SUPPORT APPLICATION FOR USERS OF THE MOBILE EMERGENCY ASSISTANCE SERVICE – SAMU
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102411131534
Raianny de Sousa¹
Joao Vitor Dias Pereira¹
Wander Ricardo Quadros da Silva¹
Marcus Vinicius Henriques Brito2
Priscila Xavier de Araújo2
RESUMO
O presente estudo objetivou desenvolver e demonstrar o processo de validação de um aplicativo móvel de apoio aos usuários e profissionais do Serviço de atendimento Móvel de UrgênciaSAMU. Tipo de estudo: estudo metodológico de abordagem quantitativa. Desta forma, foi sistematizado em cinco etapas: 1) definição do cenário do estudo; 2) revisão integrativa utilizando os descritores em base de dados científicas Pubmed, via Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE), e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Foram identificados 129 artigos, após a retirada das duplicatas, obteve-se 74 artigos, sendo 18 selecionados e 56 excluídos.;3) busca de aplicativos em comum. Foram identificados 24 aplicativos, após a retirada das duplicatas, obteve-se 12 aplicativos, sendo 05 selecionados e 07 excluídos;4) desenvolvimento do produto tecnológico; 5) avaliação e validação do aplicativo submetido ao crivo de onze juízes especialistas por meio de um questionário online através do Google-forms com base na Escala Likert. Em relação ao domínio utilidade, o item de aplicabilidade obteve melhor aceitação, com 93,8% de aprovação. Já no domínio de funcionalidade, o item praticidade alcançou 91,8%. O aplicativo desenvolvidofoi consideradouma ferramenta prática, acessível e de fácil compreensão, onde pode ajudar a salvar vidas, ou no mínimo, diminuir sequelas. Além disso, o aplicativo facilitará a chegada das equipes de intervenção do SAMU a encontrarem endereços no menor tempo possível.
Palavras-chave: SAMU. Aplicativo móvel. Produto tecnológico.
ABSTRACT
This study aimed to develop and demonstrate the validation process of a mobile application to support users and professionals of the Mobile Emergency Care Service – SAMU. Type of study: methodological study with a quantitative approach. Thus, it was systematized in five steps: 1) definition of the study scenario; 2) integrative review using Pubmed scientific database descriptors, via Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), and Virtual Health Library (BVS). 129 articles were identified, after removing duplicates, 74 articles were obtained, 18 selected and 56 excluded.;3) common application search. 24 applications were identified, after removing the duplicates, 12 applications were obtained, 05 being selected and 07 excluded;4) development of the technological product; 5) evaluation and validation of the application submitted to the scrutiny of eleven expert judges through an online questionnaire through google-forms based on the Likert scale. Regarding the utility domain, the applicability item obtained better acceptance, with 93.8% approval. In the domain of functionality, the item practicality reached 91.8%. The developed application was considered a practical, accessible and easy-to-understand tool, which can help save lives, or at least reduce sequelae. In addition, the application will facilitate the arrival of SAMU intervention teams to find addresses in the shortest possible time.
Keywords: SAMU. Mobile application. Technological product.
