APLICAÇÕES DAS TÉCNICAS DE HIDROTERAPIA E OS RECURSOS FISIOLÓGICOS DA ÁGUA NO TRATAMENTO DA LOMBALGIA GESTACIONAL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

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Autores:

1Kethelen Meneses Sales 1Beatriz Alessandra Raimunda Alves do Nascimento 1Nádia Fabíola Silva Lasmar 1Rafaela Silva Queiroz 2Denilson da Silva Veras.

1 Acadêmica Finalista do Curso de Fisioterapia do Cento Universitário- FAMETRO

2 Fisioterapeuta Mestre, Docente no Centro Universitário – FAMETRO


RESUMO

Cerca de 50% das grávidas podem apresentar dor lombar durante todo o período gravídico, as dores são manifestadas principalmente nas primeiras semanas, um dos tratamentos eficazes para a lombalgia gestacional é a hidroterapia, pois o corpo ao ser imerso na água tem o peso corporal diminuído e evita os atritos articulares melhorando a qualidade de vida. Objetivo: Apontar os efeitos e ação da hidroterapia no tratamento da dor lombar em mulheres no período gravídico. Metodologia: O método utilizado foi uma revisão integrativa da literatura, nas bases de dados SciELO Medline, Lilacs, PEDro, revistas cientifica e livros, relativos aos anos de 2010 a 2021, com os seguintes descritores: hidroterapia, gravidas, dor lombar, benefício. Resultados: após análise dos dados, foram elaboradas duas tabelas contendo os resultados desta pesquisa, relacionando os autores com os efeitos da hidroterapia na lombalgia gestacional. Discursão: A hidroterapia é fundamental para a melhora da qualidade de vida, uma vez que o tratamento ajuda na diminuição do impacto articular, melhora a ADM, evita o risco de lesão durante a execução dos exercícios aquático. Conclusão: O tratamento da hidroterapia proporciona a redução da dor lombar, além de melhora o quadro geral do paciente.

Palavra-chave: Hidroterapia, Gravidas, Dor Lombar, Benefícios.

ABSTRACT

About 50% of pregnant women may experience low back pain throughout the pregnancy period, pain is manifested mainly in the first weeks, one of the effective treatments for gestational low back pain is hydrotherapy, because the body, when immersed in water, has a reduced body weight and avoids joint friction, improving the quality of life. Objective: To point out the effects and action of hydrotherapy in the treatment of low back pain in pregnant women. Methodology: The method used was an integrative literature review, in the SciELO Medline, Lilacs, PEDro, scientific journals and books databases, for the years 2010 to 2021, with the following descriptors: hydrotherapy, pregnant women, low back pain, benefit. Results: After analyzing the data, two tables were created containing the results of this research, relating the authors to the effects of hydrotherapy on gestational low back pain. Conclusion: The treatment of hydrotherapy provides a reduction in low back pain, in addition to improving the patient\’s general condition.

Keyword: Hydrotherapy, Pregnant women, Low back pain, Benefits.

Introdução

Para Gomes et al., (2013), a lombalgia é um processo que acomete a região entre o dorso até a prega glútea, frequentemente esta dor pode apresentar processos degenerativo, inflamatórios, sobrecarga da musculatura lombar e alteração da marcha. No período de gestação devido as mudanças que ocorre no corpo da mulher, as dores na região inferior da coluna são mais frequentes, podendo acontecer a compressões dos nervos sendo capaz de gera edemas nos MMII.

A lombalgia é definida como toda e qualquer condição de dor ou rigidez. manifestando-se de três formas, sendo elas: dor lombar, dor pélvica posterior ou dor combinada, é importante a diferenciação entre dor lombar e dor na região da cintura pélvica, por apresentarem etiologias diferentes e necessitarem de estratégias de tratamento específicas. (MADEIRA et al., 2013).

Segundo Barros, Ângelo e Uchôa (2011), A lombalgia acomete os dois sexos, tendo sua etiologia multifatorial, afetando principalmente a população na faixa etária economicamente ativa, podendo prejudicar a sua vida profissional. Já em gestantes a etiologia é dada pela modificação que o corpo sofre durante todo o período gravídico, pós a coluna tende a se deslocar para frente causando inúmeras dores.

De acordo com Novaes, Shimo e Lopes (2016) e Vitta et al., (2011), Cerca de 70% da população brasileira vai sofre com dores lombar durante ao longo da vida e 23,5% da população global vai ter alguns sinais ou sintomas da lombalgia. 51% das gravidas com 34 e 38 semanas do período gravídico vão sofrer com dores, sendo capaz de afeta suas habilidades e qualidade de vida, impossibilitando sua locomoção e deixando acamada durante o período final da gestação.

