APPLICATION OF INTRADERMOTHERAPY IN THE AESTHETIC DYSFUNCTIONS OF OBESITY
APLICACIÓN DE LA INTRADERMOTERAPIA EN LAS DISFUNCIONES ESTÉTICAS DE LA OBESIDAD
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th10249231557
Karen Kelly de Oliveira Silva Mendes1
Wathif Fideles de Souza 2
Hermínio Oliveira Medeiros3
Resumo
Objetivo: O estudo analisou os procedimentos estéticos de lipo enzimática e de injeções lipolíticas utilizadas para a redução de gordura localizada orofacial e corporal. Método: O procedimento usado foi revisão bibliográfica, com abordagem qualitativa, com pesquisa descritiva e explicativa. Resultados: Os estudos relataram que a aplicação da intradermoterapia apresenta resultados rápidos em ambos os sexos, foi afirmado que cada área de aplicação possui sua formulação, dificultando a padronagem nos protocolos, no entanto é possível associar o procedimento a outros tratamentos. Conclusão: A lipo enzimática é um método alternativo para a redução de gordura localizada eficaz e menos invasivo, porem necessita de uma alimentação balanceada e pratica de exercícios físicos regulares para obter resultados satisfatórios.
Descritores: Farmácia estética, Gordura localizada, Lipo enzimática, Obesidade.
Abstract
Objective: The study will analyze the aesthetic procedures of enzymatic lipo and lipolytic injections used to reduce localized orofacial and body fat. Method: The procedure used will be a literature review, with a qualitative approach, with descriptive and explanatory research. Results: The studies report that the application of intradermotherapy presents quick results in both genders, it was stated that each application area has its own formulation, making it difficult to standardize the protocols, however it is possible to associate the procedure with other treatments. Conclusion: A Enzymatic lipo is an alternative method for reducing localized fat, effective and less invasive, but it requires a balanced diet and regular physical exercise to obtain satisfactory results.
Descriptors: Aesthetic pharmacy, Localized fat, Enzymatic lipo, Obesity.
Resume
Objetivo: El estudio analizará los procedimientos estéticos de las inyecciones enzimáticas lipo e lipolíticas utilizadas para reducir la grasa localizada orofacial y corporal. Método: El procedimiento utilizado será una revisión de la literatura, con enfoque cualitativo, con investigación descriptiva y explicativa. Resultados: Los estudios informan que la aplicación de intradermoterapia presenta resultados rápidos en ambos sexos, se planteó que cada área de aplicación tiene su propia formulación, lo que dificulta la estandarización de los protocolos, sin embargo es posible asociar el procedimiento con otros tratamientos. Conclusión: Una lipo enzimática es un método alternativo para reducir la grasa localizada, eficaz y menos invasivo, pero requiere una dieta equilibrada y ejercicio físico regular para obtener resultados satisfactorios.
Descriptores: Farmacia estética, Grasa localizada, Liposucción enzimática, Obesidad.
1 INTRODUÇÃO
A busca constante pelo padrão imposto pela sociedade, é considerado um marco crucial para a manutenção da saúde, para a autoestima, para a obtenção da realização profissional, sexual, social, chegando ao conceito de felicidade e sucesso. O “belo” é definido por um contorno corporal simétrico e harmonioso, tônus muscular firme e pele jovem e perfeita (DAMACENO, 2018).
O corpo com sobrepeso é considerado um transgressor da beleza, persuadindo homens e mulheres a uma busca incessante por procedimentos estéticos com o intuito de corrigir imperfeições e adequação ao padrão de beleza. Um dos maiores meios procurados são os tratamentos estéticos corporais, trato do acumulo excessivo de tecido adiposo, ou seja, a gordura localizada, que é a responsável por despertar um grande incomodo nas pessoas e também um fator de risco para desenvolvimento de diversas doenças crônicas como hipertensão arterial, diabetes mellitus, câncer e doenças cardiovasculares (RINALDI, 2020).
O aumento de peso é caracterizado pela ingestão de calorias excessiva, seja carboidratos, lipídeos ou proteínas, que são convertidas em triglicerídeos no fígado e depositadas nos adipócitos. Sua causa pode ser genética, psicossocial e ambiental, a associação mais comum é com o sedentarismo. O volume de gordura localizada em áreas como a do abdômen, flancos, culote e braços, são devido ao excesso de adipócitos (LIMA, 2017).
Na procura por recursos estéticos não cirúrgicos para diversas disfunções estéticas, e entre elas, a redução de lipodistrofia localizada (gordura localizada), encontra-se a lipo enzimática. Porém, como utilizar a lipo enzimática nas disfunções da obesidade?
A lipo enzimática (intradermoterapia ou mesoterapia) que facilita na quebra de triglicerídeos e liberação de ácidos graxos livres no tecido adiposo, por meio de múltiplas punçoes nas camadas intradérmica ou subcutânea de uma mescla (mistura de substâncias) bem diluída (TIEPPO, 2020).
Diversos autores garantem que a escolha do medicamento, profundidade, seringa, agulha e técnica que serão empregadas vai depender da individualidade de cada caso. Podem ser escolhidas diversas substâncias como enzimas, ácidos nucleicos e hialuronato de sódio, vitaminas, substâncias lipolíticas, minerais, coenzimas e aminoácidos.