INTRODUÇÃO
A Política Nacional de Atenção às Urgências foi criada por meio da portaria nº 1.863/GM em 29 de setembro de 2003, estabelecendo uma rede de assistência regionalizada e hierarquizada, proporcionando articular os serviços de saúde, definir fluxo e proporcionar referências resolutivas com destaque aoatendimento às urgências, fundamental nos sistemas de saúde.1
No Brasil, sua implementação envolveu três momentos principais: de 2000 a 2003 – regulamentação inicial; de 2004 e 2008 – expansão do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (SAMU); e a partir de 2009 – destaque para a implantação do componente fixo da atenção pré-hospitalar, as Unidades de Pronto Atendimento – UPA 24h.1
O atendimento do SAMU funciona 24 horas por dia e atua em ocorrências em ambiente pré-hospitalar (via pública ou não), dentro de uma área geográfica específica. O acesso telefônico ao Samu é gratuito, através do número nacional 192. A ligação é acolhida e identificada por técnicos na Central de Regulação e, em seguida, a solicitação é avaliada pelo médico regulador. Este classifica o nível de urgência da situação e define qual o recurso necessário ao seu adequado atendimento, que pode envolver orientações médicas bem como o envio de uma Unidade de Suporte Básico ou Avançado de Vida.2
Neste sentido, os profissionais do SAMU auxiliam ou proveem atendimento de suporte básico e/ou avançado de vida consoante a gravidade da condição clínica. Em segunda instância, em caso de atendimento inicial no local, o SAMU tem a função de transportar o paciente ao hospital mais próximo que detenha recursos capazes de atender adequadamente o agravo em questão. Por meio destas ações, busca-se reduzir o número de óbitos, o tempo de internação hospitalar e as possíveis sequelas decorrentes da falta de atendimento precoce.2
O serviço de atendimento pré-hospitalar móvel, deve contar com equipe de profissionais oriundos da área da saúde (médico regulador, médico intervencionista, enfermeiro e técnico de enfermagem) e não oriundos da área da saúde (rádio operador- RO, telefonista auxiliar de regulação médica -TARM, auxiliar de serviços gerais.3
Além desta equipe, em situações de atendimento às urgências relacionadas às causas externas ou de pacientes em locais de difícil acesso, deverá haver uma ação pactuada, complementar e integrada de outros profissionais não oriundos da saúde – bombeiros militares, policiais militares e rodoviários e outros, formalmente reconhecidos pelo gestor público para o desempenho das ações de segurança, socorro público e salvamento, tais como: sinalização do local, estabilização de veículos acidentados, reconhecimento e gerenciamento de riscos potenciais (incêndio, materiais energizados, produtos perigosos) obtenção de acesso ao paciente e suporte básico de vida.3
Especificamente no SAMU, são exemplos de indicadores de qualidade: número geral de ocorrências atendidas no período; tempo mínimo, médio e máximo de resposta; identificação dos motivos dos chamados; quantitativo de chamados, orientações médicas, saídas das unidades de suporte básico (USB) e unidades de suporte avançado (USA), localização das ocorrências; idade e sexo dos usuários atendidos; identificação dos dias da semana e dos horários de maior pico de atendimento; número absoluto e percentual de pacientes referenciados aos demais componentes da rede por tipo de estabelecimento.4
Há evidências históricas e epidemiológicas de que o nível de resposta ao atendimento de urgências e emergências tem impacto considerável na sobrevida de pessoas que apresentam complicações no estado de saúde por algum tipo de agravo, seja por causas externas (acidentes de trânsito, violência etc.) ou clínicas (principalmente relacionadas a doenças do aparelho circulatório).5
Como premissa, o SAMU visa chegar precocemente à vítima, após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza clínica, cirúrgica, traumática, inclusive as psiquiátricas), que possa levar a sofrimento, sequelas ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado a um serviço de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde.3
Segundo a portaria 1010 (2012) o planejamento e a implementação do SAMU devem ser baseados prioritariamente no “tempo resposta”, ou seja, o tempo tecnicamente adequado entre a ocorrência e a intervenção necessária.6
A tecnologia da informação e comunicação (TIC) pode trazer agilidade, rapidez na disponibilidade de informações e facilidade de acesso, fatores esses que são indispensáveis no atendimento de emergência pré-hospitalar.7
Dentre as várias tecnologias disponíveis, a utilização dos dispositivos móveis como smartphones e tablets, tem transformado consideravelmente o setor da saúde. Os smartphones, tem se destacado como uma ferramenta fundamental para a evolução da forma de lidar com as informações, pois possuem uma série de vantagens, como portabilidade, acesso constante a internet e alto poder de computação.7
A comunicação e a melhoria na assistência com o uso de um processo eletrônico eficiente, colaboram com a continuidade e individualidade do cuidado.7
A atenção às urgências inicia antes de o agravo à saúde acontecer. Entende-se que o processo de trabalho nesse contexto engloba os programas de prevenção, a educação em saúde, o planejamento e a organização dos serviços.4
As Diretrizes da Educação para a Saúde definidas pelo Ministério da Saúde, definem educação em saúde como “uma atividade planejada que objetiva criar condições para produzir as mudanças de comportamento desejadas em relação à saúde”. Certamente, o campo teórico aberto pela possibilidade de se trabalhar com representações sociais na educação significa, ao mesmo tempo, a superação da visão cientificista e um avanço significativo em termos da compreensão da complexidade de que se reveste a educação em saúde. Neste momento preciso, a aposta localiza-se, então, em torno das representações dos sujeitos e do seu papel na (re)criação de novas práticas.
