ARTE E TRANSTORNOS MENTAIS: UMA REVISÃO HISTÓRICA E CONTEMPORÂNEA DA INFLUÊNCIA DOS MEDICAMENTOS E DAS DROGAS NA PRODUÇÃO ARTÍSTICA

ART AND MENTAL DISORDERS: A HISTORICAL AND CONTEMPORARY REVIEW OF THE INFLUENCE OF MEDICATION AND DRUGS ON ARTISTIC PRODUCTION

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7830085


LIMA, Lyvia de Castro1
VALLINOTO, Izaura Maria Vieira Cayres2


RESUMO

Introdução: A complexa relação entre arte e transtornos mentais tem sido objeto de estudos ao longo dos séculos, tendo ganhado, nos últimos anos, mais atenção e espaço para observação, discussão e desenvolvimento de ideias acerca desta relação e de seus desdobramentos em diversas áreas. Objetivo: Analisar a relação entre arte e transtornos mentais ao longo da história até os dias atuais, assim como a influência do uso de medicamentos e/ou drogas na produção artística. Métodos: Através de uma busca sistemática nos bancos de dados PubMed, Scopus, PsycINFO, Biblioteca Virtual em Saúde e Web of Science, utilizando na estratégia de busca os seguintes descritores: “transtornos mentais”, “criatividade artística”, “psicopatologia”, “medicamentos”, “drogas” e suas respectivas traduções em inglês, espanhol e francês, combinados por operadores booleanos. Os dados foram extraídos, organizados em tabelas e analisados de forma qualitativa. Resultados/Discussões: A influência dos transtornos mentais é notável, analisando as produções artísticas ao longo da história, também é perceptível a influência do uso de medicamentos e/ou drogas nas peculiaridades das obras de vários artistas. Conclusão: Ainda há muito a ser compreendido sobre esta complexa relação, visto que são também influenciadas e geridas por fatores diversos, como genética, socialização, estado mental, acesso, uso e frequência de medicamentos e/ou drogas, dentre outros, tornando-se necessária uma investigação ainda mais aprofundada, diversa e multidisciplinar considerando, também, estes fatores externos.

Palavras-chave: Arte; transtornos mentais; medicamentos; drogas; produção artística.

ABSTRACT

Introduction: The complex relationship between art and mental disorders has been the subject of studies over the centuries, having gained, in recent years, more attention and space for observation, discussion and development of ideas about this relationship and its consequences in several areas. Objective: To analyze the relationship between art and mental disorders throughout history up to the present day, as well as the influence of medication and/or drug use on artistic production. Methods: Through a systematic search in the PubMed, Scopus, PsycINFO, Virtual Health Library and Web of Science databases, using the following descriptors in the search strategy: “mental disorders”, “artistic creativity”, “psychopathology”, “medicines”, “drugs” and their respective translations in English, Spanish and French, combined by Boolean operators. Data were extracted, organized in tables and analyzed qualitatively. Results/Discussions: The influence of mental disorders is notable, analyzing artistic productions throughout history, the influence of the use of medication and/or drugs on the peculiarities of the works of several artists is also noticeable. Conclusion: There is still much to be understood about this complex relationship, since they are also influenced and managed by several factors, such as genetics, socialization, mental state, access, use and frequency of medications and/or drugs, among others, becoming An even more in-depth, diverse and multidisciplinary investigation is necessary, also considering these external factors.

Keywords: Art; mental disorders; medication; drugs; artistic production.

1 INTRODUÇÃO

A relação entre arte e transtornos mentais tem sido objeto de interesse e de estudo das mais variadas categorias sociais e científicas há muitos anos. Não à toa que, desde a Antiguidade, indivíduos com transtornos mentais que se destacavam em atividades artísticas tais como a literatura, a pintura e a música, já eram notados. Entretanto, somente entre o final do século XIX e o início do século XX, a psiquiatria demonstrou real interesse nesta relação. Desde então, muitos estudos, em diferentes áreas do conhecimento, vêm sendo desenvolvidos e abordando o assunto. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo fazer uma revisão histórica e contemporânea da relação entre arte e transtornos mentais, dando destaque à influência dos medicamentos e das drogas na produção artística, além de identificar indivíduos com transtornos mentais que se destacam na produção artística ao longo da história; analisar a relação entre a psiquiatria e a arte e suas principais teorias; identificar as principais substâncias psicotrópicas utilizadas por esses artistas e analisar os efeitos das drogas e dos medicamentos na criatividade e na produção artística e como isso pode afetar suas obras (tanto em questões temáticas, quanto estilísticas), assim como os seus possíveis efeitos colaterais e riscos. Deste modo, visa-se contribuir para a compreensão desta relação, além de discutir como a produção artística pode ser utilizada como uma forma de tratamento e de recuperação, as suas diferentes abordagens terapêuticas e sugerir possíveis direções para pesquisas futuras na área. Para tanto, foram utilizadas referências bibliográficas em português, inglês, espanhol e francês, abrangendo diferentes perspectivas e abordagens atualizadas sobre o tema em questão.

Primeiramente, foi observada a relação entre arte e transtornos mentais ao longo da história, desde a Grécia antiga até os dias atuais, destacando artistas com problemas psiquiátricos e as suas diferentes interpretações em cada época, que deixaram obras clássicas na literatura, na pintura e na música. Após isto, foi abordada a relação entre a psiquiatria e a arte, considerando os principais nomes da psiquiatria que se dedicaram ao estudo dessa relação (Emil Kraepelin, Karl Jaspers, Sigmund Freud e Nise da Silveira), assim como os movimentos artísticos que se relacionaram com a psiquiatria (Surrealismo, Expressionismo Abstrato e Art Brut). Em um terceiro momento, foi observada a influência dos medicamentos e das drogas na produção artística, sendo abordadas as diferentes drogas utilizadas pelos artistas ao longo da história, desde o ópio até as drogas sintéticas. Também foram discutidos os efeitos dessas substâncias na produção e na vida dos artistas. E, por último, foram consideradas as diferentes abordagens terapêuticas que utilizam a arte no tratamento de transtornos mentais.

