REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10419829
Ivan Santana de Souza
Rudinei Ferreira Oliveira
Orientador: Professor Dr. Roniery C. G. Galindo
Co-orientador: Méd. Vet. Edson R. N. Neto
RESUMO
Neste trabalho de conclusão de curso foi abordado o tema Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) Búfalas sem raça definida. Os primeiros testes de IA no Amazonas foram mostrados em artigos científicos datados desde 1984, quando houve um experimento pioneiro com análise criteriosa da qualidade e validade da literatura relacionada ao uso da IATF, através da seleção de monografias, dissertações, teses, e resumos publicados em jornais, anais de congressos regionais, nacionais e internacionais, revistas especializadas, sites de instituições governamentais e também através da informação verbal de dados não publicados obtidos de especialistas que atuam com a reprodução animal da espécie bubalina na região, somado ao es desempenho do estudo de caso atual, indica-se a necessidade de intensificar e escalar as práticas para obter resultados mais satisfatórios.
Palavras-chave: Reprodução. Bubalinos. Amazonas
ABSTRACT
In this course completion work, the theme Fixed Time Artificial Insemination (FTAI) in Bufallo defined breed was addressed. The first AI tests in Amazonas were shown in scientific articles dating back to 1984, when there was a pioneering experiment with careful analysis of the quality and validity of the literature related to the use of the IATF, Through the selection of monographs, dissertations, theses, and abstracts published in newspapers, proceedings of regional, national and international congresses, specialized journals, websites of government institutions and also through the verbal information of unpublished data obtained from specialists who work with the animal reproduction of the buffalo species in the region, added to the performance of the current case study, The need to intensify and scale up practices to obtain better results is indicated.
Keywords: Reproduction. Buffalo. Amazon
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
IA – Inseminação artificial
IATF – Inseminação artificial em tempo fixo kg – Kilograma
ADAF – Agencia de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas
LISTA DE SÍMBOLOS
% – Porcentagem
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Protocolo de IATF em bubalinas.
LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Dados dos protocolos testados por Ivan Santana e Rudinei Ferreira na Fazenda HM. Fonte: o autor.
Tabela 02. Dados dos protocolos testados por Ivan Santana e Rudinei Ferreira na Fazenda BE. Fonte: o autor. Fonte: o autor.
Aplicação da técnica de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) em rebanhos bubalinos no Amazonas.
1 INTRODUÇÃO
Para manter um intervalo entre partos de 13 a 14 meses em búfalas, a reprodução bem-sucedida deve ocorrer dentro de 85 a 115 dias (d) após o parto. A involução uterina completa e a retomada da atividade ovariana e da expressão de calor geralmente ocorrem por volta de 20-50 dias pós-parto (dpp); portanto, há uma janela de 35-95 dias para recruzar uma bubalina e engravidá-la para manter o intervalo entre partos desejado, daí as terapias hormonais para induzir estro e ovulação em fêmeas bubalinas são estratégias importantes para superar essa sazonalidade (JORGE et al., 2003; PEREIRA et al., 2008; CARVALHO et al., 2016).
Embora a inseminação artificial (IA) tenha o potencial de contribuir significativamente para o melhoramento genético em búfalas, sua aplicação prática tem sido difícil devido à fraca expressão do estro pelas mesmas e à fraca detecção do estro pelos humanos, à duração variável do estro e à dificuldade de prever o tempo da Ovulação (VALE et al., 2006; BARUSELLI et al., 2009).
Mais recentemente, o desenvolvimento de protocolos para sincronização da ovulação e inseminação em tempo fixo (IATF) em búfalas tem sido utilizado para superar essas restrições e poder utilizar de forma mais extensiva a IA em rebanhos comerciais (PERDIGÃO; FERRAZ JÚNIOR, 2022).
No entanto, a ressincronização da ovulação e da IATF continua sendo um problema em rebanhos manejados em condições extensivas por razões semelhantes às acima mencionadas. Assim, muito recentemente, realizamos dois ensaios de campo para estudar a eficácia dos protocolos que combinavam o uso de GnRH, ou benzoato de estradiol (BE), prostaglandina (PGF) e dispositivo liberador intravaginal de progesterona (P4) (PIVD) ou implante auricular de norgestomet para ressincronizar o estro e a ovulação no dia 30 pós IA em bubalinas em condições comerciais (BARUSELLI et al., 2009; CARVALHO et al., 2016).
