APLICAÇÃO DE CURCUMA LONGA L. COMO COMPONENTE FITOTERAPÊUTICO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7225226


Autores:
Alessandra da Silva1
Layane da Silva Serra2
Prof. Me. Tairo Vieira Ferreira3


RESUMO

Este trabalho tem por objetivo compreender a aplicação terapêutica de Curcuma longa L. Neste sentido, o problema de pesquisa levantado correspondeu a: ‘‘Como as plantas medicinais podem ser aplicáveis em um esquema terapêutico?’’. Para tentar responder tal questionamento, buscou-se inicialmente compreender o aspecto histórico da fitoterapia no Brasil e no mundo, e verificar os achados bibliográficos referentes à Curcuma longa L. e a regulamentação fitoterápica. A metodologia adotada configura-se como uma revisão de literatura, utilizou-se de artigos científicos, legislações, dissertações e banco de dados como SciELO; LILACS e MEDLINE. A Fitoterapia está intimamente atrelada à história da civilização humana e sua aplicação envolve um variado conjunto de plantas e que estas podem ser direcionadas ao tratamento de diversas doenças. Curcuma longa L. é uma erva conhecida em todo o país como açafrão, sendo empregada em práticas medicinais e culinárias. Dentre as substâncias dispostas na planta, boa parte possui o caráter anti-inflamatório e bactericida. O farmacêutico, neste contexto, necessita conhecer as principais propriedades químicas e medicinais de Curcuma longa L. para que todo o potencial da erva seja utilizado em esquemas terapêuticos.

Palavras-chave: Fitoterapia. Plantas medicinais. Açafrão.

ABSTRACT

This study aims to understand the therapeutic application of Curcuma longa L. In this sense, the research problem raised corresponded to: ”How can medicinal plants be applied in a therapeutic scheme?”. To try to answer this question, we initially sought to understand the historical aspect of phytotherapy in Brazil and in the world, and to verify the bibliographic findings referring to Curcuma longa L. and the phytotherapic regulation. The methodology adopted is configured as a literature review, using scientific articles, legislation, dissertations and databases such as SciELO; LILACS and MEDLINE. Phytotherapy is closely linked to the history of human civilization, and its application involves a varied set of plants that can be directed to the treatment of various diseases. Curcuma longa L. is an herb known throughout the country as turmeric and used in medicinal and culinary practices. Among the substances arranged in the plant, a good part has an anti-inflammatory and bactericidal character. The pharmacist, in this context, needs to know the main chemical and medicinal properties of Curcuma longa L. so that the full potential of the herb is used in therapeutic regimens.

Keywords: Phytotherapy. Medicinal plants. Saffron.

1. INTRODUÇÃO

Uma das particularidades do ser humano é a sua constante preocupação em adaptar-se ao ambiente que está inserido e tal característica acompanha a espécie ao longo da evolução. Nos tempos primitivos, toda forma de subsistência alimentar era oriunda exclusivamente da natureza, no entanto, com o passar do tempo, percebeu-se que muitos seres humanos pereciam devido às condições até então misteriosas, sendo que algumas eram remediadas através do uso de plantas.

Nesse momento, ocorria o primeiro contato do ‘‘homem primitivo’’ com uma doença e o remédio que reverteria tal situação (NIÑO, 2007; PRATES, 2014). Destaca-se também que a descoberta de plantas benéficas ocorria de forma paralela a de ervas tóxicas, ou seja, através de tentativas, o ser humano identificava quais plantas eram propícias à alimentação, tratamento e aquelas que não podiam ser consumidas (MATHEUS, 2002; TOMAZZONI; NEGRELLE; CENTA, 2006; NIÑO, 2007).

Os ensinamentos sobre ervas que conseguiam tratar doenças eram repassados entre gerações e as primeiras civilizações empregavam tais plantas basicamente por meio de chás, infusões e compressas; costume perpetuado até os dias atuais. As civilizações chinesas e egípcias são consideradas pioneiras por registrar tal conhecimento. Apenas em meados do século XVIII, os cientistas começaram a estudar de forma mais criteriosa esses tipos de planta (NIÑO, 2007; CAVALCANTE; REIS, 2018).

Posteriormente, foram criados os fitoterápicos, medicamentos formulados com componentes ativos presentes em ervas (FERREIRA et al., 2014). Através da elaboração desses produtos, pôde-se agilizar o tratamento de algumas doenças, todavia, descobriu-se certos efeitos colaterais e algumas contraindicações, a depender do tipo de cada planta e fitoterápico. Assim, a partir do conhecimento e manipulação das ervas medicinais, nasce a ciência descrita como “Fitoterapia” (CAMARGO; PEREIRA, 2013; OLIVEIRA; LUCENA, 2015).