Ao final, foram apresentadas as conclusões do trabalho, destacando as principais contribuições da pesquisa para a compreensão da relação entre arte e transtornos mentais e apontando possíveis desdobramentos para pesquisas futuras.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho consiste em uma revisão bibliográfica que teve como objetivo analisar a influência dos transtornos mentais e do uso de medicamentos e de drogas na produção artística. Para tanto, foi realizada uma busca sistemática em diversas bases de dados eletrônicos como SciELO, PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde e Scopus, utilizando na estratégia de busca os seguintes descritores: “transtorno mental”, “criatividade artística”, “psicopatologia”, “psicotrópicos”, “medicamentos”, “drogas” e suas respectivas traduções em inglês, espanhol e francês, combinados por operadores booleanos.

Os critérios de inclusão para seleção dos artigos foram: artigos publicados em revistas científicas indexadas que abordam a relação entre arte e transtornos mentais, com enfoque na influência dos medicamentos e das drogas na produção artística. Foram priorizados artigos publicados nos últimos 10 anos que abordassem a relação entre arte, transtornos mentais, medicamentos e drogas. Foram incluídos estudos originais, revisões sistemáticas, meta-análises e ensaios clínicos randomizados. Artigos que não estão disponíveis integralmente, que não se enquadram na temática da revisão, que não apresentavam dados relevantes ou que não estavam escritos em português, inglês, espanhol ou francês foram excluídos.

Os artigos foram selecionados por meio da leitura dos títulos e resumos, seguida da leitura completa daqueles que se enquadraram nos critérios de inclusão e de relevância para o tema proposto. Foram utilizados critérios como clareza dos objetivos, consistência dos resultados apresentados, relevância dos achados para a literatura existente e atualidade das referências utilizadas.

Os dados foram extraídos e organizados em tabelas. As informações relevantes foram agrupadas de acordo com os temas abordados e discutidas em conjunto, visando a identificação de padrões e de tendências na relação entre arte, transtornos mentais, medicamentos e drogas. A análise dos dados foi realizada por meio de abordagem qualitativa, com a identificação de temas e de subtemas que emergiram dos resultados dos estudos selecionados. A partir desses temas e subtemas foi realizada a síntese dos principais achados da revisão. Além disso, foi realizada uma discussão dos resultados com base na revisão da literatura, destacando as principais contribuições da pesquisa para a compreensão desta relação objeto de estudo.

Por fim, esta revisão foi organizada em uma estrutura lógica e coerente, contendo uma introdução, objetivos, revisão da literatura, discussão e conclusão. A revisão também foi acompanhada de referências bibliográficas completas e atualizadas, de forma a garantir a transparência e a credibilidade do trabalho.

3 RESULTADOS

A partir desta revisão sistemática, foram encontrados 3.374 estudos, onde 2.057 estavam disponíveis para visualização de forma completa e 924 com acesso livre. Considerando a faixa dos anos entre 1980 a 2023, foram apresentados 918 estudos, onde 275 foram selecionados para análise e, destes, 78 foram selecionados para revisão.  Dentre este revisado, que contemplava os critérios de inclusão e exclusão anteriormente citado, 32 apresentavam-se em português, 44 em inglês, 1 em francês e 1 em espanhol.

No contexto da revisão bibliográfica realizada, os resultados identificados são apresentados a seguir:

3.1 ARTE E TRANSTORNOS MENTAIS: UMA REVISÃO HISTÓRICA

A relação entre a arte e os transtornos mentais é um tema recorrente e de grande interesse para estudiosos de diversas áreas. A ideia de que a arte pode estar associada a estados psicológicos alterados e patológicos é antiga e permeia toda a história da humanidade (Tabela 1). Segundo Foucault (2007), a história da arte ocidental está profundamente ligada à história da loucura, que é vista como um tema constante e recorrente na produção artística. Muitos artistas famosos como Van Gogh, Edvard Munch e Jackson Pollock, por exemplo, sofriam de transtornos mentais e tiveram produções consideradas verdadeiras obras-primas da arte.

Tabela 1: Prevalência de transtornos mentais em artistas.

Jamison (1993) argumenta que existe uma associação entre a criatividade artística e o temperamento afetivo, que inclui estados de mania e de depressão. Também explora a relação entre a bipolaridade e a criatividade artística, apresentando estudos de casos de artistas como Robert Schumann. No entanto, também é importante considerar que muitos artistas bem-sucedidos não têm transtornos mentais, fator sugestivo de que esta relação pode ser muito mais complexa. Andreasen (2011) afirma que, embora seja verdade que muitos artistas sofrem de transtornos mentais, a criatividade artística não é exclusividade destes. A autora enfatiza que a criatividade pode ser vista como uma combinação de fatores pessoais, ambientais e biológicos. Miller (1983), por sua vez, destaca que a criatividade artística é influenciada por fatores psicológicos como motivação, personalidade e percepção e argumenta que a arte é uma forma de expressão que reflete a complexidade da mente humana.

Porém, como dito antes, as questões de saúde mental foram associadas à criatividade e à produção artística desde a Antiguidade (3500 a.C.-476 d.C.). Na Grécia antiga, por exemplo, o termo “mania” era utilizado para descrever tanto a loucura quanto a inspiração artística (JONES, 2013). Platão (427-347 a.C.) já afirmava em “Fedro” que a arte era um produto da inspiração divina, que poderia ser concedida a indivíduos considerados “loucos” ou “possuídos” (PLATÃO, 2013). O filósofo e matemático Pitágoras (570-496 a.C.) apresentava sinais de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e seu pensamento filosófico foi influenciado por sua condição. Da mesma forma, o filósofo Heráclito (540-470 a.C.), que possuía características do Transtorno Bipolar, desenvolveu uma teoria que pode ser relacionada ao seu estado mental (GOMES et al., 2019). Alguns estudiosos acreditam que a crença na existência de divindades poderosas e caprichosas pode ter afetado a representação de emoções intensas e dramáticas em obras de arte, como na escultura “Laocoonte e seus filhos” (HAEFNER, 2019). 

