LIGHT CURING DEVICES – EVOLUTION AND CLINICAL APPLICATION: LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202412142356
Eduardo Freitas de Camargo
Rosemary Baptista Martins Teixeira
Ana Maria Peixoto Guimarães de Araujo
Camila Correia dos Santos Corassari
Alexandre Luiz Affonso Fonseca
Kelly Cristine Tarquínio Marinho
Vanessa Harumi Kiyan
Elcio Magdalena Giovani
Ricardo Matsura Kodama
RESUMO
As resinas compostas possuem em sua composição os fotoiniciadores, que absorvem a luz de forma direta ou indireta para iniciar o processo de polimerização. Estes podem ser classificados como tipo I (MAPO, BAPO, TPO, Ivocerin) ou tipo II (Canforoquinona). Estes componentes presentes nas resinas vão guiar o profissional na escolha do aparelho fotopolimerizador mais adequado para cada caso, podendo ser um LED Monowave, que interage melhor com fotoiniciadores tipo II, ou um LED Polywave, que interage tanto em fotoiniciadores tipo I como do tipo II. A luz halógena foi utilizada por muitos anos, mas devido principalmente ao seu tempo de trabalho longo e a sua durabilidade baixa, caíram em desuso. Os fotoiniciadores tipo I são mais estéticos que os do tipo II devido a não necessitarem de um co-iniciador para iniciar a reação de polimerização. A polimerização inadequada da resina composta é um dos principais fatores nas falhas de restaurações. Fatores como intensidade de luz, tempo de irradiação, espessura da camada e fotoiniciador presente na resina interferem diretamente na longevidade e qualidade estética da restauração. A principal vantagem do LED Monowave (segunda geração) para a luz Halógena foi o aumento da intensidade da luz e consequente diminuição do tempo de trabalho. A principal vantagem do LED Polywave (terceira geração) em relação ao LED Monowave foi a adição de uma nova cor de luz (violeta) que permitiu a melhor interação com fotoiniciadores tipo I.
Palavras-chave: Aparelho fotopolimerizador; fotopolimerização; fotoiniciador; led monowave; led polywave; lâmpada Halógena
ABSTRACT
Composite resins contain photoinitiators in their composition, which absorb light either directly or indirectly to initiate the polymerization process. These can be classified as type I (MAPO, BAPO, TPO, IVOCERIN) or type II (Camphorquinone). The presence of these components in the resins guides the professional in choosing the most suitable light-curing device for each case, which can be a Monowave LED that interacts better with type II photoinitiators, or a Polywave LED that works with both type I and type II photoinitiators. Halogen lights were used for many years, but due to their long working time and low durability, they have fallen out of favor. Type I photoinitiators are more aesthetic than type II because they do not require a co-initiator to start the polymerization reaction. Inadequate polymerization of composite resin is one of the main factors in restoration failures. Factors such as light intensity, irradiation time, layer thickness, and the photoinitiator present in the resin directly affect the longevity and aesthetic quality of the restoration. The main advantage of the Monowave LED (second generation) over halogen light was the increased light intensity and the resulting reduction in working time. The main advantage of the Polywave LED (third generation) compared to the Monowave LED was the addition of a new light color (violet), which improved interaction with type I photoinitiators.
Keywords: Light curing device; photopolymerization; photoinitiator; led monowave; led polywave; halogen lamp
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento das restaurações dentárias com resina composta, contínua desde a sua introdução na década de 1960. As primeiras foram lançadas agindo por polimerização química, onde se tinha duas pastas, uma pasta universal ou base e outra pasta catalisadora, onde misturando as duas obtinha-se resina autopolimerizável, porém com as dificuldades quanto a manipulação, os resultados alcançados não foram satisfatórios, surgindo assim a necessidade de criar uma resina composta fotopolimerizável, onde o próprio profissional realiza a polimerização do material restaurador. A introdução deste material na dentistica restauradora é um dos grandes avanços verificados nesta área, possibilitando inúmeras vantagens, como resultado estético satisfatório, restauração da função morfológica e restabelecimento das características inerentes como cor, translucidez, matiz, croma e valor. As resinas compostas são o material de eleição pelo fato de substituírem os tecidos biológicos mineralizados (esmalte e dentina), tanto em função como em aparência (Hadis et al., 2012; Cramer et al., 2011; Contijo et Al., 2020; Reis et al., 2018; Pereira, 1995).
