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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAMETRO – CEUNI
FAMETRO CURSO DE FISIOTERAPIA
Autora:
Marlene Pinto de Santana 1
Orientador:
Denílson da Silva Veras 2
1Bacharelanda do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Fametro – CEUNI/FAMETRO.
2Professor Esp. e Orientador do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Fametro – CEUNI/FAMETRO.
RESUMO
A incontinência urinária pode ser definida como a perda involuntária da urina pela uretra. Este distúrbio é mais frequente no sexo feminino, podendo se manifestar, tanto na quinta ou sexta década de vida, quanto em mulheres mais jovens. Neste sentido, o presente artigo tem como objetivo demonstrar, com base na revisão literária, a eficácia das técnicas de pompoarismo e da eletroestimulação fisioterapêutica no tratamento da incontinência urinária de esforço nas mulheres. Trata-se de uma revisão literária descritiva, comparativa e documental que irá confrontar os principais tópicos analisados nos artigos pesquisados a fim de atenderem ao objetivo esperado. Os resultados evidenciaram que a literatura pesquisada retrata como eficaz o uso das técnicas estudadas no que diz respeito ao tratamento da incontinência urinária, dependendo de qual tipo for. A IU pode ser considerada como uma das novas “epidemias” do século XXI, pois sua presença na população brasileira revela um quadro alarmante e bastante preocupante. Desta forma, conclui-se que o uso da fisioterapia na prevenção e tratamento da IUE é de extrema importância, pois contribui para a reabilitação e reintegração das pacientes junto à sociedade, proporcionando às mesmas, maior qualidade de vida.
Palavras-chave: Técnicas Fisioterapêuticas. Tratamento. Saúde da Mulher.
ABSTRACT
The Urinary incontinence can be defined as the involuntary loss of urine through the urethra. This disorder is more frequent in females and can manifest itself in the fifth or sixth decade of life, as well as in younger women. In this sense, this article aims to demonstrate, based on the literature review, the effectiveness of pompoarism techniques and physical therapy electrical stimulation in the treatment of stress urinary incontinence in women. It is a descriptive, comparative and documentary literary review that will confront the main topics analyzed in the researched articles to meet the expected objective. The results showed that the researched literature portrays as effective the use of the studied techniques about the treatment of urinary incontinence, depending on which type it is. UI can be considered one of the new “epidemics” of the 21st century, as its presence in the Brazilian population reveals an alarming and very worrying picture. Thus, it is concluded that the use of physiotherapy in the prevention and treatment of SUI is extremely important, as it contributes to the rehabilitation and reintegration of patients into society, providing them with a better quality of life.
Keywords: Physiotherapeutic Techniques. Treatment. Women\’s Health.
1 INTRODUÇÃO
A incontinência urinária (IU) pode ser definida como a perda involuntária da urina pela uretra. Distúrbio presente na vida de homens e mulheres, porém com maior incidência junto ao sexo feminino, podendo vir a manifestar-se tanto na quinta ou sexta década de vida, quanto em mulheres mais jovens. A IU é classificada em três tipos principais que são: a Incontinência Urinária de Esforço (IUE), a Urge- incontinência ou Incontinência Urinária de Urgência (IUU) e a Incontinência Urinária Mista (IUM) (HONÓRIO, 2011, p. 53).
A IUE é facilmente identificada quando acontecem perdas involuntárias de urina ao fazer algum esforço como tossir, rir, espirrar ou levantar objetos pesados, muitas das vezes as pessoas com este problema acabam se isolando e evitando interações sociais já que têm medo de ficar cheirando a urina. Porém, existem algumas formas de tratamento que ajudam a reduzir a frequência com que surgem episódios de incontinência e podem, até, parar a perda involuntária de urina (BERTOLDI, 2014, p. 48).
De acordo com Carvalho (2014, p. 07), dependendo do tipo de IU existe determinada forma de tratamento, o da IUE é basicamente o cirúrgico, mas exercícios ajudam a reforçar a musculatura do assoalho pélvico. A cirurgia de Sling, em que se coloca um suporte para restabelecer e reforçar os ligamentos que sustentam a uretra e promover seu fechamento durante o esforço, para o autor ela é a técnica mais utilizada e a que produz melhores resultados.
Oriunda da Índia, na qual as sacerdotisas a utilizavam como rituais sagrados de fertilidade, a milenar Técnica do Pompoarismo (TP), conhecido como o exercício de Kegel, baseia-se no tentrae consiste em exercícios de fortalecimento muscular do assoalho pélvico, que ajudam na prevenção da saúde de homens e mulheres, especificamente, no que diz respeito aos que sofrem de incontinência urinária (MIRANDA, 2017, p. 34).