Os cuidados prestados às vítimas no atendimento pré-hospitalar, envolvem abordagens com princípios éticos que acabam por nortear os pensamentos, sentimentos, palavras e ações dos profissionais, refletindo na qualidade do assistir de forma humanizada. Neste sentido, o produto tem o propósito de eliminar as barreiras de comunicação e informação relacionadas ao SAMU, existentes entre os usuários e profissionais do serviço. Além de impactar consideravelmente na sobrevida dos pacientes pois incidirá na diminuição do tempo resposta dos atendimentos, principal indicador de qualidade do SAMU.
METODOLOGIA
Tipo e local do estudo
Trata-se de um estudo metodológico, de abordagem quantitativa. A pesquisa foi desenvolvida no município de Marabá, distante da capital 565,2 km, localizado na região Norte, no Estado do Pará, com população de 287.664 habitantes.8
Em Marabá, o SAMU foi criado em 2005. Já a Central Regional de Regulação das Urgências na Região de Carajás (CRRU) foi criada em 2013. A Central é responsável pelo atendimento do SAMU em 17 municípios da região somando mais de 930 mil pessoas cobertas pelo serviço. Em 2022, o SAMU Marabá atendeu, por mês, em média 713 chamadas, com cerca de 24 ocorrências atendidas diariamente, apenas em Marabá.9
Construção do produto
O produto tecnológico foi pensando em torno das necessidades dos usuários referentes ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência -SAMU, dentro de uma abordagem respeitando aos princípios do sus de integralidade, equidade e universalização. A construção do mesmo seguiu algumas etapas, sendo elas:
ETAPA 1: REVISÃO INTEGRATIVA
Realizada uma pesquisa bibliográfica utilizando os descritores a seguir: first aid and (primeiros socorros e samu); first aid and apps (primeiros socorros e aplicativos). Usou-se como estratégia de busca o cruzamento de palavras chaves para interligar os conteúdos propostos. Como critérios de inclusão foram definidos os artigos indexados nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Via Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE) e pubmed disponíveis em português e inglês entre os anos de 2012 e 2022. Como critérios de exclusão, foram retirados os artigos com duplicidade nas bases e os relatos de caso. Em seguida, os artigos foram organizados e selecionados de acordo com o conteúdo que seria utilizado no produto final e precisaria abordar os temas: crise convulsiva, obstrução de vias aéreas superiores, parada cardiorrespiratória, acidentes de trânsito, hipoglicemia, síncope, quedas, choque elétrico, acidente vascular cerebral, portarias do SAMU, protocolos do SAMU, Central de Regulação do SAMU, tecnologias no SAMU. Foram identificados 129 artigos, após a retirada das duplicatas, obteve-se 74 artigos, sendo 18 selecionados e 56 excluídos.
ETAPA 2: BUSCA DE APLICATIVOS
Nesta etapa foram realizadas as buscas de aplicativos que envolvem os seguintes temas:
primeiros socorros e SAMU. Foram usadas as lojas virtuais Apple store e Play Store. Como critérios de inclusão foram selecionados aplicativos disponíveis em português e gratuitos. Já os critérios de exclusão removeram os aplicativos que não disponibilizava versão em português, os repetidos e os aplicativos pagos. Foram identificados 24 aplicativos, após a retirada das duplicatas, obteve-se 12 aplicativos, sendo 05 selecionados e 07 excluídos.
