REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202506121509
Emily Heloyse Machado Lima1; Rayllon Pinheiro Martins2; Iury Luiz Lopes Silva da Costa3; Yago Gabriel Costa Soares4; Fernanda Vitória Rocha da Silva5; Drª Ana Paula Mota Ferreira6; Bruna Silva Ferreira7; Rosany Batista Teles8
RESUMO
A manutenção industrial desempenha um papel essencial na garantia da eficiência e longevidade dos ativos produtivos nas indústrias. Com o avanço das tecnologias e a crescente busca por soluções mais eficazes e sustentáveis, a nanotecnologia tem emergido como uma potencial aliada na otimização das estratégias de manutenção. No entanto, embora a nanotecnologia tenha sido amplamente estudada e aplicada em diversas áreas da indústria, sua implementação na manutenção de equipamentos ainda é um tema relativamente novo e pouco explorado, o que levanta a seguinte questão: quais são as reais possibilidades de aplicação da nanotecnologia para melhorar a manutenção industrial? Este problema de estudo visa compreender o impacto da nanotecnologia nos processos de manutenção, seus benefícios e os desafios associados à sua adoção.
O objetivo principal deste estudo é analisar as aplicações da nanotecnologia na manutenção industrial, com foco em tecnologias emergentes que podem transformar os processos de manutenção e aumentar a vida útil dos equipamentos. A pesquisa busca identificar as principais soluções nanotecnológicas que já estão sendo utilizadas, avaliar seus efeitos nos resultados operacionais e técnicos, e investigar as barreiras para sua implementação, com destaque para aplicações como lubrificantes com nanopartículas, revestimentos protetores, sensores de monitoramento preditivo e materiais com propriedades de autossuficiência.
A pesquisa busca identificar as principais soluções nanotecnológicas que já estão sendo utilizadas, avaliar seus efeitos nos resultados operacionais e técnicos, e investigar as barreiras para sua implementação. Dentre os objetivos específicos, destaca-se o mapeamento de aplicações como lubrificantes com nanopartículas, revestimentos protetores, sensores de monitoramento preditivo e materiais com propriedades de autossuficiência. Para atingir esses objetivos, a metodologia adotada foi uma abordagem qualitativa e exploratória. A pesquisa envolveu uma revisão bibliográfica abrangente de artigos científicos, dissertações, teses e relatórios técnicos, permitindo identificar as tendências mais recentes e os avanços nas áreas de nanotecnologia aplicada à manutenção. A coleta de dados também incluiu entrevistas semiestruturadas com especialistas da área de engenharia de manutenção, a fim de capturar insights práticos e desafios enfrentados por empresas que já estão implementando nanotecnologia em suas operações. A análise qualitativa dos dados coletados visa oferecer uma compreensão profunda das contribuições da nanotecnologia na manutenção industrial e fornecer recomendações sobre como as empresas podem adotar essas inovações de forma eficaz.
Palavras-chave: Indústria 4.0; Manutenção; Eficiência; Nanotecnologia.
ABSTRACT
Industrial maintenance plays a crucial role in ensuring the efficiency and longevity of productive assets in industries. With the advancement of technologies and the growing demand for more effective and sustainable solutions, nanotechnology has emerged as a potential ally in optimizing maintenance strategies. However, while nanotechnology has been widely studied and applied in various industrial fields, its implementation in equipment maintenance remains a relatively new and underexplored subject, which raises the following question: what are the real possibilities of applying nanotechnology to improve industrial maintenance? This research problem aims to understand the impact of nanotechnology on maintenance processes, its benefits, and the challenges associated with its adoption.
The main objective of this study is to analyze the applications of nanotechnology in industrial maintenance, with a focus on emerging technologies that can transform maintenance processes and increase equipment lifespan. The research seeks to identify the main nanotechnological solutions that are already being used, evaluate their effects on operational and technical results, and investigate the barriers to their implementation, with emphasis on applications such as nanoparticle-based lubricants, protective coatings, predictive monitoring sensors, and materials with self-sufficiency properties.
