APLICAÇÃO DE JOGOS DIDÁTICOS NO ENSINO DE QUÍMICA: UMA REVISÃO DA LITERATURA

APPLICATION OF EDUCATIONAL GAMES IN CHEMISTRY TEACHING: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202504250952


Jonathan Henrique da Silva Nunes1
Sheila da Conceição2
José Atalvanio da Silva3


RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo de revisão sobre a importância de jogos didáticos para o ensino da química, visto que a inserção destas atividades lúdicas nas aulas de química tem-se mostrado ser um recurso pedagógico com excelentes resultados quando o propósito é estimular o aluno para que ele desperte seu raciocínio, ative seu senso crítico e, por consequência, construa o seu conhecimento participando ativamente das aulas. Trata-se de uma pesquisa descritiva e investigativa elaborada por meio de buscas nas bases de dados Google Acadêmico, Química Nova na Escola, Scielo e ResearchGate, nos meses de fevereiro a maio de 2024. Com a pesquisa realizada, podemos concluir que o uso de jogos didáticos nas aulas de química é uma ferramenta de ensino que contribui para o aprendizado por despertar a curiosidade, desenvolver o senso crítico, estimular a criatividade, a relação interpessoal com os colegas de turma dentre outras habilidades.

Palavras-chave: Lúdico. Química. Pedagógico.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o Ensino Médio (Brasil, 1998), a disciplina de Química, pode ser considerada como instrumento que auxilia o indivíduo em sua formação como ser humano, conduzindo-o no processo de compreensão da sociedade e sendo recíproco com a realidade que lhe é ofertada a cada dia. Uma nova visão da ciência e do conhecimento científico também é válida para a compreensão desta disciplina, que não se define apenas por meio de um corpo de teorias e métodos corriqueiros, mas sim, como padrão teórico social e exultante.

Ainda conforme os PCNs (Brasil, 2000), no ensino de Química devem conter meios que auxiliem aos alunos na compreensão das transformações químicas que ocorrem no mundo físico de forma ampla e contextualizada com cotidiano do aluno, para que assim, o que for ensinado em sala de aula se reflita na prática. É necessário que o educador esteja atento e habilitado para mostrar aos seus alunos o lado lúdico da química para que os conteúdos não sejam vistos de forma isolada, mas como um processo dinâmico, no qual alunos e professores apliquem o conhecimento visto na aula em seu cotidiano.

 […] pode-se dizer que a fácil transmissão de informações não seja o suficiente para que os alunos elaborem suas próprias ideias de forma significativa sobre a química. É indispensável que o processo de ensino-aprendizagem decorra de atividades que contribuam para que o aluno possa construir e utilizar o conhecimento da química na resolução de problemas de seu dia a dia (Brasil, 2000, p. 124).

Visto que o processo de ensino passa por atualizações constantes, se faz necessário o uso de novas metodologias que possibilitem ao aluno desfrutar de aulas mais envolventes, favorecendo sempre a assimilação dos conteúdos ministrados. Desse modo, aplicações de ferramentas inovadoras no processo de ensinar Química podem tornar a aprendizagem dessa disciplina mais interessante e menos entediante, podendo garantir bons rendimentos nas aulas e melhorar a qualidade do que é ensinado e aprendido. As metodologias aplicadas no processo de ensino-aprendizagem estão evoluindo constantemente, desta forma, educadores e alunos, atores do processo educacional, precisam adaptar-se às evoluções (Ausubel, 2003).

O auxílio de atividades lúdicas nas aulas de química pode ser um dos recursos metodológicos usados pelo professor, colaborando para uma educação diferenciada, conduzindo o aluno para seu desenvolvimento social, promovendo meios que estimulam e atraem o estudante para uma evolução em seu processo educacional. De acordo com Soares (2004) e Cunha (2017), como qualquer atividade recreativa, seja qual for o contexto linguístico, podendo desconsiderar o objeto envolto na ação, se envolve regras, essas atividades lúdicas podem ser apontadas como um jogo.

