APLICAÇÃO DO DUPLO ÍMÃ PARA ANALGESIA: UMA FERRAMENTA DO BIOMAGNETISMO MEDICINAL

Application of the Double Magnet for Analgesia: a Tool of Medicinal Biomagnetism

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7999805


Ariane Aparecida da Silva Drum¹
Elaine Salete Drum Silva¹
Rebeca Bastos dos Santos Gonçalves2
Adriane Viapiana Bossa3
Angela Mara Rambo Martini4


RESUMO

A dor é considerada uma experiência subjetiva, complexa e multidimensional desagradável, podendo provocar danos físicos e emocionais nos seres humanos. Além de alopáticos, existem ferramentas que possuem potencial terapêutico analgésico, auxiliando no alívio dos sintomas da dor, uma delas é o Biomagnetismo Medicinal (BM), uma técnica que utiliza Campos Magnéticos Estáticos (CMEs) gerados por ímãs terapêuticos externamente ao organismo, sobre Pares Biomagnéticos (PBMs). Ao aplicar os CMEs por meio do BM, o pH tende a retornar ao seu valor ideal, otimizando a ação imunológica e de outros sistemas permitindo o restabelecimento da saúde. É uma técnica não invasiva, com poucas restrições para aplicação e indolor. Este trabalho tem como objetivo, apresentar um protocolo do BM para fins de analgesia, utilizando como ferramenta de tratamento a aplicação de um Duplo Ímã. O BM vem se demonstrando uma técnica promissora para o alívio de dores das mais diversas origens, sendo necessário aprofundar o conhecimento das bases do BM por meio de estudos científicos. Nesse sentido, espera-se que a técnica possa se tornar uma alternativa terapêutica complementar e de baixo custo para o tratamento de dores de modo geral. Este artigo é uma revisão bibliográfica descritiva, com abordagem qualitativa e de caráter exploratório.

Palavras-Chave: Biomagnetismo Medicinal; Campo Magnético Estático; Magnetoterapia; Duplo Ímã; Dupla Polaridade; Dor.

ABSTRACT

Pain is considered a subjective, complex and unpleasant multidimensional experience, which can cause physical and emotional harm in human beings. In addition to allopathic, there are tools that have analgesic therapeutic potential, helping to relieve pain symptoms, one of them is Medicinal Biomagnetism (BM), a technique that uses Static Magnetic Fields (SMFs) generated by therapeutic magnets externally to the body on Biomagnetic Pairs (PBMs). By applying CMEs through the BM, the pH tends to return to its ideal value, optimizing the immunological action and of other systems allowing the restoration of health. It is a non-invasive technique, with few restrictions for application and painless. This work is a descriptive bibliographic review, with a qualitative and exploratory approach and aims to present a BM protocol for analgesia purposes, using the application of a Double Magnet as a treatment tool. BM has been proving to be a promising technique for relieving pain of the most diverse origins, and it is necessary to deepen the knowledge of the bases of BM through scientific studies. In this sense, it is expected that the technique can become a complementary and low-cost therapeutic alternative for the treatment of pain in general.

Keywords: Medicinal Biomagnetism; Static Magnetic Field; Magnetotherapy; Double Magnet; Dual Polarity; Pain.

INTRODUÇÃO

A exposição da pele ou qualquer outro órgão a estímulos altamente nocivos induz a uma sensação desagradável, informando ao indivíduo sobre o perigo real ou potencial para sua integridade física, a dor (FANTONI e MASTROCINQUE, 2002; DA SILVA e RIBEIRO-FILHO 2011).

A dor é um sintoma global e de tamanha importância que chegou a ser classificada como o quinto sinal vital e demanda atenção tanto quanto a pulsação, pressão arterial, temperatura e respiração (SOUZA e SILVA, 2004).

Conceituada pela primeira vez em 1986 pela Associação Internacional para o Estudo da Dor, como uma experiência emocional desagradável e sensorial, relacionada a lesões reais ou potenciais, podendo ser entendida como uma experiência subjetiva, complexa e multidimensional desagradável (HELLEBREKERS, 2002).