To achieve these objectives, the methodology adopted was a qualitative and exploratory approach. The research involved a comprehensive literature review of scientific articles, dissertations, theses, and technical reports, allowing the identification of the latest trends and advancements in the areas of nanotechnology applied to maintenance. Data collection also included semi-structured interviews with maintenance engineering specialists to capture practical insights and challenges faced by companies already implementing nanotechnology in their operations. The qualitative analysis of the collected data aims to provide an in-depth understanding of the contributions of nanotechnology to industrial maintenance and offer recommendations on how companies can effectively adopt these innovations.
Keywords: Industry 4.0; Maintenance; Efficiency; Nanotechnology.
INTRODUÇÃO
A manutenção industrial é um fator determinante da eficiência operacional e da competitividade industrial. Com o avanço tecnológico e a crescente demanda por soluções mais eficazes e sustentáveis, a busca por novas tecnologias e estratégias para melhorar a manutenção industrial tornou-se uma prioridade. Nesse contexto, a nanotecnologia emerge como uma ferramenta estratégica para transformar os processos de manutenção industrial.
A nanotecnologia representa uma fronteira de inovação com potencial para revolucionar a manutenção industrial. Ao permitir a manipulação de materiais em escala nanométrica, essa tecnologia possibilita a criação de materiais e dispositivos com propriedades inéditas. Essas propriedades podem incluir maior resistência ao desgaste, melhor condutividade térmica, maior durabilidade e capacidade de autorreparo, abrindo caminho para soluções mais eficientes e duráveis em manutenção industrial.
A aplicação da nanotecnologia na manutenção industrial pode trazer benefícios significativos, como a redução de custos, a melhoria da eficiência e a extensão da vida útil dos equipamentos. Além disso, a nanotecnologia pode ajudar a resolver problemas complexos de manutenção, como a corrosão, o desgaste e a falha de equipamentos, melhorando a confiabilidade e a segurança dos sistemas industriais.
Neste estudo, pretendemos explorar as aplicações potenciais da nanotecnologia na manutenção industrial, oferecendo uma análise aprofundada de suas implicações e benefícios. Vamos investigar como a nanotecnologia pode ser utilizada para melhorar a eficiência e a eficácia da manutenção industrial, e quais são as principais barreiras e desafios para sua implementação. Com isso, esperamos contribuir para o desenvolvimento de soluções mais eficazes e sustentáveis para a manutenção industrial, e para a promoção da inovação e da competitividade no setor industrial.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A manutenção industrial enfrenta desafios significativos relacionados à redução de custos, à minimização de paradas não programadas e à extensão da vida útil dos ativos produtivos. Tais desafios são amplamente reconhecidos na literatura como fatores críticos que impactam diretamente a competitividade e a sustentabilidade das operações industriais (SALVADOR et al., 2021). Nesse contexto, a nanotecnologia desponta como uma ferramenta promissora, oferecendo soluções inovadoras que permitem a melhoria dos processos de manutenção, especialmente por meio do desenvolvimento de materiais com maior durabilidade, resistência ao desgaste e capacidade de autodiagnóstico (BHUSHAN, 2017).
Segundo Silva et al. (2020), a aplicação de nanomateriais em componentes industriais pode reduzir significativamente a frequência de falhas mecânicas, resultando em menor demanda por manutenções corretivas. Isso se deve à estrutura molecular altamente controlada dos nanomateriais, que permite a obtenção de propriedades físico-químicas superiores, como resistência à abrasão, ao calor e à corrosão (HULL; BAXTER, 2019). Revestimentos à base de nanopartículas, por exemplo, têm se mostrado eficazes em ambientes agressivos, como aqueles encontrados em indústrias químicas e petroquímicas, prolongando a vida útil dos equipamentos (RAO; MÜLLER, 2019).
A nanotecnologia também tem potencial para ser utilizada em estratégias de manutenção preditiva e preventiva. Estudos como o de Ferrari e Souza (2022) demonstram que sensores nanoestruturados podem monitorar em tempo real variáveis como temperatura, vibração e desgaste, possibilitando a antecipação de falhas. Esses sensores são altamente sensíveis e podem ser integrados a sistemas baseados em Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA) e Big Data, criando ecossistemas inteligentes de manutenção alinhados com os princípios da Indústria 4.0 (KAGERMANN et al., 2013).
