APLICAÇÃO DA CINESIOTERAPIA COMO ESTRATÉGIA APLICAÇÃO DA CINESIOTERAPIA COMO ESTRATÉGIA DE PARKINSON

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cl10202509111124


José Ysaac Agustinho da Silva


1. INTRODUÇÃO

A terapia do movimento, conhecida como cinesioterapia, se apresenta como um artifício simples e eficaz em diversas disfunções musculoesqueléticas.

Distúrbios neurológicos se apresentam como grande fonte de incapacidade em todo o mundo, o distúrbio neurológico que mais cresce no mundo é a doença de Parkinson, que se trata de uma doença degenerativa. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), de 1990 a 2015, a quantidade de pessoas com doença de Parkinson duplicou para mais de 6 milhões. Estimulado principalmente pelo envelhecimento, temos a previsão que esse número se duplique novamente para mais de 12 milhões até 2040. Outros fatores, incluindo o aumento da longevidade, a diminuição das taxas de tabagismo e o aumento da industrialização, poderão aumentar o fardo para mais de 17 milhões. Até então, o Parkinson era considerado uma doença rara. No entanto, a demografia e os subprodutos da industrialização criaram agora uma pandemia de Parkinson que exigirá uma maior atenção, um planejamento focado e novas abordagens (Dorsey et al, 2018).

O paciente acometido pela doença de Parkinson apresenta um déficit na produção de um neurotransmissor chamado de dopamina numa área cerebral conhecida como substância negra, com isso, acabará tendo reverberações progressivas conforme o avanço da doença, embora não se tenha uma cura propriamente dita, podemos nos preparar melhor para o avanço inevitável da doença, para obter uma melhor qualidade de vida.

Visando obter melhora contra a bradicinesia, a sarcopenia, fraqueza muscular e até mesmo prevenir o risco de queda, podemos observar que a cinesioterapia teve efeito positivo no fortalecimento muscular nos pacientes com doença de parkinson, tendo recomendação de uso diário e sempre buscando interação com equipe multidisciplinar para aliar com outras terapias se possível e obter ainda mais benefícios para o paciente (Tanović et al, 2019). 

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Comprovar a necessidade da cinesioterapia como forte ferramenta no tratamento da doença de Parkinson.

2.2 Objetivos Específicos

  • Apresentar a incidência da doença de Parkinson na população e seu constante crescimento.
  • Criar um mecanismo de tratamento de fácil acesso, que possa ser utilizado como política pública.
  • Nortear os profissionais com uma linha opcional para tratamento com importância e aplicação comprovada cientificamente
  • Instruir a população sobre a importância da cinesioterapia na população com Parkinson para diminuir a negligência por desinformação.

3. METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma revisão sistemática e metanálise, para realização desse estudo, serão respeitadas e seguidas as etapas de elaboração, busca na literatura, coleta de dados, análise dos dados e discussão, buscando contemplar a pergunta do projeto e os objetivos, adotando um pensamento científico e seletivo, para que os argumentos apresentados respeitem a linha da pesquisa.

Será realizado levantamento bibliográfico nas bases de dados Public medline (Pubmed), Scientific Electronic Library (SciELO) e Physiotherapy Evidence Database (PEDro), respeitando um período que vigorou do ano de 2000 até o presente momento, os artigos poderão estar tanto em inglês como qualquer outra língua desde que respeite a linha de pensamento da pesquisa e não apresenta viés tendencioso.

4. DISCUSSÃO

Segundo CUERDA et al (2010), a fraqueza muscular assimétrica bilateral está presente na doença de Parkinson e dispositivos mecânicos sensíveis forneceram evidências de que a força muscular é reduzida em pacientes com doença de Parkinson em comparação com controles da mesma idade.

PETRIKOV et al (2019) afirma que os distúrbios motores são uma das principais causas de incapacidade, visto que o Parkinson gera fraqueza muscular, bradicinesia e déficit motor progressivo, podemos entender que a ideia da cinesioterapia tem um grande embasamento para ser utilizada, mesmo que não seja uma linha de pensamento tão difundida, a reabilitação moderna pode sim incluir as técnicas tradicionais de recuperação de pacientes com déficit motor (terapia por exercício e fisioterapia).

As manifestações físicas da doença de Parkinson apresentam um quadro cíclico de evolução, fazendo com que ao se intensificarem os sintomas ocorra uma falha na produção dos gânglios da base em reforçar os mecanismos corticais que preparam e executam os comandos para se mover, dessa forma, o déficit cortical passa a gerar ainda mais repercussões no indivíduo ( BERARDELLI et al, 2001).

