AS COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS DO TDAH EM ADULTOS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7830221


Wagner Silva de Souza1


RESUMO 

Introdução: O transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico crônico cujas características principais são: desatenção, hiperatividade e  impulsividade. São sinais que se manifestam na infância, podendo perdurar por toda a vida  associados a comorbidades, caso não sejam devidamente identificados e tratados. Objetivo:  revisar a literatura médico-científica quanto às comorbidades psiquiátricas do TDAH em  adultos. Métodos: Este trabalho foi elaborado a partir de uma pesquisa bibliográfica na  literatura médico-científica, preferencialmente dos últimos vinte anos, em bases de dados como  National Library of Medicine (PubMed), Literatura Internacional em Ciências da Saúde  (Medline), Scielo Eletronic Library Online (SciELO). Também foram consultados livros,  como: manual diagnóstico e estatístico (DSM V) e o Tratado de Psiquiatria da Associação  Brasileira de Psiquiatria (1ª edição), vigentes até o momento. Resultados: o TDAH está  associado principalmente à maior incidência de comorbidades de Transtornos de uso/abuso de  substância, Transtornos depressivos, Transtornos ansiosos e Transtornos de personalidade  antissocial/delinquência e borderline. Conclusão: o TDAH é uma das doenças mentais mais  comumente diagnosticadas, e seu diagnóstico precoce, o tratamento farmacológico e as  intervenções psicoterapêuticas têm um impacto positivo sobre os resultados, o tratamento e as  comorbidades. 

Palavras-chave: transtorno de déficit de atenção e hiperatividade; adulto; comorbidades  psiquiátricas.

ABSTRACT 

Introduction: Attention deficit/hyperactivity disorder (ADHD) is a chronic neurobiological  disorder whose main characteristics are: inattention, hyperactivity and impulsivity. These are  signs that appear in childhood and can last for a lifetime associated with comorbidities, if not  properly identified and treated. Objective: To review the medical-scientific literature regarding  the psychiatric comorbidities of ADHD in adults. Methods: This work was elaborated from a  bibliographical research in the medical-scientific literature, preferably, of the last twenty years,  in databases such as National Library of Medicine (PubMed), International Literature in Health  Sciences (Medline), Scientific Electronic Library Online (SciELO). Books were also consulted,  such as: diagnostic and statistical manual (DSM V) and the Treaty of Psychiatry of the Brazilian  Association of Psychiatry (1st edition), in force until now. Results: ADHD is primarily  associated with a higher incidence of comorbidities of Substance use/abuse disorders,  Depressive disorders, Anxiety disorders and Antisocial/delinquent and borderline personality  disorders. Conclusion: ADHD is one of the most commonly diagnosed mental illnesses, and  its early diagnosis, pharmacological treatment, and psychotherapeutic interventions have a  positive impact on outcomes, treatment, and comorbidities. 

Keywords: attention deficit hyperactivity disorder; adult; psychiatric comorbidities.

  1.  INTRODUÇÃO 

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno  neuropsiquiátrico, multifatorial e caracterizado por padrões persistentes de desatenção,  desorganização, impulsividade e hiperatividade. Esses indicativos estão presentes em pelo  menos dois contextos diferentes (escola e em casa, por exemplo), interferindo principalmente  no funcionamento social e no desenvolvimento do indivíduo (APA, 2014). 

Segundo Hamed, Kauer e Stevens (2015), o transtorno do déficit de  atenção/hiperatividade (TDAH) é uma das doenças neurocomportamentais mais comuns e  desafiadoras da infância. É conhecido por afetar negativamente as crianças, suas famílias e  comunidade. Cerca de um terço da metade dos pacientes com TDAH terá sintomas persistentes  na vida adulta. 

Deficiências associadas ao TDAH no adulto incluem sintomas de sofrimento,  diminuição da capacidade funcional no trabalho e em ambientes acadêmicos e problemas em  manter relacionamentos estáveis. A desordem é comumente associada a humores voláteis,  comportamento antissocial e abuso de drogas e de álcool. Além disso, existe um risco  aumentado de desenvolver ansiedade, depressão e distúrbios de personalidade (ASHERSON,  2005). 

Justifica-se o interesse pelo tema, porque o TDAH é considerado um transtorno da  infância, mas há muito menos investigação sobre o TDAH em adultos e suas situações  comórbidas e o objetivo desse trabalho é revisar as comorbidades psiquiátricas do TDAH em  adultos. Os pacientes adultos com esse transtorno compartilham características clínicas,  comorbidades, disfunções neuropsicológicas e comprometimento funcional semelhantes à das  crianças com TDAH.  

O impacto do TDAH não diagnosticado ou diagnosticado tardiamente, na vida adulta,  pode ser grave. Portanto, é importante compreender as complexidades do procedimento  diagnóstico desse transtorno, incluindo o efeito cultural, as limitações das definições do Manual  Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – Diagnostic and Statistical Manual  of Mental Disorders), o efeito das condições co-mórbidas no processo de diagnóstico, a  interação genes-ambiente, e a necessidade de testes diagnósticos mais precisos e geralmente  aceitos (BERGER, 2011). 

Os estimulantes são o pilar do tratamento do TDAH e são eficazes em cerca de 70% dos  casos. As intervenções psicoterapêuticas também têm um papel importante (ASHERSON,  2005).

  1.  OBJETIVO 

O objetivo deste trabalho é revisar a literatura médico-científica quanto às comorbidades  psiquiátricas do TDAH em adultos.

  1.  MÉTODOS 

O método científico utilizado neste estudo é a revisão de literatura, que orienta o  pesquisador sobre o que é ou não conhecido em uma área de investigação, identificando  estruturas teóricas e conceituais importantes para a pesquisa. Ela tem a função de integrar e  facilitar o acúmulo de conhecimentos. A pesquisa bibliográfica para esta revisão foi realizada  em materiais já publicados, constituindo-se, principalmente, em artigos científicos. 

