APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE: COMPARATIVO ENTRE ADOLESCENTES PRATICANTES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS E NÃO PRATICANTES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10358194


Djeferson Colling1
Vinicius Ansolin2
João Vitor Lewe Colibaba3
Arthur Felipe Garcia de Mattos4
Laysa Anacleto Schuh5
Matheus Gonçalves Cavassin6
Josiano Guilherme Puhle7


RESUMO

A inatividade física apresenta-se aumentada entre crianças e adolescentes, tornando-se fator de risco para o desenvolvimento de doenças e aumento da mortalidade. Nesse sentido, o presente estudo teve por objetivo investigar e comparar a aptidão física relacionada à saúde de adolescentes que praticam exercícios físicos regulares e adolescentes inativos fisicamente. Foram avaliadas as variáveis antropométricas e os testes físicos seguindo o Manual do Projeto Esporte Brasil (PROESP, 2016). A amostra foi composta por 20 alunos, com média de idade 14,2±1,52 anos, divididos em: Grupo Exercício (GE), composto por 10 alunos praticantes de exercícios físicos fora do contexto escolar; e Grupo Controle (GC), composto por 10 alunos, que somente praticam as atividades da Educação Física na escola. Os dados coletados no presente estudo foram estatisticamente comparados entre os grupos com um nível de significância estabelecido em (p<0,05), por meio do Teste T para amostras independentes. Os resultados demonstraram que o GE apresentou melhores medidas antropométricas, referentes à razão cintura-estatura (0,452 – 0,424 p=0,031), bem como no percentual de gordura (28,97% – 22,94% p=0,009). Referente à aptidão física, o  GE obteve melhor desempenho em todos os testes: Flexibilidade (25,4cm – 34,6cm p=0,043); Resistência Abdominal (25,7rep.- 36,1rep., p=0,003); Aptidão Cardiorrespiratória (832m – 973m p=0,002). Portanto, o presente estudo denota a importância da prática regular de exercícios físicos, tendo em vista a melhora na aptidão física e consequentemente o impacto positivo na prevenção para o desenvolvimento de doenças associadas ao sedentarismo nos adolescentes.

Palavras-chave: Educação Física. Estilo de Vida. Adolescência.

ABSTRACT

Physical inactivity is increased among children and adolescents, becoming a risk factor for the development of diseases and increased mortality. In this sense, the present study aimed to investigate and compare the health-related physical fitness of adolescents who practice regular physical exercise and physically inactive adolescents. Anthropometric variables and physical tests were evaluated following the Sports Brazil Project Manual (PROESP, 2016). The sample was made up of 20 students, with an average age of 14.2±1.52 years, divided into: Exercise Group (GE), made up of 10 students who practice physical exercise outside the school context; and Control Group (CG), composed of 10 students, who only practice Physical Education activities at school. The data collected in the present study were statistically compared between the groups with a significance level established at (p<0.05), using the T Test for independent samples. The results demonstrated that the EG presented better anthropometric measurements, referring to the waist-to-height ratio (0.452 – 0.424 p=0.031), as well as the percentage of fat (28.97% – 22.94% p=0.009). Regarding physical fitness, the GE performed better in all tests: Flexibility (25.4cm – 34.6cm p=0.043); Abdominal Resistance (25.7 rep.- 36.1 rep., p=0.003); Cardiorespiratory Fitness (832m – 973m p=0.002). Therefore, the present study denotes the importance of regular physical exercise, with a view to improving physical fitness and consequently the positive impact on preventing the development of diseases associated with a sedentary lifestyle in adolescents.

Keywords: Physical Education. Lifestyle. Adolescence.

1 INTRODUÇÃO

O movimento da promoção da saúde começou no Canadá, em 1974, com a publicação do Informe Lalonde, que foi lançado como o primeiro documento de motivação política a apresentar a promoção da saúde, tendo como conteúdo uma maneira de reduzir custos e conter os agravos das doenças crônicos degenerativas em todas as etapas da vida (HEIDEMANN et al., 2013).

Sabe-se que a adolescência é uma fase onde diversos comportamentos e questionamentos culminam entre os jovens, que muitas vezes, se encontram perdidos no meio de tantas informações. Situação justificável por não adquirirem maturidade suficiente para lidar com os acontecimentos dessa etapa, tendo em vista os desafios e as transições de caráter fisiológico e psicológico. Nesse sentido a adolescência é conhecida como uma fase de turbulências e de maior fragilidade para reconhecer os comportamentos propícios ao desenvolvimento de fatores ligados ao risco para a saúde (IGREJA JÚNIOR et al., 2023).