A fitoterapia teve um considerável desenvolvimento após a Conferência de Alma Ata em 1978, onde a Organização Mundial da Saúde (OMS) validou os benefícios de plantas medicinais e fitoterápicos (MATHEUS, 2002; SILVA, 2017). Nas décadas posteriores, as ervas medicinais foram gradativamente incorporadas ao mercado de suplementos alimentares e à indústria farmacêutica. Nesta última, foram observadas diversas propriedades úteis para o tratamento de doenças, como diabetes, obesidade, doenças respiratórias, neurológicas e intestinais (BAHMANI et al., 2016).

Dentre as medicinais corriqueiramente observadas, Curcuma longa L., descrita como plantas açafrão ou cúrcuma (MORETES et al., 2019) apresenta variada aplicabilidade, uma vez que possui substâncias que têm o caráter anti- inflamatório e bactericida úteis a variados esquemas terapêuticos (AGGARWAL et al., 2011).

Este estudo tem como objetivo compreender o aspecto histórico da fitoterapia no Brasil e no mundo; além de verificar os achados bibliográficos referentes à aplicação de Curcuma longa L. como fitoterápico. Este trabalho configura-se como uma revisão de literatura (SEVERINO, 2017), realizado por intermédio da interpretação de textos acadêmicos, como dissertações, monografias e artigos científicos dispostos dos bancos de dados SciELO; LILACS e MEDLINE. Procurou- se utilizar também a ferramenta Google Acadêmico para auxiliar na procura de trabalhos. As palavras-chave utilizadas foram: ‘‘Fitoterápico’’; ‘‘Açafrão’’; ‘‘Curcuma longa L.’’.

Os artigos científicos utilizados estão em Língua Portuguesa e Inglesa, publicados a partir de 2000, disponíveis em texto completo. Dessa forma, foi incluída toda a bibliografia que discutisse sobre fitoterapia e sua associação no tratamento de doenças, influência de Curcuma longa L como fitoterápico. Por sua vez, toda a literatura que não abordasse tais temas foi excluída da elaboração deste trabalho.

Para a coleta de informações, realizou-se uma leitura exploratória, seguida de leitura seletiva para melhor organização e registro de ideias. Enquanto a análise dos dados foi feita com o objetivo de organizar as informações para que possa responder a problemática levantada.

2. FITOTERAPIA

Fitoterapia pode ser definida como a ‘‘terapia que provém do mundo vegetal’’, visto que ‘‘fito’’ é um termo de origem grega e ‘phyton’ corresponde a vegetal (CAVALCANTE; REIS, 2018). Assim, o termo fitoterapia equivale a um modelo terapêutico que utiliza plantas medicinais em variadas preparações (CAMARGO; PEREIRA, 2013). Tais plantas são corriqueiramente elucidadas por disporem de alguma história de aplicação tradicional em uma conduta terapêutica (BRASIL, 2013). O uso dessas ervas é intimamente atrelado com o estabelecimento das primeiras civilizações humanas. Inicialmente, os primeiros povos valiam-se das propriedades das plantas, mesmo que de forma empírica, no tratamento de animais. Essas civilizações também acreditavam que as ervas poderiam auxiliar no tocante ao ‘‘corpo astral’’ de cada pessoa, o que resultaria na cura das doenças (NIÑO, 2007; FERREIRA et al., 2014). Ao longo do tempo, tais conhecimentos foram repassados entre as gerações e entre povos, para melhor aplicação no tratamento de seres humanos (FERRO, 2006; OLIVEIRA; CORDEIRO, 2013).

Um dos primeiros registros sobre fitoterápicos consiste no “Papiro de Ebers” (1.500 a.C), onde há a descrição detalhada sobre formulações e várias drogas envolvendo plantas. Durante a Guerra de Troia (1.200 a.C), relata-se que a planta conhecida como erva-dos-carpinteiros (Achillea millefolium), por exemplo, foi adotada para remediar o sangramento dos soldados (FERREIRA et al., 2014). Posteriormente, no decorrer do período da Grécia Antiga, Idade Média e Moderna, houve um intenso aperfeiçoamento de terapias vegetais, catalogação de plantas e descoberta de novos princípios ativos (FERRO, 2006; CAVALCANTE; REIS, 2018).

