APLICAÇÃO DA MAMOGRAFIA ESPECTRAL COM MEIO DE CONTRASTE (CESM) COMO FERRAMENTA NO RASTREIO PRECOCE DO CÂNCER DE MAMA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8421436


Natália Lemos Martins1
Flávia Brito Costa2
Thainá Laís Cangussu Silva3
José Américo Hermsdorf Tencatti4
Kauã Lopes Fernandes5
Gustavo Henrique Vieira Almeida6
Chimene Kuhn Nobre7


1 INTRODUÇÃO

O diagnóstico precoce do câncer de mama é um fator determinante na qualidade de vida, no risco de óbito e na sobrevida de um paciente oncológico. Segundo Campos et al., 2022, o Brasil, comparado aos países de alto desenvolvimento, apresenta uma taxa de mortalidade por câncer de mama significativamente elevada em decorrência à detecção tardia da doença.

Em 1913, na Alemanha, despontaram os primeiros estudos sobre a utilização dos artefatos radiológicos nos achados das mamas, essa inovação permitiu correlacionar a anatomia, a patologia e a radiologia na distinção dos achados malignos e benignos. Na década de 1970, em virtude dos primeiros apontamentos sobre o uso seguro do iodo radioativo na mama, a mamografia com contraste alcançou destaque na comunidade médica devido ao seu potencial no rastreamento do câncer (KALAF, 2014; NICOSIA et al., 2023).

Nesse contexto, as técnicas de imagem utilizadas para o diagnóstico de Ca de mama avançaram consideravelmente nos últimos 50 anos, culminando em abordagens sofisticadas como, por exemplo, a mamografia espectral com meio de contraste (CESM). Essa tecnologia apresenta uma alternativa de alta sensibilidade e eficácia no rastreio precoce do câncer de mama. No entanto, é fundamental a compreensão dos impactos que essa estratégia de diagnóstico pode trazer. ‌(DROMAIN; VIETTI-VIOLI; MEUWLY, 2019)

Desse modo, o presente estudo visa investigar a aplicação da CESM como ferramenta no rastreio precoce do câncer de mama. A fim de atingir este objetivo, analisaremos os benefícios, as limitações e os impactos associados ao uso deste instrumento na detecção deste tipo de câncer, bem como sua contribuição para a qualidade de vida e sobrevivência dos pacientes afetados.

2 METODOLOGIA

Para elaboração desta pesquisa, foram utilizadas as bases de dados “Scientific Electronic Library” (SciELO) e “Public Medical Literature Analysis and Retrieval System Online” (PubMed) aplicando-se as palavras-chaves, em português e em inglês, respectivamente: “diagnóstico do câncer de mama”, “evolução da mamografia”, “evolution of mammography techniques” e “contrast-enhanced spectral mammography”.

A fim de garantir o uso apenas de estudos recentes, limitamos a busca a artigos datados entre 2016 e 2023. Após triagem e análise crítica através de leitura dinâmica dos resultados encontrados, foram selecionados artigos com base na relevância para composição deste resumo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A mamografia espectral com meio de contraste abrange tanto a mamografia anual recomendada quanto o exame contrastado suplementar, que são indicados para a triagem de pacientes de alto risco.  E, devido à rapidez, o conforto e o menor nível de ruído do exame, essa técnica de diagnóstico acarreta também em níveis mais baixos de ansiedade. ‌(DROMAIN; VIETTI-VIOLI; MEUWLY, 2019)

Além disso, a mamografia espectral com meio de contraste oferece benefícios adicionais ao reduzir os falsos positivos, uma vez que a utilização do contraste auxilia na diferenciação de lesões benignas de malignas, minimizando os procedimentos invasivos. O paciente submetido a CESM, ainda, é exposto a até 1.5 vezes menos radiação do que em uma mamografia tradicional‌ (JOCHELSON; LOBBES, 2021; BICCHIERAI et al., 2021).