Por si só, a dor não constitui uma doença, mas sim um sintoma especial que, mesmo sendo comum a muitas doenças, tem a possibilidade de provocar uma agressão intensa ao organismo, conduzindo assim a uma série de consequências desagradáveis e atuando como um veículo através do qual a maior parte das afecções podem se manifestar (TEIXEIRA, 2001; TAVARES, 2006).

Assim sendo, a dor, é um mecanismo de proteção do organismo acionado após um estímulo e resulta-se na maioria dos casos em ativação, disfunção ou lesão de neurônios aferentes primários específicos, os nociceptores ou do sistema nervoso central (CUNHA e LOBÃO, 2018).

Os nociceptores, “receptores para dor”, são terminações nervosas livres, que estão espalhados na pele e em outros tecidos e são ativados quando há prejuízos nos tecidos, provocando a dor. E sua principal função é converter a energia acessível nos estímulos ambientais em impulsos nervosos e levá-los até ao sistema nervoso central, para serem interpretados como dor (CUNHA e LOBÃO, 2018).

Fisiologicamente a dor surge através de estímulos intensos e potencialmente lesivos ativando nociceptores e seus mecanismos básicos, sendo estes: a transdução, que é o início da sequência onde há captação do fenômeno sensitivo doloroso determinado pela ativação dos nociceptores que transformam os estímulos externos em potencial de ação; a transmissão, que é um aglomerado de mecanismos e vias sensitivas que possibilitam que o impulso nervoso gerado pelos nociceptores seja levado ao sistema nervoso central (SNC) via potencial de ação para a identificação da dor, transmitindo a informação dolorosa e; a modulação que é ativada por mecanismos endógenos, regulando a ação de um neurotransmissor de excitação pela liberação de neurotransmissores de inibição e neuro moduladores endógenos criando uma ação analgésica, bloqueando assim a percepção de dor (KLAUMANN e WOUK, 2008; FERNANDES e GOMES, 2011; CUNHA e LOBÃO, 2018).

A quantificação e qualificação da dor é discutida na literatura pela sua dificuldade de mensuração, para alguns autores, esta deve ser classificada de acordo com a temporalidade, em função da duração e por sua fisiopatologia, relativos a mecanismos patológicos envolvidos (CUNHA e LOBÃO, 2018). A dor pode ser classificada pela duração em dor aguda, crônica e recorrente.

Dor aguda é um alerta para prevenção de lesões resguardando a integridade do indivíduo, através da comunicação com o Sistema Nervoso (SN), é o motivo mais comum para a busca de assistência médica, e após a resolução do quadro causal tende-se a desaparecer (TEIXEIRA, 2001; FERNANDES e GOMES, 2011).

Já a dor crônica é aquela que continua adiante do tempo normal, o período de permanência e, para fins de pesquisa, seis meses serão necessários para distinção (MERSKEY e BOGDUK, 1994), é de maior gravidade pois pode levar a incapacidade, gerando perda na qualidade de vida e estresse no indivíduo acometido pela dor (FERNANDES e GOMES, 2011; CUNHA e LOBÃO, 2018). A dor recorrente ocorre em períodos de tempo de curta duração, de repetição, e pode ocorrer durante toda a vida do indivíduo, ainda que com intervalos de tempo (CUNHA e LOBÃO, 2018).

Pode ser diferenciada por dor fisiológica, que induz respostas protetoras, como por exemplo o reflexo de retirada, com o intuito de interromper a exposição ao estímulo nocivo. Este sinal se refere a dor aguda, produzida por estímulos intensos na superfície da pele (TEIXEIRA, 2001; FANTONI e MASTROCINQUE, 2002). E dor patológica que, por sua vez, pode surgir de diversos tecidos, podendo ser classificada como dor inflamatória, a qual envolve estruturas somáticas ou viscerais ou ainda neuropática envolvendo lesões do sistema nervoso caracterizada pela dor crônica (LAMONT e TRANQUILLI, 2000; KLAUMANN e WOUK, 2008).

