REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6665506
Autores:
*Marcos Zydanny Colares Pereira,
*Oseas Santos de Sá,
*Thamires Tais Sena de Freitas,
*Vagner Cardoso de Sousa,
*Alemar Pereira Torres.
RESUMO
Os problemas decorrentes as faltas de aplicação de normas em construção civis são bastantes. A motivação para a escolha deste tema baseia-se nos seguintes pressupostos: os regimes são devidamente executadas nas obras da construção civil e quais as consequências da falta de aplicabilidade das regulamentações. Identificar por meio de pesquisa bibliográfica os conceitos das NBRs dentro da construção civil, analisar os aspectos relevantes e identificar as consequências da não aplicabilidade dessas regras, além de verificar os tipos existentes de NBRs que são empregues dentro de uma obra da construção civil e analisar seus efeitos e suas vantagens e benefícios apontados pela literatura. Ainda, analisar qual o papel das normas regulamentadoras no processo de intervenção, prevenção e as consequências da falta da aplicação das normas na execução em uma obra da construção civil. O presente estudo permite diagnosticar as leis regulamentadoras como uma ferramenta importante para uma melhor análise qualitativa das obras da construção civil e consequentemente atingir a vida útil das edificações.
Palavras-chave: Normas regulamentadoras; NBR; construção civil;
1 INTRODUÇÃO
O setor da construção, segundo o IBGE (2016), nos últimos anos tem contribuído significativamente para os indicadores econômicos, com peso médio de 5,2% para todo o ano. Ressalta-se a importância do papel da indústria da construção civil (IC) na economia brasileira. O potencial de geração de riqueza é enorme, envolve uma extensa cadeia produtiva e tem impacto social significativo ao criar um grande número de empregos de curta duração, principalmente por empregar os mais pobres, com menor qualificação educacional e profissional.
A inclusão dos trabalhadores pobres na IC se reflete nos registros salariais: 27% ganham entre meio e um salário-mínimo (SM), e cerca de 3% ganham de um a dois salários mínimos em 2010 (IBGE, 2010). É importante notar que os jovens em início de vida profissional estão principalmente na indústria da construção, como evidenciado pela distribuição etária: cerca de 17% têm menos de 25 anos e a maioria tem entre 30 e 40 anos. (29%). Outro aspecto social importante da IC é o grande número de microempresas envolvidas.
O desenvolvimento tecnológico dos materiais de construção e das técnicas de desenho e construção é um dos fatores que contribuem para a diminuição da qualidade da construção civil e para o aumento do número de patologias nas obras. Como resultado, os edifícios tornam-se mais leves, com elementos estruturais mais compactos e resistentes. A situação económica fez com que os trabalhos fossem executados com grande rapidez e com pouco controle sobre os materiais e serviços, e a grande maioria dos trabalhadores mais qualificados foram integrados nas indústrias. (GONÇALVES, 2015)
O termo Patologia, que é derivado da palavra grega patologia, páthos = doença e logo = estudo, e assim pode ser entendido como o estudo da doença, é amplamente utilizado na ciência. Na engenharia civil, a patologia pode ser atribuída a estudos de danos em edifícios. A patologia se concentra no estudo da determinação das causas e efeitos dos problemas encontrados em um edifício, desenvolvendo diagnósticos e corrigindo-os. Um diagnóstico completo da patologia deve indicar em que estágio do desenvolvimento o fenômeno causador do problema surgiu e pode incluir medidas corretivas para o(s) possível(is) problema(s), bem como possíveis soluções, como medidas preventivas para prevenir sua ocorrência e disseminação. (FRANÇA, 2011)
Assim, são muitas as manifestações patológicas na construção civil. Os problemas patológicos podem surgir a partir de qualquer estágio e/ou estágios envolvidos na construção de um edifício, onde muitas vezes podem resultar de uma combinação de fatores e não apenas de um único estágio de deterioração. A origem das doenças pode advir de: projeto de má qualidade, materiais de má qualidade utilizados na construção, falta de domínio da tecnologia, principalmente relacionada ao concreto, falha na construção, etc. construção do empreendimento, falta de fiscalização por parte do gestor ou dos responsáveis pela execução do empreendimento, as edificações são utilizadas para fins diferentes da finalidade original (projeto) ou ainda por uso indevido e falta de manutenção. (MOTA, 2020)
Este trabalho tem como objetivo abordar as normas regulamentadoras, diante das possíveis patologias comumente observadas em construções civis, por meio de uma revisão de literatura e observação de estudo de caso como apoio a literatura pesquisada.