De acordo com Borges (2016, p. 05), a técnica da eletroestimulação consiste na passagem de pulsos elétricos que devem estimular as terminações nervosas sensoriais e fibras musculares, restabelecendo o equilíbrio e o bom funcionamento das áreas relacionadas à incontinência urinária.
Ao abordar questões pertinentes no âmbito da fisioterapia, especificamente a respeito dos aspectos que envolvem apontamentos e/ou estudos acerca do tratamento da incontinência urinária, este trabalho se torna importante nos contextos científico, social e acadêmico por considerar questões relevantes referentes ao tema em questão. Assim, o presente trabalho justifica-se em razão da disfunção urinária constituir um desconcertante problema de saúde, com repercussão social e econômica, causando problemas de saúde adicionais e piorando a qualidade de vida da pessoa.
Neste sentido, o objetivo deste artigo é demonstrar, com base na revisão literária, a eficácia das técnicas de pompoarismo e da eletroestimulação fisioterapêuticas, no tratamento da incontinência urinária de esforço nas mulheres.
2 METODOLOGIA
A presente pesquisa classificou-se como descritiva, uma vez que a pesquisa descritiva e comparativa, de acordo com Gil (2010, p. 78), é aquela que analisa, observa, registra e correlaciona os aspectos (variáveis) que envolvem fatos ou fenômenos, sem manipulá-los.
Neste sentido, segundo Gerhardt (2011, p. 69), este artigo possui objeto de caráter qualitativo, uma vez que, buscou compreender a totalidade do fenômeno, mais do que a centralização em conceitos específicos, além de possuir escassas ideias preconcebidas e salienta a importância das interpretações dos eventos mais do que a interpretação do pesquisador.
Tratando-se de uma pesquisa com características de revisão literária, as fontes de busca foram constituídas pelos recursos eletrônicos obtidos a partir de pesquisa nas seguintes bases de dados virtuais: GoogleChromee Google Acadêmico, sendo consultados os sites: ScientificEletronicLibraryOnline– (SCIELO); Medical Literature Analysis and Retrieval System Online – (MEDLINE); Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde – (LILACS) e (PUBMED).
Na primeira fase optou-se como critério de seleção e inclusão: obras produzidas e publicadas na língua portuguesa, no período de 2010 a 2019 e que abordavam, especificamente, acerca da temática em questão. Como critérios de exclusão, optou-se por desconsiderar estudos com pouca definição ou que retratassem, única e exclusivamente, apontamentos direcionados ao público masculino.
Após a primeira fase, foram selecionados 03 (três) artigos, das 30 (trinta) obras pesquisadas, quando então se realizou a leitura exploratória, a fim de se triar as matérias mais importantes sobre as técnicas de pompoarismo e de eletroestimulação fisioterapêuticas no tratamento da IUE, voltadas para o aspecto da eficácia do uso dessas técnicas na solução da problemática citada, sendo realizado, em seguida, a leitura analítica e posterior revisão da literatura, a qual pode ser demonstrada no quadro a seguir:
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por se tratar de uma pesquisa de caráter de revisão literária e ao abordar a temática acerca da Incontinência Urinária (IU) é imperioso demonstrar que nas produções científicas pesquisadas, as quais fundamentam o presente trabalho, a questão da IU é mais presente na vida do ser humano do que ele imagina.
Neste sentido, em meio aos 30 (trinta) artigos pesquisados, analisados e lidos de maneira crítica, optou-se pela seleção de 03 (três) estudos, os quais abordam acerca das técnicas de pompoarismo e da eletroestimulação, aliadas aos procedimentos e orientações fisioterapêuticas, voltadas para o tratamento da incontinência urinária de esforço – IUE, direcionadas ao público feminino, assim
sendo, são eles: Oliveira, K. (2018); Cestári, C. (2016) e Miranda, B. (2017), os quais se encontram detalhados e resumidos na Tabela nº 01, a seguir:
Tabela 1 – Demonstrativo dos resultados encontrados para discussão a ser feita.