A busca constante pelo padrão imposto pela sociedade, é considerado um marco crucial para a manutenção da saúde. E no mercado é encontrado uma grande variedade de cosméticos com os mais diferentes tipos de ativos, dentre eles está a lipo enzimática.
Esse estudo teve como objetivo geral analisar os procedimentos estéticos de lipo enzimática e de injeções lipolíticas utilizadas para a redução de gordura localizada orofacial e corporal. E como objetivos específicos procurasse descrever a utilização da lipo enzimática como redutora de gordura; verificar as técnicas, substâncias lipolíticas, mesclas e indicações; e conhecer a segurança clínica e a eficácia que a lipo enzimática oferece.
O estudo se justificou pela evolução da indústria de beleza, sendo os principais motivos o aumento da expectativa de vida, a preocupação de conservar o aspecto jovem e a procura por produtos e técnicas para satisfação e saúde. Os procedimentos estéticos visam a qualidade de vida do paciente, sua autoestima, bem-estar e satisfação, a indústria da beleza instituiu conceitos entrelaçados a saúde.
O farmacêutico atuante na indústria farmacêutica e cosmética e na estética é regulamentado pelo Conselho Federal de Farmácia que autoriza e o responsabiliza pelas atividades estéticas como consultas, prescrições, orientações e procedimentos estéticos para as mais diversas disfunções estéticas se utilizando de recursos terapêuticos.
A realização correta dos procedimentos executado pelo profissional farmacêutico capacitado pode identificar possíveis interações entre terapia medicamentosa e o tratamento estético, sendo assim, o paciente deve seguir as orientações para que o procedimento resulte em um impacto significativo na estética corporal, solucionando seus problemas relacionados a junção entre a imagem pessoal e conservação de um corpo saudável.
A pesquisa possui sua relevância aos analisar se há estudos recentes na área e se os mesmos são adaptações, inovações ou novos métodos, relacionados aos produtos, protocolos ou métodos de aplicação, contribuindo assim, para a área cientifica com apontamentos positivos ou negativos, sugerindo novos estudos ou revisões de procedimentos.
2 MÉTODO
Segundo Prodanov e De Freitas (2013) a metodologia consiste em estudar, compreender e avaliar os mais diversos métodos para a realização de uma pesquisa acadêmica, e sua aplicação, examina, descreve e avalia procedimentos, métodos e técnicas para uma pesquisa que engloba coleta e processamento de informação, sempre visando a resolução de um problema ou em questões de investigações comprovar sua validade e utilidade.
O estudo se utilizou da abordagem qualitativa, explicada por Zanella (2013, p.35) como, aquela que é fundamentada “principalmente em análises qualitativas, caracterizandose, por base de conhecimentos teórico-empíricos, preocupando-se com a realidade segundo a perspectiva dos sujeitos sem medição de dados”. Essa pesquisa se manifesta no estudo, como embasamento teórico o qual se precede de cientificação.
Esse estudo será do tipo descritivo e explicativo, uma vez que descritiva “procura conhecer a realidade estudada, suas características e seus problemas” e explicativa “é aquela centrada na preocupação de identificar fatores determinantes ou de contribuição no desencadeamento dos fenômenos” (ZANELLA, 2013, p.34).
O procedimento foi revisão bibliográfica, com o intuito da busca do conhecimento pelo levantamento bibliográfico que consiste na pesquisa em materiais já publicados como livros, periódicos, fotos, documentos (PRAÇA, 2015).
Os documentos e materiais foram selecionados através dos seguintes passos:
- Plataformas de pesquisa acadêmica: Google Acadêmico, Periódicos CAPES,
Biblioteca Virtual da USP, Biblioteca Virtual da UNICAMP, Biblioteca Virtual da UFSCar, Repositório Institucional.
- Descritores: Lipo enzimática para obesidade; lipo enzimática para gordura localizada; intradermoterapia; mesoterapia
- Corte temporal: publicação entre os anos de 2016 a 2021.
Os dados foram selecionados por titulação, tipo de pesquisa, ano de publicação, tipo de estudo. A análise se basou em materiais que apresentam conteúdo de conhecimento teórico-empírico, levando em consideração os experimentos, análises e as conclusões dos estudos, criando assim o embasamento teórico o qual se precede de cientificação. Os dados analisados foram descritos em formato de texto com a intenção de responder os objetivos propostos por meio de uma pesquisa complexa e delicada.
Para encontrar os resultados para este estudo foi feita a identificação de estudos para a temática da “utilização da lipo enzimática nos distúrbios da obesidade” e seus similares nas principais bases de periódicos brasileiros: BVS, Capes e SciElo. Submete-los aos critérios de inclusão: idioma português, recorte temporal 2016-2021, texto integral disponível em formato eletrônico gratuito; critério de exclusão: desse modo, foi realizada ainda, uma seleção, eliminando materiais incompletos e repetidos e a qualidade do estudo, levando em consideração a abrangência e se atende a questão norteadora.
3 REVISAO DE LITERATURA
3.1 Morfologia da pele
A pele é uma estrutura biológica e complexa, devido a sua natureza multifuncional, pois segundo Facundo (2014) aparado por diversos autores em seu estudo, o autor afirma que a pele é o maior órgão do corpo humano correspondendo aproximadamente 15% do seu peso corporal, com a principal finalidade de preservar o meio interno em constante equilíbrio, protegendo e interagindo com o meio exterior.
