APLICAÇÃO DO SISTEMA LEANS CONSTRUCTION PARA CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES NA CIDADE DE SÃO PAULO – EMPREENDIMENTO JK SQUARE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7361342


André Manfredo de Souza Alves Xavier; Diego Borges Amadeu; Juscelino Cavalcante Silva; Rafael Camurça;
Orientador: Ernesto Fortes.


Resumo:

Estudo sobre a aplicação da Filosofia Lean Construction em obra de edifício com detalhamento das principais ferramentas, sua contextualização e a sua aplicabilidade em obras. O trabalho é baseado em um estudo de caso realizado na obra de Edificações do JK Square, executada pela Construtora ENGEFORM ENGENHARIAS LTDA. Foram feitas visitas com o objetivo de explicar por meio de um caso real como a implantação da filosofia Lean Construction é passada da teoria para a prática, ilustrando os principais pontos que devem ser desenvolvidos e os resultados que esta mudança de filosofia traz para o empreendimento. Os relatos colhidos no estudo em questão também ilustram as dificuldades encontradas na aplicabilidade de algumas ferramentas e o trabalho de convencimento que deve ser feito com toda equipe envolvida nas atividades para que a implantação seja possível.

Palavras-chave: Produção Enxuta; Construção Civil; Planejamento; Construção Enxuta.

Application of the Leans Construction System for the construction of Buildings in the City of São Paulo – JK SQUARE Development.

Abstract:

Study on the application of the Lean Construction Philosophy in a building construction with the detailing of the main tools, its contextualization and their applicability in building works. This study is based on a case study carried out in the repair work of the JK SQUARE, executed by the consortium ENGEFORM ENGENHARIAS LTDA. Visits were made with the objective of explaining using a real case how the use of the Lean Construction philosophy goes from theory to practice, showing the main factors that must be developed and the results that this change in mentality brings to the building works. The reports collected in this study also present the difficulties faced in the application of some tools and the persuasive effort that must be done with all the invoived team so that the application of the Lean Construction Philosophy can be done.

Keywords: Lean Production; Civil Construction; Planning; Lean Constructíon

1. Introdução

O setor da construção civil pode ser considerado como um importante indicador do cenário econômico-financeiro em alguns países em desenvolvimento e esta constatação se aplica ao Brasil. Segundo o IBGE (2018), de 2015 a 2017, o PIB brasileiro caiu 6,37% e a construção 16,7%, gerando assim o fechamento de mais de 1 milhão de postos de trabalho no setor. De acordo com Araújo e Mutti (2005), em momentos de dificuldades como este, é notória a necessidade de ampliação de estudos e modernizações nos processos construtivos.

Em 1992, o pesquisador Lauri Koskela desenvolveu nos Estados Unidos um estudo que visava aperfeiçoar processos realizados na construção civil. Baseando-se no modelo de produção utilizado na Toyota após a Segunda Guerra Mundial, denominado “Lean Production”, desenvolveu o sistema nomeado de “Lean Construction” que teve como premissas redução das atividades que não agregam valor, aumento da padronização de processos, diminuição do tempo de ciclo de produção por unidade e simplificação do número de etapas.

O conceito Lean Construction obteve maior notoriedade no Brasil a partir da segunda década do século XXI. Com a crise instaurada no país, empresas da construção civil se depararam com um mercado cada vez mais competitivo, exigente e dinâmico. Portanto, para garantir a saúde financeira e lucratividade do setor, empresas passaram a oferecer produtos mais eficientes, visando ás necessidades do cliente, reduzindo desperdícios e aumentando a qualidade do produto final.

Caracterizado por ser uma indústria com grandes dificuldades de cumprir prazos e possuir alto percentual de desperdícios em todos os seus processos, a utilização da filosofia Lean pode ser uma alternativa de mudança de hábitos e conceitos para toda indústria da construção civil. Tendo em vista que tal filosofia já foi implantada e aprovada por diversas indústrias, torna-se animador e otimista a análise dos resultados obtidos através de sua aplicação em diversos processos da construção civil.

1.1 Justificativa

Em meados de 2008 o setor da construção civil passou por grande ascensão e este fato está vinculado ao aumento da liberação do crédito habitacional com juros mais baixos, aumento de programas de infraestrutura do governo e crescimento de investimentos público e privado.

Com as obras em um ritmo de produção acelerado, mercado aquecido e alta demanda por novos empreendimentos, empresas passaram a focar apenas na quantidade de edificações produzidas, garantindo lucratividade, no entanto, perdendo qualidade no produto final. Porém, a partir de 2016 com a crise econômica que afetou o Brasil e, por consequência, o setor da construção civil, o cenário mudou. A taxa de desemprego aumentou e, segundo IBGE, a construção perdeu 3,9 mil empresas e demitiu 430 mil funcionários em apenas um ano. Diante desse problema tornou-se necessário mudar os planos de ação do setor, enfrentando o desafio de continuar construindo em vista dos recursos reduzidos. Logo, o estudo sobre como gerenciar, liderar e desenvolver pessoas e processos vem se tornando cada vez mais relevante.