No caso das resinas fotopolimerizáveis, existem fotoiniciadores, ou seja, moléculas capazes de absorver a luz e formar, de forma direta ou indireta, espécies reativas que podem iniciar a reação de polimerização (Anusavice, et al. 2013; Stansbury, 2000). Geralmente estes são a canforoquinona (CQ) ou outros sistemas como o óxido de difenil fosfina (TPO), BAPO, MAPO e Ivocerin (Varshney et al., 2022; Delgado, 2019). Quando ativados os compostos fotoiniciadores, é desencadeada a reação de polimerização. Eles podem interferir na cor e na eficiência da polimerização da resina composta (Silami et al., 2013; Anusavice et al., 2013).
Dentre as variedades de luzes criadas, as primeiras a se destacar, a partir da década de 1970, foram os aparelhos com lâmpadas halógenas, devido a sua eficiência, com lâmpadas de filamento de tungstênio, filtro para comprimento de onda e fibras ópticas. Estas foram a principal fonte de luz para a polimerização de resinas compostas por várias décadas por apresentarem tecnologia de baixo custo, boa intensidade de potência e emitirem luz num espectro mais amplo. Porém algumas desvantagens também estão presentes como: requer manutenção, gerar altas temperaturas e possuir filtros redutores. Por isso, com o tempo acabaram perdendo seu espaço no mercado (Machado et al., 2007). Logo após as lâmpadas halógenas, surgiram os aparelhos a base de laser de argônio e arco de plasma, com o intuito de reduzir o tempo clínico para uma fotopolimerização eficiente (Cardarelli et al., 2011; Accetta et al., 2008; Georgiev, 2021). Esses aparelhos, embora emitam luz na intensidade necessária à fotopolimerização das resinas compostas, apresentam desvantagens que os tornam inviáveis para uso, como: elevado custo para aquisição e manutenção, além da possibilidade de danos ao tecido pulpar, decorrentes do calor gerado (Caughman et al., 2002; Sobrinho, et al., 2000). Por fim, a luz de LED (Light-Emiting-Diode), onde se possui uma combinação de semicondutores no estado sólido, sob forma de cristais de nitrito de gálio, e se produz luz por eletroluminescência (Cardarelli et al., 2011; Accetta et al., 2008). Estas últimas possuem equipamentos de uma lâmpada (monowave), e duas ou três lâmpadas (polywave). O comprimento de onda dos fotopolimerizadores LED de uma lâmpada, está geralmente na faixa visível de 445 nm a 480 nm, o que é suficiente para ativar o fotoativador comumente usado, a canforoquinona (Varshney et al., 2022; Kamoun et Al., 2014; Nomoto, 1997; Miletic, 2012). No entanto, nesses comprimentos de onda, os tipos TPO, BAPO, MAPO e Ivocerin não são ativados de forma eficiente, resultando em um menor grau de polimerização (Ciba, 2003; Miletic, 2012). Para curar eficientemente uma ampla gama de compósitos com fotoiniciadores alternativos, os fabricantes introduziram os LCUs (ligth-curing-devices) de duas ou três lâmpadas, que emitem luz na faixa mais ampla de 380–550 nm, permitindo que diferentes fotoiniciadores sejam ativados com mais eficiência (Varshney et al., 2022; Michaud et al., 2014; Price et al., 2014).
Apesar da colocação diária e rotineira de restaurações de resina composta, o nível de conhecimento dos dentistas sobre as propriedades do compósito e os principais fatores do processo de fotopolimerização – intensidade de luz, tempo de irradiação e espessura da camada não é alto (Georgiev, 2019; Santini, 2011).
2 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é mostrar a evolução dos aparelhos fotopolimerizadores e evidenciar a diferença na aplicação clinica dos aparelhos de última geração para aparelhos convencionais, junto a sua ação com os fotoiniciadores para uma polimerização eficaz das resinas compostas.
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Fotoiniciadores
A polimerização de uma resina depende de alguns fatores como o tipo e a quantidade presente de fotoiniciador presente (Geurtsen, 2000). Eles podem ser do tipo I ou tipo II, sendo:
Tipo I: Geram radicais livres por meio de uma reação de clivagem (isto é, por dissociação do fotoiniciador em uma ou mais partes, assim gerando dois ou mais radicais livres). Normalmente, estes sistemas absorvem luz com comprimento de onda em torno de 380nm (Neumann et al., 2005; Borba, 2022).