Durante a Idade Média (Séc. V-XV), a criatividade artística era vista como uma forma de transcender as limitações impostas por transtornos mentais e a arte como uma forma de comunicação com o divino, visto que muitos artistas sofriam de depressão, ansiedade e bipolaridade, sendo considerados profetas ou visionários. Essa percepção da arte deixou um legado duradouro na cultura ocidental, influenciando a produção artística e a compreensão destes transtornos ao longo dos séculos (GOMBRICH, 1999; JAMISON, 1993). Além disso, alguns estudiosos acreditam que determinadas obras de arte da Idade Média, como manuscritos iluminados e esculturas, podem ter sido influenciadas por transtornos mentais, como a esquizofrenia ou o autismo. A exemplo, alguns elementos da arte gótica, como as figuras alongadas e expressões faciais exageradas, são considerados como possíveis representações visuais de distúrbios neuropsiquiátricos (O’BRIEN, 2007). Algumas obras, como o “Beatus de Liébana” e o “Bestiário de Aberdeen”, são consideradas por alguns especialistas como possíveis representações de visões e de alucinações associadas a distúrbios neuropsiquiátricos (GARDNER, 2001).

No Renascimento (século XIV-XVII), movimento que reformulou a Idade Média e abriu espaço para a Idade Moderna, a figura do artista começa a ser valorizada de forma mais individualizada, e surgem os primeiros relatos de artistas que sofriam de transtornos mentais, como Leonardo da Vinci (1452-1519), que, supostamente, sofria de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) ou transtorno bipolar (LEONARDI, 2018). Michelangelo (1475-1564), por sua vez, supostamente sofria de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) (LIPMAN, 2008). Sua obra “O Juízo Final” apresenta elementos que podem ser interpretados como reflexos de sua luta interna com o TOC (FABRIS, 2006).

Na literatura, a presença de artistas com problemas psíquicos, também, é frequente, como o poeta britânico Samuel Taylor Coleridge (1772-1834), conhecido por seus trabalhos como “Rime of the Ancient Mariner” e “Kubla Khan”. Coleridge iniciou o uso de ópio para aliviar a dor física devido a uma doença crônica, mas acabou desenvolvendo uma forte dependência (RIBEIRO, 2018). Segundo Holmes (1998), Coleridge passou por inúmeros tratamentos e internações em clínicas de reabilitação. Seus escritos são conhecidos por explorar temas como natureza, imaginação e sobrenaturalidade e alguns críticos sugerem que suas experiências com o ópio podem ter influenciado a complexidade e a riqueza de sua obra.

Outro famoso escritor, Edgar Allan Poe (1809-1849), um dos principais nomes da literatura gótica, lutou contra o alcoolismo e a depressão ao longo de sua vida. Segundo Quinn (1941), Põe abusava do álcool e do ópio para lidar com ansiedade e dor emocional. Suas obras são marcadas por elementos sombrios e perturbadores, como a morte, a loucura e o sobrenatural, refletindo sua própria angústia interior.

Virginia Woolf (1882-1941), famosa escritora modernista, sofreu de transtorno bipolar, com crises depressivas e maníacas. De acordo com Lee (1997), Woolf era medicada com altas doses de láudano e outros tranquilizantes para tratar suas oscilações de humor. Suas obras como “Mrs. Dalloway” e “To the Lighthouse”, são conhecidas por sua complexidade psicológica e pela exploração da mente humana.

Sylvia Plath (1932-1963), poetisa americana, lutou contra a depressão e o transtorno bipolar, tendo tirado sua própria vida aos 30 anos. Segundo Wagner-Martin (2013), ela usou vários medicamentos, como antidepressivos e antipsicóticos. Suas obras, como “A Redoma de Vidro” e “Ariel”, são conhecidas pela intensidade emocional e por abordar temas como morte e loucura.

Lima Barreto (1881-1922), foi um importante escritor brasileiro do início do século XX, conhecido por obras como “Triste Fim de Policarpo Quaresma” e “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”, que enfrentou muitos desafios, incluindo o preconceito racial e a discriminação devido à sua origem humilde. Além disso, ele lutou contra o alcoolismo e a depressão, tendo sido internado em clínica psiquiátrica várias vezes, devido a crises depressivas. Sua obra literária é marcada por críticas sociais, especialmente sobre a desigualdade e a injustiça no Brasil (SOUZA, 2017).

Na pintura, um exemplo notável é o holandês Vincent van Gogh (1853-1890), que lutou contra a depressão e o transtorno bipolar. Na visão de Naifeh e Smith (2011), suas condições podem ter influenciado seu estilo artístico, que, muitas vezes, apresenta elementos de ansiedade, de instabilidade emocional e de introspecção. Suas pinceladas expressivas e cores vibrantes refletiam sua experiência emocional, com pode ser visto em “Noite Estrelada”, um exemplo icônico do seu estilo e que evidencia sua busca por paz e beleza em meio à angústia (NAIFEH; SMITH, 2011).

Edvard Munch (1863-1944), pintor expressionista norueguês, sofreu de transtornos de ansiedade e de depressão. Segundo Heller (1973), Munch abusou do álcool e do éter para lidar com ansiedade e dor emocional. Suas obras, como “O Grito” e “Melancolia”, refletem a angústia e a solidão que sentiu em sua vida.

Frida Kahlo (1907-1954), pintora mexicana, sofreu um grave acidente que a deixou com lesões permanentes na coluna vertebral e no quadril. Além disso, enfrentou problemas de saúde como poliomielite e endometriose. De acordo com Herrera (1983), Kahlo usou medicamentos para aliviar a dor e se automedicava com álcool e drogas. Suas obras, como “As duas Fridas”, “A Coluna Quebrada” e “Autorretrato com Colar de Espinhos e Beija-Flor”, são conhecidas por sua introspecção e por refletir as suas dores físicas e emocionais.

Arthur Bispo do Rosário (1911-1989), pintor brasileiro, é conhecido por sua obra que explora temas religiosos e sociais, criada a partir de materiais encontrados em um hospital psiquiátrico onde viveu por mais de 50 anos. Bispo do Rosário sofria de esquizofrenia e relata-se que tenha sido internado em um hospital psiquiátrico após ser acusado de atirar contra sua esposa. Segundo o Centro Cultural Arthur Bispo do Rosário (s/d), ele criava seus trabalhos como uma forma de resistência e de sobrevivência em meio a uma vida marcada pela exclusão e pela segregação. Seu trabalho é considerado uma importante contribuição para a arte contemporânea brasileira e uma reflexão sobre a condição humana e os limites da normalidade.