Segundo Kishimoto (1998, p. 147) é de suma importância que o indivíduo se faça presente em atividades lúdicas, como jogos e brincadeiras realizadas por seus educadores, para que o reflexo desses atos seja capaz de desencadear o desenvolvimento intelectual e social do indivíduo. O jogo é também uma forma de socialização que prepara a criança para ocupar um lugar na sociedade adulta. O conhecimento das modalidades lúdicas garante a aquisição de valores para a compreensão do contexto.Diante do exposto, o presente trabalho objetivou realizar um estudo de revisão sobre a aplicação de jogos didáticos no ensino de química. Almejamos que a pesquisa realizada possa contribuir com outros trabalhos que buscam trazer informações de como melhorarmos o ensino de química na educação básica.

2. PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

O presente trabalho é uma pesquisa descritiva, ou seja, é a realização de um estudo com características mais detalhadas sobre a coleta, a análise e a interpretação de dados, não havendo a interação ou envolvimento do pesquisador no assunto analisado, (Gil, 2002, p. 42). A busca e análise dos trabalhos ocorreram entre janeiro e junho de 2024, em plataformas como o Google Acadêmico, Scielo, Química Nova na Escola e ResearchGate. Durante a pesquisa, foram consultados artigos, livros e monografias, com foco em trabalhos publicados entre 2018 e 2024. Foram utilizadas combinações de palavras-chave, como ‘jogos didáticos’, ‘química’, ‘lúdico’ e ‘aplicações de jogos didáticos no ensino da química’. A busca nas plataformas identificou 3859 trabalhos acadêmicos, distribuídos da seguinte forma: 24 obras no Google Acadêmico, 2410 no Scielo, 105 na revista Química Nova e 1320 no ResearchGate. Após uma leitura exploratória dos resumos, pesquisas em outros idiomas e exclusão de obras com mais de 6 anos de publicação, resultamos em 07 trabalhos (Tabela 1) alinhados ao tema e aos objetos desta pesquisa.

 Tabela 1. obras selecionadas para análise nesta pesquisa.

Fonte: Elaborado pelos autores (2024).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados e discussões a seguir referem-se aos 7 (sete) artigos selecionados para estudo neste trabalho de revisão. Portanto, para situar o leitor os artigos discutidos serão identificados por números de 1 a 7, precedidos da palavra “artigo”. A identificação numérica do trabalho é de escolha pessoal dos autores deste trabalho. Para cada artigo selecionado serão identificados seu título, autor, objetivos do trabalho, metodologia, resultados obtidos e conclusões (de acordo com o/s autor/es de cada trabalho).

Artigo nº 1

Título “ATIVIDADES PRÁTICAS E JOGOS DIDÁTICOS NOS CONTEÚDOS DE QUÍMICA COMO FERRAMENTA AUXILIAR NO ENSINO DE CIÊNCIAS”. O trabalho foi escrito por Carbo et al. (2019) e apresenta a realização de aulas com atividades práticas e lúdicas, como, medir massas e volumes de algumas substâncias e calcular sua densidade. Os objetivos do trabalho foram a análise do nível de conhecimentos prévios de Ciências dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola estadual do município de Jaciara-MT com foco nos conteúdos de Densidade e Misturas, bem como a realização de atividades práticas e lúdicas dentro da sala de aula, a fim de maximizar a compreensão do conteúdo.

A investigação de conhecimentos prévios consistiu na aplicação de um questionário semiestruturado sobre possíveis dificuldades e experiências bem-sucedidas de aprendizagem assistida relacionada ao componente curricular: Ciências – Química. O estudo prosseguiu com a aplicação das atividades nas quais os alunos participaram de experimentos práticos para entender o conceito de densidade. Eles mediram massas e volumes de diferentes substâncias e calcularam a densidade usando a fórmula: Densidade = Massa/Volume.

A primeira atividade prática envolveu uma “torre de líquidos”, onde os estudantes puderam compreender por que alguns líquidos flutuam sobre outros. Os materiais utilizados incluíram garrafas de vidro, glicose de milho ou mel, água, óleo de soja, álcool etílico, querosene, corantes e copos de vidro. A segunda atividade foi sobre a “bebida arco-íris de açúcar”, que demonstrou a diferença nas densidades das substâncias, usando gelatinas de diferentes sabores, copos, água e açúcar.