ETAPA 3: DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO TECNOLÓGICO
Vivemos em uma época histórica e sem precedentes quanto a velocidade e a complexidade do desenvolvimento tecnológico. É crescente a demanda por tecnologias da informação e essa temática está em pauta nos meios de comunicação e nas agendas de governos, das grandes empresas, agências de fomento a pesquisas e diversas organizações sociais com forte influência no setor saúde.10
Os dispositivos móveis se configuram como alternativas estratégicas frente ao cenário tecnológico atual e podem contribuir ricamente com a promoção da educação em saúde. Pesquisa realizada pelo International Data Corporation (IDC, 2017) indica uma significativa ascensão no consumo de tecnologias móveis, inferindo um crescimento mundial de 20% anual até este ano (2018).10
O produto tecnológico foi desenvolvido dentro do programa de mestrado em Cirurgia e pesquisa experimental da Universidade do Estado do Pará (UEPA), e trata-se de um aplicativo de dispositivo móvel, composto por três abas de acesso ao usuário.
Na primeira aba, “CHAMAR O SAMU”, o usuário (solicitante) será destinado ao serviço 192, e terá sua localização atual vista na tela da central do SAMU, e conseguirá receber a equipe de intervenção no local que se encontra no menor tempo possível, já que a mesma seguirá o GPS, sem perder tempo procurando pelo endereço da ocorrência. Com isso, o tempo resposta diminuirá, impactando em um dos indicadores do serviço, de acordo com a portaria 1.010 de 21 de maio de 2012.
Mudanças recentes no ambiente móvel e na internet têm um efeito na área médica. Devido ao progresso nas capacidades de transmissão de dados em alta velocidade e na capacidade de conexão sem fio a dispositivos externos, várias técnicas de telemonitoramento foram desenvolvidas em vários campos.11
Na segunda aba “CONHECENDO O SAMU”, o usuário terá acesso a cinco vídeos explicativos sobre o serviço, sendo eles: o que é o SAMU; como funciona o SAMU; tipos de atendimento; quando chamar o SAMU; quando não chamar o SAMU. Todos os vídeos possuem duração máxima de dois minutos, e visam educar à população sobre o funcionamento do serviço de forma clara, suscinta e objetiva, fazendo com que o conhecimento adquirido facilite e agilize as solicitações feitas. Nessa aba, além de conhecer todo o fluxo de atendimento, o usuário também conhecerá quais os profissionais atuam na central de regulação, e nas ambulâncias, além de conhecer também os tipos de ambulância que existem e quando cada uma deve atuar.
Na terceira aba “PRIMEIROS SOCORROS”, o usuário terá acesso a dez vídeos explicativos e demonstrativos de algumas situações em que um cidadão que não seja profissional da saúde, possa realizar enquanto aguarda a chegada da equipe. É importante destacar que, os vídeos contêm uma linguagem de fácil entendimento, inclusive no próprio título tiveram os seus termos técnicos substituídos por expressões populares e são de fácil execução com duração de até dois minutos cada, de forma que não se torne cansativo. Foram selecionados temas relevantes, e que são mais comumente atendidos no dia a dia. São eles: crise convulsiva; engasgo em adultos; engasgo em bebês; parada cardíaca; acidentes de trânsito; crise diabética; desmaio; quedas; choque elétrico; derrame (AVC).
As três abas apresentadas são acessadas via aplicativo. Já o painel acessado via Central de Regulação, além de identificar a localização atual do solicitante, poderá disponibilizar relatórios dos atendimentos com informações referentes a alguns indicadores do SAMU como número geral de ocorrências atendidas no período, localização das ocorrências, quantitativo de chamados, orientações médicas, saídas de Unidade de Suporte Avançado (USA) e Unidade de Suporte Básico (USB), todos de acordo com a portaria 1.010 de maio de 2012.