A falta de atividade física ou o baixo nível de prática da mesma, tem aumentado em todo mundo entre crianças e adolescentes, tornando-se assim um dos maiores fatores de risco de mortalidade em todo mundo. Um dos fatores do comportamento sedentário está relacionado à expansão da urbanização e ao desenvolvimento industrial atual, onde a facilidade no acesso aos meios de comunicação, como notebooks, celulares, jogos eletrônicos, TV e meios de transporte proporcionam às pessoas um ambiente bem favorável para a diminuição da prática da atividade física (MIODUTZKI et al., 2016).

Em grupos mais jovens, como adolescentes, é evidenciado que uma melhor aptidão física está associada à menor prevalência e fatores de risco que predispõem às doenças crônicas e cardiovasculares. Ainda, uma menor quantidade de adiposidade abdominal e total, bem como melhores condições ósseas e de saúde mental, estão interligadas a prática regular de exercícios físicos (RAUBER, et al., 2022).

O exercício físico regular mostra-se como uma ferramenta essencial para a promoção e prevenção em saúde, levando em consideração a melhora na aptidão física referente aos aspectos motores e principalmente na regulação e manutenção de aspectos fisiológicos e bioquímicos. Tendo em vista essa situação, nota-se a importância da prática regular de exercícios e atividades físicas pela população jovem (RIBEIRO et al., 2020).

Nesse sentido, considerando as informações supracitadas, pretende-se comparar os níveis de aptidão física relacionada à saúde de adolescentes praticantes e não praticantes de exercícios físicos fora do contexto escolar, tendo por intuito elucidar a importância dessas práticas.

2 METODOLOGIA

2.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A presente pesquisa é descritiva de campo e de natureza quantitativa, possuindo caráter comparativo. A amostra foi composta por 20 alunos das turmas do 8º e 9º ano do ensino fundamental de uma escola localizada em Iporã do Oeste, Santa Catarina, com idade variando entre treze e quinze anos, tendo uma média de idade de 14,2±1,52 anos.

A amostra foi dividida em:

Grupo Controle (GC): composto por 10 adolescentes que somente participavam das aulas de Educação Física escolar, sem possuir estímulos motores e de atividade física fora da escola.

Grupo Exercício (GE): composto por 10 adolescentes que praticavam exercícios físicos fora do contexto escolar, envolvendo atividades esportivas e de condicionamento físico. Para serem incluídos no grupo, os adolescentes deveriam estar praticando as atividades por no mínimo 6 meses de maneira ininterrupta e também possuir uma frequência semanal de no mínimo duas sessões/aulas.

2.2 COLETA DE DADOS

Inicialmente, foi realizada uma visita à direção da escola, na qual foi explicado o objetivo e relevância do estudo. Após a concordância da instituição e aprovação do projeto, foram executados os procedimentos de coleta de dados. Primeiramente foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para os pais ou responsáveis e o Termo de Assentimento (TA) para os alunos, autorizando a participação no estudo. Em seguida, deu-se início aos trabalhos, realizando as medições antropométricas e os testes físicos. As coletas foram realizadas em um ginásio disponibilizado pela escola.

2.3 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA

Realizou-se a avaliação antropométrica, por meio do peso, estatura, envergadura e perimetria de cintura, tendo em vista a mensuração do índice de massa corporal (IMC) e da relação cintura/estatura (RCE).

Para a aferição do peso do avaliado, ele ficou com a menor quantia de roupa possível, pé descalço, subiu na balança onde ficou com o corpo ereto, com o olhar alto no horizonte a linha dos olhos, os braços perpendiculares ao corpo soltos e ainda, com o peso distribuído nas duas pernas, que ocuparam o centro da balança (PROESP, 2016).

A aferição da altura com estadiômetro foi realizada com o avaliado posicionando-se descalço, com a cabeça livre de adereços, braços estendidos ao longo do corpo, cabeça erguida, olhando ponto fixo na altura dos olhos. Após isso, o aluno encostou a cabeça, ombros, nádegas e calcanhares em contato com o estadiômetro, então, foi baixado a parte móvel do equipamento, fixando-a contra a cabeça do avaliado, com pressão suficiente para comprimir o cabelo, após cravar a parte móvel do estadiômetro, o aluno se retirou do equipamento e foi realizada a mensuração (PROESP, 2016).