Sendo este um órgão sensorial com uma cobertura de superfície sensitiva, atribuído de uma infinidade de terminações nervosas que provêm sensibilidade ao tato e pressão, alterações de temperatura e estímulos dolorosos. Se tratando de sensibilidade geral, a pele é sua principal fonte (DEMARTINI et al, 2015).
Demartini et al (2015) fazem referência as propriedades mecânicas da pele,
Em relação às propriedades mecânicas, a pele humana tem comportamento visco elástico, ou seja, apresenta características elásticas e plásticas. Devido a esse comportamento, a pele tende não retornar imediatamente no seu estado inicial após ser submetida a uma deformação temporária. Porém quando o limite elástico é ultrapassado, não ocorre o retorno às características originais, então a fase plástica é caracterizada pela deformação permanente do tecido, ocasionando então, a flacidez de pele (DEMARTINI et al, 2015, p.14).
Mangela, Martins (2021) aponta que dentre as diversas funções da pele temos a proteção contra agressões e agentes externos, perda de líquidos essenciais, entrada de agentes tóxicos e micro-organismos lesão por irradiação ultravioleta, forças mecânicas de cisalhamento e variações de temperaturas extremas no meio ambiente. Além da função de sintetização de vitamina D, revestimento, mantem a forma corpórea e permite que os movimentos ocorram sem que haja ruptura dos tecidos devidos suas propriedades mecânicas de elasticidade e plasticidade.
Com a função de hidro regulação realizada por esse órgão, e descrita por Marques, Pereira (2018) como
Condensação, queratinização e a cornificação da epiderme da pele são adequações contra a exposição sucessiva ao ar. Além do que, as camadas externas estão mortas e se parecem com escamas, e uma proteína polissacáride da membrana adere à camada basal à derme. A pele humana é potencialmente impermeável e protege o corpo da desidratação em locais secos, e até mesmo da absorção de água quando envolto em água (MARQUES, PEREIRA, 2018, p.23).
Mittag et al (2017, p.20), pontua sobre a proteção que a queratina proporciona “contra micróbios, abrasão, calor e substâncias químicas, e os queratinócitos estreitamente entrosados resistem à invasão de micróbios, e o sebo que impede os pelos de ressecarem”. E a explicação de regulação homeostática da temperatura corporal onde a pele libere suor em sua superfície, ajustando assim o fluxo sanguíneo na derme.
E a termorregulação, ou seja, regulação da temperatura do corpo,
O calor surge do metabolismo celular, em particular de células musculares que conservam o tônus ou um grau de tensão. A temperatura normal do corpo de 37 graus centigrados é conservada de três maneiras, todas relacionadas com a pele. 1. Por meio da perda de calor radiante pelos vasos sanguíneos dilatados. 2. Através da evaporação da transpiração. 3. Por meio da retenção de calor através vasos sanguíneos contraídos (MARQUES, PEREIRA, 2018, p.23).
Mittag et al (2017), relata que a pele associada a seus anexos forma o sistema tegumentar, um órgão imprescindível, sendo que o seu extermínio total é incompatível com a vida, considera ainda que através da pele expressamos sentimentos, emoções, carinho e demonstramos vários tipos de doenças, coloração, exalação de odores e pela atração física, pois a aparência é um fator significativo perante a sociedade. E Teixeira, Ribas (2021, p.41)
“continua, a pele pálida pode sugerir choque, enquanto pele avermelhada, úmida e quente pode indicar febre e infecção, e uma erupção cutânea pode sugerir alergia ou infecções locais, e texturas anormais da pele podem decorrer de problemas glandulares ou nutricionais”.
De Andrade et al (2021) enfatiza que com o passar dos anos, a pele perde elasticidade, provocando fragilidade, atrofia, perda de vasos sanguíneos, colágeno e gordura. E todas essas alterações desencadeiam o envelhecimento cutâneo, que se justifica pela alteração da estrutura e a função dos órgãos, no caso da pele, modifica-se também seu aspecto.
Acometimentos patológicos do tecido epitelial são encontrados com frequência na população como um todo, onde algumas afecções predominam-se no sexo feminino, outras em ambos os sexos ou masculino, tais acometimentos podem provocar consequências importantes para o paciente devido acarretar transtornos estéticos causando estresse, redução da autoestima e muitas vezes isolamento social e depressão no indivíduo acometido (FACUNDO, 2014, p.16).
Sivieri et al (2021) afirmam que tais alterações estão relacionadas a uma redução do número total das células do organismo e ao funcionamento desordenado das que permanecem e são variáveis de pessoa para pessoa. Na estética o termo é utilizado com o mesmo significado e pode classifica-la não como uma patologia distinta, mas sim, como uma consequência de vários episódios ocorridos de pouca ou nenhuma atividade física, perda grande de peso repentinamente, entre outros. E como resultado a pele tem como principal consequência o seu envelhecimento, acometido por flacidez, ou seja, qualidade ou estado de flácido, mole ou frouxo.