Este trabalho foi elaborado a partir de uma pesquisa bibliográfica na literatura médico científica, preferencialmente, dos últimos vinte anos, nas bases de dados como National Library  of Medicine (PubMed), Literatura Internacional em Ciências da Saúde (Medline), Scielo  Eletronic Library Online (SciELO) e Google Acadêmico. Também foi consultado material em  livros, como: manual diagnóstico e estatístico (DSM V) e o Tratado de Psiquiatria da  Associação Brasileira de Psiquiatria (1ª edição), vigentes até o momento. 

Os descritores utilizados na pesquisa foram: transtorno do déficit de atenção e  hiperatividade – TDAH, adultos, TDAH em adultos, comorbidades, neurobiologia, diagnóstico,  tratamento, attention deficit disorder with hyperactivity e comorbidity. Foi incluído na pesquisa  material em língua portuguesa e inglesa dos últimos vinte anos e excluídos artigos fora desse  período, além daqueles escritos em outras línguas.

  1.  RESULTADOS 

4.1 O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE EM  ADULTOS E SUAS IMPLICAÇÕES GENÉTICAS E NEUROBIOLÓGICAS 

Briars e Todd (2016) comentam que crianças do sexo masculino têm duas vezes mais  probabilidade de serem diagnosticados com TDAH do que mulheres com a mesma idade. No  entanto, isso pode ser devido aos homens expressarem sintomas mais hiperativos, enquanto as  mulheres demonstram frequentemente desatenção, podendo, assim, ser mais difícil de identificar. 

A etiologia do TDAH não foi claramente identificada, embora evidências suportem  origens neurobiológicas e genéticas. Estudos de imagens estruturais e funcionais sugerem que  disfunção nas vias fronto-subcorticais, bem como desequilíbrios nos sistemas dopaminérgicos  e noradrenérgicos, contribuem para a fisiopatologia desse transtorno (BIEDERMAN, 2005). 

Estudos com famílias e gêmeos com TDAH demonstraram uma alta herdabilidade,  estimada em cerca de 70-80% a partir de estudos individuais. Relativamente poucos estudos  investigaram as contribuições genéticas e ambientais para o curso de desenvolvimento e  resultados na idade adulta. Estudos longitudinais com gêmeos mostraram que a continuidade  dos sintomas desde a infância até a adolescência é predominantemente devido a influências  genéticas comuns. Embora tais efeitos genéticos estáveis tendem a continuar além da  adolescência, existem poucos estudos que investigam tal situação (BURT, 2009; KUNTSI et  al.., 2005; LARSSON, J.; LARSOON, H.; LICHTENSTEIN, 2004; VAN DEN BERG, 2006). 

A pesquisa genética sobre o TDAH começou com a constatação de que a hiperatividade  tende a agregar nas famílias. Desde então, estudos familiares mostraram que o TDAH mostra  agrupamento familiar, tanto dentro como entre as gerações. O aumento das taxas de TDAH  entre os pais e irmãos de crianças com TDAH têm sido observado. Observou-se um forte  aumento de riscos (57%) para o TDAH entre filhos de adultos com TDAH. E, em comparação  com o risco de desenvolver TDAH entre os irmãos de crianças com TDAH (15%), observou se, também, um forte aumento do risco de TDAH (41%). Tomados em conjunto, esses estudos  sugerem que o risco para o TDAH pode ser maior entre os parentes de primeiro grau de  indivíduos com TDAH (FRANKE et al.., 2012). 

O TDAH era, até recentemente, erroneamente percebido como presente apenas em  pessoas jovens, com pouco ou nenhum impacto na vida adulta. Na realidade, ele pode ser um  distúrbio neurológico extremamente debilitante que muitas vezes persiste além da infância, talvez em cerca de um terço a dois terços dos pacientes. Relatórios indicam que o TDAH afeta  2,5% a 5% dos adultos na população em geral, em comparação com 5% a 7% das crianças.  Curiosamente, até 40% dos homens presos e 17% a 22% dos adultos que frequentam  ambulatórios psiquiátricos para outras condições que não o TDAH, sofrem com o transtorno.  No entanto, menos de 20% dos adultos com TDAH são diagnosticados e/ou tratados por  psiquiatras. Alguns deles receberam um diagnóstico na infância, porém muitos deixaram de  procurar atendimento nos serviços psiquiátricos e não têm acesso a tratamento. Por outro lado,  outros adultos com TDAH não foram diagnosticados na infância (GINSBERG et al.., 2014). 

Para Eklund et al. (2016), até dois terços das crianças com TDAH mantêm o mesmo  diagnóstico na fase adulta, o que impacta, significativamente, na vida. Por exemplo, adultos  com TDAH são mais propensos do que a população em geral para: (1) estar desempregado e  ter experiência de perdas de emprego mais frequentes; (2) baixo rendimento escolar; (3)  experimentar maior instabilidade nas relações emocionais; (4) comportamentos antissociais e ofensivos; e (5) sofrem de abuso de drogas, ansiedade e depressão. 

O curso de desenvolvimento do TDAH no adulto é extremamente heterogêneo e, entre  outras coisas, resulta de comorbidades variadas. Diferentes estudos relatam uma relação forte,  especialmente com abuso de substâncias, transtornos afetivos, comportamento antissocial e  transtorno de personalidade borderline (SCHMIDT; PETERMANN, 2009). 

Para Haavik et al. (2010), o TDAH é um distúrbio prevalente na Psiquiatria de adultos,  particularmente em ambientes ambulatoriais. Não há testes laboratoriais que possam  estabelecer o seu diagnóstico e os critérios diagnósticos atuais para o TDAH são formulados,  principalmente, em função do comportamento na infância, com base na idade e níveis de  hiperatividade, impulsividade e desatenção. Outros sintomas, como a instabilidade de humor,  intolerância e frustração não estão incluídos nos critérios atuais para o TDAH, mas são muito  prevalentes nesse grupo de pacientes. O TDAH é frequentemente comorbidade com álcool,  abuso de substâncias e outros transtornos psiquiátricos, em especial os transtornos de ansiedade  e de personalidade. 