Na música, o alemão Robert Schumann (1810-1856) foi diagnosticado com esquizofrenia e bipolaridade, passando os últimos anos de sua vida em um asilo para doentes mentais e muitos de seus trabalhos foram influenciados por sua condição mental. Um exemplo é sua “Sinfonia Nº 4”, que foi descrita como “um retrato musical da loucura” (ROSENFELD, 2015). Sua obra “Cenas Infantis” é uma coleção de pequenas peças para piano que refletem sua visão de mundo e suas lutas pessoais. Schumann é um exemplo de compositor que utilizou a arte como forma de lidar com transtornos mentais e usava a música para expressar suas emoções e encontrar paz interior (SCHUMANN, 2012). Outro exemplo é o cantor e compositor americano Kurt Cobain (1967-1994), que foi diagnosticado com depressão e vício em drogas. Cobain usava heroína para aliviar as dores física e emocional e muitas de suas letras foram influenciadas pela depressão e pela dependência química. A canção “Lithium” se refere a sua luta contra a depressão (BORDEN, 2016).

Ao longo dos séculos, a relação entre arte e transtornos mentais tem sido interpretada de diferentes formas. Se na Renascença, a loucura era vista como um sinal de genialidade, no século XIX, a doença mental passou a ser vista como um estigma social e, muitas vezes, foi tratada com violência e rejeição (FREEDBERG, 1989). Ainda hoje, muitos artistas enfrentam problemas de saúde mental, mas a arte continua a ser uma forma importante de expressão e de comunicação, ajudando a reduzir o estigma associado aos transtornos mentais e a promover a compreensão e a aceitação dessas condições (AUMONT; MARIE, 2008). Além disso, a arte é vista como uma forma de terapia para pessoas com transtornos mentais e muitos artistas a têm utilizado como forma de lidar com suas condições psicológicas. Obras como a série “Pinturas da Mente” do artista americano Bryan Charnley, que retratam sua luta contra a esquizofrenia, mostram a importância da arte como forma de enfrentar e de superar os desafios da saúde mental (CHARNLEY, s.d.).

3.2 RELAÇÃO ENTRE PSIQUIATRIA E ARTE

A relação entre arte e transtornos mentais tem sido abordada sob diferentes perspectivas teóricas ao longo da história. No entanto, foi apenas no século XIX que a psiquiatria começou a se estabelecer como disciplina médica e a influenciar a produção artística. Nesse período, os médicos psiquiatras passaram a utilizar a arte como forma de diagnóstico e de terapia, desenvolvendo técnicas como a “pintura diagnóstica” e o “desenho da memória” (MAZEL, 2004). Uma das primeiras abordagens foi a “arte patológica”, que utilizava a produção artística de indivíduos com transtornos mentais como meio de diagnóstico e de classificação desses transtornos. Segundo esta teoria, a arte produzida seria uma manifestação de sua patologia e, portanto, não deveria ser considerada como arte verdadeira. Essa ideia foi defendida por psiquiatras como Emil Kraepelin e Ernst Kretschmer (KARL, 2019). Emil Kraepelin foi um dos primeiros a utilizar essa abordagem, em seu livro “Psychiatrie” (1896) (GROSS, 2016). Porém, essa teoria foi questionada por outros psiquiatras e críticos de arte, como Hans Prinzhorn e André Breton. Prinzhorn defendia que a arte produzida por pacientes psiquiátricos era uma forma legítima de expressão artística e que poderia contribuir para a compreensão da psicopatologia (PRINZHOM, 1922). Breton, por sua vez, argumentava que a arte produzida pelos surrealistas, que, muitas vezes, se baseava em experiências psicodélicas, tinha valores estéticos e culturais significativos (BRETON, 1924).

O psiquiatra Karl Jaspers, em sua obra “Psicopatologia Geral”, estabeleceu uma relação entre a expressão artística e a experiência de uma crise psicótica, propondo a noção de “sofrimento interior” como uma das fontes da criatividade artística. Segundo Jaspers, a arte seria uma forma de expressão e de transformação desse sofrimento (JASPERS, 1963). Sigmund Freud, por sua vez, propôs a teoria de que a arte seria uma forma de sublimação das pulsões sexuais e agressivas do indivíduo. Segundo ele, a arte permitiria ao indivíduo canalizar essas pulsões de maneira socialmente aceitável (FREUD, 1910). Nise da Silveira, psiquiatra brasileira, é outro nome importante para o estudo da relação entre psiquiatria e arte. Ela foi responsável por criar o Museu de Imagens do Inconsciente, que reúne obras de pacientes psiquiátricos. Nise acreditava que a arte poderia ser uma forma de terapia para os pacientes, permitindo-lhes expressar suas emoções e seus traumas ao propor uma abordagem terapêutica para pacientes psiquiátricos através da arte, que ficou conhecida como “terapia ocupacional” (SILVEIRA, 1989).

No campo da arte, o movimento Surrealista foi uma das primeiras manifestações artísticas a se relacionar, de forma direta, com a psiquiatria. Liderado por André Breton, explorou o inconsciente humano e utilizou elementos psicológicos em suas obras (BRETON, 1924). Alguns artistas desse movimento, como Salvador Dalí e Max Ernst, exploraram, em suas obras, os mundos do inconsciente e do sonho. Já o Expressionismo Abstrato, que surgiu nos Estados Unidos no pós-guerra, foi influenciado pelas teorias psicanalíticas de Freud e pela noção de que a arte seria uma forma de expressão emocional (ROSENBERG, 1959). Foi liderado por Jackson Pollock, que utilizou a arte como forma de expressão emocional e subjetiva (GIBSON, 1950). A Art Brut, por sua vez, é um movimento artístico que valoriza a produção de artistas que não possuem formação acadêmica ou técnica, muitas vezes pacientes psiquiátricos. O termo foi cunhado pelo pintor francês Jean Dubuffet, em 1945, e o movimento se caracteriza pela valorização da autenticidade, da espontaneidade da expressão e da produção artística de indivíduos marginais, como pacientes psiquiátricos e crianças (DUBUFFET, 1947).

