APENDICECTOMIA POR VIDEOLAPAROSCOPIA EM PACIENTE GRÁVIDA: RELATO DE CASO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7829865


Gilson Mariano Borges Filho
Leandro Guimarães Borges
Beatriz Lima  Coelho
Milena da Rocha Rodrigues Meneses
Thaysa Lima Magalhães
Orientador: Rurion Charles de Souza Meneses


RESUMO 

A apendicite aguda na gestação é caracterizada como a causa mais  comum de patologia abdominal não obstétrica e pode acometer em qualquer  idade gestacional. Exames clínicos e achados laboratoriais são similares à  fisiologia gestacional e exames de imagem apresentam informações importantes  para diagnóstico. 

Trata-se de um relato de caso, na qual a coleta de dados do paciente  foi realizada através do mesmo e por revisão do prontuário. O estudo em questão  seguiu os preceitos éticos preconizados pela Resolução 466/12 do Conselho  Nacional de Saúde. Sendo respeitados valores culturais, morais e religiosos,  assegurando a inexistência de conflito de interesses entre o autor e os sujeitos  do estudo.  

Paciente do sexo feminino, 25 anos de idade, parda, com apendicite e  a qual foi realizado apendicectomia por videolaparoscopia. Paciente  acompanhada no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), em Parnaíba-PI,  no período de 2019. 

Palavras-chave: Apendicite; Gestação; Apendicectomia videolaparoscópica. 

INTRODUÇÃO 

A apendicite aguda na gestação é caracterizada como a causa mais  comum de patologia abdominal não obstétrica e pode acometer em qualquer  idade gestacional. A causa dessa complicação é a obstrução do seu lúmen,  devido, principalmente, a estase fecal e fecalitos. Essa obstrução resulta em uma  distensão dentro do lúmen e aumento da pressão, devido a produção de muco 

e gases por bactérias residentes da região. Esse quadro de distensão é  responsável pela dor abdominal, náuseas e vômitos que são compatíveis com  os sintomas gestacionais normais (FIGUEIREDO, 2002). 

Assim, uma das preocupações, na avaliação cirúrgica gestacional, é  identificar os aspectos patológicos da apendicite na gestação. Como  supracitado, sinais, sintomas e os exames laboratoriais de apendicite sofrem  alterações equivalentes de uma gestação. Sendo assim, o emprego da  ultrassonografia de abdômen se faz necessário, pois o exame radiológico  convencional é contraindicado durante a gravidez, devido à possibilidade de  indução de malformações fetais (APTILON, 2020). 

Logo, quando firmado o diagnóstico, o tratamento preconizado é o  cirúrgico. Esse tratamento pode ser o convencional, cirurgia aberta, ou a  videolaparoscopia, que tem as vantagens de um procedimento menos invasivo  (BRITO, 2020). 

RELATO DO CASO  

Paciente M.M.A.N, do sexo feminino, 25 anos, G3P2N0, com idade  gestacional de 6 semanas e 4 dias, parda, pescadora e natural de Ilha Grande – PI, deu entrada no pronto-socorro do Hospital Estadual Dirceu Arco Verde no dia  28/09/2019 às 13:55h, com queixa de dor abdominal difusa, que evoluiu com  maior intensidade para fossa ilíaca direita, após queda da própria altura há 5  horas, associada a episódios de vômitos. Paciente nega sangramentos e outras  perdas vaginais, febre ou outros sintomas. Nega também alergias e  comorbidades. 

No exame físico apresentava-se em bom estado geral, normocorada,  eupneica, pulso cheio, FC de 70 bpm, PA de 110×70 mmHg. Na avaliação  pulmonar, MV + bilateralmente, sem ruídos adventícios. Na avaliação cardíaca,  bulhas normofonéticas, com ritmo regular em 2 tempos, sem sopros. Abdome,  semi globoso, doloroso a palpação superficial e profunda, maior em FID,  Blumberg +, sinal de Murphy e de Rovsing negativos, RHA +.

Aos exames complementares, USG de abdome total: bexiga e baço sem  anormalidade, porém em FID evidenciou apêndice de dimensões aumentadas  (0,9cm), com mínima peritonite adjacente, sem líquido livre na cavidade. Na USG gestacional: batimentos fetais de 146 bpm, CCN de 0,7cm, diâmetro do  saco gestacional de 3,1cm, idade gestacional de 6s 4d. Sendo tipo sanguíneo O  +; hemoglobina de 13,8 g/dL; hematócrito de 40,8 g/dL; leucócitos de 18.200,  bastões 8% (1456); plaquetas = 199.000. 