A pele possui espessura de um a três milímetros, modificando-se conforme a localização anatômica, sendo mais espessa nas superfícies dorsais e extensoras do corpo do que nas ventrais e flexoras, e fisiologicamente, a pele é mais delgada na infância e na senilidade. Relatam que um fragmento de pele em torno de 3 centímetros de diâmetro compreende mais de 3 milhões de células, 90 centímetros de vasos sanguíneos, mais de 100 glândulas sudoríparas e 50 terminações nervosas (FACUNDO, 2014, p.16).
Marques, Pereira (2018) explica que a pele é constituída por duas camadas principais de tecido, a epiderme e a derme, que se assenta em uma terceira camada, a hipoderme, tecido celular subcutâneo que une a pele aos ossos e músculos subjacentes e lhes concede vasos sanguíneos e nervos.
Constituída de células dispostas em camadas: Basal, corpo mucoso, granulosa e cornéa; nas regiões da palmoplantares existe uma quinta camada situada entre a granulosa e a cornéa. Os melanocitos, de origem neuroectodermica, dispõem-se entre as células da camada basal na proporção de 1:4 a 1;8. As demais células componentes das demais camadas recebem a denominação de queratinócitos (MARQUES, PEREIRA, 2018, p.24).
A derme é uma camada espessa constituída de tecido conjuntivo, fibroblastos, escassas células adiposas, vasos linfáticos e sanguíneos, nervos, fibras elásticas, reticulares, colágenas e glândulas, proporciona maior parte da resistência da pele e encontra-se entre a epiderme e hipoderme. Possui uma ampla vascularização sendo os fibroblastos os responsáveis pela formação de uma estrutura gelatinosa, amorfa e de fibras colágenas e elásticas compreendendo as principais células dessa camada (DE ANDRADE et al, 2021).
A derme se divide em derme papilar e derme reticular. Sendo a porção papilar mais externa e delgada, composta por tecido conjuntivo frouxo com fibras colágenas e elásticas, que em conjunto, formam uma rede irregular, as papilas dérmicas, possui intensa vascularização nutrindo a epiderme por meio de difusão. A derme reticular é mais profunda e espessa, são formadas por tecido conjuntivo denso não modelado, menos vascularizado, possui feixes de fibras colágenas entrelaçadas responsáveis pela elasticidade e resistência à compressão (DE ANDRADE et al, 2021).
Hipoderme ou tecido celular subcutâneo, não faz parte da pele, apenas lhe serve de união com os órgãos subjacentes. O limite entre a derme e a hipoderme é a transição abrupta entre o tecido conectivo dérmico predominante fibroso para o tecido adiposo rico, elas são bem integradas pelos padrões vascular e nervoso pela continuidade dos apêndices epidérmicos. Responsável pelo deslizamento da pele sobre as estruturas na qual assenta-se, além de servir como depósito energético, isolante térmico, modelagem da superfície corporal, absorção de choques auxilia também na fixação dos órgãos e como proteção da pele (BERNARDO et al, 2019).
3.1.1 Tecido adiposo
O tecido adiposo é classificado por Rosa et al (2019) como reservatório energético do organismo, complexo e dinâmico que exerce uma variedade de funções nos sistemas em nível celular, tecidual e sistêmico, com efeitos cardiovasculares profundos, caracterizada pela atividade endócrina. E descrito por Raposo (2020) como órgão multi depósito o qual possui dois compartimentos sendo um abaixo da pele (depósito subcutâneo) e junto às vísceras (depósito visceral), e nos mamíferos o tecido adiposo apresenta características morfológicas e funcionais.
O desenvolvimento irregular do tecido conjuntivo adiposo pode ser de origem genética, postural ou circulatória, a alteração das células adiposas é caracterizada como um distúrbio no metabolismo de gordura ou crescimento anormal de gordura na hipoderme, acometendo principalmente quadris, oblíquo, abdômen e coxas, denominada como gordura localizada ou lipodistrofia localizada (SEVERO, VIERA, 2018).
O tecido adiposo possui flexibilidade para expansão, redução ou transformação, dentre suas funções estão o armazenamento de calorias em forma de lipídios e o controle da homeostase energética; regulação do sistema reprodutivo através do fornecimento de nutrientes e da sinalização do eixo hipotálamo-hipófise – gônadas, proteção mecânica e térmica (LIECHOCKI, Sally et al, 2018).
No entanto, o tecido adiposo apresenta três tipos de gorduras, as quais são classificados mediante coloração: gordura marrom (TAM-tecido adiposo marrom; BAT- brown adipose tissue), gordura branca (TAB-tecido adiposo branco; WAT, white adipose tissue) e a gordura bege ou brite (TAb- Tecido adiposo bege; bAT-brown-like adipose tissue) (ROSA et al, 2019).
O TAB está diretamente relacionado à obesidade, o TAM, por apresentar alta capacidade oxidativa, pode influenciar no aumento da taxa metabólica corporal, podendo reduzir a obesidade (RAPOSO, 2020).
Rosa et al (2019) diz que a atividade do TAM parece ser metabolicamente protetora, levando os substratos metabólicos para oxidação, já o TAB teria uma associação as “alterações metabólicas sistêmicas, a hiperglicemia, a resistência insulínica e a dislipidemia, desregulação do apetite, na coagulação, imunidade e metabolismo lipídico, reprodução, angiogênese, fibrinólise, homeostase do peso corporal e controle do tônus vascular” (ROSA et al, 2019, p.32).