Fisiologicamente pode ser descrita como Dor Nociceptiva, Dor Neuropática e Dor Psicogênica, sendo que a dor nociceptiva é originária de uma lesão tecidual associada a dor somática ou visceral dependendo do local de origem. A dor somática é descrita como uma picada ou aperto, podendo ser superficial ou profunda. A visceral, de difícil localização, é descrita como uma moinha, podendo ser irradiada e seguida de reações independentes (CUNHA e LOBÃO, 2018).

Dor neuropática é causada por lesão ou doença que afeta o sistema neurológico, resultante de lesão de fibras nervosas ou impulso doloroso, originando-se nas vias nervosas. Pode ser classificada ainda em central ou periférica. É relatada como queimadura, formigamento, dormência, picadas e/ou choques (CUNHA e LOBÃO, 2018).

A dor psicogênica é de origem psicossocial, surge em indivíduos ansiosos que vivenciam uma situação de stress ou outros distúrbios psíquicos. Sua percepção é individual, e depende das expectativas e crenças do indivíduo, do seu estado cognitivo e emocional e não apenas da natureza do estímulo (CUNHA e LOBÃO, 2018).

Por fim, a dor pode ser entendida como uma experiência, por incorporar motivos pessoais, sociais e culturais que condicionam a forma como é sentida. Deve ser vista de forma biopsicossocial, onde cada pessoa vive a dor de forma distinta (HELLEBREKERS, 2002; DA SILVA e RIBEIRO-FILHO 2011; CUNHA e LOBÃO, 2018).

O principal tratamento para dores é o alopático, o qual envolvem a utilização de medicamentos que provocam efeitos contrários aos da causa da doença, podendo citar os opioides, anti-inflamatórios não esteroides, antidepressivos, analgésicos não opioides (ANVISA, 2021; AMAECHI, 2021).

Além dos alopáticos, há outras ferramentas que tem potencial terapêutico analgésico e que são utilizadas utilizados pela população, como fitoterápicos, homeopáticos, geoterapia, compressas e materiais magnéticos que utilizam os Campos Magnéticos Estáticos (CMEs) gerados por ímãs (MENDES et al., 2019). Tais práticas são menos agressivas, podendo apresentar o mesmo efeito analgésico dos alopáticos sem apresentar efeitos colaterais notórios (LUZ, 2019). E algumas delas se encontram nas práticas integrativas e complementares (PICs), que são derivadas das vertentes médicas antigas, que promovem qualidade de vida ao indivíduo. Essas medicinas naturais são incentivadoras do autocuidado e da autorresponsabilidade, tratando de forma preventiva as doenças (CARNEIRO, 2014).

Uma das ferramentas que se utilizam de CMEs é o Biomagnetismo Medicinal (BM), terapia desenvolvida a partir de 1988 pelo médico e fisioterapeuta mexicano Isaac Goiz Durán (MARTÍNEZ, 2015). A técnica permite identificar, classificar, corrigir, predizer e prevenir doenças dos seres vivos, identificando e corrigindo o pH por meio do tratamento de Pares Biomagnéticos (DURÁN, 2008).

As manifestações patológicas e patogênicas são formadas a partir de dois polos, um polo sul (convencionado positivo) que mantém as cargas positivas (+), (lado vermelho do ímã) dos elementos bioquímicos, como o H+, e um polo norte (negativo), que mantém as cargas negativas (-), (lado preto do ímã) como o OH e outros radicais livres, denominado no BM como Par Biomagnético (PBM). O PBM se forma quando estas cargas que estão em ressonância entre si, extrapolam os limites da entropia orgânica. Há uma desordem nas funções celulares dos tecidos envolvidos resultando em um maior gasto energético (DURÁN, 2008).

No tratamento de BM utiliza-se duas ferramentas distintas, sendo uma delas um ímã comum, de neodímio, contendo um polo em cada face e a outra, um Duplo Ímã, o qual é composto por dois ímãs comuns, lado a lado, separados por uma película, que os mantém encapsulados permitindo os dois polos em uma mesma face da ferramenta, conforme demonstrado na Figura 1.