Uma das alterações mais encontradas no TDAH infantil é um volume significativamente  menor no caudado e uma região menor do putâmen – globo pálido. O caudado, juntamente com  o putâmen e o globo pálido, fazem parte de discretos circuitos distribuídos essenciais para as  funções executivas. Danos no corpo estriado são hipótese de associação ao TDAH: lesões do  estriado em animais produzem hiperatividade, fraca memória de trabalho e inibição do  desempenho de resposta. Finalmente, medicamentos estimulantes, comumente usados para tratar o TDAH, podem aumentar a dopamina sináptica, bloqueando o transportador de  dopamina no corpo estriado (HAAVIK et al., 2010). 

Alguns estudos do TDAH mostraram função atípica do circuito fronto-estriatal,  diminuição do fluxo de sangue no corpo estriado e regiões do córtex pré-frontal e diminuição  do metabolismo dos circuitos frontais-cerebrais. A dopamina parece ser a principal alteração  neuroquímica subjacente a essas alterações morfológicas. Na verdade, os medicamentos  estimulantes, até a data, têm sido os mais bem-sucedidos para TDAH (ZAMAN, 2013). 

Alterações de rede de conexão entre hemisférios cerebrais em regiões parieto-temporais  (atenção) e nos sítios fronto-posteriores (atenção e percepção) em pacientes com TDAH foram  sugeridas em uma metanálise que abordou dez estudos de imagem. Esse estudo de imagem foi  feito com tensor de difusão, avaliando a substância branca do cérebro e traçando modificações  estruturais consistentes em região de esplênio do corpo caloso, cíngulo direito e outras  estruturas associadas (CHEN et al.., 2016). Outras neuroimagens funcionais estudadas através  de metanálises descreveram alterações replicáveis de hipoativação na região cerebral frontal  (córtex inferior direito) (NORMAN et al.., 2016). 

Existem evidentes alterações cerebrais neurofisiológicas corticais e subcorticais, tanto  em volume cerebral quanto na rede conectiva e substância branca dos pacientes com TDAH (NARDI; SILVA; QUEVEDO, 2022). 

4.2 COMORBIDADES PSIQUIÁTRICAS DO TDAH EM ADULTOS 

O TDAH está intimamente relacionado a comorbidades psiquiátricas, as quais  dificultam o diagnóstico e impactam o curso do quadro clínico e prognóstico. A importância da  avaliação psicopatológica de excelência é inegável e, quando da presença de duas ou mais  comorbidades, será ainda mais difícil o rastreio diagnóstico, pois as comorbidades no TDAH  chegam a 80% em amostras clínicas e a 50% em amostras comunitárias (NARDI; SILVA;  QUEVEDO, 2022). 

Os transtornos de ansiedade, humor e uso de substâncias são comumente relatados no  TDAH adulto. Essas taxas de comorbidades não diferem em função do gênero. Dados sugerem  que 43% das pessoas com TDAH com idades entre 18 e 29 anos já sofreram de uma  comorbidade psiquiátrica, em comparação com 56% daqueles entre 30 e 44 anos de idade  (KESSLER; ADLER; BARKLEY, 2006). 

Em populações clínicas, históricos de transtorno de conduta e transtorno desafiador  opositivo (TDO) ocorrem em aproximadamente 24%-35% dos adultos com TDAH. Isso é mais baixo do que as taxas frequentemente relatadas no TDAH pediátrico (50-60%) (FARAONE;  ANTSHEL, 2008). 

Distúrbios por uso de álcool também são comuns em adultos com TDAH. As taxas de  prevalência de dependência de álcool ou de transtornos de abuso ao longo da vida variam de  21% a 53%. Distúrbios de maconha e cocaína são também relativamente comuns em adultos  com TDAH. Ainda, foi demonstrado que o tabagismo é mais prevalente em adultos com TDAH  (WILENS, 2004). 

Indivíduos com TDAH foram relatados como tendo início mais precoce de abuso de  substâncias em relação a adultos com abuso de substâncias que não têm TDAH, além de uma  maior gravidade do abuso/dependência (KOLLINS; MCCLERNON; FUEMMELER, 2005). 

Os transtornos de humor, como o transtorno depressivo maior, ocorrem em crianças  com TDAH, especialmente naquelas com transtorno de conduta. Entre 16% e 31%, os adultos  com TDAH têm grande transtorno com comorbidade atual depressiva, com taxas de vida altas como 45% (FARAONE; ANTSHEL, 2008). 

Para Schmidt e Petermann (2009), devido à comorbidade e os déficits causados pelo  TDAH, outros problemas emergem frequentemente e influenciam negativamente a vida social  e o bem-estar emocional da pessoa afetada. Dificuldades na organização das tarefas diárias  podem levar a problemas no trabalho, em casa e nas relações sociais. Problemas com a  regulação da emoção podem provocar interações sociais negativas, que intensificam ainda mais  a pressão psicológica da pessoa afetada e seus familiares, o que, por sua vez, aumenta o risco  de desenvolver doenças co-mórbidas. A descrição detalhada de comorbidades a seguir irá  sublinhar isso. 

O DSM-5 é usado para diagnosticar oficialmente um paciente com TDAH. O DSM-5  separa os sintomas característicos em duas categorias: desatenção e  hiperatividade/impulsividade. Dentro de cada categoria existe uma lista de sintomas e um  paciente pediátrico (menor de 17 anos) deve ter seis ou mais desses sintomas em uma ou outra  categoria para ser diagnosticado com TDAH. Os pacientes com 17 anos de idade ou mais  requerem apenas cinco sintomas para o diagnóstico. Além disso, para ser diagnosticado, o  paciente deve ter expressado os sintomas de TDAH por um período mínimo de seis meses e ter  um histórico de desenvolvimento de vários dos sintomas antes da idade de 12 anos. Os sintomas  também devem estar presentes em duas ou mais situações (como casa e escola) e deve haver  evidência clara de que os sintomas interferem na vida do paciente (APA, 2014; BRIARS;  TODD, 2016). 