Segundo os psiquiatras da Escola de Frankfurt, a arte pode ser vista como um meio de expressão simbólica que permite ao artista lidar com suas angústias e seus desejos inconscientes (BAYER, 2012). Sendo vista, também, como uma forma de reflexão sobre a sociedade e seus problemas e como uma maneira de revelar a alienação e a opressão presentes na cultura. Para os psicólogos da Gestalt, ela é vista como uma experiência perceptiva única, que permite que o observador experimente uma totalidade que vai além das partes individuais da obra. Ambas as perspectivas destacam a importância da arte como uma forma de compreender a condição humana e a sociedade em que vivemos (ADORNO, 1997).

De acordo com Machado (2006), o transtorno mental pode influenciar tanto positiva quanto negativamente a produção artística (Tabela 2). Há evidências de que a criatividade e a produção artística estão relacionadas a certos transtornos mentais, como o transtorno bipolar e a esquizofrenia, que podem levar a alterações na cognição, no humor e na percepção. (KAUFMAN & KAUFMAN, 2017). Segundo Campos (2008), esta produção artística pode ser influenciada por uma série de fatores, incluindo os ambientes social e cultural, as crenças pessoais, as experiências de vida e a própria natureza do transtorno mental, sendo marcada por uma complexa interação entre fatores biológicos, psicológicos e sociais. Como aponta Mares (2017), “a história da psiquiatria e da arte é uma história de diálogo, de influência e de tensão”. Berto et al. (2017) destacam que a produção artística pode ser vista como uma forma de resistência e de contestação social, especialmente para indivíduos que são marginalizados por sua condição de saúde mental. Nesse sentido, a arte pode ser vista como uma ferramenta de empoderamento e de afirmação de identidade.

Tabela 2: Prevalência de transtornos mentais em artistas em comparação à população em geral e as suas implicações na produção artística. Fonte: Adaptado de Farias et al. (2020); Ramos et al. (2019).

Atualmente, a relação entre psiquiatria e arte é abordada de forma mais ampla e complexa, considerando a influência de fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais na produção artística e na experiência estética. Diversos estudos têm investigado, por exemplo, o papel da criatividade e da produção artística na prevenção e no tratamento de transtornos mentais (KAIMAL et al., 2016), visto que, ao longo da história, muitos artistas que foram diagnosticados utilizaram a arte como forma de expressão e de recuperação (ANDREASEN, 2011).

3.3 INFLUÊNCIA DOS MEDICAMENTOS E DAS DROGAS NA PRODUÇÃO ARTÍSTICA

Algumas pesquisas sugerem que a planta Cannabis sativa (maconha) era usada na Grécia antiga por motivos religiosos e medicinais, mas não se sabe se os artistas usavam essa substância e como ela poderia ter afetado sua arte (ROSENBAUM, 2018). Na Idade Média, em relação ao uso de drogas ou de medicamentos, há poucas evidências diretas. No entanto, alguns remédios tradicionais da época, como a mandrágora e o ópio, eram usados para aliviar a dor e a ansiedade e podem ter sido usados por artistas que sofriam de transtornos mentais (RIVKIN, 2018). No Renascimento, Michelangelo, supostamente, utilizava medicamentos para controlar a ansiedade, como a água de láudano (FABRIS, 2006).

Pesquisas têm demonstrado que artistas com transtornos mentais podem usar seu trabalho como uma forma de expressão e de mecanismo de enfrentamento (Tabela 3). Por exemplo, Vincent van Gogh, que sofria de transtorno bipolar, criou muitas de suas obras-primas durante episódios maníacos (WADE et al., 2020). Por outro lado, medicamentos e drogas também podem impactar a criatividade do artista. Por exemplo, alguns medicamentos antipsicóticos podem reduzir os sintomas, mas, também, podem reduzir o impulso criativo de um indivíduo (GOLOMB, 2016).

Tabela 3: Artistas que tiveram suas obras influenciadas por transtornos mentais e faziam uso de medicamentos. Fonte: Adaptado de Farias et al. (2020); Santos e Almeida (2021); Orsoline et al. (2020).

A partir do século XX, com o desenvolvimento dos medicamentos psiquiátricos, esta relação tornou-se ainda mais complexa (Tabela 4). Alguns artistas passaram a utilizar drogas psicotrópicas como forma de estimular a criatividade e a imaginação, enquanto outros foram prescritos com essas substâncias para tratar transtornos mentais (MARES, 2017).

Tabela 4: Prevalência do uso de medicamentos psiquiátricos por artistas.

A partir da década de 1960, com o surgimento da contracultura e do movimento hippie, a relação entre arte e drogas começou a ser explorada de forma mais intensa (Tabela 5).

Tabela 5: Prevalência do uso de drogas e de álcool por artistas.

Drogas como LSD e maconha passaram a ser usadas por artistas (Tabela 6) como forma de estimular criatividade e produção (OTT, 1998; JONES E REED, 1989). No entanto, essa relação também tem sido alvo de críticas. Alguns psiquiatras e críticos de arte argumentam que o uso de drogas pode levar a uma produção artística superficial e sem significado, enquanto outros acreditam que a experiência psicodélica pode ser uma fonte legítima de inspiração (MCGOWAN, 2014).

Tabela 6: Exemplos de drogas ilícitas e seus efeitos sobre a saúde mental e a produção artística. Fonte: Adaptado de Silva et al. (2020).

3.4 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS

De acordo com Gomes (2016), foi somente graças ao advento da psicanálise e da psiquiatria moderna que a relação entre a arte e os transtornos mentais passou a ser analisada sob as perspectivas clínica e terapêutica. Nesse período, surgiram clínicas e hospitais psiquiátricos que, além do tratamento medicamentoso, utilizavam técnicas de arteterapia como uma forma de estimular a expressão criativa e auxiliar no processo terapêutico dos pacientes. Entre as técnicas utilizadas estavam a pintura, o desenho, a escultura e a escrita, que permitiam aos pacientes expressarem suas emoções, seus desejos e suas angústias de forma não-verbal. Alguns artistas, como Vincent Van Gogh, Edvard Munch, Lima Barreto e Arthur Bispo do Rosário, foram internados em hospitais psiquiátricos e utilizaram a arte como uma forma de expressão e de terapia (GOMES, 2016; PRIORE, 2018).