A aferição da envergadura foi feita sobre uma parede, sem rodapé, foi fixada uma trena métrica paralelamente ao solo a uma altura de 1,20 metros para os alunos menores e 1,50 m para os alunos maiores. O aluno se posicionou em pé, de frente para a parede, com os braços elevados e cotovelos estendidos em 90 graus em relação ao tronco. As palmas das mãos voltadas para a parede. (PROESP, 2016).

A medida do Perímetro da Cintura aferiu-se por meio de uma fita métrica flexível com resolução de 1mm. A medida foi realizada no ponto médio entre a borda inferior da última costela e a crista ilíaca. A medida da razão cintura estatura (RCE) foi determinada através do cálculo da razão (divisão) entre a medida do perímetro da cintura em centímetros e a estatura (altura) em cm (PROESP, 2016).

2.4 PERCENTUAL DE GORDURA

O Teste de Bioimpedância manual foi utilizado para estabelecer os dados referentes ao percentual de gordura dos avaliados de uma maneira rápida e prática. Foi utilizado o Monitor de Gordura Corporal Omron de HBF 306Int.

Para tal foi inserido digitalmente a altura do indivíduo, e posteriormente o seu peso corporal, idade e sexo. Após isso, o avaliado precisou ficar de pé, com os pés afastados na largura dos ombros. O avaliado segurou o aparelho fazendo uma pegada firme com os dedos na parte posterior, e descansando seus polegares na parte metálica superior. Para dar início à leitura, o avaliado estende os braços em um ângulo de 90º e então, o avaliador inicia o teste. Em poucos segundos o aparelho mostra no visor o percentual de gordura do indivíduo e também seu IMC.

2.5 TESTES DE APTIDÃO FÍSICA

Para a avaliação da aptidão dos adolescentes que participaram do presente estudo, foi utilizado o protocolo seguindo a bateria de testes do PROESP (2016) da aptidão física relacionada à saúde, na qual avaliou -se a capacidade cardiorrespiratória, nível de flexibilidade e resistência abdominal.

Para avaliar a aptidão cardiorrespiratória, utilizou -se o teste de caminhada de 6 minutos (PROESP, 2016). Dividiu‐se os alunos em grupos adequados às dimensões da pista demarcada utilizando a quadra poliesportiva coberta. Foi explicado aos alunos sobre a execução do teste dando ênfase ao fato de que, deveriam tentar manter uma velocidade constante. Durante o teste, informava-se aos alunos a passagem do tempo 2, 4 e quando estava faltando um minuto. Ao final do teste soava um sinal (apito) sendo que os alunos deveriam interromper a corrida, permanecendo no lugar onde estavam até ser anotada ou sinalizada a distância percorrida.

Para avaliar a flexibilidade da parte posterior do corpo e também da coluna vertebral foi utilizado o Teste de Sentar e Alcançar (PROESP, 2016). Foi estendida uma fita métrica no solo. Na marca de 38 cm desta fita foi colocado um pedaço de fita adesiva de 30 cm em perpendicular. A fita adesiva teve que fixar bem a fita métrica no solo. O sujeito a ser avaliado estava descalço. Os calcanhares tocaram a fita adesiva na marca dos 38 centímetros e estavam separados 30 centímetros. Com os joelhos estendidos e as mãos sobrepostas, o avaliado inclinou-se lentamente e estendeu as mãos para frente o mais distante possível. O avaliado permaneceu nesta posição o tempo necessário para a distância ser anotada. Foram realizadas duas tentativas.

Para a análise da resistência abdominal foi utilizado o “Sit Up Test” (PROESP, 2016).  O sujeito avaliado se posicionou em decúbito dorsal com os joelhos flexionados a 45 graus e com os braços cruzados sobre o tórax. O avaliador, com as mãos, segurou os tornozelos do estudante fixando-os ao solo. Ao sinal, o aluno iniciou os movimentos de flexão do tronco até tocar com os cotovelos nas coxas, retornando à posição inicial. Foram contabilizadas as execuções realizadas em 1 minuto.