Com intuito de apresentar uma dentre inúmeras opções de tornar-se um empreendimento viável e rentável tanto para a empresa quanto para o cliente final, optou-se, no presente trabalho, dissertar sobre a importância da aplicação da filosofia Lean Construction que aplicada através de ferramentas de planejamento têm como objetivo obter a redução dos custos e dos desperdícios nos processos construtivos.

1.2 Objetivos (Geral e específicos)

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo principal deste trabalho é detalhar a filosofia Lean Construction, seus conceitos e principais ferramentas, destacar sua relevância para a indústria da construção civil através de sua aplicabilidade em todo processo de construção, indo desde a gestão do trabalho até a qualidade do produto final.

1.2.2 Objetivos específicos

  • Demonstrar através de dados extraídos de uma situação real que a aplicação da filosofia Lean Construction traz resultados mensuráveis e contribui para a qualidade do produto final entregue para o cliente.
  • Destacar as principais ferramentas que podem ser aplicadas na busca destes resultados, as ações necessárias para implantação da filosofia Lean Construction,relatando por meio de um estudo de caso em um empreendimento onde este processo foi feito de forma evolutiva, descrevendo os efeitos percebidos e elaborar considerações apresentando sugestões de melhorias.

1.3 Desenvolvimento

1.3.1 ESTUDO DE CASO PARA DEMONSTRAÇÃO DA APLICAÇÃO DA FILOSOFIA

LEAN CONSTRUCTION

Para elaboração deste estudo de caso, foram feitas visitas técnicas em uma obra de edificação nova onde a Filosofia Lean Construction foi implantada com o objetivo de reduzir a duração do cronograma e melhorar a qualidade dos serviços realizados, diminuindo os retrabalhos e custos extras. O estudo visa demonstrar a evolução deste processo através de observações feitas no local e dados disponibilizados pela empresa, além dos planos de Lição aprendida.

DESCRIÇÃO DO OBJETO DO ESTUDO DE CASO

O empreendimento JK Square está localizado entre as ruas Tenente Negrão, Rua Ibiaté e Rua Joaquim Floriano. Ele será implantado em um terreno de 6495,46 m² e terá 2 torres com 5 subsolos e 12 lojas, sendo a torre 1 composta por 20 pavimentos comerciais, ático e mezanino e heliponto, a torre 2 composta por 24 pavimentos no total, sendo até o 15º pavimento o hotel, 16º pavimento área de lazer do residencial, e do 17º ao 24º pavimento apartamentos residenciais.

Figura 1 – Torre 1 Comercial / Figura 2 – Torre 2 Hotel + Residencial

Fonte: Arquitetura empreendimento 599- JK SQUARE.

A obra teve início em 2021 e a sua conclusão está prevista para 2024, segundo a equipe de engenharia, a complexidade da obra se dá ao prazo estabelecido em contrato de 28 meses para conclusão das duas torres da edificação, até a data da visita já havia se passado 11 meses de operação, sendo o formato de contratação por PMG Preço Máximo Garantido, considerando reajuste devido ao INBCC/DI, estabelecido em concorrência.

1.3.1 O que a logística de um canteiro?

Os segmentos fundamentais da cadeia logística em uma obra incluem:

  • O layout do canteiro;
  • Definição de todos os recursos necessários para a execução da obra, bem como o cronograma em que eles serão requisitados;
  • O planejamento de como os materiais chegarão ao local de aplicação;
  • Definição das rotinas de deslocamento de máquinas e equipamentos;
  • Locais de armazenamento / estocagem temporária.

1.3.1.2 Problemas Logísticos no JK Square

O empreendimento JK Square tem um prazo desafiador, logo as mudanças no canteiro ocorrem rapidamente. Abaixo há uma demonstração das alterações que ocorreram em uma semana:

Figura 3 – Área de escavação de fundação da torre 2 / Figura 4 – Área de escavação

Fonte: Foto tirada do próprio canteiro

Apesar do contínuo avanço, o planejamento do empreendimento do JK SQUARE precisa levar em consideração diversos fatores a respeito do entorno do lote e especificidades do projeto para definir as futuras operações, pois eles impactam diretamente a logística das atividades, e consequentemente, o andamento da obra.

1.3.1.3 Área Disponível

Aproximadamente 77,3% do terreno é composto pela obra e será escavado. Com isso, a logística interna durante as etapas de contenções e movimento de terra precisa ser repensada dia após dia para que as áreas de apoio à produção tais como canteiros, estoques de materiais, entrada de energia provisória, centrais para ensacados e demais equipamentos sejam alocados nos limites do terreno e projeção da cortina da edificação.

Além disso, aproximadamente 728 m² ficaram isolados após o movimento de terra, e em decorrência disso, essa área não pode ser usada para abrigar os materiais por ficarem longe dos locais de utilização e não há gruas nessa fase da construção.