O Brasil dispõe de ampla biodiversidade, fato este que possibilita a população utilizar-se do conhecimento e uso de plantas medicinais ao longo de gerações (CAVALCANTE; REIS, 2018). A Fitoterapia Brasileira tem considerável influência da cultura africana e indígena (TOMAZZONI; NEGRELLE; CENTA, 2006; SANTANA et al., 2018). Inicialmente, com o período da escravatura, os escravos trouxeram diversas plantas medicinais empregadas no tratamento de doenças e em rituais religiosos, além disso, possibilitou-se também a disseminação dessas ervas no território nacional. Os índios, por sua vez, possuíam um bom conhecimento sobre a flora local e como utilizá-la em detrimento da situação. O registro inicial a respeito de plantas medicinais no país correspondeu a uma carta escrita por Pero Vaz de Caminha endereçada à Corte Portuguesa (FERRO, 2006).

Reforça-se que, no Brasil, a fitoterapia é fortemente associada à sabedoria popular, e foi amplamente empregada até parte do século XX, onde esta prática sofreu declínio, em decorrência da ascensão de fármacos industrializados (FIGUEREDO; GRUGEL; JUNIOR, 2014). Todavia, a fitoterapia moderna tem ganhado considerável destaque por conta da população procurar produtos naturais, e ao aprimoramento de medicamentos fitoterápicos (HASENCLEVER et al., 2017). Esses medicamentos são aqueles que dispõem de elementos de cunho terapêutico ativos, oriundos de plantas ou demais derivados, como por exemplo, extratos e ceras. Destaca-se também que não pode haver adição de demais substâncias ou associá-las com componentes vegetais (BRASIL, 2013; CAMARGO; PEREIRA, 2013; FERREIRA et al., 2014).

Fitoterápicos têm, por característica, não possuir uma atividade farmacológica imediata, dessa forma, não são empregados em medidas emergênciais. Normalmente, esses tipos de agentes são produzidos por intermédio de percolação, destilação e maceração; para produtos líquidos podem ser empregados água ou etanol. A distribuição pode ocorrer em formas sólidas (pó ou extratos secos), ou líquidas (MATHEUS, 2002).

Tais produtos apresentam considerável importância na saúde pública, uma vez que estudos comprovam sua eficiência em diversos esquemas terapêuticos (FERREIRA et al.,2014). Entretanto, têm-se que alguns não são aconselhados ou contraindicados devido à natureza tóxica da planta ou o consumo em excesso, por exemplo, Foeniculum vulgare Mill (Erva-doce) e Rosmarinus officinalis L. (Alecrim), nos casos de gravidez e lactação. Outras plantas podem desencadear reações hepatotóxicas, como Chelidonium majus L. (Erva-Andorinha); complicações no sistema nervoso central, Artemisia absinthium L. (Losna); e alterações celulares, Symphytum officinale L (Confrei) (TOMAZZONI; NEGRELLE; CENTA, 2006).

2.1 CURCUMA LONGA L.

Um exemplar de planta amplamente empregado como fitoterápico corresponde a Curcuma longa L., pertencente à família Zingiberaceae, popularmente conhecido como açafrão ou cúrcuma (PERES; VARGAS; SOUZA, 2015; MORETES et al., 2019). A erva é nativa do continente asiático, e é aplicável ao contexto medicinal desde o século IV antes de Cristo (SUETH-SANTIAGO et al., 2015).

Quando macerado, o pó é de aspecto dourado e pode ser conhecido como turmérico (Figura 1) (GRASSO; AOYAMA; FURLAN, 2017).

A planta apresenta considerável adaptabilidade a diversos locais do Brasil, sendo que a porção do rizoma é a mais utilizada para aplicação terapêutica. A espécie dispõe de substâncias que possuem o caráter anti-inflamatório e bactericidas úteis ao tratamento de variadas doenças (AGGARWAL et al., 2011; MARCHI et al., 2016).

Quimicamente, o turmérico pode abranger elementos das classes dos terpenos e curcuminoides; de forma que os primeiros são encontrados em óleos produzidos de variadas partes da planta, enquanto os segundo estão dispostos, basicamente, na porção não volátil, como nos rizomas. Nessa porção, salienta-se a identificação de curcumina, desmetoxicurcumina e bisdesmetoxicurcumina, de forma que a curcumina corresponde ao principal elemento encontrado, respondendo por aproximadamente, 2% do peso seco dessas estruturas (LAMEIRA; PINTO, 2008; SUETH-SANTIAGO et al., 2015).