Nesse contexto, o TAB é o tecido central no desenvolvimento da obesidade e suas comorbidades associadas, como consequência da ingestão excessiva de energia, que causa a expansão do tecido aumentando o tamanho e número de adipócitos, de hiperplasia (aumento no número de células) ou hipertrofia (aumento na área/volume das células) dos adipócitos, respectivamente, gerando um estado inflamatório de baixo grau (SAULLO, 2021).
O TAB é responsável pelo contorno corporal que diferencia o corpo do homem e da mulher, sendo o aumento de gordura em determinado local pode se dividir em dois tipos:
“hipertrófica, quando ocorre o aumento do tamanho da célula adiposa e hiperplásica onde há o aumento do número de células adiposas” (RORATTO, ZIMMERMANN, 2018, p.15).
O TAB era visto apenas pela função de armazenar o excesso de gordura, mas após a descoberta da leptina foi comprovado que esse tecido secreta moléculas, conhecidas como adipocinas, que estão envolvidas nas funções fisiológicas e metabólicas do corpo. Até o momento, mais de 50 adipocinas são conhecidas, responsáveis pelas funções autócrina, endócrina e parácrina do TAB (NASCIMENTO, 2021).
Segundo LIECHOCKI et al (2018) os adipócitos do TAB apresentam grande capacidade de crescimento, podendo variar de 30 μm a 130 μm e sua capacidade metabólica está diretamente associada ao seu tamanho.
A descoberta de que os adipócitos eram capazes de secretar diversas citocinas/quimosinas e hormônios, elevou a importância do tecido adiposo branco a um novo patamar, sendo considerado um órgão capaz de modular e interagir com o sistema neuroimunendócrino (LIECHOCKI et al, 2018, p.12).
Considera-se atualmente que a localização do depósito de tecido adiposo e não só o aumento excessivo desse tecido é a maior complicadora do quadro de obesidade e comorbidades. O tecido adiposo branco está distribuído em diversos sítios anatômicos e varia em relação à estrutura, perfil de expressão gênica, inervação, oxigenação, suporte de nutrientes, entre outros (RORATTO, ZIMMERMANN, 2018).
A relação direta do tecido adiposo com a obesidade é há muito tempo conhecida, uma vez que a função primordial desse tecido é o estoque de energia na forma de gordura. As evidências da presença de tecido adiposo com capacidade termogênica em humanos adultos revolucionaram o estudo dos adipócitos e seu tecido, revelando um potencial órgão alvo no tratamento da obesidade (RAPOSO, 2020).
No entanto, sempre que um indivíduo excede a ingestão da quantidade de caloria em relação ao seu gasto energético diário, a energia acaba sendo reservada em forma de gordura. Sendo a obesidade caracterizada pelo excesso de tecido adiposo no organismo, detectado através de métodos como o IMC (índice de massa corpórea, peso/altura2) o mais utilizado e a DCT (medida da dobra cutânea do tríceps), a escolha leva em consideração o sexo, idade e maturidade sexual (NASCIMENTO, 2021).
No mundo, o ambiente que se vive, é grande responsável pelo conjunto de fatos que contribuem para a doença, com hábitos dietéticos, sedentarismo e fatores psicossociais, responsáveis por 95% dos casos. Cerca de 5% dos pacientes obesos exibirão alguma causa identificada sendo 2% associados a síndromes genéticas raras, e o restante a causas endócrinas e secundárias a medicamentos (MORETZSOHN et al, 2016).
RNPI (2013), define o excesso de peso, adicionalmente, aumenta o risco de distúrbios ortopédicos, neurológicos, pulmonares, gastrointestinais, endócrinos, dermatológicos e hepáticos, além de estar relacionado a diferentes consequências psicossociais como discriminação, imagem corporal negativa, exclusão social e depressão.
Mediante estudos da ABESO – Associação Brasileira para o estudo da obesidade e da síndrome metabólica (2016), a obesidade, pode desencadear doenças associadas, desta forma, o tratamento implica melhora ou resolução das demais doenças, sabe-se que o tratamento clínico (mudança de estilo de vida e medicamentos) reduz em média 10% do peso corporal, e o tratamento cirúrgico da obesidade reduz em média 30% do peso corporal.
A gordura localizada afeta negativamente grande parte da população ao se tornar um enorme problema para quem se preocupa com sua forma física, sendo as deformidades estéticas e funcionais do abdômen derivadas de causas genéticas e adquiridas, como obesidade, aumento de peso, gestação, dentre outras. Estão presentes flacidez cutânea, acúmulo localizado de gordura e diástase dos músculos reto abdominais, causando efeitos negativos psicológicos, fisiológicos e estéticos nos pacientes (RAPOSO, 2020).
O armazenamento de gordura localizada depende do gênero, sendo nos homens na região abdominal na maioria dos casos, e, nas mulheres na região gluteofemoral, por representar áreas de menor atividade metabólica. Contudo, é interessante frisar que as mulheres que estão no período de mudanças como a menopausa ou que já passaram, tendem a apresentar taxas hormonais baixas, o que interfere no acúmulo, metabolismo e consequentemente disposição da gordura corporal, que muitas vezes se torna uma gordura de aspecto androide e não mais ginoide (NASCIMENTO, 2021).