2.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

As diferenças estatísticas entre os conjuntos de valores dos diferentes tratamentos foram determinadas usando o Teste T de Student para amostras independentes. O software utilizado para as análises foi o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS). As diferenças foram consideradas estatisticamente significativas com p ≤ 0,05.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dentro dos participantes do presente estudo, a amostra total contou com 20 participantes, todos do sexo masculino, onde a média da idade ficou em 14,09±0,64. O GE foi composto por 10 adolescentes praticantes de exercícios físicos, conforme exposto na Tabela 1.

Tabela 1 – Distribuição dos tipos de exercícios físicos praticados pelo GE.

ModalidadeQuantidade (N)Porcentagem (%)
Futebol220%
Futsal220%
Handebol330%
Musculação220%
Voleibol110%

Fonte: os autores (2023).

Conforme exposto, tem-se que dos 10 adolescentes que se enquadram no GE, 20% (2) deles, são praticantes de Futebol, Futsal e Musculação, 10% (1) pratica Voleibol e 30% (3) pratica Handebol. Vale ressaltar que todos os integrantes do GE praticam o determinado exercício ao menos três vezes na semana.

Referente aos dados antropométricos dos grupos avaliados, observa-se que houveram diferenças estatisticamente significativas, conforme Tabela 2.

Tabela 2 – Caracterização antropométrica e percentual de gordura.

VariávelGCGEValor de p
Idade14,0±0,6614,2±0,63
Estatura (cm)162,9±6,57167,9±7,360,139
Peso (kg)60,91±11,4262,63±11,440,726
Envergadura (cm)166,55±7,79172,4±8,190,086
Cintura (cm)73,8±5,9771,25±7,130,304
RCE0,45±0,030,42±0,040,031*
% gordura28,97±5,8922,94±7,850,009*
IMC22,85±3,1822,15±3,620,590

Fonte: os autores (2023).

Dados expressos em média e desvio padrão (±). Nível de significância (p) por meio de Teste T para amostras independentes.

Nas medidas de estatura, por mais que haja uma maior tendência a média do GE ser maior que a do GC, não se pode verificar diferença estatística significativa. Na verificação do peso ocorre da mesma forma, visivelmente, o GE expõe uma média de peso maior do que a do GC, mesmo assim, os resultados se tornam sem significância para a estatística. Para a variável de envergadura, apesar do GC apresentar uma tendência menor comparado ao GE, não houve diferença significativa. Nas medições de circunferência de cintura dos participantes, também não se teve diferença significativa.

Referente a avaliação da RCE houve diferença significativa ao comparar o GC com o GE (0,45 – 0,42, p=0,031), denotando menores riscos ao GE. Porém, segundo o Manual do Projeto Esporte Brasil (PROESP, 2016), o ponto de corte para zona de risco à saúde ou zona saudável da razão cintura estatura é de 0,5, sendo assim, nesse caso os dois grupos se encontram dentro da zona de saúde. Ainda é possível destacar que Santos et al. (2021) sugerem que um estilo de vida ruim está associado ao aumento da RCE em adolescentes, denotando a importância do exercício físico.

A porcentagem de gordura verificada a partir do teste de bioimpedância manual, apresentou variação estatística significativa (28,97% – 22,94% p=0,009), com isso, pode-se verificar uma melhor composição corporal do GE em comparação com o GC. Classificando os dados, tomando referência a tabela de porcentagem de gordura proposta por Pires-Neto e Petroski (1996), o GC se encontra com a porcentagem de gordura alta, estando na zona de propensão para o desenvolvimento de doenças, já o GE classifica-se como ótimo, sem riscos à saúde. Nesse sentido, corroborando com os presentes achados, Okuizumi et al. (2019) afirmam que adolescentes praticantes de esportes, especificamente de atletismo, não apresentam risco à saúde cardiovascular.

Finalizando, na verificação do IMC, percebe-se visualmente que as médias dos grupos que estão em comparação expõem uma diferença, mesmo assim, estatisticamente não foi constatado significância. Verificando a tabela de valores e ponto de corte para o IMC do Manual do Projeto Brasil (PROESP, 2016), temos o valor de 22,2 como ponto de corte para rapazes, levando isso em consideração, os dois grupos se encontram na zona saudável. Para Santos et al. (2021) a inatividade física está associada diretamente ao aumento do IMC em adolescentes, corroborando com presentes achados tendo em vista à prática de exercícios físicos. Referente à aptidão física relacionada à saúde, os resultados dos testes e da comparação entre os grupos, estão expostos conforme Tabela 3.