Portanto, o trabalho teve como objetivo realizar uma revisão sobre IATF em bubalinos, com a intenção de indicar aos criadores na região do município de Autazes no estado do Amazonas, que a IAFT terá a possibilidade de alcançar bons resultados de reprodução mesmo em época sazonal.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Fase do ciclo estral e comportamento na fase estral em búfalas
Compreender os fatores que regulam o ciclo estral em animais leiteiros é uma
Tarefa indispensável de componente na gestão reprodutiva em explorações pecuárias (DRIANCOURT, 2001).
Diversos estudos, como os de Ravinder et al. (2016) e Singha et al. (2022) observaram que a detecção de estro é um grande problema na criação de búfalos devido à expressão inconsistente de sinais de estro em diferentes estações e uma alta prevalência de estro silencioso e pós-parto e anestro nesta espécie levando à baixa eficiência reprodutiva.
Na presente pesquisa foram levados em consideração diversos parâmetros de avaliação do comportamento das fêmeas na fase de estro através de observações diretas foi determinado: inchaço da vulva, presença de muco e despigmentação do adesivo detector de calor sob a influência do aumento do estrogênio, o suprimento de sangue para os órgãos genitais na mulher no aumento do estro, o que causa inchaço da vulva e vermelhidão da membrana mucosa (SHASHIKUMAR et al., 2018).
Nesse sentido, o estudo foi observado a partir de que a maioria dos búfalos (21 – 70%) não apresentou inchaço dos lábios vulvares durante intenso inchaço vulvar e foi encontrado em um número muito pequeno de animais – 9 a 30% (SHASHIKUMAR et al., 2018). Um estudo de Mohan et al. (2010) mostra que a vulva inchada foi o principal sintoma do estro e foi observado em todos os búfalos.
Um segundo estudo atualmente desenvolvido por Singh et al. (2022) mostra que dentre os principais sinais de estro exibidos pelas búfalas, o inchaço vulvar foi representado em 72,2% dos animais. As variações observadas na presente pesquisa provavelmente poderiam ser atribuídas à diferente dieta, condições ambientais, manejo e raça de búfalos.
Além disso, autores como Mahalingam et al. (2019) e Kumar et al. (2021) indicou que entre outros sinais comportamentais de cio mostrados em búfalas após o início do estro espontâneo são frequentes: micção, tônus uterino, secreção de muco, perseguição de touro, apoio de queixo, elevação da cauda e berro enquanto houve presença de muco vaginal em apenas 3 – 10% das búfalas. Os achados destes estudos observados são inferiores aos relatados por Verma et al. (2014), que revelou que 56,38% das búfalas no cio apresentavam secreção mucosa abundante. Da mesma forma, Sharma et al. (2013) apontam que o muco em fêmeas búfalas estudadas durante a fase lútea foi abundante, bastante fluido e adesivo.
Pesquisa de Singh et al. (2022) mostra que entre os principais sinais de estro exibidos pelas búfalas, a secreção de muco cervicovaginal foi representada em 89,9% dos animais. Os dados fornecem evidências de que as fêmeas búfalas estudadas não apresentaram um aumento na secreção de muco vaginal como resultado do aumento no nível de estrogênio.
Nesse sentido, os resultados obtidos denotam que todas as fêmeas búfalas (30
– 100%) não apresentaram algum grau de despigmentação no patch detector de calor. Madkar et al. (2022) em seu estudo utilizado entre o quadril e a cauda de fêmeas búfalas, em um ângulo de 90 graus, para a identificação do estro, revelando que há baixa despigmentação da mancha. Isso é provavelmente atribuído a condições de aglomeração que podem causar comportamento de montagem inferior e ambientes de alta tensão.
2.2 IATF em Búfalas
Os sistemas de produção de bubalinas, como qualquer outro sistema de produção, exigem informações claras e precisas para serem eficientes. Nesse sentido, a informação reprodutiva é a chave para o sucesso ou o fracasso na obtenção de produtos e subprodutos desta espécie (PERDIGÃO e FERRAZ JÚNIOR, 2022).