Tipo II: Moléculas que necessitam de um co-iniciador para que haja a formação dos radicais livres, ou seja, para fotoiniciadores do tipo II existe a necessidade de uma molécula que não absorva luz, mas que interaja com o iniciador. Assim, os radicais livres são formados a partir do deslocamento da molécula de hidrogênio do co-iniciador para a molécula fotoiniciadora. Sendo como maior exemplo deste grupo, a canforoquinona. Nesse caso, a substância que absorve luz é chamada de fotossensibilizador (CQ – Canforoquinona), e a doadora de hidrogênio é chamada de co-iniciadora (Amina terciária) (Neumann et al., 2005; Borba, 2022).
A canforoquinona é o fotoiniciador mais amplamente utilizado em resinas compostas. No entanto, ela possui uma tonalidade amarela distinta, oriunda do co-iniciador em sua composição, que não é completamente branqueada após a fotopolimerização, podendo causar problemas na correspondência de cores dos dentes naturais. (Stansbury, 2000; Jakubiak et al., 2003; Hadis et al., 2012). O aumento na quantidade deste co-iniciador na resina melhora a polimerização do material, porém interfere na qualidade estética (Asmussen, 1985). Quando exposta a luz em um comprimento de onda entre 400 a 500nm na luz azul, a CQ passa para o estágio excitado, denominado de triplete. A partir de então ela reage com a amina terciária (co-iniciador) onde ocorre a transferência de prótons (estado exciples), no qual o H+ da amina se liga na molécula de canforquinona gerando assim radicais livres (Oliveira et al., 2015; Baptista, 2023). A sua faixa de absorção do comprimento de onda máxima é de 470nm (Park et al., 1999).
A mudança de cor dos materiais de resina composta usando CQ como fotoiniciador ocorre porque as aminas têm ligações duplas e podem absorver luz ultravioleta e produzir moléculas de alta energia. Estas moléculas podem reagir com oxigénio, monómeros não reativos ou outros grupos aromáticos para formar sistemas conjugados, também conhecidos como centros cromóforos, que aumentam a absorção da luz visível, particularmente na região azul do espectro eletromagnético (420-490nm). O amarelecimento das resinas contendo CQ é devido ao seu cromóforo. Porém, alguns fotoiniciadores são capazes de agregar esse cromóforo após a fotossensibilização, reduzindo assim sua coloração amarela. A CQ não possui essa capacidade e por isso mantém sua cor amarela característica (Silami et al., 2013; Oliveira et al., 2015; Alvim, 2007). Com o surgimento do clareamento dental, compósitos extras brancos foram desenvolvidos para corresponder a tons muito claros, que eram difíceis de conseguir com a canforoquinona por causa de seu aspecto amarelado. Com isso, procurando superar ou reduzir as desvantagens geradas pelo uso da CQ, pesquisadores incluíram diferentes fotoiniciadores na matriz orgânica dos compósitos resinosos, estes poderiam agir sozinhos ou sinergicamente com a canforoquinona (Stansbury, 2000; Borba, 2022). A associação dos fotoiniciadores tipo I e II pode levar a uma boa estabilidade de cor, porque consegue obter uma rede polimérica de ligações cruzadas. Quanto menores forem as alterações promovidas pela hidrólise dos componentes químicos, maior será a estabilidade da cor. A adição de um ou mais fotoiniciadores tipo I, levará à diminuição na quantidade de CQ e consequentemente a um menor amarelecimento da resina (Ikemura et al., 2009; Oliveira et al., 2016).