Grande parte dos adultos com TDAH possui pelo menos uma outra situação psiquiátrica comórbida. Isso dificulta o rastreio diagnóstico, pois a sintomatologia pode ser comum a ambas  condições. Uma sobreposição sintomática em todos os aspectos clínicos pode coexistir (WEIBEL et al., 2019). 

Os estimulantes são o pilar do tratamento do TDAH e são eficazes em cerca de 70% dos  casos. As intervenções psicoterapêuticas também têm um papel importante (ASHERSON,  2005). 

Os psicoestimulantes têm sido os medicamentos de escolha para o tratamento do TDAH  há mais de 60 anos, no qual cerca de 75% a 80% dos pacientes com o transtorno se beneficiam  com sua utilização. Metilfenidato, dexmetilfenidato, dextroanfetamina, lisdexamfetamina e os  sais mistos de anfetamina (dextro e levo-anfetamina) constituem os psicoestimulantes atuais no  mercado. Eles têm benefícios clínicos semelhantes, no entanto, as farmacocinéticas variam muito  (BRIARS; TODD, 2016). 

4.2.1 Abuso de substâncias 

Estudos prospectivos mostram um aumento da taxa de abuso de substâncias. Em muitos  casos, foi encontrada uma forte associação entre o consumo de substâncias, distúrbios de  comportamento na infância e um ambiente social negativo (BROOK et al., 2008; COLLINS et  al.., 2006; DAVIS; GASTPAR, 2005; ELKINS, 2007). 

Muitos pacientes relatam uma melhor capacidade de concentração com a utilização de  substâncias estimulantes. Isso certamente tem consequências para o processo de diagnóstico.  Em primeiro lugar, tem de ser esclarecido se os sintomas podem ser considerados como reações  para o abuso de substância em vez de sintomas específicos do TDAH. Além disso, devem ser  avaliadas quais as sensações qualitativas que resultam do consumo de diferentes substâncias  (nomeadamente em relação à melhora relatada no processamento de atenção). Resultados dessa  avaliação também irão influenciar o planejamento do tratamento (FERGUSSON; BODEN,  2008). 

4.2.2 Transtornos depressivos 

A instabilidade e reatividade emocional ocorrem frequentemente em adultos com  TDAH. Muitos pacientes, por exemplo, mostram reações extremas para eventos frustrantes.  Alterações rápidas de humor, sem razão aparente, também são características da patologia. Em  um estudo, a depressão maior foi encontrada em 15% dos pacientes com TDAH. Além disso, 7,6% da amostra preencheram os critérios de diagnóstico de um transtorno distímico e 10,4%  de um transtorno afetivo bipolar. Por esse motivo, deve-se dar especialmente atenção à doença  mencionada por último, que inclui sintomas semelhantes aos do TDAH, o que resulta na  sobreposição de critérios de sintomas (KESSLER et al.., 2005). Fatores genéticos partilhados  entre transtornos depressivos e a comorbidade entre TDAH têm sido notados (STERN et al.,  2020). 

Outros estudos que consideravam o TDAH como um fator de risco para o  desenvolvimento de um transtorno afetivo bipolar alcançaram resultados heterogêneos  (WILENS et al., 2003). 

4.2.3 Transtornos de ansiedade 

Muitas pessoas com TDAH desenvolveram estratégias (disfuncionais) para evitar o  confronto com situações de ansiedade, a fim de gerir melhor sua doença (BOWEN et al.., 2008). Um aumento do nível global de excitação, bem como a tendência para hiper-focagem  em algo podem facilitar o desenvolvimento de um transtorno de ansiedade. Diferentes estudos  sobre a comorbidade dos transtornos do TDAH e ansiedade sublinham esses achados (PHAN  et al.., 2006; TAYLOR, 2005). 

Biederman (2005) relatou uma taxa de prevalência de transtornos de ansiedade  comórbidos em 50% dos pacientes afetados pelo TDAH na idade adulta. 

4.2.4 Transtorno de personalidade antissocial / delinquência 

A presença de comportamento de oposição e, consequentemente, o desenvolvimento de  um transtorno de conduta, elevam o risco de desenvolver um transtorno de personalidade  antissocial (KOGLIN, 2007). 

Em adultos com TDAH, esses sintomas são frequentemente expostos na forma de  comportamento agressivo no tráfego, delinquência e como abuso de substâncias e de álcool  (REIMER et al.., 2005). 

O domínio da delinquência, em particular, desempenha um papel significativo, com  diferentes estudos, destacando a relação do TDAH, transtorno de personalidade antissocial,  comorbidade e comportamento delinquente (FALLGATTER et al., 2005; FAZEL; DOLL;  LANGSTRÖM, 2008).

No estudo com 129 presos do sexo masculino, Rösler et al. (2004) relataram uma taxa  de prevalência de 45% do TDAH, de acordo com os critérios do DSM-IV. Assim, os subtipos  de TDAH foram distribuídos da seguinte forma: 21,7% do tipo combinado, 21,7% do tipo  predominantemente hiperativo-impulsivo e 1,6% do tipo predominantemente desatento. Com  exceção do último tipo, todos os resultados foram significativos em comparação com um grupo  controle. Em relação ao transtorno de personalidade antissocial, os autores detectaram uma taxa  de prevalência de 9,3%, enquanto que no grupo controle nenhuma pessoa sofria de transtorno  de personalidade antissocial. Essa diferença não é estatisticamente significativa, mas sim reflete  uma tendência. 

4.2.5 Transtorno de personalidade borderline 

A comorbidade de TDAH e transtorno de personalidade borderline podem ser relatados  como o maior desafio diagnóstico. Uma razão é a sobreposição substancial dos critérios de  diagnóstico (PHILIPSEN et al., 2008; SOBANSKI et al., 2008). 