Sob as mesmas evidências, a CESM também apresenta vantagens em relação à ressonância magnética (RM), das quais podemos destacar o menor custo, menor tempo de duração do procedimento, maior tolerância dos pacientes ao exame e maior disponibilidade da técnica. Além disso, a CESM apresenta uma sensibilidade equivalente à da RM, contudo com uma especificidade ainda maior. Essa estratégia de rastreio também é recomendada para pacientes que possuem contraindicações específicas à ressonância magnética, como a obesidade e a claustrofobia. (GHADERI et al., 2019)

Por outro lado, a mamografia espectral com contraste  possui limitações. Dentre elas podemos citar a impossibilidade de estudar implantes mamários, a necessidade de contraste – que pode desencadear reações alérgicas em alguns pacientes, a disponibilidade limitada, o uso de radiação ionizante – o que restringe o uso da mamografia espectral com meio de contraste em pacientes de alto risco, além da impossibilidade, atualmente, de realizar procedimentos intervencionistas guiados por CESM (BICCHIERAI et al., 2021). Da mesma forma, há escassez de estudos e protocolos que padronizam a realização e interpretação do exame (POLAT; EVANS; DOGAN, 2020).  

Desse modo, fica evidente que, apesar das vantagens, há necessidade de uma avaliação criteriosa a fim de determinar a elegibilidade dos pacientes para este procedimento.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A mamografia espectral com meio de contraste é parte integral do futuro do rastreamento do câncer de mama. Essa técnica é especialmente indicada em casos em que a ressonância magnética é contraindicação ou limitação, pois apresenta sensibilidade equivalente a da RM, contudo, com uma especificidade superior. 

A CESM se destaca por ser de curta duração, custos mais baixos, maior disponibilidade da técnica, além da maior tolerância e bem-estar dos pacientes quando comparada a ressonância magnética. Outra perspectiva abrange as limitações do exame, em sua maioria relacionadas ao uso da radiação ionizante e do contraste em pacientes contraindicados. 

Logo, apesar dos pontos negativos, essa técnica de imagem oferece uma série de benefícios e demonstra ser altamente eficaz no rastreio do câncer de mama. Assim, com o avançar da medicina, espera-se a contínua evolução dessa técnica de diagnóstico aprimorando-a e minimizando suas desvantagens.

5 REFERÊNCIAS

NICOSIA, L. et al. History of Mammography: Analysis of Breast Imaging Diagnostic Achievements over the Last Century. Healthcare, v. 11, n. 11, p. 1596, 30 maio 2023.

DROMAIN, C.; VIETTI-VIOLI, N.; MEUWLY, J. Y. Angiomammography: A review of current evidences. Diagnostic and Interventional Imaging, v. 100, n. 10, p. 593–605, out. 2019.

BICCHIERAI, G. et al. A Review of Breast Imaging for Timely Diagnosis of Disease. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 18, n. 11, p. 5509, 21 maio 2021.

CAMPOS, A. A. L. et al. Tempo para diagnóstico e tratamento do câncer de mama na assistência pública e privada. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 43, 2022.

Ghaderi, K.F.; Phillips, J.; Perry, H.; Lotfi, P.; Mehta, T.S. Contrast-enhanced Mammography: Current Applications and Future Directions. Radiographics 2019, 39, 1907–1920.

Jochelson MS, Lobbes MBI. Contrast-enhanced Mammography: State of the Art. Radiology. 2021 Apr;299(1):36-48.

Polat, D. S., Evans, W. P., & Dogan, B. E. (2020). Contrast-Enhanced Digital Mammography: Technique, Clinical Applications, and Pitfalls. American Journal of Roentgenology, 1–12. 


1Acadêmica do curso de Medicina do Centro Universitário FIMCA. E-mail: lemos.nataliam@gmail.com
2 Acadêmica do curso de Medicina do Centro Universitário FIMCA. E-mail: flaviabrico@gmail.com
3thainalais99@gmail.com
4tencatti2@gmail.com
5kauafernandeslopes@gmail.com
6gustavohvalmeida@gmail.com
7Professora orientadora. Professora do curso de Direito da Faculdades Metropolitana, Centro
Universitário FIMCA. E-mail: prof.chimene@fimca.com.br.