilitar a emergência de novas formas de ser-no-mundo.
Por sua vez, a abordagem contribui de maneira essencial ao reforçar a necessidade de um ambiente terapêutico caracterizado pela empatia, congruência e aceitação incondicional. Rogers (1961) demonstra que a tendência atualizante do ser humano se manifesta mesmo em situações de dor extrema, como o luto, desde que haja condições facilitadoras para a expressão genuína dos sentimentos.
A revisão também indicou que a integração entre essas abordagens promove uma compreensão mais profunda da experiência do enlutado, permitindo que o terapeuta atue não como solucionador da dor, mas como acompanhante do processo de ressignificação existencial. Essa postura acolhedora respeita o tempo interno do cliente e reconhece a validade de todas as emoções emergentes.
Outro aspecto relevante identificado é a necessidade de desconstruir concepções patologizantes sobre o luto. Kovács (1992) e McLaren (1998) chamam a atenção para os riscos da medicalização das respostas naturais à perda, reforçando que o sofrimento não deve ser automaticamente tratado como transtorno, mas acolhido em sua dimensão humanizadora.
Ademais, a prática terapêutica inspirada nesses referenciais exige do terapeuta uma disposição à própria vulnerabilidade, reconhecendo que estar com o outro em luto implica aceitar a incerteza, a dor e a imprevisibilidade como aspectos constitutivos da existência humana.
Assim, a integração entre a fenomenologia existencial e a ACP não apenas acompanha o sofrimento do enlutado, mas também sustenta a possibilidade de florescimento e reconstrução subjetiva diante da perda, reafirmando a potência do ser humano de criar novos sentidos mesmo nas experiências mais dolorosas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O percurso deste estudo, ao compreender as dimensões ontológicas e relacionais da vivência do luto, evidencia a relevância das perspectivas fenomenológico-existencial e centrada na pessoa. Ambas se complementam e se mostram indispensáveis para uma prática clínica mais sensível, ética e alinhada à complexidade da dor humana. Adotar essas abordagens representa uma postura que prioriza escutar o sofrimento, acolhê-lo e permitir sua manifestação no tempo singular do sujeito.
A revisão bibliográfica realizada identificou que a Abordagem Centrada na Pessoa e a perspectiva fenomenológico-existencial valorizam profundamente a singularidade da experiência humana, mostrando-se eficazes na sustentação ética, emocional e subjetiva do processo de luto.
A fenomenologia existencial, especialmente a partir de Heidegger (1927), permite compreender o luto como uma ruptura ontológica que convoca o sujeito à reinvenção do seu modo de ser-no-mundo. A morte, ao ser reconhecida como possibilidade mais própria, torna-se um horizonte de sentido que desvela a precariedade, a finitude e, ao mesmo tempo, a autenticidade da existência. O luto, nesse contexto, emerge como um campo fecundo de redescoberta do ser, ainda que atravessado por dor e desamparo.
Já a ACP, fundamentada nos princípios da empatia, da aceitação incondicional e da congruência, oferece condições relacionais essenciais para que o indivíduo enlutado possa acessar, reconhecer e elaborar suas emoções sem julgamentos ou pressões normativas. O espaço terapêutico centrado na pessoa se revela, portanto, como um ambiente facilitador onde o sofrimento pode ser simbolizado, compreendido e integrado à história de vida do sujeito.
A integração entre essas abordagens revelou-se não apenas possível, mas desejável, na medida em que ambas compartilham um compromisso ético com a subjetividade e com a liberdade do ser. O terapeuta, nesse sentido, não atua como condutor de um processo linear de superação, mas como presença acolhedora e sensível que acompanha o outro em sua travessia existencial.
Além disso, a pesquisa evidenciou a urgência de se repensar concepções medicalizantes do luto, que tendem a patologizar uma vivência que é constitutiva da existência humana. O sofrimento provocado pela perda, quando escutado com sensibilidade e respeito, pode se transformar em aprendizado, amadurecimento e reorganização afetiva. Essa compreensão amplia os horizontes da prática clínica e resgata a dimensão humana do cuidado psicológico.
Conclui-se, assim, que tanto a fenomenologia existencial quanto a ACP fornecem fundamentos teóricos e práticos consistentes para a construção de um atendimento psicológico mais humanizado, ético e transformador no contexto do luto, contribuindo significativamente para a promoção da saúde mental e da dignidade dos que sofrem a perda de alguém significativo.
Como possibilidade para estudos futuros, sugere-se a realização de investigações empíricas que explorem a aplicação integrada dessas abordagens em contextos clínicos específicos, bem como o desenvolvimento de estratégias formativas para terapeutas que desejem atuar com enlutados a partir de uma perspectiva centrada na pessoa e fenomenológica. Que essas futuras práticas, ao valorizarem a escuta autêntica e a experiência subjetiva do enlutado como centro do processo terapêutico, possam reafirmar o que Carl Rogers (1961, p. 33) postulou: ‘A experiência é, para mim, a mais alta autoridade. A voz da vida dentro de mim é a única autoridade definitiva.’