O curso de desenvolvimento do TDAH no adulto é extremamente heterogêneo e, entre  outras coisas, resulta em comorbidades variadas. Diferentes estudos relatam uma relação forte,  especialmente com abuso de substâncias, transtornos afetivos, comportamentos antissociais e  transtorno de personalidade borderline (SCHMIDT; PETERMANN, 2009). 

Uma associação do TDAH na infância e o distúrbio de personalidade limítrofe foi  encontrada em um estudo de Fossati et al. (2002). Entre 42 pacientes com transtorno de  personalidade borderline, 59,5% relataram sintomas de TDAH na infância. Miller, Nigg e  Faraone (2007) também relataram em estudo uma clara ligação entre TDAH e transtorno de  personalidade borderline.

  1.  DISCUSSÃO 

Simon et al. (2009) comentam que apesar da crescente literatura sobre o TDAH, relativamente pouco se sabe sobre a prevalência e correlatos dessa desordem. Então, eles realizaram uma pesquisa para estimar a prevalência de TDAH em adultos (a média de idade variou entre 19,4 e 28,5 anos) e identificar seus correlatos demográficos. Constatou-se que a  prevalência de TDAH em adultos foi de 2,5%. Sexo e idade média foram significativamente relacionados à prevalência de TDAH.  

A análise de regressão indicou que a proporção de indivíduos com TDAH diminuiu com a idade, independente do sexo (SIMON et al., 2009), porém é 2,5 vezes mais frequente em  meninos do que em meninas quando se refere à população geral. Entre pacientes encaminhados,  tal razão passa a ser de 9:1 e isso pode ser explicado pelo fato de os sintomas serem  subdiagnosticados em meninas (NARDI; SILVA; QUEVEDO, 2022). 

Rösler et al. (2010) examinaram a literatura médico-científica disponível sobre o TDAH em adultos. Pode-se constatar que os sintomas de TDAH em adultos exercem um impacto  negativo substancial na vida diária, incluindo o trabalho, a vida social e os relacionamentos. Co-morbidades são comuns, prejudicando ainda mais a qualidade de vida. O diagnóstico do TDAH  em adultos pode ser difícil e como critérios atuais exigem-se provas de início dos sintomas  antes da idade de sete anos e impacto do transtorno sobre as atividades normalmente realizadas  por crianças. A terapia medicamentosa é o tratamento de primeira linha para o TDAH em  adultos, especialmente medicação estimulante. A terapia psicológica pode ser benéfica em adultos que continuam a sentir os sintomas clinicamente significativos, enquanto recebem a farmacoterapia. 

Mattson (2013) também confirma que embora o TDAH seja normalmente diagnosticado  na infância, os sintomas podem persistir na vida adulta. Cerca de 66% das crianças de quatro a  17 diagnosticadas com TDAH tomaram a medicação para o transtorno em 2007. Os  medicamentos estimulantes permanecem o tratamento de primeira linha em crianças e em  adultos. Esses medicamentos estimulantes também podem ser mal utilizados para suprimir o  apetite, aumentar o estado de alerta ou causar sentimentos de euforia. Se os medicamentos  estimulantes para TDAH são mal utilizados e o monitoramento de efeitos adversos com atenção médica pode ajudar. 

Mattson (2013) analisou as estimativas nacionais de atendimentos do Departamento de Emergência envolvendo medicamentos estimulantes para TDAH, utilizando dados da Rede de  Atenção de Abuso de Drogas de 2011. Entre 2005 e 2010, o número estimado de atendimentos envolvendo estes medicamentos aumentou de 13.379 para 31.244. Como o tratamento para o  TDAH em adultos está mais difundido, os médicos prescritores (incluindo psiquiatras e outros profissionais de saúde mental) podem considerar cuidadosamente os riscos associados entre aqueles que têm doenças crônicas e/ou tomar outros medicamentos que possam interagir com medicamentos estimulantes para TDAH. 

O Adult Self Report Scale (ASRS) representa uma ferramenta que pode ser utilizada com facilidade em consultório. Usando essas estratégias, os médicos de cuidados primários  podem identificar e tratar adultos com TDAH (MONTANO, 2004). 

De acordo com Culpepper e Mattingly (2008), os sintomas, déficits e consequências associadas ao TDAH no adulto podem ter um profundo impacto sobre a vida quotidiana dos pacientes e suas famílias. A auto-consciência destes sintomas pode às vezes ser difícil para os adultos que vivem com estes sintomas desde a infância. O TDAH é altamente comórbido com outros transtornos psiquiátricos e os médicos devem manter um alto índice de suspeita e integrar  a triagem para TDAH quando sentem que a avaliação psiquiátrica é indicada nesses pacientes  adultos.  

Ginsberg et al. (2014) comentam que é preciso aumentar a consciência do TDAH como  um problema muitas vezes subdiagnosticado, subtratado e debilitante em adultos. Em uma  grande proporção de crianças com TDAH, os sintomas persistem na vida adulta. No entanto,  embora os adultos com TDAH muitas vezes experimentem estilos de vida caóticos, com a realização educacional e profissional prejudicada e maiores riscos de abuso de substâncias e  prisão, muitos permanecem sem diagnóstico e/ou sem tratamento. 

Ainda conforme o estudo de Ginsberg et al.. (2014), o TDAH é geralmente acompanhado de outras comorbidades psiquiátricas (tais como distúrbio depressivo maior,  transtorno de ansiedade e abuso de álcool). Apontou-se que, na verdade, os adultos com TDAH  são mais propensos a se apresentar a uma clínica psiquiátrica para tratamento de suas doenças  co-mórbidas, e seus sintomas são muitas vezes confundidos com os de suas co-morbidades. Foi  possível perceber também que os transtornos não tratados em adultos com comorbidades psiquiátricas levam a desfechos clínicos e funcionais pobres para o paciente, mesmo que as  co-morbidades sejam tratadas.  