A terceira atividade foi o “afunda ou boia” cujo objetivo foi explorar o conhecimento empírico e aproximá-lo do conhecimento científico. Nessa atividade os alunos questionam por que alguns materiais flutuam e outros não. Além de compreender a relação entre densidade, volume e massa dos materiais. Os materiais utilizados foram: bacia, água, maçã, banana, bastão de vidro, lápis, bolinha de isopor, borracha, feijão cru, esponja, vidro, rolha, pedra e clipe. A quarta atividade foi a “Densidade e os objetos” para explicar a densidade dos líquidos e por que alguns materiais afundam em um determinado líquido. Os alunos usaram: copo, água, mel, óleo, uva, tampinha de garrafa pet, pedaço de esponja.

Na atividade seguinte os alunos prepararam misturas e identificaram o tipo, quantidade de fases e processos de separação. Usando misturas de água, sal (NaCl), álcool etílico, suco em pó, açúcar, óleo, granito, areia, terra, pedra e serragem os discentes realizaram a  separação de componentes das mesmas, utilizando os processos de catação, separação magnética e peneiração.

Na prática de catação foi discutido com os discentes que esta é uma técnica amplamente realizada em diversos lugares, inclusive nas residências dos estudantes. Nesta atividade, materiais como vasilhas de plástico, feijão, pedra, milho e açúcar foram misturados, e uma aluna chamada para separá-los. Já na separação magnética, que ocorre em locais como usinas, indústrias e ferros-velhos, utilizou-se areia, limalha de ferro e um imã para separar a limalha de ferro da areia. Por sua vez, na peneiração, comumente usada em lugares como residências, os materiais como peneira, vasilha de plástico, trigo, pedras e açúcar foram misturados e, em seguida, uma aluna realiza o procedimento de peneiração. 

Além disso, atividades lúdicas, como trilha pedagógica, dominó e cartas, relacionaram os conteúdos trabalhados nas aulas anteriores, envolvendo grupos de 3 ou 4 alunos. Um exemplo é o jogo “Misturas e suas separações iguais”, no qual as cartas apresentam desenhos de métodos simples de misturas, retirados do livro didático. Já o jogo “Dominó de misturas e suas separações” consistia em 24 peças, divididas em 6 representando misturas (homogêneas e heterogêneas) e 6 representando processos de separação. O objetivo era formar 3 pares iguais para ganhar a partida. Cada aluno recebia 7 peças do jogo, e o estudante que ficasse sem peças primeiro seria o vencedor.

O jogo era realizado com 4 discentes por vez, representando seus grupos. A trilha pedagógica foi criada com o objetivo de incentivar a interação entre os estudantes e avaliar os conhecimentos adquiridos durante as atividades propostas. Os alunos foram divididos em grupos, cada um com um representante. Ao percorrer o caminho da trilha, o estudante só avançava uma casa se respondesse corretamente à pergunta selecionada aleatoriamente entre as 30 opções disponíveis. Essa dinâmica proporcionou uma forma divertida e educativa de revisar o conteúdo aprendido.

Posteriormente, foi realizado um segundo questionário, de caráter avaliativo, no qual os alunos deveriam responder se as atividades propostas no trabalho contribuíram para a aprendizagem, enfatizando qual era mais interessante. O estudo constatou que a aplicação das atividades propostas nas aulas de ciências pode auxiliar o processo de ensino de forma positiva, pois proporciona aos alunos mais interação e descontração, o que é benéfico para a aquisição de novos conhecimentos. Os autores concluíram afirmando que independente da metodologia pedagógica utilizada no processo de ensino aprendizagem, os alunos devem ter interesse e vontade de aprender para que as ferramentas lúdicas tenham sentido positivo no ensino de química.