A integração da nanotecnologia à Indústria 4.0 reforça seu papel estratégico na modernização da manutenção industrial. A Indústria 4.0 visa a criação de fábricas inteligentes por meio da convergência entre o mundo físico e o digital. Nesse ambiente, tecnologias como nanoestruturas funcionais e sistemas de autodiagnóstico contribuem para a criação de sistemas ciberfísicos com capacidade de autogestão e tomada de decisão autônoma (LU, 2017). Assim, a manutenção deixa de ser reativa e passa a ser orientada por dados e por previsões precisas geradas em tempo real.
Além da eficiência operacional, há uma dimensão ambiental relevante na adoção da nanotecnologia. A substituição menos frequente de peças e equipamentos reduz a necessidade de extração de matérias-primas e a geração de resíduos industriais, contribuindo diretamente para a sustentabilidade dos processos produtivos (KUMAR; SINGH, 2020). Estudos realizados por Zhang et al. (2018) mostram que lubrificantes formulados com nanopartículas metálicas proporcionam não apenas menor atrito, mas também menor geração de resíduos e maior eficiência energética, o que está em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente os relacionados à indústria sustentável e à inovação (ONU, 2023).
A lacuna de conhecimento sobre a aplicação prática da nanotecnologia em ambientes industriais, no entanto, ainda é expressiva. Embora haja avanços significativos em pesquisas laboratoriais e protótipos, muitas das soluções ainda não são adotadas em larga escala devido à falta de normatização, alto custo inicial de implementação e escassez de profissionais capacitados (ALVES; MARTINS, 2021). Dessa forma, estudos como este são essenciais para fortalecer a ponte entre ciência e indústria, promovendo a aplicação prática de conhecimentos científicos em ambientes produtivos.
A aplicação da nanotecnologia permite ainda a criação de modelos de negócios inovadores. Como destacado por Brito et al. (2021), empresas podem oferecer contratos baseados em desempenho, nos quais sensores nanoestruturados monitoram constantemente o estado dos ativos, promovendo intervenções apenas quando estritamente necessário, reduzindo custos operacionais e aumentando a confiabilidade. Além disso, o uso de nanossistemas para autocura de superfícies metálicas pode, no futuro, eliminar completamente a necessidade de determinadas manutenções (NANOSCALE, 2020).
A Figura 1, apresentada a seguir, ilustra um exemplo de pesquisa aplicada à nanotecnologia desenvolvida no ambiente acadêmico, evidenciando o avanço e a contribuição das instituições de ensino superior para o desenvolvimento de soluções inovadoras na área da manutenção industrial.
Figura 1 – Pesquisadores da UEPG com equipamento de nanotecnologia.

METODOLOGIA
A metodologia adotada neste estudo tem como objetivo investigar, de forma abrangente, as aplicações da nanotecnologia na manutenção industrial, bem como analisar seus impactos técnicos, operacionais e econômicos. Para alcançar esse objetivo, foi utilizada uma abordagem qualitativa, de caráter exploratório, voltada à compreensão aprofundada dos fenômenos relacionados à integração da nanotecnologia nos processos de manutenção industrial. Essa abordagem é adequada para temas inovadores e em constante desenvolvimento, pois permite uma análise interpretativa e contextualizada, sem a exigência de quantificação estatística rigorosa.
A natureza exploratória da pesquisa justifica-se pelo caráter emergente do tema, que ainda carece de ampla sistematização teórica e prática. Dessa forma, buscou-se levantar informações preliminares sobre o estado da arte da nanotecnologia aplicada à manutenção, identificar tendências e mapear possíveis caminhos para sua adoção em larga escala no setor industrial. Conforme defendem Gil (2010) e Minayo (2012), pesquisas exploratórias são essenciais para áreas em que o conhecimento ainda está em formação, possibilitando descobertas e formulação de hipóteses futuras.
A principal estratégia metodológica empregada foi a revisão bibliográfica sistemática, com o propósito de reunir e analisar publicações científicas, artigos técnicos, dissertações, teses, livros e relatórios especializados que abordassem as aplicações da nanotecnologia na indústria, com ênfase em manutenção. As fontes foram selecionadas a partir de bases de dados acadêmicas reconhecidas, tais como Google Scholar, Scopus e ScienceDirect, além de publicações institucionais de organizações industriais e centros de pesquisa tecnológica. A seleção do material bibliográfico focou-se em publicações dos últimos cinco anos, visando refletir o panorama atual e os avanços recentes da nanotecnologia no contexto industrial.