O tratamento eficaz do TDAH adulto melhora os sintomas, a labilidade emocional e o funcionamento do paciente, muitas vezes levando a resultados favoráveis (por exemplo, uma condução mais segura, criminalidade reduzida). Alguns medicamentos já foram aprovados para  utilização em adultos com TDAH, enquanto uma abordagem psicoterapêutica também tem mostrado resultados promissores (GINSBERG et al., 2014).

  1. CONSIDERAÇÕES 

De acordo com os estudos revisados, pode-se concluir que: o TDAH é um transtorno  caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade – habitualmente, com início na  infância – cujas características estarão presentes em todos os ambientes da criança e com  intensidade e frequência maiores que em outros da mesma faixa etária. 

Os sintomas podem ter início na primeira infância, mas geralmente se manifestam em  idades maiores, mediante o aumento das demandas escolares. Além disso, as comorbidades na  infância são preditores do diagnóstico no adulto. Há relatos na literatura de que os sintomas do  transtorno diminui com a idade, principalmente os de impulsividade e desatenção. 

Os fatores genéticos, ambientais e psicossociais estão envolvidos na etiologia do  transtorno, sendo o TDAH um dos transtornos mais herdáveis: os fatores genéticos são  responsáveis por mais de 70% da variabilidade encontrada na relação entre gêmeos  monozigóticos e dizigóticos. Os pais diagnosticados apresentam chances de até 8 vezes mais  de terem filhos com TDAH. 

Sobre os fatores de risco: ambientais (Tabagismo – considerado o fator genético mais  relacionado com o TDAH e estresse durante a gravidez, Prematuridade, Baixo peso ao nascer,  Maus-Tratos, Exposição ao chumbo); e genéticos (estudos indicam que o TDAH resulta de  alterações no neurodesenvolvimento e que seja resultado de alterações nas estruturas de córtex  frontal, núcleos da base, córtex parietal e cerebelo. Essas áreas estão diretamente ligadas ao  controle de função que estão prejudicadas no TDAH, como atenção, inibição de comportamento  e outras funções executivas, como o planejamento e memória de trabalho). 

Em geral, os indivíduos com TDAH têm maior chance (chegando a 80%) de terem  comorbidades psiquiátricas em relação aos indivíduos com outros transtornos. As principais  são: Transtornos disruptivos (TDO e Transtorno de Conduta), Transtornos de humor e  ansiedade (até 50%), Transtornos por abuso de substâncias, Transtornos de personalidade  antissocial / delinquência, Transtorno de personalidade borderline

A partir do DSM-5, pode-se diagnosticar TDAH comórbido em pacientes com autismo,  caso sejam preenchidos os critérios diagnósticos. Além disso, o TDAH pode ser fator de risco  para um uso problemático de substâncias e para dificuldades em relacionamentos. Entretanto,  permanecem as exigências diagnósticas de os sintomas não ocorrerem exclusivamente durante  outro quadro (esquizofrenia, por exemplo) e de serem mais bem explicados por outro transtorno (ansiedade e depressão, por exemplo). Acrescido a isso, o limite de idade foi modificado para  12 anos – aquilo que alguns grupos de pesquisa já vinham fazendo anteriormente. O uso de escalas de avaliação padronizadas e listas de verificação ajudam o médico a  diferenciar TDAH de outros transtornos psiquiátricos comórbidos comumente vistos em  cuidados primários. Com base na literatura, existem evidências de que os psicoestimulantes têm  um efeito positivo no tratamento do TDAH em até 70%. Além disso, há indícios de uma ótima  relação dose-efeito. Por isso, para se alcançar uma resposta ótima das drogas, a dose deve ser  determinada numa base individual. Mas, há a necessidade de estudos de alta qualidade que  comparem diretamente vários agentes – um aspecto que é relevante para a eficácia médica dessa  terapia. 

O tratamento eficaz do TDAH no adulto melhora os sintomas, a labilidade emocional e  o funcionamento do paciente, muitas vezes levando a resultados favoráveis (por exemplo, uma  condução mais segura, criminalidade reduzida). Alguns medicamentos já foram aprovados para  utilização em adultos com TDAH, enquanto uma abordagem psicoterapêutica também tem  mostrado resultados promissores. 

Apesar do TDAH ter sido reconhecido como uma desordem que afeta indivíduos em  todo o ciclo de vida desde o final dos anos 90, ainda há um debate considerável sobre a forma  de conceituar a doença nos adultos e sobre a melhor maneira de operacionalizar critérios  diagnósticos para essa faixa etária.  

O TDAH tem início na infância e persiste, pelo menos parcialmente, em cerca de 60%  dos indivíduos atingidos; os principais sintomas incluem: desatenção, hiperatividade e  impulsividade. A psicopatologia adicional envolve o comportamento desorganizado e a  desregulação emocional é comum na idade adulta; a grande maioria dos adultos afetados  também apresenta comorbidades psiquiátricas.  

Há comprometimento grave da vida cotidiana e qualidade de vida; o TDAH é uma  condição pouco diagnosticada, subtratada e muitas vezes debilitante em adultos; o tratamento  eficaz do TDAH adulto melhora os sintomas, a labilidade emocional e o funcionamento do  paciente, muitas vezes levando a resultados favoráveis, tais como a condução mais segura e  criminalidade reduzida; os psiquiatras devem se familiarizar com os sintomas do TDAH em  adultos, a fim de diagnosticar e tratar adequadamente o transtorno e as comorbidades  envolvidas.

LISTA DE SIGLAS 

CID-10 Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde CPFDL Córtex pré-frontal dorsolateral 
DSM Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) 
TDAH Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade 
TDO Transtorno desafiador opositivo

REFERÊNCIAS 

APA. DSM-5 task force. diagnostic and statistical manual of mental disorders: DSM-5.  Arlington: American Psychiatric Association, 2014. 

ASHERSON, P. Clinical assessment and treatment of attention deficit hyperactivity disorder  in adults. Expert Review of Neurotherapeutics, v. 5, n. 4, p. 525-539, jul. 2005. 