Figura 5 – Area do terreno

Fonte: Planta baixa de dutos 5°Sub soll

Foi utilizado canteiro provisório em containers e o canteiro definitivo foi projetado para ser construído em duas fases, sendo a primeira dividida entre área de vestiários, refeitório e engenharia, e a segunda transformado 100% em área de refeitórios e sanitários. Para tanto, foi alugado um imóvel vizinho para utilização como escritório da engenharia.

1.3.1.4 Demolição de estruturas existentes

O planejamento da obra foi elaborado considerando a execução antecipada das linhas de tirantes A e B na cortina existente para possibilitar a demolição das lajes e pilares e posterior escavação da nova cortina. Esse plano não foi possível devido a limitações do tipo de equipamento necessário para execução dos tirantes e pelo fato de que os pilares existentes interferiam na execução de quase 50% dos tirantes.

Com isso, a saída foi:

  • Demolir e retirar os entulhos do 1º subsolo;
  • Realizar o escoramento do 2º para que a máquina de tirantes pudesse operar sem riscos;
  • Executar os tirantes do 1º subsolo;
  • Demolir e recolher os entulhos do 2º subsolo;
  • Executar os tirantes restantes.

Figura 6 – Area de demolição da torre 1 / Figura 7 – Area de demolição da torre 1

Fonte: Foto tirada do próprio canteiro

Com essa alteração, houve um pequeno atraso no cronograma, mas como os profissionais da JK definiram as decisões rapidamente, pouco impacto foi gerado olhando as datas de um parâmetro geral.

1.2.1.5 Recebimento antecipado do aço das contenções

Para garantir preço e os prazos de entrega do aço da fundação, foi antecipada a compra e a entrega de 100% da quantidade necessária para esta etapa. O material foi depositado no canteiro na área de apoio que, posteriormente seria utilizada para a montagem da central de execução da parede diafragma, exigindo o remanejamento de parte desses materiais algumas vezes ao longo do andamento das atividades. Apesar do impacto de ocupação de espaço, a antecipação desta compra foi muito importante para garantir que não houvesse problemas de suprimentos para a execução das contenções.

1.3.1.6 Acessos

Apesar da obra dispor de 7 portões, sendo quatro na rua Tenente Negrão, dois na rua Ibiaté e um na rua Joaquim Floriano, não foi possível a utilização de todos eles durante as etapas de escavações devido a impossibilidade de se construir sistemas de lava-rodas. A construção do sistema de lava-rodas deve ser feita em um portão cuja permanência de

funcionamento perdure pelo maior tempo possível e isso implica em uma análise mais aprofundada na sequência de execução das cortinas, tirantes e construção de rampas de acesso internas à projeção da área escavada. Deste modo, naquela fase a obra pôde dispor de apenas um dos portões, localizado na rua Ibiaté.

Figura 8 – Área do Terreno

Fonte: Foto tirada do próprio canteiro

Ainda que o portão da rua Ibiaté seja o principal atualmente, será necessário escavar o trecho para que as linhas de tirantes sejam executadas. Dessa maneira, é necessário que seja feito o estudo do cronograma e posição ideal para remanejamento da rampa de modo a gerar o menor impacto para a continuidade da execução das tarefas de escavação e tirantes.

Figura 9 – Área de escavação fundação Torre 2

Fonte: Foto tirada do próprio canteiro

1.3.1.7 Rede elétrica do perímetro do terreno

As redes elétricas aéreas do entorno da obra impossibilitam a descarga de materiais por meio de caminhões Munck, bem como a execução de concretagens com bombas tipo lança. Diante disto, foi necessário planejar as entregas de materiais de modo a possibilitar a entrada dos caminhões no terreno.

Assim, é muito importante que seja bem estudado este aspecto desde as fases iniciais do planejamento do empreendimento, uma vez que este impacta o cronograma de execução das etapas de contenções e escavação, pois limita muito a capacidade de suprimentos de materiais pesados, tais como aço, concreto, ensacados e mobilização e desmobilização de equipamentos de grande porte como os guindastes que são necessários para a execução da parede diafragma.

1.3.1.8 Ruas de acesso à obra

Outra questão a ser considerada é a capacidade de suporte das ruas de acesso à obra e sua vazão para o tráfego de pico das etapas de movimento de terra.

É necessário observar para a definição dos acessos principais, a largura das ruas, intensidade de fluxo de veículos e se há a presença de redes de água ou esgoto (pois a passagem constante de transportes pesados ocasiona o rompimento dessas tubulações).

1.3.1.9 Espaço do recebimento do aço para os blocos

Outro ponto crítico na logística é o espaço destinado à estocagem dos materiais para os blocos de fundação. Quando não há espaço para estocagem provisória, é preciso estabelecer um cronograma just in time para estes insumos, caso o mercado não consiga atender esta demanda, outra possibilidade é a utilização de áreas de apoio fora da obra. O canteiro da JK tem lidado com essa situação estocando parte do material em um terreno nas proximidades da obra e planejando a construção da rampa contemplando espaço mínimo para estoque temporário dos materiais e equipamento locado mensalmente para movimentação interna até o ponto de aplicação.