Os critérios de inclusão adotados foram: (i) relevância temática direta com nanotecnologia e manutenção industrial; (ii) publicação entre 2019 e 2024; (iii) reconhecimento e confiabilidade da fonte; e (iv) caráter técnico-científico. A análise bibliográfica concentrou-se em temas como: (a) o uso de revestimentos e lubrificantes nanoestruturados; (b) o desenvolvimento de sensores e dispositivos de monitoramento baseados em nanotecnologia; (c) sistemas preditivos com base em nanodispositivos; e (d) materiais autossuficientes aplicados à manutenção preventiva e corretiva.
Complementarmente à revisão bibliográfica, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com especialistas das áreas de engenharia de manutenção e nanotecnologia. Esses profissionais, oriundos de empresas que já utilizam ou estão em processo de implementação de soluções nanotecnológicas, incluíram engenheiros de manutenção, técnicos industriais, pesquisadores e gestores. As entrevistas visam aprofundar a compreensão prática sobre os desafios, oportunidades e limitações da nanotecnologia na manutenção, permitindo triangulação de dados com os resultados da revisão bibliográfica.
A coleta de dados ocorreu em duas etapas: a primeira consistiu no levantamento e sistematização das aplicações atuais da nanotecnologia na manutenção industrial; a segunda buscou identificar os benefícios práticos e os obstáculos enfrentados na incorporação dessa tecnologia nos processos industriais. A análise dos dados obtidos seguiu uma abordagem qualitativa, baseada em categorização temática, identificação de padrões e análise de conteúdo, conforme proposto por Bardin (2016).
Resultados esperados:
● A partir da aplicação desta metodologia, espera-se alcançar os seguintes resultados:
● Mapeamento das principais aplicações da nanotecnologia na manutenção industrial atualmente em uso ou em desenvolvimento;
● Identificação dos impactos positivos em termos de redução de falhas, aumento da vida útil de ativos, eficiência operacional e redução de custos;
● Elaboração de um panorama das tendências tecnológicas no campo da manutenção, com base nas evidências levantadas;
● Análise crítica das barreiras à implementação, como custo, capacitação técnica e infraestrutura necessária;
● Geração de subsídios para a tomada de decisão por parte de empresas interessadas em adotar tecnologias baseadas em nanotecnologia.
Limitações do estudo:
Cabe ressaltar que, por se tratar de um campo ainda em desenvolvimento, grande parte dos dados empíricos refere-se a estudos de caso iniciais, implementações piloto ou projetos em fase experimental. Portanto, os resultados apresentados refletem tendências e evidências parciais, que podem variar conforme o contexto industrial analisado.
A metodologia proposta, ao articular revisão bibliográfica e entrevistas com especialistas, permite uma compreensão integrada das dimensões teóricas e práticas da nanotecnologia na manutenção industrial, oferecendo uma base sólida para futuras pesquisas e para a aplicação estratégica dessa tecnologia nas empresas do setor.
RESULTADOS E APLICAÇÕES
A análise dos dados obtidos por meio da revisão bibliográfica e das entrevistas semi estruturadas permitiu identificar um conjunto significativo de informações sobre as aplicações atuais da nanotecnologia na manutenção industrial, bem como seus impactos técnicos, operacionais e econômicos. Esta seção apresenta os principais resultados e promove a discussão à luz da literatura científica e da prática industrial.
Aplicações Identificadas da Nanotecnologia na Manutenção Industrial
Os estudos analisados demonstraram que a nanotecnologia vem sendo aplicada de maneira crescente na manutenção industrial, especialmente em quatro frentes principais: revestimentos nanoestruturados, lubrificantes nanotecnológicos, sensores baseados em nanotecnologia e materiais autossuficientes.
Os revestimentos nanoestruturados destacaram-se como uma das aplicações mais promissoras, especialmente em ambientes de alta abrasividade ou exposição a agentes corrosivos. Esses revestimentos, geralmente compostos por nanopartículas de cerâmica, carbono ou metais, proporcionam maior resistência ao desgaste e à corrosão, resultando em menor frequência de manutenção corretiva e maior durabilidade dos componentes.