Figura 1: Duplo Ímã

Legenda: Ilustração de uma unidade do Duplo Ímã, utilizado em tratamento complementar da dor. Formado por dois ímãs redondos de neodímio, posicionados lado a lado com polaridades opostas, sendo que ambas as faces do duplo ímã possuem um ímã de polaridade norte e outro de polaridade sul separados por uma película que os mantém encapsulados. Assim as duas faces possuem dupla polaridade. Fonte: Os autores, adaptado de Bossa (2020). www.parmagnetico.com.br. Acesso em 09/11/2022.

A energia magnética do polo norte (negativo) produz um efeito sedativo, ou seja, quando a energia do polo Norte é utilizada para tratar condições como sangramento, feridas, queimaduras e danos em tecidos em geral, ao mesmo tempo há um controle na dor, no sangramento, edemas, como no acúmulo de líquido em queimaduras. Essa mesma energia diminui a atividade orgânica causada pelas doenças, inflamação, trauma ou meio ambiente, reduzindo ou aliviando a dor e outros sintomas da doença, consequentemente, normalizando o pH, tendo um efeito recuperativo. O pH tende ao ideal sobre o efeito do polo norte, tendo os níveis de H+ diminuídos, aumentando oxigenação do tecido danificado, gerando uma reação alcalina retornando a funcionalidade tecidual (DAVIS e RAWLS 1974; BROERINGMEYER, 1991; DURAN, 2008; JIMENO, 2014; FRANK, 2017).

Segundo Broeringmeyer (1991), ao contrário do polo norte, a energia do polo sul é capaz de gerar uma vasodilatação, reduz o oxigênio e eleva os níveis dos ácidos, além de diminuir os estados alcalinos. Pode estar associado com o aumento geral dos fluidos e aumento de todas as formas de vida, sendo estas a matéria celular, inclusive de bactérias e vírus, por isso deve-se ter precauções ao utilizar a polaridade sul para evitar promoção de infecções. Da mesma forma, pode aumentar a atividade proteica, promovendo expansão tecidual, aumentando sua atividade e a função orgânica (DAVIS e RAWLS, 1974; BROERINGMEYER, 1991; DURAN, 2008).

Outra terapia que se utiliza de CME’s é a magneto terapia. a qual utiliza campos magnéticos na forma unipolar, com ímãs inferiores a 1000 Gauss e com finalidade de diminuir sintomas desagradáveis, ou seja, o polo norte como anti-inflamatório e sedativo e o polo sul como tonificante (DURÁN, 2008).

Segundo Martínez (2017), a magneto terapia é a utilização de pequenos aparelhos para criar e organizar campos eletromagnéticos para tratar doenças, problemas ósseos, tratamentos contra dor muscular, diminuição de processos inflamatórios, melhora da circulação do sangue e uma grande variedade de infecções. Considerada uma terapia natural, consiste na aplicação externa de Campos Magnéticos Estáticos (CMEs) de magnetos para o restabelecimento do estado geral de saúde. Os ímãs são aplicados nas áreas afetadas ou nas extremidades do corpo, sendo várias as indicações, como patologias neurológicas e reumáticas.

Este artigo de pesquisa tem como objetivo, apresentar um protocolo do Biomagnetismo Medicinal para fins de analgesia, utilizando como ferramenta de tratamento a aplicação de um Duplo Ímã.

MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização deste estudo utilizou-se como metodologia uma pesquisa bibliográfica que permite colocar o autor em contato direto com o que já foi escrito (MARCONI e LAKATOS, 2003). De caráter qualitativa, que tem por objetivo fundamentar a teoria, não sendo apenas uma revisão resumida, mas sim um conjunto de dados a fim de alcançar um nível teórico mais elevado (MATHEUS, 2009) e exploratório, que permite o estudo do tema sob diversos ângulos e aspectos, envolvendo geralmente levantamento bibliográfico e análise de exemplos que levam a compreensão (PRODANOV e FREITAS, 2013).

Sobre a temática do BM e campos magnéticos, a busca por material bibliográfico foi realizada em bibliotecas digitais, utilizando livros, documentos de cursos, manuais de BM tese sobre a técnica, devido a carência de publicações científicas na área. Para fundamentar a temática da dor, foram utilizadas as bases eletrônicas Scientific Eletronic Library Online (Scielo), utilizando o descritor dor, biblioteca digital do Instituto Par Magnético (IPM) e artigos das bases Dtscience, Pubmed, IASP, USP e Google Acadêmico. Em relação ao CME e a Magneto terapia utilizou-se a biblioteca digital do IPM e a base Scielo.