O MAPO é um fotoiniciador do Tipo I, ou seja, não necessita de um co-iniciador para iniciar a polimerização (Lara, 2019). Possui coloração branca, e é encontrado no estado sólido à temperatura ambiente. O oxido de difenil (2,4,6-trimetilbenzoil) fosfina (TPO), é o derivado do MAPO utilizado nas resinas odontológicas, e junto com o óxido de fenilbis (2,4,6- trimetilbenzoil) fosfina (BAPO), e o benzoil germânio (IVOCERIN), têm sido sugeridos como substitutos do CQ em resinas compostas dentárias para reduzir o efeito amarelado, especialmente para tons descoloridos (Oliveira et al., 2015). Por não necessitarem da amina terciária como co-iniciador, a tonalidade residual indesejada no material resinoso derivado da oxidação do agente deixa de ser um problema. O Ivocerin tem um espectro de absorção entre 390 a 450nm, o TPO uma absorção máxima a 380nm, já o BAPO, o qual é utilizado frequentemente em adesivos autocondicionantes, possui uma absorção de luz acima de 400nm (Schneider et al., 2009; Ferreira, 2006). O efeito de cura das resinas que apresentam fotoiniciadores tipo I é afetado quando se utilizam LEDs de banda estreita (monowave), que não apresentam a luz violeta e não emitem luz nesta faixa de comprimento específica (Yanning et al., 2018; Sinhoreti et al., 2015; Neumann et al., 2005; Ruggeberg, 2011).
3.2 Aparelhos fotopolimerizadores
Segundo Pereira, S.K. 1999, a polimerização insuficiente da resina composta está entre uma das principais causas de insucesso clínico. Se a intensidade e o espectro da luz forem superiores ao necessário, podem surgir problemas, como interferências na contração, na área exposta à temperatura, no tempo de exposição, na profundidade e no grau de conversão da polimerização (Botha, 1994).
As primeiras resinas polimerizadas através da luz foram fabricadas na metade da década de 70 e apresentavam em sua composição fotoiniciadores ativados com luz ultravioleta (UV) com comprimento de onda de 320 a 365 nm. Este material era chamado de Nuva-Fill, da Dentsply, e foi aceito no mercado devido a vantagens como maior controle do tempo de trabalho e estabilidade de cor (Neumann et al., 2006). A formulação da resina era à base de uretano-metacrilato e o composto absorvente a energia (o fotoiniciador) foi ativada pela exposição à radiação eletromagnética em comprimentos de onda em torno de 365 nm. Os fotopolimerizadores da época utilizavam uma fonte emissora de UV que, infelizmente, precisava ser continuamente alimentada, mesmo quando não estava em uso, causando diminuição na produção da lâmpada ao longo do tempo. Além disso, tinha potencial de causar formação de catarata no operador, bem como à chance de alterar significativamente a microflora oral onde quer que a radiação fosse direcionada (Ruggeberg et al., 2017).
Os aparelhos de lâmpada halógena foram os primeiros aparelhos fotopolimerizadores consolidados na odontologia e utilizados por muitos anos, até a década de 1990 pelos cirurgiões-dentistas. A fonte neste tipo de unidade não foi projetada especificamente para uso odontológico, mas em vez disso foi adaptada do uso na indústria aeronáutica, onde uma luz durável, duradoura e de alta emissão era necessária para a iluminação do corpo da aeronave (Ruggeberg et al., 2017). São compostos basicamente de lâmpada de filamento de tungstênio (bulbo e refletor), filtro, sistema de resfriamento e fibras óticas que transmitem a luz para a ponteira (Machado et al., 2007; Cardarelli et al., 2011; Accetta et al., 2008; Georgiev, 2021). Seu funcionamento se dá quando uma corrente elétrica atravessa o filamento de tungstênio, o qual funciona como uma resistência que é aquecida pela corrente elétrica, produzindo radiação eletromagnética na forma de luz visível. Os aparelhos mais antigos possuíam irradiância em torno de 100mW/cm2 a 200mW/cm2, e os últimos possuíam de 400mW/cm2 a 800mW/cm2 com comprimento de onda entre 400 e 500nm (Lutz et al., 1992). Devido à circulação de ar através de fendas para o resfriamento, a desinfecção desses dispositivos pode não ser totalmente eficaz, resultando em um tempo de vida útil limitado de 50 a 100 horas de uso contínuo. A força de emissão de luz é menor que 1% da energia elétrica e gera um alto aquecimento, o que degrada seus componentes com o tempo. (Alto et al., 2018; Stahl et al., 2000).