Desse modo, conseguimos propor de forma decrescente as partes do corpo dos homens e das mulheres que apresentam um gasto energético maior durante o exercício físico. Ou seja, no homem, durante o exercício físico o gasto energético começa maior no abdome > tronco > braços > pernas, enquanto que na mulher o maior gasto energético começa nos braços > tronco > pernas (LIECHOCKI, Sally et al, 2018).
3.2 Lipo enzimática aplicada as disfunções da obesidade
Um tratamento intradermoterapico em conjunto com uma reeducação alimentar exercício físico regular e/ou tratamento medicamentoso com o tratamento intramuscular de lipo enzimática, corroboram para um emagrecimento mais rápido, ou seja, “diminuir a camada de gordura em localizações como abdômen, pálpebra inferior, pescoço, glúteo ou coxas, recebendo indicações para o tratamento de lipodistrofia ginóide, e gordura localizada” (RORATTO, ZIMMERMANN, 2018, p.12).
Conhecido como tratamento cosmético minimamente invasivo e não cirúrgico, pertencente à medicina homeopática, este procedimento minimamente invasivo denominado atualmente como Lipo Enzimática (mesoterapia ou intradermoterapia) oferece resultados rápidos e satisfatórios, de baixos riscos e possibilita a volta imediata para as atividades do dia a dia do paciente, não é uma atividade privativa do médico e nem considerada como invasiva. Para sua realização o profissional deve ter formação e estar habilitado para realizar o procedimento (SEVERO, VIERA, 2018).
A Lipo enzimática é um procedimento que consiste na aplicação, diretamente na região a ser tratada, de injeções intradérmicas de substâncias farmacológicas diluídas. A derme tornar-se-ia, então, um reservatório a partir do qual os produtos ativariam receptores dérmicos e se difundiriam lentamente, utilizando a unidade micro circulatória. A nomenclatura mais conhecida para este procedimento é mesoterapia, que consiste em injeções intradérmicas ou subcutâneas de um fármaco ou de uma mistura de vários produtos, chamada mélange (DIARIO OFICIAL DA UNIÃO, 2015, p.101).
Atribui-se a lipo-enzimática o aumento da produção de colágeno, elastina e ácido hialurônico, resultando em melhoras qualitativas e quantitativas na pele. A lipo enzimática é conceituada como à aplicação de injeções intradérmicas com a distância entre as puncturas variando de 1 cm até 4 cm, a técnica de introdução da agulha na pele, varia entre os profissionais, podendo ser perpendicular ou formando um ângulo de 30 a 60 graus. A periocidade das aplicações pode ser semanal ou mensal, e o número de sessões varia de quatro a dez, sua manutenção poderá ser efetuada após seis meses, na região a ser tratada, de substâncias farmacológicas muito diluídas. As substâncias mais utilizadas para a lipo enzimática, são compostas por associação de produtos (DE ANDRADE, et al, 2021).
Roratto e Zimmermann (2018) orientam que as mesclas devam ser manipuladas visando as particularidades de cada paciente em suas disfunções estéticas considerando a ação de cada fármaco. Os fármacos por sua vez possuem classificação em lipolíticos, termogênicos e vasodilatadores, os quais atuam e auxiliam no tratamento de disfunções estéticas, como a gordura localizada, celulite, estrias, flacidez e também no tratamento capilar, conforme apresentado no Quadro 1 (RORATTO, ZIMMERMANN, 2018, p. 20).
Quadro 1 – Princípios ativos utilizados na lipo enzimática
Fonte: (SEVERO, VIERA, 2018).
Damaceno (2018) explica que a ação da lipoenzimática ocorre de duas formas: a primeira chamada de atividade de curta distância, e a segunda de longa distância é quando o fármaco é injetado na derme, vai para a corrente sanguínea percorrendo a grande circulação, alcançando órgãos e outros tecidos. Portanto 50% da quantidade de fármacos injetados a menos de 4mm de profundidade permanecem no ponto de injeção após dez minutos, entretanto 16% dos fármacos injetados a mais de 4mm, permaneceriam no local após 10 min, demonstrando assim a difusão empírica dos princípios ativos, pois não se sabe de fato como ocorre precisamente essa ação no corpo humano.
Até então, não existem estudos clínicos suficientes para que órgãos responsáveis aprovem a comercialização e/ou permitam pesquisas que comprovem a eficácia do produto para o uso estético, pois segundo Lemes (2018) o desoxicolato utilizado originalmente na redução de lipomas, vem sendo utilizado como solvente da fosfatidilcolina, induzindo necrose tecidual, inflamação e redução de volume da membrana celular.
Em 2010, a ANVISA proibiu no Brasil o uso de lipostabil® e desoxicolato para redução de gordura localizada (ANVISA, 2010), sendo este último posteriormente regulamentado para uso de biomédicos e esteticistas devidamente habilitados, conforme dispõe a Resolução nº 214/2012.