ETAPA 4: VALIDAÇÃO DO PRODUTO
Nesta etapa, realizou-se a avaliação e validação do aplicativo. Quanto ao número ideal de especialistas para o processo de validação de conteúdo, a literatura é diversificada. Os trabalhos de Pasquali e Bertoncello, ressaltam que o número de seis especialistas é o recomendável para a validação do processo12.Neste trabalho optou-se por captar 11 juízes para validar o produto. Dentre eles, construiu-se duas categorias, a primeira de profissionais da saúde, usando como critério de inclusão possuir no mínimo cinco anos de formação e no mínimo três anos de experiência em urgência e emergência atuando no SAMU. Já os critérios de exclusão, seriam possuir menos de cinco anos de formação e menos de três anos de experiência. Na segunda categoria, selecionou-se profissionais que atuam no SAMU, passando pelos seguintes critérios de inclusão: não possuir formação superior ou qualquer tipo de conhecimento na área da saúde, não ter feito nenhum tipo de curso ou treinamento em primeiros socorros. Como critério de exclusão desta categoria, determinou-se que o juiz não possuísse parentesco de primeiro grau com qualquer profissional da área de saúde, sendo de nível técnico ou superior.
Após a seleção, os juízes receberam dois arquivos via e-mail, sendo o primeiro contendo um link para baixar o aplicativo em seu dispositivo móvel, para que o mesmo pudesse ser avaliado, e o segundo arquivo contendo link de acesso ao questionário baseado na escala de Likert, em cinco níveis de concordância (discordo fortemente, discordo, não concordo, nem discordo, concordo e concordo fortemente), por meio do Google Forms, sendo este, composto por quatro questões contendo o perfil dos avaliadores, e vinte questões de validação de conteúdo divididas em critérios de interface, usabilidade, aplicabilidade e praticidade.
Após a coleta de dados, estes foram organizados, comparados, analisados e interpretados de acordo com as questões propostas, em planilhas do programa Microsoft Excel®, utilizando representações em tabelas e gráficos. As características dos sujeitos da amostra serão descritas por meio de medidas descritivas, tais como: frequência absoluta (n) e relativa (%).
Análise de dados
O levantamento das respostas referentes a validação do conteúdo do aplicativo, como forma de analisar a variância entre as respostas dos juízes, nos critérios interface, usabilidade, aplicabilidade e praticidade, foram aplicados o Índice de Cronbach, para avaliar a variância entre as respostas dos juízes.
RESULTADOS
A primeira avaliação dos juízes, contendo o perfil sociodemográfico, indicou maior prevalência do sexo masculino (72,7%), em relação ao sexo feminino (27,3%). Em relação a faixa etária, a maior parte deles se encontra entre 31 e 39 anos (36,4%) e maior ou igual a 40 anos (36,4%), e a menor prevalência foi daqueles com idade menor ou igual a 30 anos (27,3%), gerando uma média de idade de 38,6 anos entre todos os avaliadores participantes. Em relação ao tempo de atuação, cinco dos onze juízes possuem nível superior e a maioria dos avaliadores da área da saúde possuem um tempo de atuação superior a 10 anos. Tais dados estão apresentados na tabela 1.
Para a avaliação do aplicativo, os juízes responderam a dois domínios principais, sendo eles funcionalidade, contendo os itens de apreciação interface e praticidade, já em relação ao domínio de utilidade, os itens apreciados são a usabilidade e aplicabilidade.
Em relação a interface do aplicativo a tabela 2 informa uma maior porcentagem de aprovação para os critérios de qualidade das informações (92,7), estética e qualidade gráfica (92,7%), e facilidade de navegação (92,7%) respectivamente, seguido da facilidade de navegação (92,7%), coesão das imagens (90,9%) e com menor taxa de aprovação vem o equilíbrio nas cores (89,1%).