1.4.1.1 JK SQUARE – Rampa de saída de terra

As infraestruturas do empreendimento JK Square foram projetadas com um sistema de contenção composto de parede diafragma, tirantes e fundação direta por meio de blocos e sapatas de grandes dimensões, para os estacionamentos do conjunto das edificações, o projeto foi concebido com 5 níveis de subsolos, fato que exigiu o volume de corte e movimento de mais de 100.000m³ de terra. A seguir, detalhamos os prós e contra do processo executivo das infraestruturas, escavações e logística do canteiro durante a remoção de terra e configuração das rampas.

1.4.1.2 Etapas executivas

Construção da Parede Diafragma
Para este tipo de infraestrutura, a execução consiste na construção de uma parede que perfaz todo o perímetro do empreendimento e tem a função de tornar a área interna a ela “estanque” em relação ao nível de água do terreno, durante todo o processo executivo, as frentes de trabalho são completamente demandadas para a circulação dos equipamentos como: guindastes, ClamChell, caminhões betoneira, caminhões basculantes para remoção de terra e lama e caminhões de entregas de materiais diversos.

Figura 10 – Área de escavação fundação Torre 2

Fonte: Foto tirada do próprio canteiro (Drone)

Visando o aumento da produtividade nas etapas de contenções, o plano de ataque foi pensado considerando a divisão da parede em trechos, de modo a possibilitar a execução das próximas etapas de escavações e tirantes em paralelo com a continuação da parede. Esta estratégia foi muito eficiente em relação ao ganho de produtividade, mas trouxe alguns pontos de atenção importantes relativos a logística do canteiro como um todo que geraram impactos diversos.

1.4.1.3 Execução dos Tirantes

O processo executivo dos tirantes consiste principalmente na escavação do terreno e perfuração da parede para passagem das armaduras dos tirantes e protensão dos mesmos, essa sequência e feita em camadas sucessivas e tem prazos bem definidos devido as pressões de empuxo que incidem na parede.

Para iniciarmos estas etapas de escavações e tirantes paralelamente a continuação da parede, se fez necessário a construção de rampas para acesso dos caminhões para remoção de terra e lama e para a movimentação de equipamentos e entrada de materiais como concreto e aço.

Adiante indicamos quais os principais aspectos que devem ser levados em consideração na elaboração deste tipo de estratégia.

Figura 11 – Área de escavação fundação Torre 2

Fonte: Foto tirada do próprio canteiro (Drone)

1.4.1.4 Execução das Escavações e Remoção de Terra

Na execução das escavações, um dos pontos mais importante é a manutenção de frente liberada para a etapa de tirantes, e neste aspecto, o nosso plano foi feito considerando uma produção mínima diária de remoção de 60 caminhões de terra.

Esta premissa trouxe muitas implicações do ponto de vista logístico devido a todos os pontos de interface necessários para sua execução, dentre elas: a condição de acesso nas ruas do entorno Ibiaté e Tenente Negrão, o posicionamento dos equipamentos da parede e tirantes no interior da obra, o posicionamento dos caminhões e das máquinas durante o carregamento em convivência com as demais atividades em andamento, a configuração dos cortes de terra e o seu impacto na circulação de pessoa nas frentes de trabalho, o tempo de ciclo de carregamentos dos caminhões e a disponibilidade de caminhões em função das distâncias percorridas da obra até o bota-fora.

Figura 12 – Área de escavação fundação Torre 2

Fonte: Foto tirada do próprio canteiro

1.4.1.5 Rampa para finalização das escavações

Historicamente o processo de escavação e movimento de terra em obra com subsolos, apresenta um grau de complexidade que aumenta a sua dificuldade à medida que as escavações vão se aprofundando, atingindo o nível mais alto nos momentos finais para a remoção do material escavado.

No caso específico do empreendimento JK Square, fizemos diversos estudos e simulações de posicionamento da rampa para o momento final das escavações visando minimizar os impactos que esta estrutura representaria para a execução da parede diafragma e tirantes, mas sem perder produtividades diárias de remoção de terra, premissa fundamental para o cumprimento do cronograma.

Figura 13 – Plano para a conclusão das escavações e início das fundações

Fonte: Desenho sobre planta Cronograma de retirada de solo.

1.4.1.6 Pontos de Atenção – Reposicionamento da Rampa

A seguir destacamos os principais pontos que devem ser levados em consideração para estudos de posicionamento de rampas para escavação.

1.4.1.7 Processo final da Parede Diafragma

Uma das nossas grandes preocupações durantes todo o estudo para definirmos um local ideal para implantar a rampa sempre foi como seria o impacto para a continuação da execução da parede, pois o equipamento utilizado nesta atividade é muito pesado e tem muita limitação de locomoção em terrenos inclinados além da estratégia de desmobilização. A rampa, neste aspecto, representava uma barreira para a movimentação dele e um erro na posição e no time de montagem da rampa, seria fatal para o cronograma da cortina.