Visando a segurança clínica, a solicitação de exames laboratoriais nos tratamentos estéticos tende a afirmar que a estética além de cuidar do bem-estar e da beleza do paciente cuida da saúde como um todo. Os exames laboratoriais, antes e após o tratamento, são importantes para a verificação e indicação de intervenções mais adequadas ao paciente; eles alertam, também, para qualquer risco à saúde do paciente e até podem orientá-lo a respeito de qualquer alteração — além de acompanhar a evolução do tratamento (TEIXEIRA, RIBAS, 2021).
A finalidade da solicitação de exames é devido à eficácia dos resultados, pois, por meio dos exames laboratoriais, podemos obter uma visão antecipada sobre as condições biológicas do paciente. Exames laboratoriais certificam as condições fisiológicas imprescindíveis aos pacientes, para que se haja o máximo da eficiência do tratamento e não o prejuízo à saúde, não caracterizando, portanto, uma determinação do quadro do indivíduo avaliado. Os estresses físicos e mentais também influenciam as concentrações de muitos elementos do plasma, inclusive cortisol, aldosterona, prolactina, TSH, colesterol, glicose, insulina e lactato (TEIXEIRA, RIBAS, 2021).
Existem contraindicações (Quadro 2) para alguns tratamentos estéticos, como:
diabetes, gravidez, hipercolesterolemia, disfunções hepáticas, renais, hormonais, reações inflamatórias, processos alérgicos, hipertensão, entre outras. Ao analisarmos um exame laboratorial e nos deparamos com um paciente com um quadro acentuado de resistência à insulina, ele não poderá ser submetido a sessões de procedimentos para redução de gordura localizada; o mesmo acontece com um paciente aparentemente saudável com distúrbios de coagulação e hemostasia — que nem ele mesmo tem conhecimento — ser submetido à lipo enzimática ou técnica de micro agulhamento (TEIXEIRA, RIBAS, 2021).
Quadro 2 – Contraindicações e suas classificações
Contraindicações absolutas | Contraindicações relativas |
alergia a algum medicamento da mescla, infecção no local a ser tratado, doença sistêmica sem controle, estados e atopia respiratória (asma, bronquite), gestação | uso de medicamentos que alteram a coagulação, doença sistêmica que impeça o uso de algum componente da fórmula. Ainda há condições que impem a realização desta técnica temporariamente, são os casos de infecções virais sistêmicas, estados febris e uso de antibióticos, situações em que o bom senso pede para interrompermos o tratamento até a resolução do quadro infeccioso |
Fonte: SEVERO, VIERA, (2018).
Existem produtos injetáveis que são prescritos para o uso mesoterápico, pelo risco de necrose cutânea. São as substâncias alcoólicas ou as oleosas. Após o procedimento é importante realizar massagem no local da aplicação, para evitar a formação de nódulos (SEVERO, VIERA, 2018).
4 DISCUSSÃO
Os estudos de Pitanga (2020) são referentes as aplicações de enzimas em homens com resultados rápidos e eficazes, por meio da aplicação de ativos, principalmente o desoxicolato de sódio, que geram um processo inflamatório, podendo ter como efeito colateral inchaço e roxidão na região aplicada com agulhas. No estudo foi constatado que após o tratamento injetável por 5 semanas houve a redução de 13cm de circunferência. A concentração aplicada não foi informada, no entanto, afirmou-se que a utilização da concentração segue os limites da ANVISA, e, é de acordo com o tamanho da quantidade (prega) de gordura localizada. No entanto, não foram encontrados registros de limites.
Severo e Viera (2018) considera a lipo enzimática como procedimento minimamente invasivo, que utiliza substâncias ativas lipolíticas, termogênicas e vasodilatadoras, sendo possível encontrar mesclas prontas para cada distrofia estética. Porem alerta para que haja uma formulação única que atenda as particularidades de cada indivíduo, assim como, as contraindicações e efeitos colaterais. As autoras asseguram que se pode associar a lipo enzimática a outros procedimentos como ultrassom, drenagem linfática, realização de exercícios físicos e consumo de fármacos. A lipo enzimática também pode ser associada a outros procedimentos, como, o ultrassom, drenagem linfática e a combinação de fármacos. O exercício físico aliado a uma alimentação saudável tem sido indicado como um mecanismo para a redução da gordura corporal e do sobrepeso. Na restrição moderada do consumo energético juntamente com a realização de exercícios específicos para a perda de gordura.
Varela (2018) caracteriza a intradermoterapia como método com variáveis formas de aplicação, seja por seringas e agulha, micro agulhas, pistola automática infiltrações subcutâneas de substâncias farmacológicas altamente diluídas, respeitando o ângulo de 15º a 60º com profundidade máxima de 4mm e distanciamento de 1 a 4cm por punção. Os volumes aplicados nos locais devem ser pequenos por cada punctura, as mélanges podem apresentar volumes de 4 a 10 ml por sessão, sendo no mínimo 4 no máximo 10 por mês. A autora também cita a combinação da lipo enzimática com outros tratamentos que possuem em sua primícia técnicas que se baseiam na fisiologia do tecido adiposo, como a carboxiterapia, radiofrequência e ultrassom.