A pesquisa sobre as normas regulamentadoras é o tema abordado neste trabalho, pois a maioria das edificações no Brasil são construídas com base nesses regulamentos e muitos especialistas da área de engenharia civil se acostumaram a enfrentar algumas situações adversas a falta de uso correto de materiais.
Os regimentos são fundamentais para a engenharia civil, essas NBRs têm o objetivo de orientar os profissionais da construção civil em materiais, produtos e processos, além de melhorar a qualidade do projeto e evitar erros e outros problemas nas mais diversas fases da construção.
Questões relacionadas à qualidade e produtividade no setor de engenharia civil no Brasil têm se tornado cada vez mais objeto de pesquisa e discussão, criando uma tendência para o desenvolvimento de métodos de avaliação e monitoramento dos problemas relacionados à não conformidade de produtos e serviços nesta área. Com foco na melhoria dos processos de fabricação, diversas ferramentas foram desenvolvidas e adaptadas para a engenharia civil. A partir disso surgiu a necessidade de realizar pesquisas sobre as formas de controle de qualidade utilizadas no setor da construção civil. Permitir que a indústria da construção monitore e elimine problemas relacionados à qualidade e baixa produtividade associados à indústria.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 DURABILIDADE DAS EDIFICAÇÕES
O ciclo de vida de um edifício é uma preocupação crescente da sociedade da engenharia civil, e a durabilidade é uma das principais características deste ciclo.
Durabilidade é a capacidade de uma estrutura ou de suas partes de atender aos requisitos de manutenção planejados, por um período de tempo especificado sob a influência de influências ambientais ou devido ao processo de envelhecimento natural.
(ISO 13823, 2008, pág. 2)
De acordo com a ABNT NBR 155751 (2013), a durabilidade é um requisito econômico, pois está diretamente relacionada ao custo de propriedade e pode ser definida como a capacidade de uma estrutura funcionar durante sua vida útil, em condições específicas. Inicialmente, as estruturas foram projetadas de forma importante e profissional, utilizando apenas a resistência à compressão como parâmetro de segurança. Com o tempo e o desenvolvimento das técnicas e tecnologias utilizadas na construção, surge a necessidade de uma avaliação mais aprofundada do projeto, com ênfase na durabilidade da estrutura e dos materiais utilizados. A resistência é caracterizada pela avaliação do desempenho dos materiais quando expostos a fatores ambientais que alteram suas propriedades ao longo do tempo, ou seja, um conceito diretamente relacionado à vida útil da estrutura, vida longa representa alta durabilidade. (DUARTE, 2021)
2.2 A ANÁLISE DAS NORMAS
Segundo Ribeiro (2014), a utilização de NBR na engenharia civil oferece uma série de vantagens para uma empresa. Um dos benefícios da padronização é a contratação e venda de novas tecnologias. Além disso, o uso de materiais padronizados facilita a exportação e importação de produtos regulamentados pela NBR para construção civil. Outra vantagem é a garantia de maior durabilidade e qualidade, pois estabelecem os requisitos mínimos que o material deve atender.
A padronização dos materiais de construção civil também exige adequação da equipe envolvida na obra, ajudando-a a se preparar melhor para o uso e desenvolvimento de materiais resistentes, duráveis e de alta qualidade. Assim, a NBR construção civil determina os critérios de qualidade desde a etapa de controle, aceitação até a preparação dos materiais. Portanto, quando uma empresa do setor de construção civil utiliza materiais compatíveis com a NBR, não apenas o processo construtivo é regulamentado, mas a empresa será valorizada. Um produto certificado aumenta a qualidade do trabalho e a satisfação do cliente. (CBIC, 2017)
O principal objetivo da ABNT no país é padronizar as técnicas de produção em diversas áreas, inclusive na construção civil. É importante notar que este conjunto de normas não é exigido por lei e esta é a diferença entre a Norma Técnica Brasileira e a Norma Regulamentadora (NR). O objetivo da NBR é fornecer diretrizes para a ausência de erros e, como tal, propõe pontos de avaliação entre as fases que o projeto passa, padronizando a produção. (SONATA, 2013)
Foram publicadas 881 normas brasileiras aprovadas pela ABNT para engenharia civil. Além disso, novas regras são discutidas e adotadas a cada ano, atendendo às demandas de padrões da sociedade e da indústria. Os regimes publicados pela ABNT, NBR são regras para garantia de qualidade e padronização de processos e técnicas. No caso da construção civil, auxilia profissionais e empresas do ramo a garantir a qualidade da obra, além da segurança jurídica. (FASCIO, 2018)
2.2.1 AS NBRs
Segundo o Diário Oficial da União (2020), a indústria da construção tem mais de 800 normas técnicas. Portanto, os profissionais do setor devem estar atentos às regulamentações que regem suas atividades, de acordo com suas respectivas funções. Ou seja, as NBRS da construção civil devem ser consultadas e estudadas por todos os especialistas do setor em suas especialidades para garantir a qualidade e segurança de todas as obras. Outro ponto importante a destacar é que todos esses regulamentos são extremamente importantes e existem detalhes específicos que devem ser seguidos para proteger a obra de problemas técnicos e legais. Ressalta-se que o atendimento às normas técnicas da engenharia civil também permite aumentar a produtividade e reduzir o custo de projetos e obras individuais no Brasil, permitindo maior competitividade e melhor aproveitamento dos recursos.