Artigo nº 2

Título “JOGO PEDAGÓGICO PARA O ENSINO DE TERMOQUÍMICA EM TURMAS DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS”.  O estudo foi conduzido por Leite e Soares (2019) e teve como foco turmas de educação de jovens e adultos (EJA) de uma escola pública em Goiás, envolvendo 29 alunos, divididos em duas turmas do 3º e 4º períodos do ensino médio na modalidade EJA.

O objetivo era aplicar um jogo pedagógico chamado “Caminho Termoquímico” para ensinar conceitos de termoquímica. Logo, o jogo utilizado foi chamado de “Caminho Termoquímico”, onde consiste em perguntas cotidianas e científicas relacionadas à termoquímica. A regra é similar a outros jogos de tabuleiros em que participantes avançam no tabuleiro acertando as perguntas relacionadas a um determinado tema que nesse caso era sobre termoquímica.

O jogo foi aplicado em sala de aula, incentivando a participação ativa dos alunos, que saíram de uma posição passiva para ativa tornando o aprendizado mais dinâmico e envolvente. Segundo os autores, no início, os alunos demonstraram resistência ao uso de jogos, associando-os ao lazer e não à educação. No entanto, durante o jogo, os estudantes apresentaram evolução e reagiram positivamente à atividade apresentada.

Dessa forma, Leite e Soares (2019) concluíram que o jogo pedagógico se mostrou eficaz para ensinar conceitos de termoquímica em turmas de EJA, demonstrando que o uso de jogos pedagógicos pode ser uma estratégia eficaz para engajar alunos adultos no aprendizado da química.

Artigo nº 3 

Título  “QUIZ MOLECULAR”: aplicativo lúdico didático para o ensino de química orgânica”. O artigo foi escrito por Silva et al. (2020) e apresenta um aplicativo didático que desenvolveram, chamado “Quiz Molecular”, desenvolvido para dispositivos móveis e aborda o conteúdo de funções orgânicas. A pesquisa envolveu a aplicação, avaliação e validação do jogo com alunos de uma escola estadual de Ensino Médio de Luziânia, Goiás e licenciandos em Química de uma instituição federal de ensino, utilizando-se questionários com perguntas objetivas e discursivas, em uma pesquisa qualitativa. 

Os autores observaram o comportamento e a interação dos alunos com o aplicativo, analisando como os estudantes exploravam as funcionalidades do jogo, quais partes do conteúdo eram mais atrativas e como o aplicativo contribuía para o engajamento dos alunos no estudo da Química Orgânica. Essa observação prévia permitiu que os autores ajustassem o aplicativo para melhor atender às necessidades dos usuários antes de sua aplicação em sala de aula.

O objetivo do aplicativo “Quiz Molecular” é fornecer um software lúdico educacional que pode contribuir com o êxito no processo de ensino-aprendizagem de conceitos científicos, como os conceitos iniciais de Química Orgânica, vistos no terceiro ano do Ensino Médio, auxiliando os alunos na identificação dos grupos funcionais nas fórmulas moleculares de alguns compostos. 

Os autores escolheram 21 fármacos, como losartana potássica, cloridrato de metformina, orfenadrina, sofosbuvir, levotiroxina sódica, dipirona sódica, paracetamol, nimesulida, hidroclorotiazida, ibuprofeno, colecalciferol, rivaroxabana, pantoprazol, citrato de sildenafila, empagliflozina, cefalexina, dapagliflozina, diclofenaco, canagliflozina, levofloxacino e carisoprodol, por ser os mais comercializados no Brasil. O jogo traz tanto a fórmula estrutural quanto a aplicação de cada medicamento.

A coleta de dados foi realizada através de observação e aplicação do jogo, bem como aplicação de questionário. O público envolvido nas pesquisas foram 27 alunos do ensino médio (1º grupo) e 7 alunos de um curso de Licenciatura em Química (2º grupo). Para o 1º grupo, realizaram-se 3 encontros. Os dois primeiros encontros (duração de 50 minutos cada) foram para explicar a proposta do aplicativo com aulas envolvendo conceitos de funções orgânicas. O terceiro encontro (duração de 60 minutos) foi para aplicação e teste do jogo, finalizando com os alunos respondendo um questionário (com 12 perguntas sobre o jogo) de forma individual e anônima. O 2º grupo teve a participação dos 7 alunos de um curso de Licenciatura em Química, os quais responderam o mesmo questionário aplicado aos alunos do ensino médio acrescido de mais duas perguntas.