BIEDERMAN, J. Attention-deficit/hyperactivity disorder: a selective overview. Biological  Psychiatry, v. 57, n. 11, p. 1215-1220, jun. 2005. 

BIEDERMAN, J. et al. Functional impairments in adults with self-reports of diagnosed  ADHD: A controlled study of 1001 adults in the community. The Journal of Clinical  Psychiatry, v. 67, n. 4, p. 524-540, abr. 2006. 

BOWEN, R. et al. Nature of anxiety comorbid with attention deficit hyperactivity disorder in  children from a pediatric primary care setting. Psychiatry Research, v. 157, n. 1-3, p. 201- 209, jan. 2008. 

BRIARS, L.; TODD, T. A Review of Pharmacological Management of Attention Deficit/Hyperactivity Disorder. The Journal of Pediatric Pharmacology and Therapeutics,  v. 21, n. 3, p. 192-206, maio/jun. 2016. 

BROOK, J. S. et al. The association between attention deficit hyperactivity disorder in  adolescence and smoking in adulthood. The American Journal of Addictions, v. 17, n. 1, p.  54-59, jan./fev. 2008. 

BURT, S. A. Rethinking environmental contributions to child and adolescent  psychopathology: a meta-analysis of shared environmental influences. Psychological  Bulletin, v. 135, n. 4, p. 608-637, jul. 2009. 

CHEN, L.; HU, X.; OUYANG, L.; HE, N.; LIAO, Y.; LIU, Q.; ZHOU, M.; WU, M.;  HUANG, X.; GONG, Q. A systematic review and meta-analysis of tract-based spatial  statistics studies regarding attention-deficit/hyperactivity disorder. Neurosci Biobehav Rev.,  v. 68, p. 838-47, 2016. 

COLLINS, S. L. et al. Response to cocaine, alone and in combination with methylphenidate,  in cocaine abusers with ADHD. Drug and Alcohol Dependence, v. 82, n. 2, p. 158-167, abr.  2006. 

CULPEPPER, L.; MATTINGLY, G. A practical guide to recognition and diagnosis of  ADHD in adults in the primary care setting. Postgraduade Medicine, v. 120, n. 3, p. 16-26, set. 2008. 

DAVIDS, E.; GASTPAR, M. Attention deficit hyperactivity disorder and borderline  personality disorder. Progress in Neuro-Psychopharmacology & Biological Psychiatry, v.  29, n. 6, p. 865-877, jul. 2005.

EKLUND, H. et al. Clinical service use as people with Attention Deficit Hyperactivity  Disorder transition into adolescence and adulthood: a prospective longitudinal study. BMC  Health Services Research, v. 16, p. 248, jul. 2016. 

ELKINS, I. J.; MCGUE, M.; IACONO, W. G. Prospective effects of attention deficit/hyperactivity disorder, conduct disorder, and sex on adolescent substance use and  abuse. Archives of General Psychiatry, v. 64, n. 10, p. 1145-1152, out. 2007. 

FALLGATTER, A. J. et al. Diminished prefrontal brain function in adults with  psychopathology in childhood related to attention deficit hyperactivity disorder. Psychiatry  Research, v. 138, n. 2, p. 157-169, fev. 2005. 

FARAONE, S. V.; ANTSHEL, K. M. Diagnosing and treating attention-deficit/hyperactivity  disorder in adults. World Psychiatry, v. 7, n. 3, p. 131-136, out. 2008. 

FAZEL, S.; DOLL, H.; LÅNGSTRÖM, N. Mental disorders among adolescents in juvenile  detention and correctional facilities: a systematic review and metaregression analysis of 25  surveys. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, v. 47, n.  9, p. 1010-1019, set. 2008. 

FERGUSSON, D. M.; BODEN, J. M. Cannabis use and adult ADHD symptoms. Drug and  Alcohol Dependence, v. 95, n. 1-2, p. 90-96, mai. 2008. 

FOSSATI, A. et al. History of childhood attention deficit/hyperactivity disorder symptoms  and borderline personality disorder: a controlled study. Comprehensive Psychiatry, v. 43, n.  5, p. 369-377, set./out. 2002. 

FRANKE, B. et al. The genetics of attention deficit/hyperactivity disorder in adults, a review. Molecular Psychiatry, v. 17, n. 10, p. 960-987, out. 2012. 

GINSBERG, Y. et al. Underdiagnosis of attention-deficit/hyperactivity disorder in adult  patients: a review of the literature. The Primary Care Companion for CNS Disorders, v.  16, n. 3, p. Pii, 2014. 

HAAVIK, J. et al. Clinical assessment and diagnosis of adults with attention deficit/hyperactivity disorder. Expert Review of Neurotherapeutics, v. 10, n. 10, p. 1569- 1580, out. 2010. 

KESSLER, R. C. et al. Patterns and predictors of attention-deficit/hyperactivity disorder  persistence into adulthood: results from the national comorbidity survey replication. Biological Psychiatry, v. 57, n. 11, p. 1442-1451, jun. 2005. 

KESSLER, R. C. et al. Structure and diagnosis of adult attention-deficit/hyperactivity  disorder: analysis of expanded symptom criteria from the Adult ADHD Clinical Diagnostic  Scale. Archives of General Psychiatry, v. 67, n. 11, p. 1168-1178, nov. 2010. 

KIM, J. W.; KIM, B. N.; CHO, S. C. The dopamine transporter gene and the impulsivity  phenotype in attention deficit hyperactivity disorder: a case-control association study in a  Korean sample. Journal of Psychiatric Research, v. 40, n. 8, p. 730-737, dez. 2006.

KOGLIN, U.; PETERMANN, F. Psychopathie im Kindesalter [Psychopathy in childhood]. Kindheit und Entwicklung, v. 16, p. 260-266, 2007. 