As principais NBRs segundo suas características podem ser representadas conforme tabela abaixo:
Tabela 1- Principais NBRs da construção civil
AS PRINCIPAIS NBRs
NBRs | DESCRIÇÃO |
NBR 11706/2004: | Norma técnica que define padrões para vidros na construção civil. |
NBR 13531/ 1995: | Trata sobre a elaboração de projetos de edificações. |
NBR 14037/1998: | Diz respeito à operação. uso e manutenção de edificações. |
NBR 13867/1997: | Fala sobre o revestimento interno de paredes e tetos com pasta de gesso. |
NBR 15965- 3, 2014: | Define o sistema de classificação da informação da construção e processos da construção. |
NBR 16280, 2015: | Apresenta regras e condições para reformas em edificações. |
NBR 16337, 2014: | Fornece princípios e diretrizes gerais para o gerenciamento de riscos em projetos |
NBR 16366, 2015: | Discorre sobre a qualificação e perfil de profissionais telhadistas para a construção civi1. |
NBR 5354/1977 | Estipula condições para instalações elétricas prediais. |
NBR 5626/1998: | Está relacionada à hidráulica e diz respeito às instalações prediais de água fria. |
NBR 6118/1984: | Refere-se aos projetos de estruturas de concreto. |
NBR 6122/1996: | Diz respeito ao projeto e à execução de fundações. |
NBR 5688/1999: | Também relacionada à hidráulica, esta NBR Versa sobre o sistema predial de água pluvial, esgoto sanitário e ventilação. |
NBR 6121/1996 | Diz respeito ao projeto e à execução de fundações. |
NBR 6135/1992: | Relacionada à segurança, esta NBR trata de chuveiros automáticos para a extinção de incêndios. |
NBR 7678/1993: | Oferece orientações para garantir a segurança dos trabalhadores em obras. |
NBR 8953/2015: | Estabelece a classificação pela massa especifica, por grupos de resistência e consistência de concreto para fins estruturas |
NBR 9077/2001: | Fornece orientações para saídas de emergência em edificações. |
NBR 9050/2004: | Aborda sobre acessibilidade a edificações. mobiliários equipamentos e espaços urbanos. |
2.3 LEGISLAÇÕES, FUNDAMENTOS E NORMAS REGULAMENTADORAS.
A NBR 15575, introduzida em 2013 pela ABNT após uma reforma, antes destinada a residências de pequeno porte, traz novas considerações para a avaliação de desempenho de edificações residenciais, pois busca analisar os sistemas entre si por parâmetros, diante de situações previamente definidas no projeto por sua vida útil. A mesma é considerada referência em engenharia civil no Brasil, esta norma, além de servir como um poderoso aliado econômico para os usuários, proporciona aos fornecedores padrões de controle dos produtos e de seus materiais, da qualidade, resistência e durabilidade das construções, prolongando a vida útil e desempenho do sistema durante este período. (ABNT NBR 15575, 2013)
Em suas diretrizes, a norma possui parâmetros específicos para sistemas como aquários sanitários, cercas, pisos, que ajudam a evitar maiores manifestações de patologia ou defeitos de desempenho, se seguidas corretamente. A última versão desta norma possui uma estrutura de seis partes: Parte 1: Geral, Parte 2: Requisitos para sistemas estruturais, Parte 3: Requisitos para sistemas de piso, Parte 4: Requisitos para sistemas de vedação vertical interna e externa, Parte 5: Requisitos do recinto, Parte 6: Requisitos do Sistema de Irrigação Sanitária. (ABNT NBR 15575, 2013)
2.4 AS OBRIGAÇÕES DAS NBRS
Segundo, Gonçalves (2014), no geral as normas regulamentadoras no Brasil, é avaliado por conformidade de dois tipos dentro das NBRs da construção civil sendo elas a de forma compulsória e a voluntária.