A postura da gestante é influenciada pela modificação no centro de gravidade, com uma tendência ao deslocamento para a frente, devido ao crescimento uterino abdominal e ao aumento ponderal das mamas. Para compensar, o corpo projeta-se para trás (lordose), o polígono de sustentação amplia-se, os pés se distanciam e as espáduas se dirigem para trás. A porção cervical da coluna se condensa e alinha-se para frente. No cotidiano da mulher gestante trabalhadora, essas modificações têm aumentado a fragilidade da musculatura compensatória da região lombossacral e cervical, podendo dificultar o desempenho profissional e a vida cotidiana com lombalgias e cervicalgias frequentes (BARACHO 2018).

No estudo feito por Cortez et al., (2012), para a mensuração da dor pode ser utilizado a Escala Visual Analógica (EVA), para conceder informações para poder ter os diagnósticos da intensidade da dor, nesse estudo foi relacionado os fatores de idade gestacional e social, para poder correlaciona possível ligação desses itens com a dor na região lombar durante todo o período da gestação.

Segundo Leal et al., (2013), cerca de 84% das gestantes fazem uso de medicamentos durante a gestação, onde os mencionados no estudo foram, ingeriam ácidos fólico e ferro, ingeria materna, materna e polivitamínicos, Levoid (tireóide) e ferro.

Diante disto é visível que a lombalgia afeta a maioria das mulheres no período gestacional e pode se alonga até depois do parto, é perceptível os benefícios que a hidroterapia trouxe para qualidade de vida dessas mulheres, pois ajuda no relaxamento que é dada pela temperatura da água aquecida, e no estresse articular dada pela força da gravidade feita na emersão do corpo na água, isso melhora a execução dos exercícios e a correção da postura e equilíbrio corporal. A hidroterapia, ou fisioterapia aquática, é uma área de atuação específica do fisioterapeuta e foi considerada, em 2014, uma especialidade reconhecida pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO).

O objetivo desse artigo é apontar os efeitos e ação da hidroterapia no tratamento da dor lombar em mulheres no período gravídico.

Metodologia

Trata-se de um estudo elaborado por meio de uma revisão integrativa da literatura, onde a coleta partiu das seguintes bases de dados: SciELO (Science Eletronic Library Online), MEDLINE (Medicina Literatura Analysis Online), LILACS

(Literatura Latino-americana em ciência da saúde), PEDro (Physiotherapy Evidence Database), revistas e livros. A pesquisa foi realizada entre os anos de 2010 a 2021, foram incluídos artigos na língua inglesa e portuguesa. Empregando as combinações dos seguintes descritores: hidroterapia, gravidas, dor lombar, benefícios, de acordo com as seguintes combinações de operadores “AND”. “NOT” e “OR”.

O total de artigos encontrados para desenvolver o estudo foram 64, apenas 7 artigos e 1 livro foram utilizados, no total foram encontrados 3 no SciELO, 2 no MEDLINE, 1 no LILACS e 1 no PEDro. Foram descartados artigos que não abordavam o tema do trabalho, estudos bibliográficos e artigos publicado antes do ano de 2010.

Figura 1. Desenho Metodológico

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Resultados e discussão

Carvalho et al., (2017), elaborarão um estudo de coorte transversal que se envolveu gestante do primeiro trimestre, onde todas as pacientes eram assistidas pele programa de pré-natal de baixo risco do centro de atendimento à mulher (CAM), 97 gravidas foram selecionas para a pesquisa, sendo todas maiores de 18 anos e alfabetizadas. inúmeras mudanças ocorrem no corpo das gestantes, e pode ser devido a combinação de fatores hormonais, circulatório, psicossociais, principalmente biomecânicos, essas modificações causam lordose fazendo uma sobrecarga nos musculo da coluna lombar ocasionando uma lombalgia. Estima-se que 50% das gestantes queixam-se de dor na região lombar durante toda a idade gestacional ou até mesmo nos pós-parto.

Alves (2012), criou um estudo para avaliar o efeito da hidroterapia no organismo das gestantes e Sebben et al., (2011), desenvolveu um estudo de caso onde selecionaram mulheres na espera do seu primeiro filho, entre a idade de 15 a 35 anos, no período de 12 a 36 semanas de gestação, queixando-se de dor lombar ocasionados pela mudança do corpo durante o período da gestação. A lombalgia gestacional é uma queixa comum durante todo o período gravídico, entretanto um dos recursos qualificado para promover o alivio durante esse tempo é a hidroterapia, pois a execução de movimento corporal submerso na água promove a redução de estresse articula, diminuição do impacto sob a articulação e o risco de lesão. De maneira exclusiva a imersão destaca-se pela possibilidade de controla edema e melhorar a amplitude de movimento da gestante.

Para Ryker e Mejia (2016), declara-se que são inúmeros os benefícios alcançados com os exercícios em imersão na água aquecida, pois a hidroterapia vem sendo indicada pelos profissionais da saúde visto que não exigem esforço pela parte da gestante, com isso vem se obtendo inúmeros efeitos positivo com as manobras realizadas como: analgesia, relaxamento, redução do impacto articula e a amplitude de movimento, ajuda na melhora do sono até mesmo na qualidade de vida diária da gestante.