Como critérios de inclusão foram utilizados artigos gratuitos e os disponibilizados na íntegra. E os artigos que não correspondiam à temática foram excluídos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado da busca metodológica, foram selecionados 6 autores que citaram o BM. Quanto ao conceito de Dor foram encontrados 2 livros, 11 artigos e 1 bulário eletrônico do site do Ministério da Saúde. Em relação a Magneto terapia foram utilizados 3 livros e 4 artigos. No que diz respeito ao tema Duplo Ímã e CME, foram utilizadas 3 referências, e quanto ao embasamento metodológico, 3 artigos foram consultados. Para cumprir o objetivo do artigo foram inclusas citações de livros encontrados na biblioteca virtual do Instituto Par Magnético (IMP) e artigos das bases Scielo, Dtscience, Pubmed, IASP, USP e Google Acadêmico, conforme o descrito na Tabela 1.

Tabela 1: Resultado da literatura utilizada

TEMA PESQUISADOLOCAL DA PESQUISAFILTROS UTILIZADOSNÚMERO ARQUIVOS ENCONTRADOSNÚMERO ARQUIVOS UTILIZADOSNÚMERO ARQUIVOS DESCARTADOS
Biomagnetismo MedicinalLivros e artigos37631
MagnetoterapiaLivros e artigosartigos gratuitos770
DorLivros, artigos e bulário eletrônico–  3.093.155143.093.141
Duplo Ímã e CMELivros82379
Metodologia CientíficaArtigos330
Total 33 

Fonte: as autoras.

Após o estudo do material selecionado, pode-se observar uma ampla possibilidade de uso terapêutico dos CMEs para diversos tipos de disfunções orgânicas, os benefícios da aplicação de ímãs com polaridades opostas simultaneamente, que resultaram em homeostase e, consequentemente, saúde com a ação tanto da polaridade sul como da polaridade norte.

A aplicação do Protocolo para Analgesia é indicado em casos de queimaduras, batidas com e sem hematomas, entorses e dores articulares em geral, cortes após sessado sangramento, pós cirúrgico, dismenorreia e cólicas diversas, câimbra, dores gastrointestinais, de cabeça, de pernas devido a varizes, dores nas costas, herniações, tensão muscular, dores hepáticas, biliares, picada de insetos e outras reações alérgicas de pele (DAVIS e RAWLS, 1974; DURÁN, 2008; MARTÍNEZ, 2017; BROERINGMEYER, 1991; PHILPOTT, 2000).

Os órgãos do corpo humano produzem campos magnéticos flutuantes devido a distintas atividades químicas do corpo. As células corporais possuem valor magnético específico. Tal afirmação parte da teoria de que somos seres eletromagnéticos e que nosso corpo é controlado por meio de campos de energia eletromagnética. Nosso sistema nervoso atua por meio de impulsos elétricos, por meio de cargas, sendo que o organismo é capaz de restaurar e reajustar aspectos em mal funcionamento. Os íons presentes dentro do neurônio produzem uma corrente elétrica quando ele despolariza. Impulsos anormais chegam ao cérebro que os processam e envia um sinal como resposta. Ao longo do trajeto, os impulsos anormais podem ser retificados ao serem aplicadas correntes elétricas apropriadas por meio dos campos magnéticos. Uma estimulação magnética ou elétrica dos órgãos, poderia exercer efeitos em áreas diversas do sistema através dos nervos ou órgãos, produzindo um efeito tonificador ou sedativo, de acordo com a necessidade, para ser corrigido (BROERINGMEYER, 1991).