2.4.1 Compulsória
As normas compulsórias, ao contrário das voluntárias, são implementadas pelo poder do Estado e são obrigatórias. É desenvolvido se for entendido que um produto ou serviço pode representar risco à segurança dos consumidores, ao meio ambiente ou mesmo se puder causar danos econômicos ao país.
2.4.2 Voluntária
De acordo com o site do Inmetro, normas voluntárias “são aquelas pelas quais uma empresa determina se deve certificar seus produtos, e conforme especificado por uma norma técnica, de acordo com os benefícios que essa certificação proporciona.”
As normas voluntárias são desenvolvidas pela ABNT e não são obrigatórias por lei. No entanto, se houver uma norma regulatória que exija o uso de determinadas NBRs, a implementação dessa norma torna-se obrigatória. (GONÇALVES, 2014)
Em 2015, o setor da Construção Civil passou por um período de crise, principalmente em termos de ética. Milhares de pessoas foram demitidas, executivos presos e grandes empresas fechadas. Entretanto, atualmente esse cenário está melhorando e percebe-se que o mercado caminha contra o ambiente desafiador em que se desenvolve. O que pouca gente sabe é que as NBRs de engenharia civil são uma poderosa aliada para reativar o mercado e, ao mesmo tempo em que regulam os materiais de construção, também oferecem métodos para otimizar a produção, a sustentabilidade, a resistência e a qualidade.
2.5 OS BENEFICIOS
Um dos benefícios da padronização quando falamos em qualidade é contratar e vender novas tecnologias. A utilização de materiais padronizados e catalogados facilita a exportação e importação de produtos padronizados que são regulamentados de acordo com as NBRs da construção civil. (PIRES, 2019)
Além disso quando os materiais cumprem as normas, a mesma possui uma garantia de maior durabilidade e qualidade. Os regimes evitam práticas enganosas que prejudicam os consumidores e estabelecem requisitos mínimos que os materiais devem atender, incentivando também a concorrência. Já com a padronização é um processo de melhoria contínua. Definir padrões e padronizar materiais de fabricação também exige adaptação dos membros da equipe envolvidos no trabalho, ajudando-os a se preparar melhor para o uso e desenvolvimento de materiais duráveis, mais duráveis e de melhor qualidade. (RIBEIRO, 2014)
Ressalta-se que muitas empresas do ramo ainda se opõem ao uso de NBRs na construção civil, acreditando que são mais um meio burocrático ou simplesmente uma ferramenta de defesa legal. No entanto, as normas regulatórias materiais têm se mostrado extremamente importantes e cada vez mais empresas estão adotando meios de padronização e padronização para sua organização. É importante trabalhar ideias sobre os benefícios que o cumprimento das NBRs na engenharia civil pode trazer, tanto para sua construtora quanto para seus colaboradores e clientes. (THOMÉ, 2016)
3 METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado de forma exploratória, analisando as NBRs. Foi realizada também uma revisão bibliográfica relacionada ao tema, além disso foi realizado um levantamento de dados técnicos sobre os benefícios e seus aspectos conceituais. Juntamente com a revisão bibliográfica, como estudo qualitativo, foi realizado exame visual “in loco”, como estudo de caso, dos quais pode-se verificar os aspectos do referido local de estudo.
Finalmente, no âmbito de um estudo interpretativo, todos estes dados foram analisados, traçando um diagnóstico e prognóstico sobre as possíveis causas da ocorrência da utilização das normas no local estudado.
As etapas do presente artigo são divididas da seguinte maneira: Revisão da literatura e estudo teórico, desenvolvendo o tema por meio de conteúdo devidamente referenciado. Os métodos de classificação da pesquisa se dividem basicamente em dois. O primeiro deles seria o exploratório, que conceitua o tema, explorando de forma esclarecedora o tema, para que dessa maneira ele seja introduzido. O outro método seria a pesquisa descritiva que é uma pesquisa em forma de estudo de caso, observando-se como as normas são utilizadas dentro de uma obra da construção civil, com seus diagnósticos e suas possíveis soluções na Engenharia.