Durante muitos anos, os fotoativadores de luz halógena (quartzo-tungstênio-halogênio, QTH) foram amplamente empregados na prática odontológica. No entanto, devido às suas desvantagens em termos de manutenção e aquecimento, juntamente com os avanços tecnológicos, esses dispositivos caíram em desuso (Alto et al., 2018; Machado et al., 2007). Em seu lugar, surgiram no mercado aparelhos com LEDs específicos para a emissão do espectro de luz azul. Ao contrário das lâmpadas halógenas, que produzem luz através de filamentos incandescentes, as lâmpadas diodo emissoras de luz convertem energia elétrica diretamente em luz por meio de eletroluminescência, resultando em um aquecimento mínimo. (Alto et al., 2018).
Estudos mostram que fotopolimerizadores LED são extremamente eficazes, porém quando não utilizados com fotoiniciadores compatíveis, seus efeitos podem ser negativos, acarretando uma má fotopolimerização (Granadeiro et al; 2021). Para alcançar a fotopolimerização ideal, é crucial garantir que a faixa apropriada de potência radiante espectral esteja disponível para ativar os fotoiniciadores presentes na resina (Nomoto, 1997; Leprince et al., 2013). O comprimento de onda da luz LED depende da composição do chip, semicondutor e tensão da polarização (Govind et al., 2020).
Os LEDs de primeira geração (1999-2002) não apresentam intensidade de luz suficiente para a polimerização satisfatória das resinas compostas, possuindo irradiância entre 75 a 280mW/cm2. Esse nível de saída foi considerado comparável à eficiência das lâmpadas QTH, apesar de ainda apresentarem densidade de potência inferior. (Ruggeberg et al., 2017; Pelissier, 2011; Granadeiro et al., 2021).
Os fotopolimerizadores LEDs de segunda geração promoveram um aumento significativo na potência e na irradiância, possibilitando uma fotopolimerização mais rápida. Conforme discutido pelos autores, o avanço na tecnologia de chips permitiu ampliar ainda mais os níveis de irradiância, tornando viável o uso de exposições mais curtas. Essa evolução foi essencial para atingir a fotopolimerização ideal de materiais restauradores contendo CQ em períodos de exposição reduzidos. (Ruggeberg, 2011; Ruggeberg et al., 2017; Rabelo et al., 2020;). Tanto os LCUs LEDs de primeira como de segunda geração são conhecidos como LEDs de pico único (monowave), porque emitem apenas uma única cor de luz (azul) com um comprimento de onda acima de 420 nm (Alquira et al., 2019).
Apesar da segunda geração de LEDs já ter transformado a prática clínica, o desenvolvimento da terceira geração (Polywave) possibilitou o fornecimento de energia radiante capaz de atingir os fotoiniciadores que não conseguiam ser alcançados com as versões anteriores (tipo I) (Baptista, 2023; Wiggins et al., 2004). Isso se tornou viável devido a incorporação de mais de uma cor no chipset LED, por meio de combinação simultânea de comprimentos de onda correspondente as cores violeta e azul. A irradiância desses aparelhos pode variar de 1000 até 3000 mW/cm², contendo também baterias de íon-lítio que fornecem uma energia estável e de uso prolongado (Rueggeberg et al. 2017). Esses LEDs possuem cores diferentes com emissões espectrais em um comprimento de onda entre 380-420nm (faixa do violeta) e 420-490nm (faixa do azul) (Silami et al., 2013; Silva et al., 2021).
Dentre todos os fatores já mencionados, que envolvem características evolutivas dos aparelhos fotopolimerizadores, é fundamental medir a potência e sua capacidade de bateria, visto que são determinantes para o desempenho final no processo de foto cura. O radiômetro é o aparelho que quantifica a produção de luz, sendo a forma mais fácil de monitorar, periodicamente, a eficácia dos aparelhos fotopolimerizadores quanto a intensidade debitada. Considera-se 300 miliwatts por centímetro quadrado (mW/cm²) como o valor mínimo aceitável de intensidade de luz, contudo recomenda-se a utilização de aparelhos de 400 mW/cm² para um tempo de exposição de 40 segundos, em camadas de resina composta de 2 mm de espessura (Melo, 2020). Uma regra simples a saber é que para uma polimerização ideal, a energia total e sua densidade devem ser iguais a 16J/cm2. Considerando que os aparelhos fotopolimerizadores podem ser das seguintes potências em média: 400 mW/cm2, 800mW/cm2 e de 1600 mW/cm2, tendo como fórmula ENERGIA = POTÊNCIA X TEMPO, logo, será preciso, um tempo de exposição igual a 40 segundos, 20 segundos e 10 segundos respectivamente. Dessa forma, as dúvidas sobre o tempo de fotopolimerização, de exposição a luz serão menores (Rueggeberg, 2011).