Wappler (2020) preconizou a ênfase farmacêutica em seu estudo, este por sua vez afirma que o tratamento de lipo enzimática não possui um padrão metodológico, mas possui em comum a realização de aplicações de uma ou mais substancias (mélange), a profundidade é de até 4mm, e seu ângulo pode variar entre 30 a 90º, com distanciamento de 1 a 4cm e podendo ser realizada até 10 sessões (semanal ou mensal). A composição da mélange segundo a autora depende do tipo de disfunção estética, sendo possível utilizar anestésicos, ativos lipolíticos, vitaminas, corticosteroides, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e relaxantes musculares. As complicações segundo a autora são incomuns e possuem poucos relatos.
Unyleya (2021) considera a gordura corporal como detentora de reservas energéticas, equilibradora da temperatura corporal, transportadora de vitaminas e protetora de órgãos vitais contra choques. No entanto, a hiperlipodistrofia é o aumento exagerado e anormal da gordura proveniente da alimentação, sendo armazenada em forma de triglicérides nos adipócitos. Orienta-se então, que para redução da lipólise do tecido adiposo subcutâneo abdominal em muitos casos a reeducação alimentar, exercício físico regular, tratamento medicamento, podem ser associados a lipo enzimática por ser um tratamento menos invasivo com resultados positivos, sendo possível, por meio dessa junção obter um aceleramento no emagrecimento do indivíduo. Sendo necessário que nessa associação seja levado em conta os fatores etiológicos que desencadearam a hiperlipodistrofia (genéticos/hormonais, qualidade de vida) e considerar o índice de massa corpórea e as medidas de circunferência.
Damaceno (2018) diz que para melhor obtenção de resultados imediatos para gordura localizada é utilizando as injeções intradérmicas com a técnica de lipo enzimática com substâncias farmacológicas muito bem diluídas com ação lipolítica (desoxicolato de sódio ou fosfatidilcolina). As micro injeções de substâncias farmacológicas diluídas são consideradas infiltrações subcutâneas sendo um mecanismo capaz de incitar o tecido por receber os medicamentos, tanto pela ação da punção, quanto a própria ação dos fármacos. A autora especifica que a agulha deve ser de Lebel com 4mm de comprimento, a aplicação com a profundidade de 1,5 mm a 2mm, após o término o nível da substância faz com que a substancia permaneça por longo tempo no local, afirmando que existe um reservatório persistente dérmico com débil difusão local, porém produtos injetados na derme alcançam grandes distâncias, passando progressivamente para a grande circulação. A aplicação deve ser no ângulo de 30 a 60º e a profundidade não deve ultrapassar 4mm para assim ficar em conformidade aos demais autores.
Moscone et al (2019) propõe um estudo da utilização da lipo enzimática para diminuição substancial da gordura localizada na região submentoniana, comumente chamada de papada, sendo uma opção viável com poucas complicações e baixa morbidade para pacientes saudáveis, melhorando a estética facial. Os autores aplicaram na região da papada, Ácido Deoxicolico a 1%, pois a ação do fármaco é de produzir a quebra das células de gordura ao redor do pescoço, eliminando a área chamada de “queixo duplo”. Os autores complementaram o estudo com a associação de outros tratamentos como bichectomia, preenchedores e toxina botulínica.
5 CONCLUSÃO
De acordo com a pesquisa realizada, a gordura localizada é uma condição que não escolhe sexo, etnia ou classe social, mas que de alguma forma incomoda, de maneira geral, a todos. A lipo enzimática é um método alternativo para a redução de gordura localizada eficaz e menos invasivo, porem necessita de uma alimentação balanceada e pratica de exercícios físicos regulares para obter resultados satisfatórios. A técnica é uma forma de esculpir o corpo, rejuvenescer a pele e reduzir medidas, as infiltrações subcutâneas continuam sendo uma das opções que mais crescem no mercado da beleza.
A efetividade da lipo enzimática como tratamento e coadjuvante, na terapia de gordura localizada mostra ser efetiva, no entanto, apesar dos avanços verificados por meio da revisão, na cosmetologia, não foram encontrados muitos princípios ativos inovadores. Muitos cosméticos ainda têm os mecanismos de ação e os efeitos que causam no tecido, pouco esclarecidos, não obstante serem comercializados livremente. Parece que às infiltrações subcutâneas continuam sendo uma das opções que mais crescem no mercado da beleza.
Uma limitação importante deste estudo foi a dificuldade em encontrar artigos que associaram o efeito dos princípios ativos utilizados na lipo enzimática com o metabolismo da gordura, e a definição de um protocolo de utilização, dificultando maior comprovação científica quanto à aplicação do método. Ou seja, muitos dos estudos entre os anos de 2017- 2021 não apresentaram detalhadamente as substancias examinadas em ensaios clínicos.
Durante a pesquisa encontrou-se vestígios em sites sobre substituição de agulhas por caneta pressurizada, no entanto, nenhum artigo fora encontrado nos bancos de pesquisa acadêmica (google acadêmico, SciELO, Lilacs) respeitando o espaço temporal de 5 anos, para comprovação de utilização. Sendo assim, necessário mais estudos randomizados, duplo-cego e controlados precisam ser realizados a respeito das substâncias.
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1 Farmacêutica Generalista, Especialista em Farmácia Estética, Faculdade do Futuro, kakabe2@hotmail.com
2 Farmacêutica Generalista, Faculdade do Futuro, wathif01@gmail.com
3 Farmacêutico, Doutor em Saúde Pública, Especialista em Farmácia Estética, Faculdade do Futuro, herminiofar@gmail.com