Sobre o critério de usabilidade, demonstrado na tabela 3, a maior taxa de aprovação se deu na facilidade de uso (96,4), seguido das funcionalidades integradas (90,9). Em relação a complexibilidade (38,2%), a mesma encontrou-se em nível maior do que a necessidade de manual (36,4%). Em último lugar aparece o critério de inconsistências (30,9%). Consistente com autores que afirmam que a usabilidade depende da interação entre usuário e tarefa em um ambiente definido, a ISO 9126 define usabilidade como ‘a capacidade do produto de software de ser entendido, aprendido, usado e atraente para o usuário, quando usado sob condições especificadas’.13
Discorrendo sobre as afirmativas de aplicabilidade do aplicativo, conforme a tabela 4, as porcentagens de pontuação dos critérios foram bem aceitáveis, sendo a adequação do conteúdo (96,4%) a melhor taxa, seguido da sequência lógica (94,5%). Em igualdade de avaliação encontra-se a quantidade de informações (92,7%), abordagem eficaz (92,7%) e aplicação do conteúdo (92,7%).
Por fim, o critério de praticidade, disposto na tabela 5, apresenta os itens de fácil instalação (94,5) com maior aceitação, seguido do acesso às informações (92,7) e carregamento rápido (92,7%) com taxas iguais, e em último lugar a acessibilidade (87,3%).
Fonte: Elaborado pelos autores.
Todos os pontos dos tópicos relacionados à avaliação de cada domínio, permitem a utilização desses dados para o desenvolvimento de um parecer estatístico correspondente a confiabilidade dos resultados encontrados. Para proceder nesta avaliação foi usado o índice de Alfa de Cronbach.
Na avaliação geral, os itens de apreciação dos domínios obtiveram uma porcentagem de aprovação de 88,2%, e Índice de Cronbach de 0,821, dados esses expostos na tabela 6.
DISCUSSÃO
O presente trabalho buscou apresentar um aplicativo móvel e seu processo de validação. Tal aplicativo é produto do programa de Mestrado em Cirurgia e Pesquisa Experimental – CIPE, e sua ideia da construção surgiu da observação de demandas existentes no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU, regional Carajás. Após a avaliação das dificuldades encontradas para que haja um bom desenvolvimento do serviço, algumas alternativas foram propostas em busca de solucioná-los. Para isso, utilizou-se de uma ferramenta atual, manuseada de forma crescente pela população brasileira: o aplicativo.
Pesquisas científicas que visam desenvolver aplicativos são de grande importância, uma vez que a utilização de dispositivos móveis está mais comum e ao alinhar o desenvolvimento e pesquisa, esses aplicativos tendem ser analisados e testados por profissionais que conhecem as reais necessidades dos usuários finais. Para desenvolver os aplicativos de maneira coerente e adequada, é essencial reconhecer as necessidades do usuário final, para que o desenvolvimento seja de acordo, com as demandas específicas, testadas na pesquisa e implementadas, na prática, bem como envolve os usuários finais desde o processo de desenvolvimento até a validação. 14
A criação deste aplicativo com ferramentas educacionais à população, envolve uma série de benefícios voltados para prevenção em saúde, pois desde a criação das políticas de atenção em saúde, em especial as voltadas aos atendimentos de urgência e emergência, observamos que vários aspectos foram aperfeiçoados e outros aguardam melhorias15. As ações de Educação Permanente em Saúde, por exemplo, são essenciais em todas as categorias da área, assim como nos demais serviços, sejam eles da tenção básica, pré-hospitalar, hospitalar ou reabilitação. Como meio de auxiliar nessas ações de capacitações, destacamos as tecnologias móveis que cada vez estão mais presentes no cotidiano das pessoas, visto a facilidade de manuseio e de interação entre o dispositivo e o usuário.
Considerando a escolha dos juízes, foi proposto que o aplicativo pudesse ser utilizado tanto por pessoas familiarizadas com a área da saúde, quanto por pessoas leigas no assunto, principal foco do software, através do qual esse público consiga desenvolver habilidades que podem ajudar no prognóstico de vítimas, além de adquirir conhecimento a respeito do fluxo de funcionamento do SAMU. Aliado a estes benefícios de educação em saúde, ressalta-se também a possibilidade de receber atendimento de forma rápida através do envio da localização atual da ocorrência.