1.4.1.8 Sequência executiva dos tirantes

No nosso caso, a posição da rampa impactou diretamente a execução dos tirantes pois não tínhamos nenhum local conveniente com possibilidade de execução dos tirantes antes da montagem dela, desta forma, nossa estratégia foi executar o máximo possível de linhas de tirantes, para que o prazo de conclusão destes após a desmobilização da rampa fosse o menor possível.

Na discussão desta estratégia também foi levantada a possibilidade de executarmos todas as linhas de tirantes antes da montagem da rampa, mas não se mostrou viável devido a profundidade das escavações que precisaríamos chegar e a outra rampa que dava acesso pela rua Ibiaté ficaria com uma inclinação impraticável, além da necessidade de um reaterro muito maior para configuração da rampa, o que demandaria uma base muito grande para garantir a estabilidade do talude, que devem ser no mínimo 1:1.

1.4.1.9 Produtividade da remoção de terra

Encontrar o ponto ideal para a configuração e um estudo que deve ser feito com foco na logística, mas sem deixar de avaliar a condição de produtividade do movimento de terra após a montagem da rampa, pois pode implicar em uma boa solução para a logística do canteiro, mas uma péssima opção em termos de produtividade o que impactaria o andamento como um todo das atividades.

1.4.1.10 Acessos para suprimentos de materiais para execução dos tirantes

Um outro aspecto muito significativo para a configuração da rampa é o fluxo de suprimento. Neste ponto deve se ter máxima atenção inclusive para o processo de construção da rampa, pois é uma atividade que dura alguns dias e pode impactar o andamento das demais frentes da obra.

1.4.1.11 Plano de ataque das fundações

O plano de ataque das fundações também deve ser estudado de forma minuciosa pois a rampa representará um impacto direto para a execução das fundações e no nosso caso a ideia foi deixar num local que impactasse o menor grupo possível de elementos da fundação, mesmo assim, devido a sua grande área, a sapata S5 só pode ser escavada após a desmobilização da rampa, conforme destaque em rosa na figura abaixo.

Figura 14 – Plano para a conclusão das escavações e início das fundações

Fonte: Desenho sobre planta Cronograma de retirada de solo.

1.4.1.12 Áreas destinadas a recebimento de materiais para estruturas

Esse foi um dos nossos maiores impactos provocados pelas escavações e montagem da rampa, devido o tipo de fundação especificada para a obra e por questões de mercado, tivemos muitas entregas antecipadas de aços para as armaduras das sapatas, este material demandou uma área muito grande para seu armazenamento e por uma série de eventos o estoque acabou tendo de ser montado na lateral da área da rampa e isso gerou muitos transtornos que detalhamos melhor no tópico dos erros e acertos.

Figura 15 – Rampa de acesso/saída de solo

Fonte: Foto tirada no empreendimento.

1.4.1.13 Condição de fornecimento de materiais para estruturas

O nosso canteiro de obras teve uma característica muito específica que nos obrigou a tomas algumas medidas mais extremas para garantir a chegada dos materiais nas frentes de trabalho. O nosso cliente requisitou logo no início da obra uma área para a montagem de stand de vendas e essa construção inviabilizou mais de 30% do perímetro da obra para a logística de materiais. Em relação a torre 2 esta construção ocupou 100% do perímetro da obra com acesso para as ruas, por onde poderíamos entrar com materiais e equipamentos. A partir disso as ações foram focar na rampa como o ponto de abastecimento para esta torre ao mesmo tempo que a movimentação de terra acontecia.

Figura 16 – Concretagem da Sapata S55

Fonte: Foto tirada no empreendimento

1.4.1.14 Plano de mobilização de equipamentos de grande porte para estrutura

O momento de transição entre a conclusão das contenções e início das fundações, é instante em que devemos pensar como será feita a instalação de equipamentos de grande porte como as gruas e cremalheiras. No JK este também era um fator complicador, pois o ponto mais favorável para a montagem da rampa era exatamente o ponto onde seria montada uma das gruas. Chegamos a estudar soluções alternativas para antecipar a montagem da grua antes da construção da rampa, mas não conseguimos um consenso sobre a sua viabilidade.

Figura 17 – Estudo de montagem da base da grua sobre estacas barretes

Fonte: Desenho sobre planta Base de Grua.

1.4.1.15 Estratégia de desmobilização da rampa

Por fim, a rampa deve ser pensada levando em conta principalmente como será o seu processo de desmonte, pois a depender da situação, isto também pode representar um enorme impacto para o cronograma da obra.

No JK fizemos vários estudos para minimizar os impactos derivados do processo de desmonte da rampa e para encontrar a data ideal para executar esta desmontagem visto que também haveria impactos diretos para os suprimentos da obra. No nosso caso optamos por mantermos a rampa até conseguirmos implantar umas das gruas para que ela suprisse as demandas de descarga de materiais, liberando a rampa para desmobilização.