4 DISCUSSÃO
Segundo Milético et al., 2012, o TPO é mais eficaz que o CQ devido à sua capacidade de produzir dois radicais livres por clivagem alfa, o que inicia imediatamente o processo de polimerização. Outros estudos mostram que os fotoiniciadores tipo I proporcionam maior eficácia na fotopolimerização do que a CQ (Schneider et al., 2012; Palin et al., 2014; Oliveira et al., 2016; Vaidyanathan et al., 2017; Randolph et al., 2014).
O trabalho de Oliveira et al. (2016) analisou como a combinação de CQ e TPO afeta a cor e a cura de resinas compostas utilizando um feixe de LED Polywave. A maior quantidade de TPO reduziu o amarelecimento e as alterações de cor, enquanto a menor quantidade CQ reduziu a absorção de luz em maiores profundidades. Embora os fotoiniciadores tipo I sejam “incolores” e projetados para reduzir o amarelecimento de resinas compostas à base de CQ, sua alta reatividade pode levar à formação de peróxidos coloridos e causar alterações no amarelecimento (Hadis et al., 2012). A proporção 1:1 de CQ e TPO demonstra menor amarelamento da restauração, independente do comprimento de onda do LED Polywave (Rosário et al., 2021).
As pesquisas de Mills et al. (1999), somadas aos estudos de Ceballos et al., 2009, verificaram que o LED, em relação a luz halógena, apresentou um resultado melhor em profundidade de polimerização e dureza nos espécimes. O LED possui um estreito espectro de emissão dentro da faixa de absorção do fotoiniciador canforoquinona, o que torna o LED mais eficiente e sem superaquecimento ao contrário da luz halógena (Nomoto, 1997; Ceballos et al., 2009). O LED azul de pico espectral único (segunda geração) é ideal para curar resinas iniciadas com amina CQ (Pélissier et al., 2011).
Quando utilizado o fotoiniciador tipo II, o LED Polywave de terceira geração não oferece vantagem em relação ao LED monowave de segunda geração (GAN et al., 2018; BORTOLOTTO et al 2016; SANTINI et al., 2012; CONTRERAS, 2017). Quando é utilizado outros fotoiniciadores, a cura com o fotopolimerizador Polywave apresenta melhores propriedades físico-mecânicas (Rosário et al., 2021).
Os fotopolimerizadores Monowaves e polywaves emitem radiação com picos diferentes, o que afeta a cura da resina. Para que a fotopolimerização seja eficaz, a energia radiante deve ser suficiente e estar dentro da faixa espectral necessária para ativar o fotoiniciador no material (Price et al., 2015). Os LEDs de terceira geração (Polywave) são, na verdade, uma combinação de vários LEDs básicos, cada um emitindo em comprimentos de onda idênticos, complementares ou diferentes. (Pélissier et al., 2011).
5 CONCLUSÃO
Foi possível evidenciar as vantagens na aplicação clínica de cada geração dos aparelhos de fotopolimerização, sendo elas: o controle do tempo de trabalho com a substituição da resina quimicamente ativada pela resina composta fotopolimerizada com lâmpadas de luz halógena; a diminuição do tempo de trabalho e maior durabilidade do aparelho quando falamos da segunda geração de LEDs; a diminuição do efeito de amarelecimento causado pela canforoquinona na substituição da mesma pelos fotoiniciadores tipo I, fotopolimerizados pelos LEDs polywaves de terceira geração.
Os LEDs de segunda e terceira geração apresentam vantagem em relação a luz halógena tanto em eficácia de polimerização como em menor tempo de trabalho e durabilidade do aparelho. O LED polywave apresenta vantagem em relação ao LED monowave apenas quando utilizados os fotoiniciadores tipo I, os quais precisam de um comprimento de onda específico que apenas a luz azul não pode oferecer. Por estes fatores, é de fundamental importância o conhecimento do cirurgião dentista sobre o seu aparelho fotopolimerizador e a resina composta que ele utiliza, pois fatores como intensidade de luz, tempo de irradiação, espessura da camada e fotoiniciador presente na resina interferem diretamente na longevidade e qualidade estética da restauração.
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