Os autores do estudo concluíram que o uso de materiais ou recursos tecnológicos nas aulas de química não garante, em última análise, que os alunos aprendam, mas serve como uma ferramenta adicional para auxiliar a aprendizagem, tornando a sala de aula um ambiente mais criativo e benéfico para os alunos. O jogo também auxiliou no aprendizado do conteúdo apresentado promovendo grande interação entre os alunos. Este jogo chamou a atenção de todos os participantes e muitos membros do segundo grupo planejam continuar usando o aplicativo em suas aulas, podendo ser um bom complemento para as aulas de química orgânica. Os autores observam ainda que “O Quiz Molecular” pode ser uma ótima opção para trazer a tecnologia para a sala de aula, visando facilitar a compreensão desse conteúdo tão complexo para os alunos e como dinamizar as aulas.

Artigo nº 4

Título: “ELABORAÇÃO DE UM MÉTODO LÚDICO PARA O ENSINO DE QUÍMICA”: um jogo baseado em células solares sensibilizadas por corante. O presente artigo foi desenvolvido por Magalhães et. al. (2023) . Neste trabalho discutiu-se a importância de diversificar as matrizes energéticas, como a implementação de energia solar, especialmente no ambiente escolar. Os autores destacam que a introdução desses tópicos desde a infância até o ensino médio aumenta a probabilidade de essa orientação ser eficaz na contribuição do entendimento sobre as células solares e seu funcionamento. O trabalho teve como objetivo a produção e aplicação de um jogo em formato de tabuleiro representando uma célula solar sensibilizada por corante (CSSC) como recurso didático na abordagem do conteúdo de conversão de energia.

O jogo permitiu uma fácil visualização de como o processo de conversão de energia é realizado por uma CSSC. Foi apresentado durante o evento de divulgação científica “Café com Ciência”, promovido pela Universidade Federal de São João del-Rei, com bons resultados tanto nos aspectos de jogabilidade quanto na ajuda para entender o tema. Os autores destacam que o jogo pode ser uma ferramenta útil para estudantes e educadores, atingindo todo o seu potencial didático e facilitando a aprendizagem diante de conceitos complexos.

Artigo nº 5

Título: “UM JOGO DE TABULEIRO ENVOLVENDO CONCEITOS DE MINERALOGIA NO ENSINO DE QUÍMICA”. Criado por Benedetti-Filho et al., (2020), o artigo descreve o desenvolvimento e aplicação do jogo de tabuleiro chamado “Minerais”, com o objetivo de ensinar conceitos de mineralogia no Ensino Médio, buscando tornar o aprendizado mais dinâmico e descontraído, incentivando a contextualização e a interação dos alunos com o conteúdo. Após a concepção artística, montagem das peças e definição das regras, o jogo foi avaliado por estudantes de licenciatura em Química.

Posteriormente, o jogo foi apresentado a alunos do Ensino Médio de uma escola pública estadual para analisar sua aplicabilidade e efetividade. Os alunos jogaram o “Minerais”, explorando conceitos sobre minerais, suas propriedades e características. Segundo os autores, o jogo proporcionou uma abordagem lúdica e prazerosa para aprender sobre um tema importante e pouco explorado na Educação Básica. Os resultados mostraram excelente aceitação pelos alunos e contribuição na aprendizagem. Além disso, o trabalho envolveu estudantes de licenciatura em Química, proporcionando a eles a oportunidade de vivenciar a elaboração e aplicação de uma ferramenta lúdica de ensino.