Os equipamentos que serão utilizados para a realização das escavações, também compõem o grupo de fatores que devem ser analisados no estudo da rampa, pois além do número de máquinas, devemos pensar as suas especificações, sua posição de trabalho e principalmente sua produtividade.

Por fim e não menos importante, devemos realizar estudo detalhado dos volumes finais das escavações e o plano para reaterro de determinadas áreas quando necessário, pois isso pode representar uma oportunidade para otimização das escavações e remoção de terra.

Figura 17 – Escavação da Rampa de acesso.

Fonte: Foto tirada no empreendimento.

1.4.1.16 Principais Erros

A seguir detalhamos os principais erros e acertos que obtivemos a partir das decisões que tomamos e estratégias adotadas no JK Square.

Subdimensionamento dos volumes de aço estocado na obra e o prazo total necessário para seu remanejamento.

Subdimensionamento do prazo necessário para execução das escavações dos blocos de fundações do hotel.

Antecipação de entrega de materiais dos blocos de fundação do Office.

Não execução da fundação especial para antecipação da implantação da Grua G1.

Subestimar a quantidade de água presente no terreno e seu impacto para a execução das escavações dos blocos de fundação.

Não ter um local para utilização como pulmão de estoque de materiais para as estruturas, aço e formas madeira.

1.4.1.17 Principais acertos

Execução das duas primeiras linhas de tirantes antes de construir a rampa, facilitando a conclusão desta atividade após a desmobilização da rampa.

Viabilização da utilização da rampa como plataforma para implantação da grua G2.

Priorização das fundações do hotel compensando o impacto nos prazos da fundação do Office.

Estratégia de escavação priorizando a produtividade no momento mais crítico de desmonte da rampa, chegando a 98 caminhões por dia.

Utilização de guindaste para remanejamento dos aços da rampa para a fundação do hotel.

Estratégia final das escavações utilizando máquinas tipo PC de médio porte e PC tipo long reach. Configuração do tapume para finalização das escavações possibilitando a utilização dos equipamentos no nível da calçada.

Execução dos reaterros dos subsolos utilizando material da escavação e consolidação por meio de solo cimento na camada superficial.

1.5.1.1 JK SQUARE Concretagem da sapata S51

Em 2022, a obra JK Square entrou na fase de execução das fundações dos edifícios. Tratando-se de uma etapa importante, o empreendimento segue uma metodologia com fundação rasa de grandes volumes.

No dia 03/03/2022 (quinta-feira) realizamos a concretagem de uma das maiores sapatas da obra, com uma área de 262,4 m². Esta será a segunda maior sapata do empreendimento e representa um volume de concretagem de aproximadamente 600 m³, realizada em um único dia.

1.5.1.2 Atividades pré-concretagem

1.5.1.3 Escavação

No dia 21/02/2022 iniciamos a atividade de escavação da área do elemento que, considerando o espaço do entorno, utilizado para a execução da forma (espaço para trabalho e travamento) representou um volume de terra de 1.020 m³. Essa atividade teve a duração de 3 dias consecutivos e foi realizada por 2 máquinas escavadeiras, carregando um total de 60 caminhões para a remoção de terra.

Figura 18: Escavação da área do bloco

Fonte: Foto tirada no empreendimento.

1.5.1.4 Lastro e Formas

No dia 24/02/2022, aplicamos um volume de 40 m³ de concreto para a execução do “concreto magro”.

Já as formas dessa sapata foram executadas nos dias 25 e 26/02/2022 e contou com o empenho de 24 carpinteiros.

Figura 19: Execução do lastro (Magro)

Fonte: Foto tirada no empreendimento.

Figura 20: Execução da forma do bloco

Fonte: Foto tirada no empreendimento.

1.5.1.5 Armação

29 armadores trabalharam por 4 dias (28/02/2022 a 03/03/2022) e contaram com o apoio de um guindaste para auxílio na movimentação do aço, o qual somou um volume de 73,8 toneladas.

Figura 21: Execução da armação do bloco

Fonte: Foto tirada no empreendimento.

1.5.1.6 Concretagem

A concretagem da sapata foi realizada no dia 03/03/2022 e somou mais de 12 horas de atividade, em que a primeira betoneira chegou à obra às 05h47 e a última finalizou a atividade às 18h51.

25 betoneiras foram dedicadas ao JK Square, fazendo a rotatividade de modo que utilizamos um total de 79 caminhões de 8 m³ cada, totalizando 632 m³ de concreto. A média do tempo gasto para as betoneiras fazerem o percurso da concreteira até a obra foi de 45 minutos em uma distância aproximada de 15 Km. Para isto, foram utilizadas 4 bombas, sendo 2 para lançamentos simultâneos e 2 reservas, com tempo médio de lançamento de 12 minutos e o tempo médio para a troca de caminhões na bomba de 6 minutos.