Tabela 3 – Testes de aptidão física relacionada à saúde

TesteGCGEp
Flexibilidade25,4cm±10,3734,6cm±8,380,043*
Resistência muscular localizada25,7rep±6,7036,1rep±9,310,003*
Aptidão Cardiorrespiratória832m±111,23973m±117,190,002*

Fonte: os autores (2023).

Dados expressos em média e desvio padrão (±). Nível de significância (p) por meio de Teste T para amostras independentes.

Conforme a tabela da avaliação da aptidão física, os três testes realizados com os avaliados demonstraram diferença significativa. Começando pelo teste de Sentar e alcançar, que avalia os níveis de flexibilidade, foi possível constatar melhores resultados do GE em comparação ao GC (25,4cm – 34,6cm, p=0,043). Ramos Júnior et al. (2020) também evidenciam menor desempenho no teste de flexibilidade em escolares inativos fisicamente quando comparados a escolares praticantes de exercício, indo de encontro com o presente estudo.

Analisando os dados de flexibilidade dos dois grupos e comparando com os valores de ponto de corte do Manual do Proesp (2016), temos 22,9cm o ponto de corte para o sexo masculino, sendo assim, os dois grupos se encontram acima do ponto de corte, caracterizando-os na zona de saúde.

Analisando os dados do teste de abdominais em um minuto, referente a resistência muscular localizada, houve diferença significativa entre os grupos, onde o GE apresentou maior desempenho (25,7 – 36,1 p=0,003). Com relação aos valores do ponto de corte do Manual do Proesp (2016), o GE se encontra na zona de saúde, já o GC, se encontra abaixo do ponto de corte, caracterizando-o na zona de risco à saúde. Corroborando com os presentes achados, Santos et al. (2020) também relatam melhor desempenho de escolares praticantes de exercícios físicos no teste de resistência muscular localizada, salientando que os escolares não praticantes apresentaram maior porcentagem de risco à saúde.

Ainda, Miodutzki et al. (2016), avaliaram 60 sujeitos de 7 a 12 anos de idade, realizando testes de força, flexibilidade, massa corporal, estatura, aptidão cardiorrespiratória, onde compararam dois grupos, 30 sujeitos praticantes de voleibol e futebol e outros 30 sujeitos que não praticavam exercícios físicos. Destacaram diferenças significativas no teste de resistência muscular localizada, utilizando do teste de abdominais em um minuto, denotaram melhor desempenho em crianças ativas.

Em relação aos dados coletados no Teste de Aptidão Cardiorrespiratória, também se observa diferença entre os grupos (832 – 973, p=0,002), sendo que o GE percorreu uma maior distância em comparação com o GC. Minato et al. (2015) também evidenciaram baixo desempenho do teste de aptidão respiratória associado ao baixo nível de atividade física e condições socioeconômicas.

Além disso, temos a verificação da tabela com os valores de ponto de corte para o teste em questão, sendo 1060 metros o ponto de corte para rapazes e 985 metros para moças, dentro disso, observa-se que mesmo o GE esteja melhor que o GC, ambos grupos se encontram em zona de risco à saúde segundo a tabela do Manual do PROESP (2016).

4 CONCLUSÃO

Os resultados apresentados e adquiridos no presente estudo, ao avaliar os 20 alunos, evidenciaram que a prática de algum exercício físico, seja em algum esporte ou outra atividade física estruturada, é de suma importância, visto que o grupo ativo fisicamente teve melhores resultados. Partindo desse ponto, adotar de um estilo de vida ativo e saudável desde a adolescência, diminui o risco de desenvolvimento de doenças, melhorando sua expectativa de vida, refletindo positivamente em sua vida adulta.

Adolescentes inativos e sedentários provavelmente se tornarão adultos obesos e doentes. Dessa forma, cultivar hábitos de vida ativos durante a adolescência, poderá reduzir a incidência de obesidade e doenças cardiovasculares na idade adulta, diminuindo assim gastos futuros com tratamento de doenças crônicas não transmissíveis pelo poder público. Sugere-se maior incentivo à prática de exercícios físicos e à programas de incentivo à atividade física, prescritos e orientados por Profissionais de Educação Física, tendo em vista a segurança da população.

REFERÊNCIAS

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