Figura 1 – Curcuma longa L. e estruturação química. Pode-se observar em: (a) Aspectos da flor pertencente ao arbusto; (b) Rizomas frescos; e em (c) Tumérico. Nota-se também a presença da estrutura química de um curcuminoide

Fonte: SUETH-SANTIAGO et al., 2015.

A Farmacopeia Brasileira, em seu segundo volume (2019), aborda de forma completa as características de Curcuma longa L., de maneira que no tocante macroscópico está disposto abaixo (BRASIL, 2019), seguido de imagens ilustrativas.

Em vista frontal, a epiderme possui células de variadas formas e de paredes retilíneas e espessas, com algumas gotas lipídicas. Os estômatos são anomocíticos. Os pelos são simples, uni a tricelulares, longos, de paredes espessadas, muitas vezes caducos e de base nítida, arredondada e espessa. O súber, visualizado por transparência, apresenta células quadrangulares a retangulares, de paredes espessas, com gotas lipídicas. Em secção transversal, a cutícula é delgada e lisa. A epiderme é formada por células achatadas tangencialmente, a maioria tabular, de paredes finas e os estômatos localizam-se um pouco acima das demais células epidérmicas. O súber é constituído por poucas camadas de células retangulares, muito maiores do que as da epiderme, compactas, de paredes suberizadas, enfileiradas radialmente e com gotas lipídicas. As últimas camadas do súber podem estar colapsadas. O parênquima cortical é constituído por células de várias formas e tamanhos, geralmente poligonais, volumosas, com espaços intercelulares evidentes. (BRASIL, 2019, p. 212)

Figura 2 Caracterização macro e microscópica de Curcuma longa L. As escalas adotadas correspondem a: A a 5 cm (régua 1); em B, C e E a 100 μm (régua 2); em D a 1,0 mm (régua 3). De forma geral, observa-se em: A: aspectos gerais de rizomas: bainha foliar (bf); cicatriz anelar proveniente da base da bainha foliar (cia); cicatriz de ramificação lateral (crl); cicatriz de raiz (cra); rizoma lateral (ril); rizoma principal (rip); raiz lateral (rlt). B: detalhe de porção da epiderme, em vista frontal: célula fundamental da epiderme (cfe); estômato (es); pelo (pel). C: detalhe de porção do súber, em vista frontal: gota lipídica (gl). D: esquema do rizoma em secção transversal: cilindro central (cc); cutícula (cu); córtex (cx); endoderme (end); epiderme (ep); feixe vascular (fv); parênquima cortical (pc); parênquima medular (pm); súber (s). E: detalhe de porção do rizoma em secção transversal: cilindro central (cc); célula contendo composto fenólico (ccf); cutícula (cu); córtex (cx); espaço intercelular (ei); endoderme (end); epiderme (ep); floema (f); feixe vascular (fv); grão de amido (ga); gota lipídica (gl); idioblasto secretor (is); núcleo (nu); pelo (pel); parênquima cortical (pc); parênquima medular (pm); súber (s); xilema (x)

Fonte: BRASIL, 2019.

O farmacêutico precisa ter conhecimento sobre as características bioquímicas do fitoterápico, além de saber dos possíveis efeitos adversos e interações medicamentosas. Em relação ao metabolismo, nota-se que a curcumina dispõe de baixa biodisponibilidade, uma vez que é pouco solúvel em água, o que compromete sua absorção. A depender da forma de administração, observa-se a síntese de metabólitos diferentes (ANAND et al., 2008), conforme mostrado a seguir:

Figura 3 Esquema bioquímico dos metabólitos oriundos da curcumina (CUR). Nota-se que a forma de administração altera significamente o elemento secundário formado. Em (13) observa-se a síntese de metabólitos de fase 2 provenientes de quadros de associação com o ácido glicurônico e em (14) com sulfato. Em (15), há a identificação de elementos de redução, como a tetraidrocurcumina e (16) o hexaidrocurcuminol

Fonte: ANAND et al., 2008; SUETH-SANTIAGO et al., 2015.

Os compostos ativos podem atuar nas vias metabólicas envolvendo o ácido araquidônico, pertencente à cascata inflamatória. De maneira mais específica, percebe-se a inibição de moléculas das classes cicloxigenases (COX-2), tromboxanos, lipoxigenases (LOX), fosfolipases, leucotrienos e prostaglandinas (MORETES et al., 2019; ALONSO, 2016). A atividade antioxidante é atrelada à interação da curcumina, com espécies reativas de oxigênio (EROs), por intermédio da doação de hidrogênio, o que inibe a atividade prejudicial às células (SUETH- SANTIAGO et al., 2015).