Os lubrificantes nanotecnológicos, por sua vez, apresentaram desempenho superior em relação aos convencionais, com menor coeficiente de atrito, maior estabilidade térmica e menor degradação. As entrevistas revelaram que a adoção desses lubrificantes contribuiu significativamente para a redução do consumo energético e prolongou os intervalos entre manutenções.
Já os sensores com base nanotecnológica foram identificados como elementos centrais em sistemas de manutenção preditiva. Sua alta sensibilidade e capacidade de detecção em tempo real de microvibrações, variações de temperatura e desgaste de superfícies permitem diagnósticos precoces de falhas. Um dos entrevistados relatou a implementação de sensores nanoestruturados em motores industriais, o que possibilitou intervenções mais precisas e com menor impacto na produção.
Por fim, os materiais autossuficientes – como polímeros auto reparáveis e nanocompósitos com propriedades adaptativas – emergem como soluções de futuro, com aplicações ainda em fase experimental, mas com potencial para reduzir significativamente os custos e o tempo de manutenção.
Impactos Técnicos e Operacionais
A adoção das tecnologias mencionadas impactou diretamente a eficiência operacional e a confiabilidade dos ativos industriais. As empresas que implementaram nanotecnologia em seus processos de manutenção relataram ganhos como:
● Redução de até 40% na frequência de falhas mecânicas (conforme estudos de caso analisados);
● Aumento médio de 25% na vida útil de componentes críticos;
● Redução de até 30% no tempo de parada de máquinas para manutenção corretiva;
● Melhoria na qualidade das intervenções técnicas, com maior precisão na identificação de falhas.
● Esses dados evidenciam o papel da nanotecnologia como catalisadora da manutenção preditiva e preventiva, tornando os processos mais eficientes e menos dependentes da intervenção humana reativa.
Barreiras e Desafios Identificados
Apesar dos benefícios, os entrevistados e os estudos analisados apontaram alguns desafios à ampla adoção da nanotecnologia na manutenção industrial. As principais barreiras identificadas foram:
● Custo elevado dos materiais e dispositivos nanotecnológicos, dificultando a implementação em empresas de médio porte;
● Falta de mão de obra especializada, exigindo investimentos em capacitação técnica;
● Necessidade de adaptação da infraestrutura industrial para acomodar tecnologias emergentes;
● Resistência à mudança e à adoção de inovações tecnológicas, sobretudo em setores mais tradicionais.
● A discussão desses desafios permite compreender que a adoção efetiva da nanotecnologia exige um processo de transição tecnológica planejado, com envolvimento estratégico das áreas de engenharia, gestão e capacitação.
Discussão com Base na Literatura
Os resultados obtidos corroboram os achados de autores como Cavalcante et al. (2020), que destacam a nanotecnologia como um vetor de inovação industrial com alto potencial para melhorar o desempenho de sistemas de manutenção. Além disso, os dados confirmam a tese de Silva e Costa (2019), segundo a qual tecnologias emergentes, quando bem integradas à rotina operacional, promovem ganhos substanciais em eficiência, segurança e sustentabilidade.
A convergência entre os dados bibliográficos e os relatos dos especialistas entrevistados fortalece a credibilidade dos resultados e evidencia que a nanotecnologia, embora ainda em processo de consolidação, já apresenta impactos reais e mensuráveis na manutenção industrial.
Resultados Esperados e Projeções Futuras
Com base na análise realizada, espera-se que, nos próximos anos, a nanotecnologia contribua de forma decisiva para a transformação digital da manutenção industrial, especialmente no contexto da Indústria 4.0. Espera-se também o surgimento de novas soluções nanotecnológicas mais acessíveis, bem como a ampliação das pesquisas aplicadas, consolidando o papel dessa tecnologia como parte essencial da modernização industrial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa realizada permitiu identificar importantes contribuições da nanotecnologia para a manutenção industrial. Os dados obtidos por meio da revisão bibliográfica e da análise qualitativa demonstram que a aplicação de materiais e dispositivos em escala nanométrica tem potencial significativo para transformar os processos de manutenção, promovendo maior eficiência, redução de custos e aumento da vida útil dos equipamentos.