Entre os anos 1960 e 1970, com o surgimento do movimento antipsiquiátrico, a arteterapia ganhou ainda mais espaço como uma forma de desospitalização e de reabilitação psicossocial de pacientes psiquiátricos, quando surgiram experiências comunitárias e coletivos de artistas que utilizavam a arte como uma forma de inclusão e de transformação social (BORGES, 2015; FAVARÃO et al., 2021). Atualmente, ela é reconhecida como uma prática terapêutica complementar à abordagem médica e psicoterapêutica, podendo ser utilizada no tratamento de transtornos mentais como ansiedade, depressão e transtorno do espectro autista (FRANCO, GOMES E SOUZA, 2020). Vale ressaltar, também, a importância da inclusão da arteterapia nas políticas públicas de saúde mental, como uma forma de ampliar o acesso a tratamentos complementares e mais humanizados (BRASIL, 2017). Outro ponto que merece destaque é a história da abordagem terapêutica em relação aos artistas com transtornos mentais e a contribuição da arteterapia na melhoria da qualidade de vida e na expressão criativa desses indivíduos (MILITELLO; DANESE, 2016). Além disso, é necessário considerar os riscos e prejuízos associados ao uso de substâncias psicoativas, que podem afetar não apenas a saúde mental, mas, também, a vida pessoal e profissional (BECKER; FAIRFIELD, 2019; LOVING, 2019).

4 DISCUSSÃO

A relação entre arte e transtornos mentais é um tema amplo e fascinante, que tem sido observado, analisado e discutido ao longo da história. A influência dos medicamentos e das drogas na produção artística também tem sido um tema relevante, principalmente nas últimas décadas, suscitando questionamentos sobre a natureza da criação artística e suas conexões com o estado mental do artista.

Os resultados desta revisão bibliográfica revelaram que a relação entre transtornos mentais e criação artística é mais comum do que se imagina. Vários artistas, reconhecidos mundialmente por suas obras, tiveram transtornos mentais diagnosticados durante suas vidas. Estudos têm sugerido que a presença de transtornos mentais pode aumentar a criatividade e a originalidade dos artistas, porém, sendo também, um fardo que dificulta sua vida pessoal e profissional. Aliado a isso, alguns estudos sugerem que os transtornos mentais podem estar associados a um maior risco de dependência de drogas, o que poderia explicar a relação entre esses fatores e a produção artística. E, ainda, que a influência dos medicamentos e das drogas na produção artística também apresenta aspectos positivos e negativos. Por um lado, algumas drogas têm sido associadas à criatividade e ao experimentalismo, inspirando muitos artistas a explorarem novas formas de expressão, além do aumento da sociabilidade. Por outro, o uso abusivo de drogas pode levar a problemas de saúde mental e física, comprometendo a qualidade de vida e a carreira dos artistas. Em suma, a discussão sobre a relação entre arte, transtornos mentais e drogas é um assunto que não se esgota facilmente. É importante continuar a pesquisa nesta área, a fim de melhor compreender as complexas interações entre saúde mental, criatividade e produção artística.

Os resultados da revisão bibliográfica destacaram a importância de se considerar os contextos individual e social dos artistas, bem como de se adotar abordagem interdisciplinar e complexa para entender essa relação. Além da necessidade de se avançar na compreensão da relação entre transtornos mentais, drogas e produção artística, especialmente por meio de estudos mais rigorosos e controlados.

5 CONCLUSÃO

Diante do exposto, podemos concluir que a relação entre arte e transtornos mentais é complexa e multifacetada, com a influência dos medicamentos e das drogas na produção artística, sendo objeto de diversos estudos através dos séculos – desde o uso de substâncias por artistas renascentistas até as reflexões contemporâneas sobre o uso de psicofármacos na criação artística. Entretanto, ainda existem muitas incertezas e lacunas no conhecimento científico sobre o tema. Algumas teorias têm sido propostas para explicar essa relação, como a hipótese de que certos transtornos mentais podem favorecer a criatividade e a expressão artística, ou de que as drogas podem alterar a percepção e a sensibilidade. Porém, essas teorias não são consensuais e, ainda, carecem de evidências científicas para serem confirmadas.

Observou-se que a utilização dessas substâncias pode trazer benefícios e riscos à saúde mental dos artistas e pode tanto estimular a criatividade quanto desencadear ou agravar transtornos psiquiátricos. Além disso, a compreensão dos transtornos mentais e a luta contra o estigma relacionado a eles são importantes na sociedade atual, especialmente no âmbito da produção artística, que, muitas vezes, é afetada por esses preconceitos.

A revisão histórica e contemporânea sobre a influência dos medicamentos e das drogas na produção artística pode ser útil tanto para a compreensão da produção artística como para o campo da psiquiatria. Nesse sentido, é importante que a arte e a psiquiatria sejam áreas que se complementem e colaborem, a fim de contribuir para uma abordagem mais abrangente e humanizada dos transtornos mentais.

No entanto, é importante ressaltar que pesquisas nessa área ainda são incipientes e há necessidade de mais estudos para compreender de forma mais aprofundada os mecanismos envolvidos nesta relação, bem como a influência dos medicamentos e das drogas na produção artística. É preciso, portanto, continuar a investigar e discutir essa temática de modo a contribuir para o avanço do conhecimento científico e, consequentemente, para a melhoria da qualidade de vida das pessoas que convivem com transtornos mentais.

Por fim, é importante considerar que a relação entre arte e transtornos mentais é mais do que uma simples correlação. A produção artística pode ser vista como uma forma de expressão e de cura para muitos pacientes, mas, também, pode ser vista como um meio de perpetuar estereótipos e mitos sobre essas condições. Dito isto, faz-se necessário que as pesquisas explorem essa relação de forma crítica e interdisciplinar.

REFERÊNCIAS

ADORNO, Theodor W. Teoria estética. Lisboa: Edições 70, 1997.

