Dra. Graziela Morgana Silva Tavares (RS) Fisioterapeuta, Professora Adjunto da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Mestrado em Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Doutorado em Gerontologia Biomédica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Pós-Doutorado em Fisioterapia na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). |
CONTEXTUALIZAÇÃO: O termo sarcopenia tem sua origem do grego (sarx = carne; penia = perda), e foi utilizado pela primeira vez por Rosemberg em 1989, para descrever a perda de massa muscular. Esta afecção musculoesquelética afeta ao menos 10% da população com idade > a 60 anos (SHAFIEE et al, 2017), e está associada a diversos desfechos clínicos, dos quais podemos citar redução da massa e força muscular, levando a diminuição da capacidade funcional, baixa qualidade de vida, quedas e aumento do risco de morte do indivíduo idoso. A sarcopenia foi recentemente reconhecida como uma doença muscular, desta forma a mesma possui agora o código internacional da doença “ICD-10-MC”, e tem ganhado cada vez mais espaço nas pesquisas.
DESENVOLVIMENTO: Na tentativa de diagnóstico precoce, diversos exames e/ ou instrumentos têm sido desenvolvidos, dentre estes podemos citar os recomendados pelos Consenso Europeu de Sarcopenia, tais como: Appendicular skeletal muscle mass (ASMM) by Dual-energy X-ray absorptiometry (DXA), Bioimpedância, ressonância magnética nuclear, tomografia computadorizada, questionário Sarc -F, dinamometria de força de preensão manual, velocidade da marcha, Short physical performance battery (SPPB), dentre outros. Contudo, ainda há uma dificuldade para a detecção precoce da sarcopenia. Já em relação ao tratamento dos idosos pré-sarcopênicos ou sarcopênicos, diversos estudos evidenciaram efeitos positivos do treino de resistência em idosos, nos quais relataram ter melhora do equilíbrio postural e da força muscular, incremento de massa muscular. Já em relação ao treino aeróbico, bem como outras modalidades terapêuticas, mais estudos precisam ser conduzidos para sabermos qual a periocidade necessária, tempo de intervenção, incremento de intensidade, melhor modalidade, dentre outras. Vale ressaltar que a sarcopenia é multifatorial, e que mudanças em hábitos de vida também podem favorecer os indivíduos tanto na prevenção como na reabilitação. Dentre os hábitos de vida pode-se citar: evitar o consumo de álcool e cigarro, ter bons hábitos alimentares; tais como, a redução da ingestão de alimentos com gorduras saturadas, além disso, ressalta-se a importância da prática regular de atividade física, redução do stress, dentre outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Mesmo já existindo diversos instrumentos para rastreio e diagnóstico da sarcopenia, além de trabalhos publicados voltados ao seu tratamento, ainda pode-se dizer que o seu diagnóstico precoce precisa ser melhorado, e que mais estudos relacionados a prescrição de exercícios e modalidades terapêuticas precisão ser realizados, afim de fortalecermos as evidências científicas e consequentemente a aplicação dos mesmos na prática clínica fisioterapêutica.
Leitura complementar:
CRUZ-JENTOFT, Alfonso J. et al. Sarcopenia: European consensus on definition and diagnosis. Age and ageing, v. 39, n. 4, p. 412-423, 2010.
CRUZ-JENTOFT, Alfonso J. et al. Sarcopenia: revised European consensus on definition and diagnosis. Age and ageing, v. 48, n. 1, p. 16-31, 2019.
MOORE, Sarah A. et al. Exercise as a treatment for sarcopenia: an umbrella review of systematic review evidence. Physiotherapy, v. 107, p. 189-201, 2020.
SHAFIEE, Gita et al. Prevalence of sarcopenia in the world: a systematic review and meta-analysis of general population studies. Journal of Diabetes & Metabolic Disorders, v. 16, n. 1, p. 21, 2017.