KOLLINS, S. H.; MCCLERNON, F. J.; FUEMMELER, B. F. Association between smoking  and attention-deficit/hyperactivity disorder symptoms in a population-based sample of young  adults. Archives of General Psychiatry, v. 62, n. 10, p. 1142-1147, out. 2005. 

LARSSON, J. O.; LARSSON, H.; LICHTENSTEIN, P. Genetic and environmental  contributions to stability and change of ADHD symptoms between 8 and 13 years of age: a  longitudinal twin study. Journal of the American Academy of Child and Adolescent  Psychiatry, v. 43, n. 10, p. 1267-1275, out. 2004. 

MATTSON, M. E. Emergency Department Visits Involving Attention Deficit/Hyperactivity Disorder Stimulant Medications. The CBHSQ Report.  Rockville (MD): Substance Abuse and Mental Health Services Administration (US),  2013. Disponívelem: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27631057>. Acesso em: 20  mar. 2023. 

MONTANO, B. Diagnosis and treatment of ADHD in adults in primary care. The Journal  ofClinical Psychiatry, v. 65, Supl. 3, p. 18-21, 2004. 

MILLER, T. W.; NIGG, J. T.; FARAONE, S. V. Axis I and II comorbidity in adults with  ADHD. Journal of Abnormal Psychology, v. 116, n. 3, p. 519-528, ago. 2007. 

NARDI, A. E.; SILVA, A. G. da; QUEVEDO, J. Tratado de psiquiatria da associação  brasileira de psiquiatria. Artmed: Porto Alegre, 2022. 

NORMAN, L. J.; CARLISI, C.; LUKITO, S.; HART, H.; MATAIX-COLS, D.; RADUA, J.;  RUBIA, K. Structural and functional brain abnormalities in attention-deficit/hyperactivity  disorder and obsessive-compulsive disorder: a comparative meta-analysis. JAMA  Psychiatry, v. 73, n. 8, p. 815-25, 2016. 

PHAN, K. L. et al. Association between amygdala hyperactivity to harsh faces and severity of  social anxiety in generalized social phobia. Biological Psychiatry, v. 59, n. 5, p. 424-429,  mar. 2006. 

PHILIPSEN, A. et al. Attention-deficit hyperactivity disorder as a potentially aggravating  factor in borderline personality disorder. The British Journal of Psychiatry, v. 192, n. 2, p.  118-123, fev. 2008. 

REIMER, B. et al. Behavior differences in drivers with attention deficit hyperactivity  disorder: the driving behavior questionnaire. Accident; Analysis and Prevention, v. 37, n. 6,  p. 996-1004, nov. 2005. 

RÖSLER, M. et al. Prevalence of attention deficit-/hyperactivity disorder (ADHD) and  comorbid disorders in young male prison inmates. European Archives of Psychiatry and  Clinical Neuroscience, v. 254, n. 6, p. 365-371, dez. 2004. 

RÖSLER, M. et al. Psychopathological rating scales for diagnostic use in adults with  attention-deficit/hyperactivity disorder (ADHD). European Archives of Psychiatry and  Clinical Neuroscience, v. 256, Supl. 1, p. :i3-i11, set. 2006.

STERN, A.; AGNEW-BLAIS, J. C.; DANESE, A.; FISHER, H. L.; MATTHEWS, T.;  POLANCZYK, G. V.; WERTZ, J.; ARSENEAULT, L. Associations between ADHD and  emotional problems from childhood to young adulthood: a longitudinal genetically sensitive  study. J Child Psychol Psychiatry, v. 61, n. 11, p.1234-42, 2020.  

TAYLOR, C. T.; ALDEN, L. E. Social interpretation bias and generalized social phobia: the  influence of developmental experiences. Behavior Research and Therapy, v. 43, n. 6, p. 759-777, jun. 2005. 

UNO, Y.; COYLE, J. T. Glutamate hypothesis in schizophrenia. Psychiatry Clin  Neurosci., v. 73, n. 5, p. 204-15, 2019. 

VAN DEN BERG, S. M. et al. Genetic etiology of stability of attention problems in young  adulthood. American Journal of Medical Genetics Part B: Neuropsychiatric Genetics, v.  141B, n. 1, p. 55-60, jan. 2006. 

WEIBEL, S.; MENARD, O.; IONITA, A.; BOUMENDJEL, M.; CABELGUEN, C.;  KRAEMER, C.; MICOULAUD-FRANCHI, J. A.; BIOULAC, S.; PERROUD, N.;  SAUVAGET, A.; CARTON, L.; GACHET, M.; LOPEZ, R. Practical considerations for the  evaluation and management of Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) in adults.  L’Encéphale, v. 46, n. 1, p. 30-40, 2019. 

WILENS, T. E. et al. Can adults with attention-deficit/hyperactivity disorder be distinguished  from those with comorbid bipolar disorder? Findings from a sample of clinically referred  adults. Biological Psychiatry, v. 54, n. 1, p. 1-8, jul. 2003. 

WILENS, T. E. Attention-deficit/hyperactivity disorder and the substance use disorders: the  nature of the relationship, subtypes at risk, and treatment issues. The Psychiatric Clinics of  North America, v. 27, n. 2, p. 283-301, jun. 2004. 

ZAMAN, R. Adult-ADHD and potential role of transcranial magnetic stimulation (TMS and  rTMS) investigation and treatment. Psychiatria Danubina, v. 25, Supl. 2, p. S366-S367, set.  2013.


1Pós-doutor em Direitos Humanos e Sociais pelo Departamento de Direitos Humanos pela Universidade de Salamanca, USAL, Salamanca, Espanha. Doutor em Psicologia Social pela Universidade Argentina John F. Kennedy, C. A. B. A., Buenos Aires, Argentina. Mestre em Psicanálise pela Universidade Argentina John F. Kennedy, C. A. B. A., Buenos Aires, Argentina. Médico Psiquiatra em formação pelo Centro de Estudos José de Barros Falcão, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-3090-0280. E-mail: wagnerlines@hotmail.com.