No que se refere à análise estatística, a escolha do teste de Alfa de Cronbach, se deu por diversos fatores, tendo em vista a possibilidade de avaliar questionários que contenham itens de múltipla escolha e que possam geram um coeficiente de confiabilidade, além de não ser necessário realizar o teste mais de uma vez, o que torna a avaliação mais prática e direta. 16
É interessante ressaltar que dentre os aplicativos encontrados durante a pesquisa, cada um deles aborda alguns conteúdos relacionados a este produto, porém de forma isolada, o que torna este aplicativo uma ferramenta singular, com características multifuncionais, que englobam dinamismo de acesso e tecnologia educacional.
A aprendizagem móvel, apresenta atributos exclusivos, se comparada à aprendizagem tecnológica convencional: ela é pessoal, portátil, colaborativa, interativa, contextual e situada; ela enfatiza a aprendizagem instantânea, já que a instrução pode ocorrer em qualquer lugar e a qualquer momento. Além disso, ela pode servir de apoio às aprendizagens informais, tendo assim um enorme potencial para transformar a forma de se oferecer educação e treinamento.17
Avaliando as porcentagens de avaliação geral do aplicativo, percebe-se a necessidade de avaliação de melhorias no domínio de utilidade, no item usabilidade.
CONCLUSÃO
O aplicativo desenvolvido constitui-se de uma ferramenta prática, acessível e de fácil compreensão a qualquer pessoa, tendo ela formação superior ou não, na qual dispõe de informações relevantes, que abordam conteúdos práticos, que, se aplicados, podem ajudar a salvar vidas, ou no mínimo amenizar sequelas. A avaliação por juízes pertencentes ou não a área da saúde, comprova e traz mais solidez a essas afirmativas. Além disso, o aplicativo ajudará às equipes de intervenção do SAMU, a encontrarem endereços de difícil localização.
REFERÊNCIAS
- O’Dwyer G, Machado CV, Alves RP, Salvador FG. Atenção pré-hospitalar móvel às urgências: análise de implantação no estado do Rio de Janeiro, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva [Internet]. 2016; 21(7):2189–200. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015217.15902014.
- Fernandes CR, Cavalcante SB, Pinheiro J de A, Costa JVG, Costa PLR, Melo-Filho AA. Conhecimento de estudantes de medicina sobre o funcionamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Revista Brasileira de Educação Médica [Internet]. 2014;38(2):253–60. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s0100-55022014000200012.
- Brasil. Portaria n.º 2048/GM, de 5 novembro de 2002. Aprova o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência. Diário Oficial da União. 05 nov. 2002.
- Pizzolato AC, Gomes DC, Lopes NFL. Desafios na atuação da enfermagem no serviço de atendimento pré-hospitalar móvel de urgência. PROENF: Programa de Atualização em Enfermagem – urgência e emergência. 2022; Ciclo10: Volume2 [internet]. 2022; Disponível em: http://dx.doi.org/10.5935/978-65-5848-840-8.c0002.
- Duarte SJH, Lucena BB, Morita LHM. Atendimentos prestados pelo serviço móvel de urgência em Cuiabá, MT, Brasil. Revista Eletrônica de Enfermagem [Internet]. 2011; 30;13(3). Disponível em: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v13i3.10977.
- Fernandes FSL. O processo de trabalho da Central de Regulação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU 192 do município de São Paulo. Disponível em: http://dx.doi.org/10.11606/t.6.2017.tde-10052017-113804.
- Augusto EAF. Aplicativo móvel para registro de atendimento pré-hospitalar (APH) em tempo real [master’s thesis]. Rio Preto: Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto; 2019. 107 p.