Um ponto importante foi o cuidado especial para a qualidade do concreto que, além dos controles relativos à resistência, tração e compressão, exigiu um rígido controle do calor de hidratação, com a adição da água na forma de gelo e monitoramento das temperaturas, antes, durante e depois da concretagem. Para esta etapa utilizamos mais de 75 toneladas de gelo (120Kg/m³) e, ao se tratar de temperatura, a média do concreto, ao ser lançado, foi de 16,6°C, sendo que a temperatura máxima do dia foi de 33,3°C.

Figura 22: Início da Concretagem

Fonte: Foto tirada no empreendimento.

Figura 23: Imagem aérea do final da concretagem

Fonte: Foto tirada no empreendimento.

1.5.1.7 Pessoas envolvidas

1.5.1.8 Reuniões

Para o desenvolvimento da atividade foi fundamental a presença de uma equipe eficaz e preparada, sendo que ao todo foram necessários aproximadamente 100 colaboradores. Para isso, foram realizadas 5 reuniões internas com os representantes e equipes dos fornecedores, além de 3 reuniões com o time da Engeform para planejar a boa gestão da concretagem.

1.5.1.9 Organização

Para controlar a chegada, organização e saída dos caminhões na rua da obra, além do controle das betoneiras nas bombas lançadeiras, aferindo e aprovando a temperatura ideal para o lançamento do concreto, foram necessárias 10 pessoas do time Engeform, de modo que algumas foram responsáveis por executar serviços gerais de auxílio às equipes diretamente ligadas à concretagem.

No campo estavam 20 colaboradores, que apoiaram a execução de atividades diversas, desde o auxílio na limpeza até a organização para a execução segura do serviço.

1.5.1.10 Concretagem

Quando se trata dos fornecedores, o controle tecnológico foi realizado por 9 funcionários ao todo, sendo que 2 foram deslocados para a distribuidora de concreto, realizando o controle da temperatura de saída dos caminhões.

Já para o bombeamento do concreto, a empresa disponibilizou 6 funcionários fazendo a rotatividade nos serviços relacionados ao correto lançamento.

A usina concedeu à obra uma equipe composta por uma técnica de segurança do trabalho, um líder da usina e, também, um líder de operação, que realizaram a vistoria sobre o concreto, bem como da atividade como um todo.

A empresa de fornecimento de mão de obra de estrutura de concreto e fundação, no dia da concretagem da sapata, disponibilizou 47 pessoas, dedicadas ao auxílio do lançamento e a correta distribuição e acabamento do concreto.

Foi importante também a presença dos consultores especializados na qualidade do concreto, que auxiliaram, de modo fundamental, na boa execução da atividade.

Figura 24: Equipe dedicada à execução do bloco

Fonte: Foto tirada no empreendimento.

Figura 25: Fila de caminhões chegando na obra para a concretagem

Fonte: Foto tirada no empreendimento.

Figura 26: Aferição da temperatura do concreto

Fonte: Foto tirada no empreendimento.

1.5.1.11 Intercorrência da Chuva

No dia da concretagem da sapata, por volta das 16hs, houve uma chuva que durou cerca de 20 minutos, conforme controle interno feito pela obra. Com o auxílio do pluviômetro instalado na obra, medimos que essa chuva foi de 15mm na área da concretagem do bloco. No entanto, esta chuva não impactou na qualidade do concreto, nem na continuidade da atividade.

Figura 27: Aferição da quantidade de chuva pelo pluviômetro da obra

Fonte: Foto tirada no empreendimento.

1.5.1.12 Lições aprendidas

1.5.1.13 Reuniões

As reuniões feitas para o dia da concretagem foram fundamentais para o alinhamento das equipes e empresas, de modo a montar um planejamento com máxima eficiência, mitigando possíveis intercorrências.

Nessas conferências os consultores atentaram para a temperatura ideal do concreto, sendo que a concreteira e a engenharia da obra passaram a estudar a necessidade de utilização de gelo para realização do controle tecnológico.

1.5.1.14 Necessidade de gelo

Inicialmente, houve a incerteza da necessidade de gelo para a manutenção da temperatura ideal de lançamento do concreto, com as reuniões iniciais foi cogitado que iriamos contratar dois caminhões de gelo, que posicionaríamos próximos às bombas e que seriam utilizadas de acordo com a demanda.

No entanto, para manter a qualidade do concreto, acordamos com a concreteira que ela ficaria responsável pela adição de gelo, sendo que, para manter o traço correto do concreto, metade do gelo seria adicionado na usina e metade trazido para a obra e, adicionaríamos conforme necessário.

Na prática, percebemos que o uso do gelo foi indispensável para uma concretagem de grande volume, sendo que foi fundamental sua utilização em todos os caminhões.