ANO | AUTOR | OBJETIVO | TIPO DE ESTUDO | RESULTADOS |
2018 | OLIVEIRA, K. | Correlacionar a IUE com a prática e abordagem fisioterapêutica. | Pesquisa bibliográfica em artigos nacionais e internacionais obtida nas bases de dados Lilacs e Medline. | Constatou-se que a fisioterapia através do uso de várias técnicas, tem se mostrado eficaz, tanto na prevenção quanto no tratamento da IUE. |
2016 | CESTARI, C. | Verificar os principais parâmetros utilizados para eletroestimulação como modalidade no tratamento da incontinência urinária de esforço. | Foi realizada uma revisão de literatura nas principais bases de dados, no ano de 2016 e que incluíam os descritores: Incontinência Urinária de Esforço; Fisioterapia e Eletroestimulação. | Foi observado na literatura que as correntes elétricas bifásicas com frequência de 50Hz, aplicadas por 30 minutos em dias intercalados, mostraram bons resultados. |
2017 | MIRANDA, B. | Gerar mais informação e conhecimento sobre a técnica do pompoarismo aliada aos procedimentos fisioterapêuticos. | Pesquisa classificada como aplicada, sobretudo utilizou- se, como técnica de coleta de dados a pesquisa bibliográfica. | Analisando os resultados e as informações, percebe-se que a prática de pompoar agrega muito na qualidade de vida da mulher. |
Para iniciar a discussão dos resultados encontrados nos 03 (três) artigos contidos na tabela acima, recorre-se neste primeiro momento, aos estudos realizados por Henkes, (2015); Carvalho, (2014); Volkmer, (2012), quando pontuam na mesma direção que a IU pode ser considerada como uma das novas “epidemias” do século XXI, pois sua presença na população brasileira revela um quadro alarmante e bastante preocupante.
De acordo com os estudos supracitados pode-se inferir que cerca de 40% da população nacional apresenta algum tipo de IU, sendo essa ocorrência maior nas mulheres, que representam 56% dos habitantes. Esses apontamentos são citados no estudo realizado por Oliveira (2018, p. 26) quando informa que alguns fatores de risco podem estar relacionados com o surgimento dos sintomas de IU nas mulheres, tais como: envelhecimento das fibras musculares, redução da função do ovário após a menopausa, obesidade, gravidez, vários partos naturais e comprometimento do sistema circulatório e nervoso.
Para Miranda (2017, p. 35) a IUE além do comprometimento físico pode trazer alterações psicossociais importantes que afetam significativamente a qualidade de vida da mulher acometida, limitando sua autonomia e reduzindo sua autoestima. Neste sentido, alguns tipos de tratamentos e/ou terapias vêm sendo objetos de estudos por pesquisadores de diversas áreas tratam-se das técnicas milenar do pompoarismo e da eletroestimulação fisioterapêutica.
Segundo as pesquisas de Pernambuco (2013) e Silva (2016) a eletroestimulação consiste na passagem de pulsos elétricos que devem estimular as terminações nervosas sensoriais e fibras musculares. Para Cestári, (2016, p. 44) o sucesso do tratamento da incontinência urinária depende do diagnóstico correto, objetivando-se a correção da disfunção ou alteração que causa a perda de urina. Neste sentido, afirmam os estudos realizados por Souza (2012) e Carmo (2017), com o correto diagnóstico da IUE, o tratamento pode ter uma taxa de sucesso significativa, em torno de 50% das mulheres.
Porém, vale ressaltar que os mesmos resultados não foram considerados satisfatórios para Mendes (2017) e Pereira (2012) quando concluem que através da comparação das médias e variáveis de amplitude e tempo da atividade elétrica muscular, não houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos estudados.
Conforme Cestári (2016, p. 47) a eletroestimulação apresentou-se efetivo na manutenção ou ganho de força muscular, segundo verificou-se nos artigos estudados, estes dados são ratificados por Herrmann (2013) e por Chiapra (2017), a eletroestimulação transvaginal do assoalho pélvico representou uma alternativa terapêutica efetiva e segura às mulheres com IUE sem defeito esfincteriano, com diminuição significativa dos episódios de perda urinária, assim os melhores resultados no tratamento da incontinência Urinária de Esforço são obtidos quando há associação da eletroestimulação com as outras modalidades terapêuticas (CESTÁRI, 2016, p. 53).
Dentro desta perspectiva, a milenar técnica do pompoarismo (TP), conforme elucida Miranda (2017, p. 22) é oriunda da Índia onde sacerdotisas a utilizavam como rituais sagrados de fertilidade e baseia-se no tentra, consistindo no uso de exercícios de fortalecimento muscular da vagina que ajudam na prevenção da saúde da mulher, especificamente no que diz respeito à IUE.
Para Caetano (2017), Carriére (2015) e Fontanella (2011), o pompoarismo é a técnica que consiste em contrair a musculatura vaginal em diferenciados movimentos. De acordo com Miranda (2017, p. 26), trata-se de uma prática milenar, oriunda do sul da índia, na qual é derivada de exaustivos e repetitivos exercícios tântricos, que possuíam a finalidade de serem utilizados em rituais sagrados, os quais possuem como características o exercício do músculo da vagina, de forma que haja contração do mesmo, aumentando assim o prazer feminino, bem como, fortalecendo os referidos músculos para um aumento do controle deles, no momento do orgasmo.