REFERÊNCIAS
FEIJOO, M. L. C. O luto na perspectiva fenomenológica existencial. In: FEIJÓO, M. L. C.; PEREIRA, R. M. (Org.). Psicologia da saúde: teoria e prática. Rio de Janeiro: Vozes, 2013. p. 101-118.
FREITAS, J. L.; MICHEL, L. H. F. A maior dor do mundo: o luto materno em uma perspectiva fenomenológica. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 19, n. 2, p. 273-283, abr./jun. 2014.
GONDIM, S. M. G.; SOUZA, C. L. Psicoterapia humanista e luto: uma abordagem centrada na pessoa. Revista de Psicologia Humanista, v. 8, n. 2, p. 112-130, jul./dez. 2015.
HEIDEGGER, M. Ser e tempo. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 1927.
KOVÁCS, M. J. Morte e desenvolvimento humano. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1992.
KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
LANDIM, Daniel Wallace de Paula Marques Ribeiro Paes; ALMENDRA, Matheus da Costa. O luto pelo fim de um relacionamento: as fases por Kluber-Ross e as técnicas da Gestalt-Terapia. In: NUNES, Maria de Lourdes Rocha Lima et al. (Org.). Psicologia em Rede: Conexões e Intervenções. Teresina: Even3 Publicações; Editora Filadélfia, 2025. p. 96-123.
LIMA, C. F.; GRANETTO, D. P. O sofrimento no luto: reflexões a partir da abordagem fenomenológica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA EXISTENCIAL-HUMANISTA, 9., 2023. Anais… [S. l.]: [s. n.], 2023. p. 174-183.
MCLAREN, N. O luto e suas manifestações clínicas. Revista de Psicologia Existencial, v. 6, n. 2, p. 45-59, jul./dez. 1998.
PARKES, C. M. Luto: estudos sobre a perda na vida adulta. São Paulo: Summus, 1998.
RIBEIRO, M. A. Psicoterapia centrada na pessoa e processos de luto. Revista Brasileira de Psicoterapia, v. 18, n. 1, p. 45-58, jan./mar. 2016.
RIBEIRO, M. A.; ANDRADE, P. S. O papel da empatia na terapia centrada na pessoa para enlutados. Psicologia & Sociedade, v. 30, n. 1, p. 77-89, jan./abr. 2018.
ROGERS, C. Tornar-se pessoa: a perspectiva de um psicólogo humanista. São Paulo: Martins Fontes, 2015.
ROGERS, C. The necessary and sufficient conditions of therapeutic personality change. Journal of Consulting Psychology, v. 21, n. 2, p. 95-103, 1957.
SILVA, J. S. O luto na perspectiva fenomenológica: sentidos da perda e do acolhimento clínico. 2023. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2023.
SOUZA, T. L.; PIRES, M. A. Luto e psicoterapia humanista: possibilidades e desafios. Estudos em Psicologia, v. 25, n. 3, p. 241-260, jul./set. 2020.
STROEBE, M.; SCHUT, H. The dual process model of coping with bereavement: Rationale and description. Death Studies, v. 23, n. 3, p. 197-224, 2010.
¹Psicóloga clínica (UNINASSAU TERESINA 2023), pós-graduada em Tanatologia (2025). Atualmente, cursa pós-graduação em Docência no Ensino Superior (Afya Uninovafapi), com atuação clinica voltada ao atendimento clínico de mulheres e pessoas LGBTQIAPN+ lauramariapcs@gmail.com;
²Psicólogo clínico e organizacional (UNINASSAU TERESINA 2022), Pósgraduando em Psicologia Organizacional e Gestão de Pessoas (PUC-RS), Docência no Ensino Superior (Afya Uninovafapi). Mestrando em Psicologia (UFDPAR – Universidade Federal do Delta do Parnaiba). danielpaeslandim@yahoo.com;
³Psicóloga (FACID WYDEN 2021), Psicodramatista, Mestranda em Psicologia (UFDPAR – Universidade Federal do Delta do Parnaiba), professora universitária e atriz. pettraroque@gmail.com;
⁴Graduanda no 3º periodo de Psicologia (UNINASSAU TERESINA) bianca.ariadne100@gmail.com;
⁵Graduanda do 9º periodo de Psicologia (UNINASSAU TERESINA) nayrar059@gmail.com;
⁶Graduanda no 9º período de Psicologia (UNINASSAU TERESINA) brunanjosaraujo@gmail.com;
⁷Professor, doutorando em Agronomia (UFPB – Universidade Federal da Paraíba) veimar74185@gmail.com.