O ciclo estral de fêmeas bubalinas, em nosso meio ambiente, tem sido pouco estudado, o que gera dúvidas e limitações quando o desenvolvimento de programas de inseminação artificial em tempo fixo – IATF (Fig. 1), protocolos de superovulação, lavagem e transferência de embriões e todos os métodos de reprodução animal assistida que existem atualmente (CASSIANO et. al, 2004; BARUSELLI et al., 2009; CARVALHO et al., 2016).
Fonte: Baruselli et al., 2009; Carvalho et al., 2016).
O búfalo doméstico está agrupado na subfamília Bovideg, gênero bubalus e espécie bubalus bubalis, esta espécie é dividida em dois grupos o bubalus bubalis sp conhecido como River Buffalo ou Dairy Buffalo, com 50 pares de cromossomos, e o bubalus bubalis var chamado de Marsh Buffalo, com 48 pares de cromossomos (ALVARADO, 2012).
A criação e produção desta espécie não tem sido fácil, uma vez que vários aspectos não têm sido totalmente compreendidos, principalmente fisiológicos, genéticos e produtivos. Nos últimos 50 anos, desde 1968, os rebanhos de búfalos aumentaram, globalmente, mais do dobro se muito comparado ao gado. Este aumento baseou-se originalmente na produção de trabalho de animais, para posteriormente observar as evidentes vantagens das búfalas na produção de leite e carne (DI PAOLO, 2021).
O búfalo apresenta morfologicamente o sistema reprodutivo semelhante ao da vaca, porem observa-se diversas diferenças marcantes nos aspectos que incluem comportamento sexual, sinais e sintomas de cio, duração do ciclo estral, o período de gestação e puerpério (BUSTILLOS, 2016).
A espécie bubalina apresenta predominância de duas (52,4%) e três ondas (19,0%) foliculares. Durante o ciclo estral, além disso, é descrito um padrão de crescimento folicular de duas ondas com 63 -83% dos casos, seguido por padrões de três ondas (25 a 33%) e finalmente com 3,3% de padrão folicular (SÁNCHEZ, 2019).
O processo de ovulação em búfalas ocorre em média 21,41 ± 4,56 horas após o término do estro, além disso o intervalo entre o estro e a ovulação é em média 17 horas após a equitação e geralmente ocorre à noite, apresentando intervalo estro-
ovulação em média de 34 horas com intervalo de 24 a 48 horas (SANCHEZ, 2016).
De acordo com Girish et al. (2013) é essencial desenvolver um método fácil e Confiável para detecção e confirmação precisas de calor em búfalos.
No mais, de acordo com Carvalho (2019), adiciona-se que
“A utilização de novilhas em protocolos de IATF é importante pois é sempre necessária a reposição de matrizes nos rebanhos, e é interessante que essas matrizes produzam crias para a viabilidade do processo produtivo (SÁ FILHO, et al., 2010). A sincronização do estro é menos eficiente em novilhas do que em vacas pluríparas, e isso se deve à vários fatores, entre eles o fator fisiológico que pode dificultar a sincronização da ovulação devido aos níveis sanguíneos de progesterona como consequência isso levará à menores taxas de concepção, também por influência da idade e o desenvolvimento inadequado na primeira estação reprodutiva (SILVEIRA, 2014). Um estudo atestou que os níveis de progesterona durante o ciclo são um importante fator de influência, neste estudo um dispositivo intravaginal de progesterona combinado com benzoato de estradiol ou cipionato de estradiol causou atresia do folículo dominante (CARVALHO, 2019)”.
2.3 IATF em Búfalas no Amazonas
Os búfalos representam uma importante fonte alternativa de proteína animal, não só por produzirem carne e leite mais saudáveis, mais também por possuírem uma ótima conversão alimentar, aproveitando melhor as pastagens nativas de baixo valor nutritivo, em áreas de difícil utilização por outras espécies de animais e vegetais. Sua elevada adaptabilidade as condições edafoclimáticas da região amazônica o consagra como uma alternativa viável, por ser um animal capaz de produzir e se reproduzir em áreas adversas e ociosas de pastagens nativas, em terrenos de várzea, onde outras espécies de ruminantes mal conseguem sobreviver (Lourenço Júnior, 2008).