Por esta razão, pode-se constatar que há um índice maior de mulheres que recomendam o pompoarismo como tratamento para IUE, do que as que não recomendam. Dentro da literatura existente, que aborda acerca do tratamento para IUE através da técnica do pompoarismo, encontram-se alguns estudos que revelam resultados favoráveis, por exemplo: autores como Amaro (2015), Gorayeb (2010) e Beuttenmüller (2011), indicam que os benefícios com a prática do pompoarismo são considerados excelentes para saúde feminina.
Segundo Miranda (2017, p. 46) com o evoluir da idade o músculo da vagina começa a se modificar tornando-se mais flácido, como forma de prevenção alguns ginecologistas recomenda exercícios de pompoarismos, para evitar problemas como de períneo. Neste sentido, conforme apontam as pesquisas de Dreher (2010) e Borba (2018), a maioria dos estudos selecionados mostrou-se com alta qualidade metodológica, o que facilita a extrapolação dos resultados para a prática clínica, levando em consideração a aplicabilidade da técnica de pompoarismo.
De acordo com Kadosh (2014) e Silva (2013), ao se fortalecer os músculos tem-se mais terminações nervosas e quanto maior for à quantidade de terminação nervosa, melhor será a qualidade de vida sexual da mulher. Esta afirmativa encontra respaldo nos estudos feitos por Oliveira (2018) e Miranda (2017), quando ressaltam que o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico (MAP) traz vários benefícios para as pacientes, com a possibilidade de garantir a diminuição ou ausência da perda de urina.
Conforme elucida Silva (2019), a melhora ou cura da IUE é demonstrada em diversas pesquisas com base no uso de técnicas como o pompoarismo e a da eletroestimulação. Este entendimento é ratificado nos estudos realizados por Oliveira (2018), Cestári (2016) e Miranda (2017) quando apontam o uso da fisioterapia e de algumas de suas técnicas serem de extrema importância para prevenção e tratamento da IUE, pois contribuem para a reabilitação e reintegração das pacientes junto à sociedade, proporcionando a estas mulheres, uma melhor e maior qualidade de vida.
Sendo assim, mesmo diante de um problema presente na vida das mulheres, desde os tempos antigos, até a contemporaneidade, com o avanço da ciência e da tecnologia, aliadas às tradições milenares, a incontinência urinária pode ser tratada com as técnicas do pompoarismo e da eletroestimulação, uma vez que a literatura, até então produzida e publicada, atestam a eficiência delas no tratamento deste distúrbio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos durante a elaboração da presente pesquisa demonstraram que tanto a técnica milenar do pompoarismo, quanto à eletroestimulação fisioterapêutica, constituem ferramentas eficazes no tratamento da incontinência urinária de esforço, uma vez que esse distúrbio se encontra presente na vida de grande parte das mulheres.
Ressalta-se que cada parte deste artigo foi devidamente pensado e construído a fim de atender ao objetivo geral proposto, que foi de demonstrar, com base na revisão literária, a eficácia das técnicas de pompoarismo e da eletroestimulação fisioterapêuticas, no tratamento da incontinência urinária de esforço nas mulheres.
Neste sentido, entende-se que o sucesso do tratamento da incontinência urinária de esforço depende muito do diagnóstico correto, objetivando-se a correção da disfunção ou da alteração que causa a perda de urina. Assim sendo, com a aplicabilidade das técnicas de pompoarismo e da eletroestimulação, o tratamento tende a ser eficaz na maioria dos casos, conforme demonstrado no estudo da literatura que aborda acerca do referido tema.
Evidente que ainda existem muitas possibilidades de estudo e pesquisa acerca da temática em questão, ainda mais que a ciência e a tecnologia avançam de maneira rápida e com isso surgem novas alternativas de tratamento e recuperação para as pacientes acometidas com incontinência urinária. Mesmo assim, o esforço empreendido na construção deste trabalho é significativo, uma vez que se pode comparar estudos relevantes e verificar que as técnicas apresentadas são eficientes e eficazes no distúrbio analisado.
Desta forma, acredita-se que a presente pesquisa pode abrir novos horizontes para a realização de outros estudos, o que favorece o desenvolvimento crítico dos acadêmicos de fisioterapia, ajuda também na consolidação dos alicerces científicos que necessitam constante verificação e análise, e corroboram para se ter uma sociedade mais saudável e consciente das possiblidades de recursos ao seu dispor.
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