O presente estudo foi realizado basicamente por meio de revisão bibliográfica, cujo principal material foi na área de engenharia civil, e as referências foram publicadas entre 2011 e 2021 por meio de trabalhos publicados em livros, jornais profissionais, artigos e periódicos científicos.
Este conteúdo apresenta diversos tópicos relacionados a utilização correta das normas dentro das construções, com suas definições e fundamentos. Portanto, o presente estudo não é apenas um artigo na qual se repita ou compile o que já foi dito, mas possibilitar conduzi-lo sob uma nova ótica de abordagem de pesquisa, levando a novas possibilidades de aplicação.
Os dados empíricos que estão neste artigo representam trabalhos lançados em periódicos de engenharia ou em sites dos quais apresentaram-se por meio do descritor: aplicação de normas NBRs, que estão disponíveis nas seguintes bases de dados: Scientific Electronic Library Online – Brasil Scielo BR; portal periódicos capes e google acadêmico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente estudo de caso foi realizado em 2 obras localizadas 1- No Condomínio Morada dos Pássaros, LOTES A, B e C; 2- No Residencial Praia dos Passarinhos, Lote D e E, Avenida Carlota Bomfinm, Ponta negra na cidade de Manaus, do estado do Amazonas, conforme figuras 1 abaixo.
Figura 1- localização das obras estudadas.
A análise é realizada com o objetivo de identificar quais normas estão sendo utilizadas nas obras de forma a identificar e classificar as soluções existentes quanto à sua origem e procedência e, finalmente, recomendando medidas de remediação para os aspectos identificados na obra. Ressalta-se que, portanto, antes de tomar qualquer decisão de como agir, é necessário analisar a solução a fim de determinar a causa e a extensão do problema encontrado.
Os dados coletados são então apresentados como uma análise para mostrar, por meio de métricas, as principais tomadas de decisões para os problemas com a má utilização das normas NBRs.
No presente estudo, os problemas mais observados são demonstrados localmente, conforme Tabela 2 abaixo, juntamente seguida dos registros de imagem tiradas in loco com suas soluções.
Tabela 2 – Tabela dos erros encontrados nas obras
ERROS DIAGNOSTICADOS
Tipo | Local | Lote | Figura |
Viga baldrame cortada para passagem das tubulações de esgoto. | Condomínio Morada dos Pássaros | A | 2 |
Erro de dimensionamento na estrutura. | Condomínio Morada dos Pássaros | B | 3 |
Falha durante montagem da fôrma deslocando ferragem da viga. | Condomínio Morada dos Pássaros | C | 4 |
Abertura mal dimensionada para passagem de tubulação | Condomínio Morada dos Pássaros | A | 5 |
Ferragem exposta devido ao não preenchimento total do pilar durante a sua concretagem | Condomínio Morada dos Pássaros | B | 6 |
Escareamento de pilar. | Condomínio Morada dos Pássaros | C | 7 |
Erro no processo de concretagem da viga. | Residencial Praia dos Passarinhos | D | 8 |
Instalação hidrossanitário mal executada. | Residencial Praia dos Passarinhos | E | 9 |
Erro construtivo durante execução. | Residencial Praia dos Passarinhos | D | 10 |
Fundação tipo sapata descentralizada. | Residencial Praia dos Passarinhos | E | 11 |
- Condomínio Morada dos Pássaros
Figura 2 – Viga baldrame cortada para passagem das tubulações de esgoto.
Na figura 2, lote A, observa-se a viga baldrame cortada para passagem das tubulações de esgoto.
O corte em vigas, pilares e lajes deve-se levar em consideração alguns fatores como a perda de resistência e vida útil da estrutura ao longo do tempo. Ao realizar o corte na estrutura, é importante que a armadura local não seja removida, o que ocasionaria na diminuição dos elementos estruturais destacados anteriormente.
Devido a estrutura sofrer tais alterações por falta de fiscalização ou falha técnica, cria-se a necessidade de reforçar a armadura na região, para que assim seja evitado eventuais problemas.
Figura 3 – Erro de dimensionamento na estrutura.