A região amazônica possui uma pecuária bubalina totalmente extensivas e ultra extensivas, face a grande área de várzea que proporcionam um habitat com excelentes condições para criação dessa espécie, respondendo com satisfatória produtividade sazonal nas várzeas constituídas nos pastos nativos da região.
Entretanto Vale et al. (1984) apontaram em seus estudos que a situação na qual se encontra a maioria dos criatórios da região, não traduz o potencial que a espécie poderia render para a economia local.
3. APLICAÇÃO DE IATF NO AMAZONAS
Estudos de IATF foram realizados no Município de Autazes, localizado na Região Metropolitana de Manaus, no Estado do Amazonas, com características edafoclimáticas que permite o uso de sistemas em terra firme e/ou várzea para bubalinocultura leiteira e de corte. Geralmente, o protocolo inicia com a avaliação do aparelho reprodutivo do animal, que foi através da ultrassonografia, através da dinâmica folicular ovariana que auxiliou na eficácia do tratamento combinado de GnRH,PGF e NOR (Norgestomet®) para sincronizar e ressincronizar ovulações em programas de IATF. O protocolo categorizado em D0, D9, D11 e D12, sendo a primeira aplicação no grupo com 10 búfalas na Fazenda HM e o segundo momento, no grupo de 25 bubalinas, da Fazenda Boa Esperança. Seguem a seguir as categorias:
- D0: Aplicação de 2 ml de BE (Benzoato de Estradiol) + Implante DIP (dispositivo intravaginal de progesterona) de 1g.
- D9: retirada do implante + aplicação de 2ml de SincroCP® (Cipionato de Estradiol)+ 1,5 ml de Sincro ECG® (Gonadotrofina Corionica Equina).
- D11: Aplicação de 2,5 ml de Sincro forte® (Acetato de Buserelina). 4. D12: I.A. (Inseminação Artificial)
Em seguida foram efetivamente realizadas ultrassonografias após 30 dias do D12 (anexo 01), e assim tivemos o Diagnóstico de Gestação (DG) nas porcentagens aplicados em nossa pesquisa, alcançou um percentual de taxa de prenhez de 10 e 25 búfalas respectivamente tratadas satisfatório em 60%(6/10) e 52%(13/25) demostrado no anexo 02 e 03 respectivamente, comparado aos aplicados ao longo dos anos na região amazônica, considerando a escolha feita em executar o protocolo em animais sem raça definida, embora em boas condições alimentares e regulares quanto ao controle agropecuário, há uma clara certeza de que a implementação de IA na Amazônia precisa ser difundida, pois dados de 2019 mostram que apenas 0,87 % no rebanho de femeas bubalinas são expostas a protocolos de inseminação. Para o sucesso e crescimento da cultura de criação de búfalos, é importante e necessário escalar a aplicação de reprodução IAFT, tendo em vista o grande potencial explicito da pesquisa. Recomenda-se estudos complementares com maior número de indivíduos e raças em cada tratamento e diferentes locais, a fim de contemplar a variação ambiental que afeta esses resultados.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inseminação Artficial em Tempo Fixo é de suma relevância para o Brasil e para o mundo, e essa técnica de reprodução vem crescendo cada vez mais, pois promove superioridade econômica, tendo em vista que através do melhoramento genético é possível produção de animais com características para melhor produção de leite, com adaptações ao meio, como as condições climáticas. Por isso através desse estudo, podemos concluir que é possível realizar com sucesso, essa técnica no Amazonas, pois mais de % dos animais inseminados alcançaram a prenhez, observamos também que há também desvantagens como o alto custo de investimento inicial, mão de obra especializada, mas o benefício é muito maior, pois os animais gerados através conseguem gerar maiores resultado de produção, entre outras vantagens Por isso que a IATF tem um papel excelente no pecuária e difundi-la é de grande importância, pois os resultados auxiliam de forma compensatória a produção de bovinos, pois nos promovem um melhoramento genético bem assistido e seguro.
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