Artigo nº 6

Título: “O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DIDÁTICA PARA O ENSINO DE QUÍMICA NO 1º ANO DO ENSINO MÉDIO”. O artigo foi escrito por Souza et. al. (2018) da Universidade Federal do Pará e da Universidade Federal Rural da Amazônia. O trabalho enfatiza as vantagens de se aplicar jogos didáticos em sala de aula, como mecanismo de reforço dos conteúdos já trabalhados, além de outras conquistas possíveis para os alunos, como socialização, melhoria de sua autoestima e desenvolvimento do raciocínio lógico.

No trabalho, os autores propuseram a elaboração de um jogo didático de tabuleiro sobre elementos químicos, seus símbolos e nomes, intitulado Montando a Tabela Periódica, como forma de se ensinar química de uma maneira mais agradável e atrativa, e usando materiais de baixo custo e de fácil aquisição. A aplicação da atividade lúdica foi justificada pelos autores como uma forma de auxiliar a reverter o quadro negativo atual tanto do ensino quanto da aprendizagem em Química na educação básica. Com a aplicação do jogo os autores esperavam tornar as aulas mais dinâmicas e descontraídas, tornando a Química mais próxima dos alunos do ensino médio. 

O artigo sugere que, ao jogar, o aluno aprende sem perceber, o que pode ser uma estratégia eficaz para melhorar o ensino de Química. Além disso, o artigo também destaca que o uso de materiais de baixo custo e de fácil aquisição pode tornar essa estratégia acessível para a maioria das escolas. Além do aprendizado dos conteúdos de Química, o jogo também visa promover a socialização entre os alunos, melhorar sua autoestima e desenvolver seu raciocínio lógico.

Artigo nº 7

Título EXPLORANDO A QUÍMICA COM JOGOS DIDÁTICOS NO 3º ANO DO ENSINO MÉDIO”: uma abordagem prática para o ensino de Funções Orgânicas, de autoria de Vieira et. al. (2024).

O artigo aborda a dificuldade que os alunos têm em aprender Química, uma disciplina muitas vezes vista como abstrata e desafiadora. Como estratégia para superar essa dificuldade, os autores propõem o uso de jogos didáticos, que além de estimularem a aprendizagem, promovem interação, motivação e criatividade, tornando o ensino e a aprendizagem de química mais dinâmicos.

O estudo teve como objetivo criar e aplicar jogos didáticos para o ensino de Química Orgânica, buscando complementar a atuação do professor em sala de aula, oferecendo suporte na abordagem dos conteúdos e proporcionando aos alunos uma experiência lúdica e coletiva para a compreensão desses temas.

Para a concepção deste estudo, os autores realizaram observações em aulas de Química de quatro turmas do ensino médio de duas instituições de ensino distintas, uma da rede federal e outra da rede estadual ao longo de um período de quatro meses no Instituto Federal do Piauí, Campus Cocal e (outra rede não mencionada pelos autores). O propósito era identificar as áreas em que os alunos apresentavam maiores dificuldades.

A partir das observações, Vieira et. al. (2024) desenvolveram dois jogos didáticos, “Sorte Orgânica” e “Bingo Orgânico”, com o intuito de abordar e buscar sanar as dificuldades identificadas no ensino dos conteúdos de química orgânica. A análise dos dados foi conduzida mediante uma abordagem qualitativa, embasada na descrição, observação e interpretação do fenômeno em estudo, contribuindo para a compreensão e aprimoramento da aprendizagem dos alunos.

Segundo os autores, os jogos proporcionaram uma abordagem envolvente, estimulando a participação ativa e a revisão de conteúdo, modificando a dinâmica da sala de aula, permitindo uma aprendizagem interativa e participativa. A aplicação dos jogos destacou a necessidade de estratégias diversificadas no processo de ensino, encorajando alunos e professores a buscarem métodos mais envolventes. Apesar dos desafios iniciais, os jogos resultaram em uma experiência educacional positiva, ressaltando a importância de abordagens diversificadas no ensino.