Além disso, o açafrão pode desencadear ação de fotossensibilização, quando o paciente o utiliza de forma diária, assim tornando-o mais suscetível às alterações na pele, em especial, quando é exposto à luz solar. Menciona-se também o agravamento de problemas estomacais em indivíduos com quadros de hipersensibilidade gástrica (MARCHI et al., 2016). Quando há o consumo por período prolongado ou o uso de alta dosagem, aumenta-se as chances de desenvolvimento de úlceras (ALONSO, 2016).

O uso dessa planta é contraindicado em casos de pacientes que estejam em tratamento com fármacos que afetam a cascata de coagulação (MARCHI et al., 2016). Gestantes, lactantes e indivíduos que apresentam problemas biliares e hemorrágicos também devem evitar o consumo da cúrcuma (ALONSO, 2016).

No tocante às interações medicamentosas, estas podem ser elucidadas como reações de caráter físico-químico, que acontece quando dois ou mais fármacos são consumidos, e a consequência dessa interação pode comprometer o esquema terapêutico em curso. Observa-se também que podem ocorrer interações com alimentos, quando consumidos concomitantemente. O açafrão pode interagir com certos fármacos alopáticos, de maneira que as chances de comprometimento hematológico, metabólico e na absorção de elementos podem ser observadas (SECOLI, 2001; MORETES et al., 2019).

2.2 ASPECTOS REGULATÓRIOS

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) descreve a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos por intermédio da Resolução 5.813/2006, na qual define-se as normativas para uso e possíveis aplicações de fitoterápicos e plantas medicinais no país (BRASIL, 2006).

Além da normativa geral da ANVISA, sabe-se que alguns profissionais da área da saúde estão habilitados a prescrever fitoterápicos (CAMARGO; PEREIRA, 2013). A Resolução 197/97 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) descreve que o enfermeiro é capaz de presecrever produtos fitoterápicos, quando este apresentar a titulação de especialista com carga horária mínima de 360 horas, obtida em um curso reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) (BRASIL, 1997). Posteriormente, a resolução 197/97 foi revogada pela Resolução 0500/2015 (BRASIL, 2015).

Para os fisioterapeutas, a Resolução do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFITO) 380/2010 discorre sobre o reconhecimento das atividades integrativas, de forma semelhante à Resolução COFEN 197/97 (BRASIL, 2010). Ao cirurgião-dentista, é possibilitado o emprego da fitoterapia através da Resolução do Conselho Federal de Odontologia (CFO) 82/2008 (BRASIL, 2008).

A Resolução do Conselho Federal de Farmácia (CFF) 546/2011 permite a indicação, por parte do farmacêutico, de fitoterápicos ou plantas de cunho medicinal, salvo quando o profissional atestar as competências necessárias (BRASIL, 2011). Enquanto que os nutricionistas são, atualmente, regulamentados pela Resolução do Conselho Federal de Nutricionaistas (CFN) 525/2013, que revogou a Resolução CFN 402/2007 (BRASIL, 2007, 2013b).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As plantas de cunho medicinal correspondem a um importante objeto terapêutico, visto que os conhecimentos para suas aplicações estão fortemente difundidos na sociedade. No entanto, ainda existem certas noções que precisam ser esclarecidas à população, especialmente a premissa de que tudo que provém da natureza pode ser bom, uma vez que abre possibilidades para o uso irrestrito dessas plantas, acarretando sérios prejuízos à saúde.

No tocante à Curcuma longa L., observa-se que as substâncias dispostas em seu rizoma contribuem fortemente para a sua aplicabilidade, uma vez que há maior concentração destas, e o uso de tal porção da planta em diversas preparações é realizado há muito tempo. O emprego dessa planta medicinal como fitoterápico é altamente eficaz, visto que suas propriedades bactericida e anti-inflamatória são popularmente conhecidas, dessa forma há uma maior adesão de pessoas.

Além disso, é nítido que toda a terapêutica precisa ser de caráter individual, ou seja, atendendo as particularidades de cada pessoa. Assim, conclui-se que a fitoterapia é um dos elementos fundamentais para a manutenção da saúde, pois integra os conhecimentos da medicina tradicional e científica.

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1Acadêmica do 10º Período do Curso de Farmácia da Faculdade UniBrás de Rio Verde, Goiás

2Acadêmica do 10º Período do Curso de Farmácia da Faculdade UniBrás de Rio Verde, Goiás

3Professor Mestre do Curso de Farmácia da Faculdade UniBrás de Goiás e Orientador.