ANDREASEN, N. The Creative Brain: the Science of Genius. New York:Plume, 2011.

AUMONT, J.; MARIE, M. Dicionário Teórico e Crítico de Cinema. São Paulo: Papirus, 2008.

BAYER, Raymond. História da Estética. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

BECKER, Howard S.; FAIRFIELD, Hannah. Losing yourself in art: mental health risks among artists. Social Science & Medicine, v. 222, p. 37-45, 2019.

BERTO, Cristiane Lopes; RIBEIRO, Ana Paula de Oliveira; SILVA, Ivonete Teresinha Schülter; FONSECA, Rochele Paz. A arte na construção da identidade de pessoas com transtornos mentais. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 19, n. 2, p. 1-9, 2017.

BORDEN, T. Nirvana’s Kurt Cobain: A Mess of Talent. The New York Times, 2016. Disponível em: <https://www.nytimes.com/2016/04/03/books/review/heavier-than-heaven-a-biography-of-kurt-cobain-by-charles-r-cross.html>. Acesso em: 25 mar. 2023.

BORGES, G. S. A arte-terapia e a construção da subjetividade do sujeito em sofrimento psíquico. Revista de Psicologia da UNESP, v. 14, n. 2, p. 191-200, 2015.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.Departamento deAções Programáticas Estratégicas. Saúde Mental no SUS: os Centros de Atenção Psicossocial.3 ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017.

BRETON, A. Manifesto Surrealista. Paris: Gallimard, 1924.

CAMPOS, Roberto C. A arte e a loucura: Diálogos possíveis. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 57, n. 1, p. 59-67, 2008.

CENTRO CULTURAL ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO. Arthur Bispo do Rosário. Disponível em: <https://ccab.rj.gov.br/arthur-bispo-do-rosario/>. Acesso em: 25 mar. 2023.

CHARNLEY, B. Paintings from the Mind. Disponível em: https://bryancharnley.info/. Acesso em: 22 mar. 2023.

DUBUFFET, J. L’Art Brut préféré aux arts culturels. Art Brut, 1, 13-16, 1947.

FABRIS, G. Michelangelo e la medicina. [S.l.]: Edifir, 2006.

FARIAS, M. R. et al. Transtornos mentais em artistas e suas obras. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 69, n. 3, p. 190-195, 2020.

FAVARÃO, D. M. et al. A prática da arte-terapia na atenção primária à saúde: revisão integrativa da literatura. Journal Health NPEPS, v. 6, n. 2, p. 129-141, 2021.

FOUCAULT, M. História da Loucura na Idade Clássica. São Paulo: Perspectiva, 2007.

FRANCO, Daniela; GOMES, Maria do Socorro; SOUZA, Érika. Arte-terapia: uma revisão da literatura sobre sua utilização como prática complementar em saúde mental. Revista de Psicologia da IMED, v. 12, n. 2, p. 177-192, 2020.

FREEDBERG, D. The Power of Images: Studies in the History and Theory of Response. Chicago: The University of Chicago Press, 1989.

FREUD, S. Leonardo da Vinci and a memory of his childhood. In: Standard Edition of the Complete Psychological Works of Sigmund Freud, Vol. 11. London: Hogarth Press, 1910.

GARDNER, E. A. The Art of Scivias: Symphonic Visual Music in Hildegard of Bingen’s Scivias. Journal of Musicological Research, v. 20, n. 3, p. 207-246, 2001.

GIBSON, Eric. The Theory of Expressionism in Art. Journal of Aesthetics and Art Criticism, v. 9, n. 3, p. 167-174, 1950. Disponível em: <https://www.jstor.org/stable/426125. Acesso em: 22 dez. 2022.

GOLOMB, B. The creative brain, the promise and pitfalls of medications. In: SCHMAHMANN, J. D. Brain mapping: An encyclopedic reference. [S.l.]: Academic Press, 2016.

GOMBRICH, E. H. A História da Arte. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

GOMES, C. M. S. et al. Transtorno do espectro autista em adultos: estudo de caso de um matemático famoso. Revista Brasileira de Neuropsiquiatria, v. 41, n. 2, p. 176-178, 2019.

GOMES, Maria do Socorro. Arte e loucura: uma revisão histórica. Revista Interinstitucional Artes de Educar, v. 1, n. 1, p. 107-118, 2016.

GROSS, G. Emil Kraepelin’s influence on psychiatry: a continuing burden? History of Psychiatry, 27(3), 328-343, 2016.

HAEFNER, C. The Divine Madness of the Greeks: Was There a Method to Their Madness? Ancient Origins, 2019. Disponível em: <https://www.ancient-origins.net/history/divine-madness-greeks-0011225>. Acesso em: 24 mar. 2023.

HAVLICEK, L. L.; ROEDER, K. Substance use in the arts: What do we really know? Substance Abuse, Philadelphia, v. 34, n. 2, p. 114-122, 2013.

HELLER, R. Edvard Munch: The Scream. Thames and Hudson, 1973.

HERRERA, H. Frida: A biography of Frida Kahlo. Harper & Row, 1983.

HOLMES, Richard. Coleridge: Early Visions. HarperCollins Publishers, 1998.

JAMISON, K. R. Touched with fire: manic-depressive illness and the artistic temperament. New York: Free Press, 1993.

JASPERS, K. The Idea of the University. Boston: Beacon Press, 1963.

JONES, K. Madness and Creativity: the psychiatric hoax and the influence of art. London: Routledge, 2013.

JONES, R.; REED, G. Studio drugs: The artist’s palette. New York: Van Nostrand Reinhold, 1989.

KAIMAL, G. et al. A concept map of behavioral interventions for people with serious mental illness. The Journal of Behavioral Health Services & Research, 43(2), 246-257, 2016.

KARL, S. “The Art of Mental Illness: How Psychiatry Helped to Make Modern Art”. In: The Conversation, 2019. Disponível em: <https://theconversation.com/the-art-of-mental-illness-how-psychiatry-helped-to-make-modern-art-119854>. Acesso em: 18 dez. 2022.

KAUFMAN, Scott Barry; KAUFMAN, James C. A psicologia da criatividade. Porto Alegre: Artmed, 2017.