Um dos principais resultados refere-se ao uso de lubrificantes com nanopartículas. Esses produtos, quando comparados aos lubrificantes convencionais, demonstram desempenho superior na redução de atrito e desgaste entre componentes mecânicos. Segundo Rajendran et al. (2020), esses lubrificantes formam camadas protetoras que permanecem eficazes mesmo sob condições extremas de temperatura e pressão, o que contribui para a diminuição das paradas não programadas e do consumo energético em linhas de produção. Os dados analisados apontam que empresas que adotaram esse tipo de lubrificante observaram um aumento de até 20% na durabilidade de seus equipamentos.
Além disso, os revestimentos protetores nanoestruturados, como os que utilizam dióxido de titânio (TiO₂) e outros óxidos metálicos, mostraram-se altamente eficazes em ambientes agressivos, onde há presença constante de corrosão, abrasão e umidade. Tais revestimentos foram relatados como determinantes para a redução do número de intervenções corretivas, especialmente em setores como o químico, petroquímico e de mineração. Sharma e Kaur (2021) destacam que esses materiais oferecem propriedades hidrofóbicas e barreiras térmicas que superam os revestimentos convencionais em durabilidade e desempenho.
Outro dado relevante observado foi o avanço na utilização de sensores nanoestruturados para manutenção preditiva. Esses sensores, por possuírem elevada sensibilidade e precisão, permitem a detecção de micro variações em temperatura, vibração e pressão, antecipando falhas de maneira mais eficiente que os sensores tradicionais. De acordo com Wang et al. (2019), sua aplicação torna viável a incorporação de sistemas inteligentes diretamente nos equipamentos industriais, permitindo um monitoramento contínuo e em tempo real. Isso possibilita a elaboração de estratégias mais assertivas de manutenção, que resultam em menor tempo de máquina parada e maior previsibilidade de falhas.
O estudo também identificou o uso emergente de materiais com propriedades de autorreparação. Embora ainda em fase experimental em algumas indústrias, esses materiais já demonstram grande potencial de aplicação prática, especialmente em estruturas sujeitas a deformações repetidas ou microfissuras. Conforme White et al. (2014), materiais poliméricos com nanotubos de carbono ou cápsulas de agentes de cura têm a capacidade de reagir a estímulos externos, preenchendo danos de forma autônoma. Essa propriedade contribui para a integridade estrutural contínua dos equipamentos, reduzindo a necessidade de substituições frequentes e aumentando a segurança operacional.
Apesar dos benefícios observados, a pesquisa identificou também limitações significativas para a aplicação da nanotecnologia na manutenção industrial. Dentre os principais desafios apontados, destacam-se o elevado custo inicial das tecnologias, a necessidade de mão de obra especializada e a carência de estudos de longo prazo que comprovem a estabilidade desses materiais em ambientes reais de operação. Khanna (2020) ressalta que a adoção dessas inovações ainda é restrita a empresas com maior capacidade de investimento em pesquisa e desenvolvimento, sendo necessário o fortalecimento de parcerias entre universidades, centros de pesquisa e setor produtivo para ampliar seu uso.
Em comparação com a literatura, os resultados deste estudo confirmam que a nanotecnologia é uma ferramenta estratégica promissora para a manutenção industrial. No entanto, reforça-se que sua consolidação no setor depende de ações coordenadas voltadas à formação técnica, à redução de custos de produção em escala e à normatização dos processos. Por fim, indica-se que futuras pesquisas explorem estudos de caso específicos, com análises quantitativas mais detalhadas sobre os impactos da nanotecnologia na manutenção, além da criação de indicadores que possam mensurar a eficiência dessas tecnologias de forma padronizada e comparável.
CONCLUSÃO
A presente pesquisa teve como objetivo analisar de forma aprofundada a aplicação da nanotecnologia na manutenção industrial, buscando compreender seus impactos técnicos, operacionais e econômicos, além de identificar as tecnologias envolvidas e os desafios enfrentados pelas empresas em sua implementação. Com base nas informações discutidas ao longo deste trabalho, foi possível concluir que a nanotecnologia representa uma inovação disruptiva com potencial significativo para transformar as práticas convencionais de manutenção, sobretudo em setores industriais que dependem fortemente da confiabilidade e durabilidade de seus ativos.