Instabilidade postural, distúrbios da marcha, imobilidade e quedas são predisposições ocasionadas pela doença de Parkinson, (MAK et al, 2017) cita os benefícios tanto de curto como de longo prazo, segundo ele, Além do manejo farmacológico e cirúrgico da doença de Parkinson, exercícios e intervenções fisioterapêuticas também devem ser ativamente pesquisados. Fraqueza muscular, redução da capacidade aeróbica, comprometimento da marcha, distúrbios de equilíbrio e quedas, precisam ser combatidas. Esse mesmo estudo também cita a neuroplasticidade induzida pelo exercício, fazendo com que a cinesioterapia ganhe ainda mais embasamento para sua utilização.

TOMLINSON et al (2012) realizou uma revisão sistemática e metanálise, e verificou que mesmo comparada com outras intervenções, como a própria eletroterapia, o desfecho no tratamento de curto prazo foi igualmente positivo para o uso da terapia motora, com uma ressalva para o ganho de equilíbrio.

ASHBURN et al (2019) reuniu um total de 474 pessoas e separou em dois grupos; o grupo de cuidados habituais recebeu um disco versátil digital (DVD) contendo informações a respeito de orientações de seguimento sem uma linha específica de exercícios a serem seguidos. O grupo de intervenção recebeu um programa de treinamento com estratégias para prevenção de quedas, progressivo e adaptado individualmente, com exercícios de equilíbrio e fortalecimento.

O estudo mostrou que nem toda gama de pacientes tiveram desfecho totalmente positivo no que diz respeito à prevenção de quedas. A análise secundária demonstrou que outras tarefas funcionais e autoeficácia melhoraram e demonstraram padrões diferenciais de impacto da intervenção de acordo com a gravidade da doença, o que apoia descobertas de pesquisas secundárias anteriores e entrega embasamento na avaliação primária adicional. 

5. JUSTIFICATIVA

Embora a literatura possua uma boa quantidade de informações a respeito da cinesioterapia e da doença de Parkinson, foi observada a necessidade de obter uma melhor compilação dos diversos dados existentes na literatura, para que dessa forma possamos obter uma linha de pensamento não somente no tratamento, mas também nas informações para população e até mesmo no auxílio de políticas públicas nos indivíduos acometidos por essa doença, visto que atualmente não existem políticas de apoio e tratamento para essa população.

Além disso, podemos observar que mesmo entre os profissionais existe uma carência de informações a respeito do tratamento e como a população desenvolve a doença de Parkinson.

6. CONCLUSÃO

Portanto, podemos concluir que a cinesioterapia sendo todo um conjunto de técnicas que promovem o desenvolvimento tanto físico como também cognitivo, pode ser uma grande aliada no que diz respeito ao tratamento da doença de Parkinson, buscando entregar o máximo de autonomia para os pacientes pelo máximo de tempo possível em meio a progressão da doença do mesmo, também se faz necessária a disseminação de tais condutas, sendo de alta facilidade para aplicação e baixo custo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- TANOVIĆ, E. et al. Effects of kinesiotherapy on muscle strengthening in patients with Parkinson disease. Medicinski Glasnik: Official Publication of the Medical Association of ZenicaDoboj Canton, Bosnia and Herzegovina, v. 16, n. 1, 1 fev. 2019.

2- DORSEY, E. R. et al. The Emerging Evidence of the Parkinson Pandemic. Journal of Parkinson ‘s Disease, v. 8, n. s1, p. S3–S8, 18 dez. 2018.

3- PETRIKOV, S. S. et al. New perspectives of motor rehabilitation of patients after focal brain lesions. Voprosy neirokhirurgii imeni N.N. Burdenko, v. 83, n. 6, p. 90, 2019.

4- MAK, M. K. et al. Long-term effects of exercise and physical therapy in people with Parkinson disease. Nature Reviews Neurology, v. 13, n. 11, p. 689–703, 13 out. 2017.

5- BERARDELLI, A. Pathophysiology of bradykinesia in Parkinson’s disease. Brain, v. 124, n. 11, p. 2131–2146, 1 nov. 2001.

6- CANO-DE-LA-CUERDA, R. et al. Is There Muscular Weakness in Parkinsonʼs Disease? American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation, v. 89, n. 1, p. 70–76, jan. 2010.

7- TOMLINSON, C. L. et al. Physiotherapy intervention in Parkinson’s disease: systematic review and meta-analysis. BMJ, v. 345, n. aug06 1, p. e5004–e5004, 6 ago. 2012.

‌8- ASHBURN, A. et al. Exercise- and strategy-based physiotherapy-delivered intervention for preventing repeat falls in people with Parkinson’s: the PDSAFE RCT. Health Technology Assessment, v. 23, n. 36, 24 jul. 2019.

9- CORCOS, D. M. et al. A two-year randomized controlled trial of progressive resistance exercise for Parkinson’s disease. Movement Disorders, v. 28, n. 9, p. 1230–1240, 27 mar. 2013.