O dimensionamento de escadas requer um cuidado muito especial, haja vista que, são um dos elementos estruturais que mais se destaca em uma obra de construção civil. A figura 3, lote B, foge diretamente da perspectiva desses cuidados. A causa dessa patologia pode estar ligada diretamente a falha no dimensionamento da estrutura ou a retirada da fôrma da estrutura descumprindo o prazo mínimo de desfôrma, para correr nenhum risco, o tempo é de 28 dias.
Para melhorar a estética dessa estrutura e disfarçar essa patologia, emprega-se o uso de manta vinílica marmorizada.
Figura 4 – Falha durante montagem da fôrma deslocando ferragem da viga.
A montagem das formas é outro cuidado que deve ter uma análise bem detalhada, uma vez que a partir desse parâmetro, determina-se a correta geometria da estrutura lançada, o que não acontece na figura 4, lote C. Esse problema pode ocorrer também por conta da madeira de baixa qualidade e a exposição a intérpretes climáticos, o mais recorrente o sol.
Para amenizar esse problema, uma boa alternativa seria lixar a parte exterior com uma lixadeira elétrica, sem deixar a armadura exposta, e acertar com argamassa a parte interna da viga.
Figura 5 – Abertura mal dimensionada para passagem de tubulação
Um erro muito comum encontrado nas obras de construção civil é a presença de aberturas para passagem de tubulação mal dimensionada, como pode-se observar a figura 5, lote A. Essa falha pode ocasionar diminuição da resistência da estrutura por passar uma viga de amarração no local, essa viga serve para dar sustentação a parede.
Segundo a NBR 6118 (13.2.5.1), a distância mínima necessária para se fazer um furo à face mais próxima da viga, deve ser igual a 5cm mais duas vezes o cobrimento previsto para a face escolhida. Dessa forma, a seção que resta nessa região, uma vez descontada a área do furo, deve resistir aos esforços previstos no cálculo, havendo, assim, uma boa concretagem.
Figura 6 – Ferragem exposta devido ao não preenchimento
Durante o processo de concretagem, a utilização do vibrador evita o tipo de problema encontrado na figura 6, lote B, pois a ferramenta expulsa todos os índices de vazios no concreto. Outro erro se refere a viga fora do prumo encontrada acima do pilar. Diante dessa circunstância a viga vai sofrer um momento mais acentuado prejudicando o esforço que o pilar deveria receber em projeto.
Ao projetar qualquer estrutura em concreto armado, deve-se conferir o prumo antes de preparar a forma para o enchimento da viga.
Figura 7 – Problema escareamento de pilar.
O escareamento do pilar conforme figura 7, lote C, é um vício comum nos canteiros de obra, ao passo que o cobrimento da armadura vai determinar a durabilidade da estrutura.
Esta ação diminui a seção do pilar alterando o mínimo de cobrimento nominal especificado por norma, NBR 6118 (6.4.2). Logo, esses valores mínimos variam de acordo com a taxa de agressividade ambiental na qual as estruturas são submetidas ao decorrer de sua vida útil. Elas podem variar de acordo com: I (rural), II (urbano), III (marinho ou industrial) e IV (polos industriais). Dessa maneira, a norma serve de referência para os projetistas e para os profissionais que acompanham o serviço. Para uma correta execução é indispensável a fiscalização por um profissional técnico que entenda do assunto.
Para evitar a retirada do cobrimento do pilar, o primeiro passo é certificar de que a fôrma, antes da concretagem, esteja devidamente no prumo. Outra medida importante é usar espaçadores para a centralização das armaduras, garantindo a geometria da estrutura.
- Residencial Praia dos Passarinhos
Figura 8 – Erro no processo de concretagem da viga.
Na figura 8, Lote D, pode-se observar a presença de bicheira em uma viga após o processo de desforma da estrutura.
De acordo com a NBR 6118 (18.2.1), o arranjo das armaduras não deve atender somente à sua função estrutural, porém, deve-se levar em consideração suas adequadas condições de execução. O espaçamento deve ter a distância mínima necessária para a utilização do vibrador durante concretagem de modo a evitar a segregação dos agregados e expulsando os vazios no interior do elemento estrutural.
Para fazer uma correta recuperação da estrutura, o primeiro ponto é analisar se a mesma vai necessitar de escoramento para poder iniciar o processo de reparo. Dependendo da espessura dessa patologia, pode-se utilizar adesivo à base de epóxi para solidificar o novo concreto através da argamassa estrutural polimérica ou graute, após ter feito toda a remoção das partes segregadas e limpeza da área.