Esta é a base da Terapia Biomagnética, onde os campos magnéticos estáticos dos ímãs auxiliam o organismo no ajuste de seu padrão elétrico para o máximo de saúde. Ocorre uma despolarização da região impactada através da aplicação do campo magnético do polo sul do ímã. Esta recebe força eletromotriz, amplificando os impulsos conduzidos pelo sistema nervoso, promovendo uma estimulação imediata e proporcionando energia ao órgão em disfunção, normalizando e equilibrando a condição existente. Aplicando o campo magnético do polo norte, há um efeito de sedação nos locais impactados que apresentam hiperatividade, promovendo diminuição de estímulos dolorosos (BROERINGMEYER, 1991).

Os tecidos entram em disfunção tanto em condições de hipoativação, como em condições de hiperativação. Quando há alterações funcionais nos tecidos, eles tendem a uma maior alcalinidade ou acidez do que o habitual, o que permite a infecção por agentes patogênicos, gerando então a doença (BROERINGMEYER, 1991).

A ferramenta do Duplo Ímã, chamado também de bipolar, dipolar, ou ainda dupla polaridade, tem sido utilizada amplamente para promover analgesia por profissionais Biomagnetistas ao longo de mais de 3 décadas. Esses se fundamentaram pela técnica da magneto terapia e da medicina tradicional chinesa que utilizavam essa ferramenta na ativação dos chackras, com fins estéticos e em patologias diversas (PHILPOTT, 2000; GARCIA, 2017 e; RIBEIRO, 2017). Vários foram os efeitos sobre os seres vivos referente a estudos com ímãs, sendo testado em animais e seres humanos. Os estudos diferem metodologicamente, sendo cada um com um tempo específico.

A aplicação de CMEs de dupla polaridade em fibroblastos in vitro, durante 24 horas, teve efeito benéfico na taxa de mitose das células, favorecendo a velocidade de divisão. Houve aumento em 50% na divisão celular comparada ao grupo controle e não foram identificadas diferenças significativas para outras condições experimentais (PEREZ, 2022).

Estudo relacionado a neurite nos ombros, a qual é uma inflamação nos nervos, utilizou-se o polo norte sobre área da dor, por 30 a 40 minutos, 2 vezes ao dia, uma pela manhã e outra à noite, resultando na redução da dor e da inflamação. O tempo requerido para obtenção dos resultados, dependeu da condição geral dos indivíduos e do grau de avanço da neurite. Em casos de neurite, o uso do biomagneto demonstrou ser um instrumento terapêutico de grande valor (DAVIS, 1982).

De acordo com Davis (1982), uma das correções mais difíceis de se realizar está relacionada com desvios da coluna vertebral, quando os músculos estão distorcidos em excesso ou estão debilitados, adotando uma curvatura patológica. Utilizando-se de dois biomagnetos de polaridades contrárias, foi aplicado o polo sul onde a tração muscular era excessiva, na porção muscular de maior contração e o polo norte, na porção de maior extensão muscular.

Ao mesmo tempo que o polo sul ocasionou relaxamento diminuindo a tensão excessiva, o polo norte exerceu tração mediante contração muscular, obten do assim, uma correção importante, ou até mesmo completa. A contração onde antes havia estiramento alinhou as vértebras para sua posição original. O tempo de aplicação recomendado pelo autor é de 30 a 40 minutos, duas vezes ao dia, pela manhã e pela noite, ou de uma hora uma vez ao dia. No estudo onde os animais foram atropelados e como consequência desenvolveram essa condição, foram obtidos resultados muito efetivos de recuperação e inclusive, em muitos casos, a disposição da coluna foi corrigida completamente (DAVIS, 1982).

Segundo Oliveira e colaboradores (2018), a aplicação do duplo ímã de neodímio, com polo norte (denominado negativo no BM) e polo sul (denominado positivo no BM), com 3000 Gauss e diâmetro de 08x02mm em idosos durante sete dias, resultou em alívio da dor em todos participantes e alguns relataram remissão total do sintoma. “Os ímãs, criam um campo eletromagnético aumentando a circulação do sangue na área aplicada, diminuindo as dores, inflamações e aumentando o poder de autocura de forma natural. Pode ser usado em qualquer parte do corpo onde haja rigidez, dor e inflamação” (OLIVEIRA, 2018).