- IBGE. Cidades e Estados: Marabá código: 1504208. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [Internet]. Brasília: IBGE; c2023 [cited 2023 Mai 21]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/cidades-e-estados/pa/maraba.html
- Palheta R. “Como funciona a Saúde?”: Em 2022, SAMU atendeu mais de 700 ocorrências mensais. Prefeitura de Marabá [Internet]. Marabá: Prefeitura de Marabá; c2023 [cited 2023 Mai 21]. Disponível em: https://maraba.pa.gov.br/como-funciona-saude-samu/.
- Oliveira GM, Santos LF. Uso de aplicativos para dispositivos móveis no processo de educação em saúde: reflexos da contemporaneidade. Revista Observatório [Internet]. 2018; 8;4(6):826–44. Disponível em: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2018v4n6p826
- Lee JH, Park YR, Kweon S, Kim S, Ji W, Choi C-M. A Cardiopulmonary Monitoring System for Patient Transport Within Hospitals Using Mobile Internet of Things Technology: Observational Validation Study. JMIR mHealth and uHealth [Internet]. 2018;14;6(11):e12048. Disponível em: http://dx.doi.org/10.2196/12048
- Bertoncello KCG. Qualidade de vida e satisfação da comunicação do paciente após laringectomia total: construção e validação de um instrumento de medida (tese de doutorado). São Paulo: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo; 2004.247 p.
- Yen P-Y, Bakken S. Review of health information technology usability study methodologies. Journal of the American Medical Informatics Association [Internet]. 2011;9;19(3):413–22. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1136/amiajnl-2010-000020.
- Pereira IM, Bonfim D, Peres HHC, Góes RF, Gaidzinski RR. Tecnologia móvel para coleta de dados de pesquisas em saúde. Acta Paulista de Enfermagem [Internet]. 2017;30(5):479–88. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201700069.
- Tibes CMS, Dias JD, Zem-Mascarenhas SH. Mobile applications developed for the health sector in Brazil: an integrative literature review. REME: Revista Mineira de Enfermagem [Internet]. 2014;8(2). Disponível em: http://dx.doi.org/10.5935/1415-2762.20140035.
- Bujang MA, Omar ED, Baharum NA. A Review on Sample Size Determination for Cronbach’s Alpha Test: A Simple Guide for Researchers. Malaysian Journal of Medical Sciences [Internet]. 2018;25(6):85–99. Disponível em: http://dx.doi.org/10.21315/mjms2018.25.6.9.
- Mendonça CTM, Oliveira PLLMG. Aprendizagem móvel na educação a distância. TICs & EaD em Foco [Internet]. 1º de dezembro de 2017 [citado 22º de maio de 2023];3(2). Disponível em: https://uemanet.uema.br/revista/index.php/ticseadfoco/article/view/225.
- Gazzieli MF, Gazielli A, Reis DC, Penna CMM. Healt education: knowledg, social representation, and illness. Cadernos de saúde pública. [Internet]. 2015;21(6):92-97. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/bNSGbY7qhSzz5rPTN6nYQYB/?lang=pt.
1 Raianny de Sousa, graduada em enfermagem, especialista em Atendimento Pré-hospitalar, mestra em Cirurgia e Pesquisa Experimental. Intervencionista em Unidade de Suporte Avançado de vida da Central Regional de Regulação de Urgências Carajás- CRRU-SAMU 192. E-mail: Raianny.sg@gmail.com
1 médico, mestre em Cirurgia – UEPA; Especialista em Geriatria Especialista em Educação Médica – UEPA, docente do Curso de Medicina – UEPA. E-mail: j_vitor_dias@hotmail.com
1 médico, intervencionista e regulador em Unidade de Suporte Avançado de vida da Central Regional de Regulação de Urgências Carajás- CRRU-SAMU 192. E-mail: wrqsilva@gmail.com
2 Doutorado em Ciências Médicas e Biológicas pela Universidade Federal de São Paulo, Brasil (2021). Membro do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará, Brasil. E-mail: priscila.araujo@uepa.br
2 Doutorado em Técnicas Operatórias e Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo, Brasil (2000). Professor Titular da Universidade do Estado do Pará, Brasil. Email: marcusvhbrito@gmail.com