1.5.1.15 Logística do posicionamento dos caminhões

Foi muito importante a prévia definição de onde seria alocada a fila dos caminhões betoneira que chegavam. De modo que dedicamos parte da equipe para organizar o posicionamento no local de espera, outros colaboradores ficaram responsáveis por coordenar os caminhões nas bombas e, também, determinar o momento de saída.

Essa logística foi de grande importância para o bom funcionamento da atividade, além de contribuir para não ocasionar paralisação da rua o que afetaria o tráfego da região.

1.5.1.16 Logística para as necessidades básicas

Um ponto importante, do qual só nos atentamos no dia da concretagem, foi a importância do planejamento para as necessidades básicas da equipe que estava diretamente na atividade. É imprescindível a programação do fornecimento de água para consumo da equipe, de modo que foi necessário o deslocamento de colaboradores para a distribuição para quem estava em campo e não podia se deslocar no momento crítico da concretagem.

Além disso, foram necessários momentos de rotatividade dos grupos para as necessidades básicas, sendo que percebemos que é importante realizar uma preparação prévia dessa questão.

1.5.1.17 Pavimentação da rua

Um ponto de grande relevância, e que nos atentamos no decorrer da operação, foi a importância de observar a qualidade da pavimentação da rua na qual as bombas e caminhões irão se posicionar, visto que o grande peso desses elementos, realizando manobras para estacionar causam muito impacto no solo.

Como esse trânsito, na obra JK Square, foi realizado em uma rua com baixa qualidade no pavimento, durante o dia formaram-se pontos de ondulações e rachaduras na pavimentação, em que a correção foi indispensável para a atividade segura. A ação tomada para esse reparo foi a utilização de entulho existente na obra para conserto momentâneo e para seguimento na atividade.

Desse modo, o aprendizado obtido foi o cuidado e atenção necessários para a qualidade do pavimento de modo prévio, sendo indispensável o planejamento para a correção de possíveis instabilidades da rua.

  1. Considerações Finais/Conclusões

O objetivo principal do trabalho foi alcançado por meio da explanação das ferramentas necessárias que compõe a filosofia Lean Construction, baseada na revisão da literatura, nos dados apresentados nas aulas de planejamento, ministradas durante o curso de engenharia civil e do estudo de caso feito em uma obra de edificação nova, que juntos foram fonte de informações consistentes sobre as características de cada ferramenta, sua aplicabilidade e as ações necessárias para implantação em um canteiro de obras, desta forma conclui-se que as escavações para execução de subsolo com sistema de contenções em parede diafragma, na maioria das situações, necessitam de rampas para a remoção de terra por meio de caminhões tipo basculante. O mercado oferece algumas soluções diferente deste modelo, tais como: Esteiras, ponte rolante, caçamba içadas por guindaste entre outros, porém estes modelos não oferecem produtividade necessárias para atender os cronogramas praticados atualmente nos contratos. Nosso principal aprendizado neste sentido, é que devemos planejar a implantação da rampa na posição e no prazo ideal, de modo a estender o maior tempo possível a remoção de terra por meio de rampa configurada no corte, diminuindo o volume total a ser removido pela rampa e gerar o menor impacto possível na logística das demais etapas que ocorrem em paralelo. Por fim, devemos pensar: Qual a dimensão ideal da rampa, sua inclinação limite, o peso dos equipamentos que passarão por ela, condição de acesso na saída da rampa (rede aéreas e enterradas), tipo de material utilizado para sua implantação, manutenção do seu revestimento e o volume total de material utilizado para sua construção e desmonte. Com a realização do estudo de caso, atingiu-se também o objetivo de demonstrar por meio de uma linguagem acessível, quais são as principais ferramentas e como cada uma delas pode ser aplicada para alcançar resultados positivos na gestão dos processos produtivos e na redução dos prazos de uma obra.Com base neste trabalho, identificou-se que os esforços para implantação da filosofia Lean Construction, bem como suas ferramentas, é uma tarefa complexa que necessita de empenho e principalmente envolvimento de todos seus stakeholders, contudo, uma vez posta em prática, traz resultados positivos nos mais variados setores da construção, seja na redução de retrabalhos, na diminuição de desperdícios, redução de resíduos, na previsibilidade do momento em que cada tarefa será realizada ou na fluidez dos trabalhos. Assim, este conceito de construção Enxuta está também diretamente relacionado com as práticas de sustentabilidade.

Por fim, pode se afirmar que todas as ferramentas necessárias para implementação da filosofia LeanConstructionem um canteiro de obras já existem e são utilizadas por uma grande parcela de empresas, a única novidade apresentada neste estudo é a mudança de cultura e a forma como estes procedimentos devem ser aplicados. As construtoras brasileiras fazem ampla aplicação de ferramentas de gestão focadas em controlar, deixando o planejamento mais efetivo e detalhado em segundo plano. A Lean Construction propõe o oposto desta prática, pois estabelece rotinas de planejamento extremamente detalhadas fazendo com que todos os envolvidos adquiram pleno conhecimento dos processos produtivos e aperfeiçoe-os para torna-los o mais eficiente possível.

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