O efeito da aplicação de CMEs é potencializado a medida da proximidade com a linha do Equador, sendo que seus efeitos são mais rápidos nessa região (DURÁN, 2008). Quanto mais distante a pessoa que faz uso dos CMEs está da linha do Equador, maior o tempo necessário para perceber seus efeitos, seja este considerado tanto em minutos/horas, quanto em número de dias (MARTÍNEZ, 2017).

Existem situações em que a aplicação do Duplo Ímã para efeitos analgésicos é contraindicada. Grávidas com cólicas ou outro tipo de dor na região pélvica, tanto na parte anterior, quanto posterior; Aplicação do Duplo Ímã na região do organismo com implante de dispositivos eletroeletrônicos, sendo eles constituídos com baterias, pilhas, como marcapasso cardíaco, dispositivo coclear, dispositivo para infusão de insulina, implante de marcapasso cerebral, entre outros, podendo sofrer interferência do campo magnético gerado pelos ímãs; O Duplo Ímã não deve ser aplicado sobre infecções bacterianas, tumores, nódulos, pólipos e cânceres de modo geral, trombos e coágulos (PHILPOTT, 2000; DURÁN, 2008; MARTÍNEZ, 2017).

O Protocolo para Analgesia consiste em aplicar um Duplo Ímã no local da dor. Para ação analgésica, recomenda-se a aplicação de 30 a 40 minutos, dependendo da intensidade da dor. Quanto maior a dor, maior o tempo de impactação (DAVIS, 1982). Não há relatos que inviabilizem a aplicação do Duplo Ímã mais de uma vez durante o mesmo dia, nem a permanência do mesmo durante mais tempo do que o proposto neste trabalho.

Este protocolo não substitui o tratamento convencional e em caso de persistência da dor deve-se buscar orientações médicas. O protocolo consiste na aplicação como forma de autocuidado, podendo ser utilizado por profissionais de saúde, terapeutas e pessoas que buscam aliviar ou sanar dores crônicas ou agudas, utilizando o Duplo Ímã, no local da dor, independentemente da posição (norte, sul dos magnetos), sendo essencial deixar por no mínimo trinta minutos.

CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS FUTURAS

Considerando que episódios de dor afetam todos os indivíduos em algum grau e em algumas fases da vida, medicações para dor podem apresentar efeitos adversos e seu uso indiscriminado deve ser evitado. Pessoas que sofrem dores diárias, ou algumas vezes na semana, ficam sujeitas à automedicação excessiva, o que pode levar a consequências nocivas a longo prazo.

Tratamentos complementares naturais e que são utilizados amplamente na cultura popular, como aplicação de Campos Magnéticos Estáticos, devem ser testados para fins analgésicos, podendo servir como uma intervenção primária, antes de entrar com medicações.

Se comprovado, o uso de CMEs pode ser integrado a própria medicina alopática, como preconizado pela Organização Mundial da Saúde para as Medicinas Tradicionais, Integrativas e Complementares. Nesse sentido, o Protocolo para Analgesia, por apresentar riscos mínimos, alta aplicabilidade e potencial terapêutico, é uma ferramenta que deve ser testada em ensaios clínicos que avaliem sua capacidade analgésica tanto em dor fisiológica, quanto em dores patológicas.

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1 Estudante da Pós-graduação em Biomagnetismo e Bioenergética Aplicados à Saúde, Instituto Par Magnético – IPM / Faculdade de Governança, Engenharia e Educação de São Paulo – FGE, São Paulo, Brasil.
2 Estudante colaboradora da Pós-graduação em Biomagnetismo e Bioenergética Aplicados à Saúde, Instituto Par Magnético – IPM / Faculdade de Governança, Engenharia e Educação de São Paulo – FGE, São Paulo, Brasil.
3 Professora Coorientadora da Pós-graduação em Biomagnetismo e Bioenergética Aplicados à Saúde, Instituto Par Magnético – IPM / Faculdade de Governança, Engenharia e Educação de São Paulo – FGE, São Paulo, Brasil.
4 Professora Orientadora da Pós-graduação em Biomagnetismo e Bioenergética Aplicados à Saúde, Instituto Par Magnético – IPM / Faculdade de Governança, Engenharia e Educação de São Paulo – FGE, São Paulo, Brasil.