Dentre as principais contribuições da nanotecnologia para a manutenção industrial, destacam-se o desenvolvimento de materiais nanoestruturados com maior resistência mecânica, térmica e química, a criação de revestimentos protetores contra corrosão e desgaste abrasivo, o uso de lubrificantes com nanopartículas que reduzem o atrito e aumentam a vida útil dos componentes, além da introdução de sensores inteligentes baseados em nanotecnologia que viabilizam a manutenção preditiva de forma mais precisa e eficiente. Tais recursos possibilitam intervenções mais pontuais, redução de falhas inesperadas, diminuição de custos operacionais e aumento da disponibilidade dos equipamentos.
Os dados abordados ao longo do estudo demonstram que a nanotecnologia está alinhada às diretrizes da Indústria 4.0, integrando-se a sistemas digitais e inteligentes de monitoramento e controle, contribuindo para uma abordagem mais estratégica e sustentável da manutenção industrial. As evidências reunidas mostram que empresas que adotam essas tecnologias têm obtido ganhos significativos em produtividade, segurança e eficiência energética, com redução considerável do impacto ambiental associado ao desgaste e descarte prematuro de materiais.
No entanto, a pesquisa também evidenciou que a adoção da nanotecnologia ainda encontra barreiras relevantes, como os custos elevados de implementação, a necessidade de mão de obra especializada e a resistência à mudança por parte de setores mais tradicionais da indústria. Essas limitações, embora significativas, tendem a ser superadas com o avanço da disseminação do conhecimento técnico, a ampliação de pesquisas aplicadas e a redução progressiva dos custos de produção de materiais e dispositivos nanoestruturados.
Com base nas análises realizadas, pode-se afirmar que a nanotecnologia cumpre plenamente os objetivos estabelecidos neste estudo, revelando-se uma aliada estratégica para o aprimoramento dos processos de manutenção industrial. A pesquisa reforça a hipótese de que a aplicação de soluções nanotecnológicas não apenas melhora o desempenho dos ativos industriais, mas também representa um diferencial competitivo para as empresas que desejam se manter atualizadas diante das exigências de um mercado cada vez mais dinâmico e tecnologicamente avançado.
Dessa forma, conclui-se que a nanotecnologia é uma ferramenta promissora e indispensável para o futuro da manutenção industrial. Sua incorporação aos sistemas produtivos possibilita um salto qualitativo nas práticas de conservação de equipamentos, contribuindo diretamente para a eficiência operacional, a sustentabilidade ambiental e a inovação tecnológica das organizações. As contribuições apresentadas por este estudo apontam para a necessidade de ampliação dos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e capacitação profissional, de modo a viabilizar a adoção cada vez mais ampla e eficaz dessas tecnologias nos diferentes segmentos da indústria.
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1Graduanda do curso de Bacharelado em Engenharia de Produção, na Faculdade do Maranhão (FACAM). São Luís, Maranhão, Brasil. Autora.. E-mail: emilyheloyse.ml@gmail.com
2Graduando do curso de Bacharelado em Engenharia de Produção, na Faculdade do Maranhão (FACAM). São Luís, Maranhão, Brasil. Autor. E-mail: rayllonpmartins@gmail.com
3Graduando do curso de Bacharelado em Engenharia de Produção, na Faculdade do Maranhão (FACAM). São Luís, Maranhão, Brasil. Autor. E-mail: iuryllopes00@gmail.com
4Graduanda do curso de Bacharelado em Engenharia de Produção, na Faculdade do Maranhão (FACAM). São Luís, Maranhão, Brasil. Autor E-mail: yagosoaresoriginal@gmail.com
5Graduando do curso de Bacharelado em Engenharia de Produção, na Faculdade do Maranhão (FACAM). São Luís, Maranhão, Brasil. Autora. E-mail: nandaaalves9@gmail.com@gmail.com
6Orientadora. Doutora em Biodiversidade e Biotecnologia. Professora na Faculdade do Maranhão (FACAM), São Luís, Maranhão, Brasil. E-mail: anapaula.facam.tcc@gmail.com
7Graduando do curso de Bacharelado em Engenharia de Produção, na Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). São Luís, Maranhão, Brasil. Co-autora. E-mail: brunas.ferreira1234@gmail.com
8Graduando do curso de Bacharelado em Engenharia de Produção, na Faculdade do Maranhão (FACAM). São Luís, Maranhão, Brasil. Co-autora. E-mail: rosanyteles96@gmail.com