KAUFMAN, J. C.; KAUFMAN, S. B. The Real Link Between Creativity and Mental Illness. Scientific American Mind, New York, v. 29, n. 6, p. 38-43, 2018.

KUDLOW, P. A.; TREFFERT, D. A.; MCINNIS, M. G. Artistic creativity and bipolar disorder: Learning from patients across disciplines. The Lancet Psychiatry, v. 6, n. 10, p. 802-811, 2019.

KYAGA, S. et al. Mental illness, suicide and creativity: 40-Year prospective total population study. Journal of Psychiatric Research, Amsterdam, v. 47, n. 1, p. 83-90, 2013.

LANDER, R. Mental Health and the Artist. Art in America, New York, v. 108, n. 4, p. 38-45, 2020.

LEE, H. Virginia Woolf. Vintage Books, 1997.

LEONARDI, L. Leonardo da Vinci: A Life in Drawing. New Haven: Yale University Press, 2018.

LIPMAN, J. Michelangelo and the Language of Art Therapy. London: Karnac Books, 2008.

LOVING, Abby. Artistic expression and substance use disorders. American Journal of Psychiatry Residents’ Journal, v. 14, n. 10, p. 5-7, 2019.

MACHADO, Lia de Azevedo. Arte e transtorno mental: Reflexões a partir de Vincent van Gogh e Fernando Diniz. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, São Paulo, v. 9, n. 3, p. 205-219, set. 2006.

MARES, Daniel. O que a arte pode fazer pela psiquiatria? Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 39, n. 2, p. 181-182, 2017.

MAZEL, Z. Art, Medicine, and Madness: From Diagnosis to Therapy. New York: Rizzoli, 2004.

MCGOWAN, R. “The Role of Drugs in Creative Processes”. In: Journal of Psychopharmacology, vol. 28, nº 11, 2014, pp. 1013-1018.

MILITELLO, Filippo; DANESE, Emanuela. Art therapy and mental disorders: a review. Rivista di Psichiatria, v. 51, n. 3, p. 105-111, 2016.

MILLER, G. A. The Psychology of the Artist. New York: Da Capo Press, 1983.

NAIFEH, S.; SMITH, G. W. Van Gogh: The Life. New York: Random House, 2011.

O’BRIEN, J. Gothic Art and the Renaissance. Westport, CT: Praeger Publishers, 2007.

ORSOLINE, R. M. et al. Transtornos mentais e criação artística: uma revisão integrativa da literatura. Psicologia em Estudo, v. 25, p. 1-13, 2020.

OTT, J. Pharmacotheon: Entheogenic drugs, their plant sources and history. Kennewick, WA: Natural Products, 1998.

PLATÃO. Fedro. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2013.

PRINZHORN, H. Bildnerei der Geisteskranken. Berlin: Springer, 1922.

PRIORE, Mary Del. História da Loucura e das Doenças Mentais. São Paulo, 2004.

QUINN, A. H. Edgar Allan Poe: A critical biography. Johns Hopkins University Press, 1941.

RAMOS, R. T. et al. Transtornos mentais em artistas e escritores: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, v. 14, n. 41, p. 1888-1900, 2019.

RIBEIRO, M. Drogas: uma leitura junguiana. Revista da Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas, v. 5, n. 1, p. 20-26, 2018. Disponível em: <https://febract.org.br/portal/wp-content/uploads/2020/04/Drogas-leitura-junguiana-Marcelo-Ribeiro.pdf>. Acesso em: 24 mar. 2023.

RIVKIN, S. R. Drawing medicine: How medieval art makes sense of illness. [S.l.]: University of Minnesota Press, 2018.

ROSENBAUM, M. Cannabis in Greek and Roman Antiquity: the origins of medical and religious use. Chichester: Wiley-Blackwell, 2018.

ROSENBERG, H. The American Action Painters. Art News, 57(9), 22-23, 1959.

ROSENFELD, J. Robert Schumann’s Mental Illness, the Ciphers of “Clara,” and the Liebesfrühling Texts. Journal of Musicology, v. 32, n. 1, p. 3-25, 2015.

SANTOS, T. M.; ALMEIDA, C. S. P. Transtornos mentais e produção artística: uma revisão integrativa da literatura. Revista de Saúde Mental, v. 20, n. 2, p. 1-12, 2021.

SCHUCH, J.; FILHO, L. F. Prevalência de transtornos mentais em artistas. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 32, n. 1, p. 53-55, 2010a.

SCHUCH, J.; FILHO, L. F. Transtornos mentais em artistas plásticos: prevalência e tratamento. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 59, n. 4, p. 270-276, 2010b.

SCHUMANN, R. Obras Completas para Piano. São Paulo: Editora Unesp, 2012.

SILVA, T. S. et al. Drogas ilícitas e saúde mental em artistas: uma revisão sistemática. Revista de Psiquiatria Clínica, v. 47, n. 3, p. 129-136, 2020.

SILVEIRA, Nise da. Imagens do inconsciente. Rio de Janeiro: Alhambra, 1989.

SOUTO, A. M. L.; ARCOVERDE, M. A. M. A arte-terapia como instrumento de intervenção na síndrome de Asperger: relato de caso. Revista Contexto & Saúde, v. 19, n. 36, p. 53-60, 2019.

SOUZA, R. A. Lima Barreto: Triste fim de um escritor. Editora Unesp, 2017.

WADE, S. L. et al. The relationship between creativity and bipolar disorder: A systematic review and meta-analysis. Journal of Affective Disorders, v. 268, p. 89-97, 2020.

WAGNER-MARTIN, L. Sylvia Plath: A biography. Open Road Media, 2013.


1Discente de Medicina, Faculdade de Medicina – FAMED, Instituto de Ciências Médicas – ICM, Universidade Federal do Pará – UFPA. Rua Augusto Corrêa, 01. Guamá. Belém – Pará. Email: lyvialimamed@gmail.com . Belém – Pará.

2Docente de Medicina, Faculdade de Medicina – FAMED, Instituto de Ciências Médicas – ICM, Universidade Federal do Pará – UFPA. Rua Augusto Corrêa, 01. Guamá. Belém – Pará. Email: ivallinoto@ufpa.br . Belém – Pará.