Figura 9 – Instalação hidrossanitário mal executada.
Na figura 9, lote E, as normas garantem a real aplicação e execução das etapas de uma obra. De acordo com a NBR 5688 (1), tubulações de esgoto de série normal (branco) resiste a temperatura máxima de até 45°C, enquanto as tubulações de esgoto de série reforçada (cinza) resistem a uma temperatura máxima de 75°C.
Ao submeter as tubulações a altas temperaturas, a ação interfere diretamente na perda de resistência, alterando sua eficiência. Dessa maneira, para fugir dessa cena comum nos canteiros de obras, deve-se seguir o passo a passo das NBRs de execução para um trabalho preciso e eficiente que não cause danos futuros.
Figura 10 – viga deslocada sem amarração.
Ler e interpretar o projeto estrutural de uma obra garante que o serviço seja bem realizado. Na figura 10, lote D, ocorre um problema construtivo devido a mal interpretação do projeto. Não houve amarração entre as vigas. A viga em balanço vai gerar uma carga excessiva na alvenaria, carga essa não especificada no projeto.
A forma adequada é fazer a amarração de todas as vigas e concretá-las de uma só vez. A alvenaria não tem função estrutural, somente para fins de vedação.
Figura 11 – Fundação tipo sapata descentralizada.
As fundações consistem em ser um dos elementos estruturais mais importantes de uma obra. São elas que dissipam e transmitem as cargas ao solo. Por essa razão elas devem ser bem dimensionadas e executadas para evitarem problemas e patologias na estrutura como um todo. Na figura 11, lote E, a fundação tipo sapata encontra-se descentralizada. Ao concretar a estrutura dessa forma, esta pode sofrer uma carga excêntrica causando momento fletor.
Segundo a NBR 6122 (7.6.2), uma fundação sofre carga excêntrica quando submetida ao arranjo de forças que geram momento na fundação. O correto dimensionamento geotécnico de uma fundação tipo sapata deve ser realizado levando-se em consideração o solo que, por sua vez, não é um elemento resistente a tração.
Durante o processo de escavação é importante o uso do prumo de centro para determinar o eixo da fundação e posteriormente analisar se as ferragens da base estão devidamente alinhados ao pilar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho destaca a importância da aplicação das normas regulamentadoras NBRs nas obras de engenharia civil, para evitar erros e problemas que poderão ser degradantes para as obras no decorrer do tempo.
Foi observado que nos lotes citados anteriormente, os mesmos devem ter tomadas de decisões para que algumas precauções sejam tomadas a fim de evitar problemas futuros. Diante do exposto, ressalta-se que é de suma importância conhecer as normas regulamentadoras e até mesmo a qualidade dos materiais de construção. Para evitar esses problemas como os citados anteriormente, um bom projeto com aplicação das NBRs de forma correta é o recomendado para minimizar os problemas mais tarde, durante e após a conclusão da construção.
Dos problemas discutidos, todos possuem soluções, que seriam facilmente evitados se durante a obra fossem feitas as devidas aplicações das normas. Então para evitar tais problemas, são necessários que alguns cuidados sejam feitos desde o projeto, além de um bom supervisionamento de obra para as aplicações das NBRs, com o objetivo de serem feitas de forma efetivas. Haja visto que, muitos erros encontrados nas duas construções citadas se dão devido à má projeção, falta de atenção, falta de seguir métricas exatas ou até mesmo a colocação de materiais menos seguros, mas isso só é controlados com a aquisição de um conhecimento mais profundo do desempenho dos materiais utilizados na construção, além claro, dos processos e das técnicas de construção, pois na maioria dos casos em que ocorrem erros parecidos com os que foram encontrados se originam de etapas anteriores, logo, por exemplo na etapa de idealização do projeto em si.
Portanto, o estudo apresenta os problemas encontrados em obras da construção civil que são causadas pela não utilização correta das NBRs, no qual se trata de normas importantíssimas para toda e qualquer construção. Este trabalho por fim está disposto a fornecer informações que possam ajudar estudantes e especialistas da área futuramente, como uma forma de auxílio para problemas e erro similares, afim também de garantir a qualidade, durabilidade e alto desempenho de construções com os mesmos problemas, bem como prevenir a ocorrência dos mesmos, evitando custos desnecessariamente elevados e retrabalhos.
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