Paciente havia feito ingesta de mingau às 15:30h, sendo programada  apendicectomia por videolaparoscopia para o dia 29/09/2019 pela manhã. Em  laudo cirúrgico: paciente em DDH, sob anestesia geral; incisão supraumbilical,  visualizado hérnia umbilical, passagem de trocater após insuflação com agulha  de Veress, colocação óptica e passagem dos demais trocateres (supra-púbica  alta + flanco E). Sendo visualizado apêndice inflamado, distendido, com  moderada quantidade de secreção purulenta em fundo de saco uterino, goteira  parietocólica D e diafragmática D, útero gravídico. Assim, realizado dissecção do  apêndice junto ao meso; clipagem da base do apêndice com clipes 400 cm (4 na  base e 1 no apêndice); lavagem exaustiva de cavidade abdominal com SF 0,9%  até retorno limpo; colocação de dreno de penrose nº1 em flanco D; retirada de  trocateres sob visão direta; síntese por planos e fixação do dreno, sendo  concluído com curativo. 

O procedimento se deu sem intercorrências e paciente ficou em uso de  Ceftriaxona e Metronidazol, recebendo alta no dia 03/09/2019. 

DISCUSSÃO 

A apendicite aguda é diagnosticada em aproximadamente 1:1500  gestações. Podendo acometer em qualquer idade da mulher e do período  gestacional, sendo mais frequente no segundo trimestre da gestação. Vale  ressaltar que com o crescimento uterino, o apêndice pode ser deslocado para  cima, localizando-se, em sua grande maioria, na fossa ilíaca direita  (FIGUEIREDO, 2020). 

Nesse sentido, percebe-se que os sinais e sintomas são similares há  de uma gestante normal. Além de uma leucocitose discreta que também se faz 

perceptível na fisiologia gestacional. Assim, para a resolução desse quadro, com  medida cirúrgica, se faz necessário um diagnóstico precoce através de USG  abdominal, lançando mão de ressonância nuclear magnética como segunda  linha.  

Ao confirmar o diagnóstico, o tratamento cirúrgico é indicado. O  procedimento pode ter uma abordagem convencional, cirurgia aberta, ou  videolaparoscópica. A escolha deve se basear no estado clínico e nas  preferências da paciente, idade gestacional e experiência do cirurgião. Ademais,  as novas diretrizes afirmam que a apendicectomia videolaparoscópica é o  padrão, pois é seguro, eficaz, de fácil identificação da localização variável do  apêndice e oferece possibilidade de avaliação do abdômen para outros  processos patológicos associados. 

Assim, a via videolaparoscópica pode trazer benefícios como redução  do tempo de hospitalização, retorno precoce às atividades regulares, dor em  menor intensidade, diminuição da taxa de nascimento pré-termo devido a menor  manipulação do útero gravídico e retorno precoce do peristaltismo intestinal  (TOWNSEND C.M. ET AL. SABISTON, 2016). 

CONCLUSÃO 

Portanto, a apendicite na gestação é uma patologia não obstétrica  frequente na gestante e seu diagnóstico apurado e precoce se faz essencial para  conclusão do quadro. O tratamento sempre será o cirúrgico e os resultados  permitem concluir que a apendicectomia por videolaparoscopia pode ser  empregada com segurança para resolução dos mais variados casos de  apendicite na gestante.  

REFERÊNCIAS 

FIGUEIREDO, Fernando Antônio Santos; CORSO, Carlos Otávio.  Apendicectomia laparoscópica na gestante. Rev. Col. Bras. Cir., Rio de Janeiro  , v. 29, n. 5, p. 284-287, Oct. 2002 . Available from  <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-

69912002000500007&lng=en&nrm=iso>. access  on 05 Dec. 2020. https://doi.org/10.1590/S0100-69912002000500007. 

Aptilon Duque G, Mohney S. Appendicitis in Pregnancy. [Updated 2020 Jul 10].  In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020 Jan- . Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK551642/ 

BRITO, Cleison. Como abordar apendicite aguda em gestantes?. PEBMED,  2020. Disponivel em: https://pebmed.com.br/como-abordar-apendicite-aguda em-gestantes/. Acesso em: 05 de dez. de 2020. 

TOWNSEND C.M. et al. Sabiston, Tratado de Cirurgia 20ed. Rio de Janeiro:  Elsevier, 2016.