De acordo com Baracho (2018), a água pode ser utilizada para os fins terapêuticos nas suas três formas: solida, liquida e gasosa, senda a mais emprega e na forma liquida sendo que no corpo humano promove várias alterações, no organismo. Com a hidroterapia cerca de 700 cm³ de sangue é desviada da extremidade para dentro das grandes veias do coração e do tronco, causando um aumento na pressão atrial direita com a imersão até o pescoço. Segundo Scheffer et al., (2018), a pressão hidrostática pode ser exercida em qualquer direção do corpo em imersão, pois a pressão no corpo se torna maior quanto maior a profundidade, isso se torno um grande auxilio para o bombeamento do sistema venoso das periferias com direção aos vasos centrais, causando várias alterações que podendo levar a diminuição da pressão e o aumento de diurese.

Conforme Torezani, Orellana e Filho (2016), afirma que a pressão exercida sobre o corpo imerso na água aquecida é chamada de pressão hidrostática, permite que a gravida possa fazer seus exercícios com mais facilidade, as roupas adequadas de natação ajudam a impede que durante todo o período em imersão não ocorra uma incontinência urinária na paciente.

Para Leal et al., (2013), antigamente a hidroterapia era conhecida com outros nomes, exercícios na água, hidrologia ou hidrática, porém todas são uma boa opção para trabalhar os desconfortos das gestantes, uma vez que os exercícios na água reduzem a probabilidade de desenvolvimento de varizes e edemas no período da gestação, também trabalhar na redução dos sintomas dolorosos, proporciona a melhora do tônus muscular. A hidroterapia ainda reduz o risco de lesão articular na paciente, pois a água facilita os movimentos corporais e não se utilizar muita forcar na execução dos exercícios e alongamentos.

Silva et al., (2017), descreveram que a terapia aquática, vem mostrando ótimos resultados no tratamento de dores na região lombar no período gravídico, já que a água possibilita uma boa estabilidade durante o tempo em que a paciente fica em imersão na água aquecida, visto que ajuda no bem estar antes e depois da atividade realizada.

Intveld et al., (2010), afirmou que a hidroterapia é uma das opções para o tratamento da lombalgia. Já que os exercícios no meio aquático podem reduzir os sintomas e melhora o desconforto musculoesquelético, juntamente com o calor da água que alivia a tensão muscular. Para que relaxamento ocorra é necessário que a gestante se sinta confortável ao entra no ambiente aquático, pois há temperatura adequada pode contribuir para um aumento da circulação periférica e reduzir o espasma muscular, para desenvolver este estudo foram selecionadas 36 gestantes com 20º semanas, que já estavam fazendo aulas de hidroterapia no Flinders Medical Center.

Após analises dos dados encontrados, foi possível elaborara as tabelas 1 e 2 incluindo os resultados desta pesquisa, relacionando os autores com os resultados encontrados, na qual os autores foram classificados em ordem cronológica alfabética dos seus respectivos trabalhos.

De acordo com a tabela 1, os efeitos da hidroterapia para gestantes com lombalgia foram encontrados por diversos autores. Um autor descreveram sobre a porcentagem das grávidas que sofrem com dor lombar, dois autores identificaram a melhora da amplitude de movimento submerso na água, dois autores observaram que a pressão hidrostática é exercida em todas direções no corpo imerso, auxiliar para o bombeamento do sistema venoso e linfático. Na tabela 2, dois autores descreveram eficácia da hidroterapia para o tratamento da lombalgia durante todo o período gravídico.

Tabela 1: Resultado dos dados selecionados para revisão.

AutoresAnoTipo de estudoResultados
Carvalho et al.,2017Estudo de coorte transversalCerca de 50% das gravidas, podem ter queixas de dor musculoesquelético na região lombar.
Alves Sebben et al.,2012 2011Estudo observatório Estudo de casoHouve uma melhora da amplitude de movimento submerso na água aquecida,
Baracho Scheffer et al.,2018 2018Livro Revisão de literaturaA pressão hidrostática é exercida em todas direções no corpo imerso, auxiliar para o bombeamento do sistema venoso e linfático da periferia em direção aos vasos centrais.

Tabela 2: Efeito da hidroterapia.

AutoresAnoTipo de estudoResultados
Leal et al., Intveld et al.,2013 2010Abordagem longitudinal, quanti-qualitativa Estudo de coorte, quantitativasOs exercícios em imersão são eficazes para o controle de edema gravídico e na prevenção do desconforto músculoesquelético e no relaxamento da gestante.

Considerações finais

Com esta pesquisa foi identificado que a lombalgia durante o período gravídico acomete mais de 50% das mulheres, entre as primeiras semanas de gestação e que pode se alastra para o pós-parto, a hidroterapia é fundamental para a melhora da qualidade de vida, uma vez que o tratamento ajuda na diminuição do impacto articular, melhora a ADM, evita o risco de lesão durante a execução dos exercícios aquático. Os resultados deste estudo incentivam a continuação da pesquisa sobre os efeitos e os benefícios que a hidroterapia proporciona para a prevenção e para o tratamento da lombalgia gestacional, objetivando a melhora do quadro clinico.

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