4. CONCLUSÕES

De acordo com os trabalhos analisados, foi possível observar que os sete artigos exploram o potencial das atividades lúdicas como ferramenta auxiliar no ensino de Química em diferentes contextos educacionais. Os autores investigam o uso de jogos, dinâmicas e outras estratégias lúdicas para promover a aprendizagem de conceitos químicos, o desenvolvimento de habilidades e a motivação dos alunos. Isto ficou evidenciado no artigo nº 1 de Carbo et. al. (2019) ao demonstrarem que a utilização de atividades práticas e jogos didáticos no ensino de Química contribui para a aprendizagem dos alunos, tornando as aulas mais dinâmicas e motivadoras. 

No artigo nº 2, Leite e Soares (2019) afirmaram que, os alunos demonstraram resistência à proposta, associando jogos ao lazer e não à educação, no entanto, durante a dinâmica, a percepção mudou e os alunos reagiram positivamente a atividade. No artigo nº 3, Silva et al. (2019) o uso do “Quiz Molecular”, no ensino de Química Orgânica, comprovou o potencial da tecnologia como aliada na aprendizagem e no engajamento dos alunos a respeito dos conteúdos de química na educação básica. No artigo nº 3 Silva et al. (2019) desenvolvem o “Quiz Molecular”, um aplicativo lúdico para o ensino de Química Orgânica, comprovando o potencial da tecnologia como aliada na aprendizagem e no engajamento dos alunos.

No artigo nº 4 de Costa et al. (2017) o jogo baseado em células solares sensibilizadas por corante (CSSC) para o ensino de Química, demonstrou bons resultados tanto nos aspectos de jogabilidade quanto na auxílio para entender como funciona a conversão de energia, evidenciando a relevância da contextualização e da interdisciplinaridade na construção do conhecimento. O artigo nº 5 de Benedetti-Filho et al. (2020) forneceu evidências de que o uso de jogos de tabuleiro pode ser uma estratégia eficaz para o ensino de química no ensino médio, contribuindo para a aprendizagem significativa dos alunos, tornando o processo de ensino mais dinâmico e prazeroso.

O artigo nº 5 Benedetti-Filho et al. (2020) fornece evidências de que o uso de jogos de tabuleiro pode ser uma estratégia eficaz para o ensino de química no ensino médio. O jogo “Minerais” se mostrou uma ferramenta promissora que pode contribuir para a aprendizagem significativa dos alunos, tornando o processo de ensino mais dinâmico e prazeroso. 

No artigo nº 6 de Silva et al. (2018), mostrou-se a importância de utilizar materiais de baixo custo na criação do jogo “Montando a Tabela Periódica”, tornando o jogo acessível para escolas com orçamentos limitados, além de ser uma estratégia vantajosa que promove à acessibilidade, a sustentabilidade, a criatividade, e facilita a sua replicação por outros professores. 

Por fim, o artigo nº 7 de Vieira et. al. (2024) os jogos didáticos como a “Sorte Orgânica” e o “Bingo Orgânico”, demonstram ser uma abordagem lúdica e interativa podendo auxiliar na superação das dificuldades frequentes que os alunos encontram no estudo da química.

Assim, diante dos trabalhos estudados, podemos concluir que a inserção de atividades lúdicas, como jogos didáticos, no ensino de química, se configura como ferramenta promissora para o ensino desta componente curricular, apresentando diversos benefícios para a aprendizagem dos alunos. No entanto, é importante considerar que a utilização de jogos deve ter um objetivo bem estabelecido pelo docente para que a atividade além de prazerosa promova o aprendizado. Para isso, acreditamos que é indispensável que os professores da rede pública de ensino tenham oportunidades de participarem de cursos de formação continuada para aprimorarem seus conhecimentos em química, além de estarem em contato com novas informações a respeito de sua área de atuação.

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1Discente do Curso Superior de Licenciatura em Química da Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL Campus I. e-mail: jonathannunes705@gmail.com

2Discente do Curso Superior de Licenciatura em Química da Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL Campus I. e-mail: sheilaconceicao@alunos.uneal.edu.br

3Docente do Curso Superior de Licenciatura em Química da Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL Campus I. Líder do Grupo de Pesquisa em Química Computacional e Ensino de Química – QCEQ, BRAZIL. e-mail: atalvanio.silva@uneal.edu.br