REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412121345
Juliana Clemente do Rêgo1
Geraldo Cardoso Feitosa Pessoa de Carvalho2
Thays da Paixão Williges3
Samuel Cavalcante Santiago4
Annelyse Ferreira Costa de Oliveira5
Iara Salvador Protásio6
José Genferson Rodrigues Braz7
Allan Candido Mangabeira8
João Pedro Bernardes Salvi9
Pihetra Vitoria de Carvalho Salvi10
Isadora Leticia Dalbosco da Silva11
Fernanda Carvalho Dias Piva12
Bárbara Larissa Oliveira Pierote13
Luiza Moraes Nunes14
Bruna Sousa Mendes15
Emilly Sena Souza16
Andréia Rodrigues de Oliveira17
Vitor Teixeira Couto de Albuquerque Codognotto18
Natália da Silva França Almeida19
Gabriel Eduardo dos Santos da Costa20
RESUMO
Introdução: A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma condição global prevalente, afetando aproximadamente 1,13 bilhões de pessoas e sendo um fator de risco significativo para doenças cardiovasculares. O controle da pressão arterial é crucial para prevenir complicações graves, e os Antagonistas do Receptor de Endotelina (AREs) surgem como uma opção promissora no tratamento da HAS, ao reduzir a resistência vascular e melhorar a saúde cardiovascular. Objetivo: O objetivo deste estudo foi investigar a eficácia dos Antagonistas do Receptor de Endotelina no manejo da hipertensão arterial e seus efeitos complementares. Metodologia: Esta revisão de literatura incluiu artigos científicos publicados entre 2020 e 2024, buscando nas bases Google Acadêmico, PubMed e SciELO. Foram selecionados estudos originais e revisões relevantes em inglês, português e espanhol, resultando na escolha de cinco artigos para análise. Resultados e Discussão: Os AREs demonstraram eficácia na redução da pressão arterial, especialmente em hipertensão pulmonar associada a comorbidades. Embora a utilização desses medicamentos apresente benefícios significativos, como a melhoria da função vascular, efeitos adversos e a resposta individual dos pacientes destacam a necessidade de monitoramento e uma abordagem personalizada no tratamento. Conclusão: Os Antagonistas do Receptor de Endotelina apresentam potencial terapêutico no controle da hipertensão, além de melhorarem a função endotelial. No entanto, os desafios relacionados a efeitos colaterais e a necessidade de monitoramento constante evidenciam a importância de pesquisas futuras para otimizar sua aplicação clínica e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Palavras-chave: Hipertensão Arterial Sistêmica; Antagonistas do Receptor de Endotelina (AREs); Saúde Cardiovascular.
INTRODUÇÃO
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), caracterizada pela elevação persistente da pressão arterial com valores iguais ou superiores a 140 mmHg para a pressão sistólica e/ou 90 mmHg para a diastólica, é uma das condições mais prevalentes no cenário global de saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 1,13 bilhões de pessoas em todo o mundo são afetadas pela HAS, que se apresenta como um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal crônica (World Health Organization, 2021). Esses dados destacam a relevância da HAS como um problema de saúde pública, exigindo medidas preventivas e terapêuticas para mitigar suas consequências no sistema cardiovascular (Mancia et al., 2013).
A importância do controle adequado da pressão arterial é ressaltada pela sua capacidade de prevenir complicações graves associadas à hipertensão. Quando não controlada, a hipertensão pode causar danos vasculares e orgânicos irreversíveis, o que eleva significativamente a morbidade e a mortalidade cardiovascular. Diversos estudos comprovam que a redução da pressão arterial em indivíduos hipertensos está diretamente associada a uma redução na incidência de eventos cardiovasculares adversos, o que justifica a necessidade de estratégias eficazes e consistentes de manejo para esses pacientes (Schiffrin et al., 2007).
A endotelina, um potente peptídeo vasoconstritor produzido pelo endotélio vascular, desempenha papel fundamental na fisiopatologia da HAS. Dentre suas isoformas, a ET-1 é particularmente importante, promovendo aumento da resistência vascular periférica, hipertrofia cardíaca e processos inflamatórios e de estresse oxidativo, que juntos contribuem para a elevação da pressão arterial (Yanagisawa et al., 1988; Inoue & Masaki, 1990). Evidências sugerem que a superprodução de endotelina pode exacerbar a disfunção endotelial, elevando os riscos cardiovasculares, especialmente em pacientes com predisposição para hipertensão (Zidek & van der Giet, 2005; McMurtry et al., 2009).
Nesse contexto, os Antagonistas do Receptor de Endotelina (AREs) surgem como uma estratégia terapêutica promissora, atuando sobre os receptores ETA e ETB para reduzir os efeitos vasoconstritores da endotelina. Esses medicamentos não apenas promovem a vasodilatação e a diminuição da resistência vascular, mas também melhoram a função endotelial e reduzem os processos inflamatórios e oxidativos, beneficiando a saúde cardiovascular de forma abrangente. Ensaios clínicos demonstram que, além de reduzirem a pressão arterial, os AREs oferecem vantagens adicionais na proteção cardiovascular, tornando-se uma alternativa eficaz e potencialmente revolucionária no tratamento da HAS (Boulanger et al., 2007).
METODOLOGIA
Esta revisão de literatura foi conduzida com o objetivo de investigar a eficácia dos Antagonistas do Receptor de Endotelina no manejo da hipertensão arterial e seus efeitos complementares, utilizando artigos científicos publicados entre 2020 e 2024. As bases de dados Google Acadêmico, PubMed e A SciELO foi selecionada para a busca bibliográfica, garantindo um acesso abrangente à literatura acadêmica relevante. A estratégia de busca incluiu os termos “antagonistas do receptor de endotelina”, “hipertensão arterial”, “efeitos cardiovasculares” e seus equivalentes em inglês e espanhol, o que permitiu ampliar o escopo da pesquisa em diferentes idiomas. O processo de seleção destes como critérios de estudos incluídos publicados em inglês, português e espanhol, desde que foram estudos originais ou revisões relevantes ao tema e com informações atualizadas.
Após a filtragem inicial dos resultados, foram aplicados critérios de elegibilidade, como a qualidade metodológica dos estudos, a relevância dos achados para a prática clínica e o alinhamento com o tema proposto. Os artigos foram então analisados quanto aos dados apresentados e a forma como abordaram os efeitos dos AREs na pressão arterial e outras condições cardiovasculares. Com base nesse rigoroso processo de seleção, cinco artigos foram escolhidos para compor esta revisão, representando os estudos mais recentes e relevantes que atendem aos critérios de inclusão definidos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
(Tabela 1) – Dados principais dos artigos selecionados para construção da discussão do objetivo.
Autor principal | Periódico | Tipo de estudo | Objetivo principal | Principais resultados | Considerações finais |
DE OLIVEIRA, Diogo Abrantes et al. | Revista Brasileira de Implantodontia e Ciências da Saúde | Revisão | Analisar abordagens de tratamento para hipertensão pulmonar primária | A terapia com antagonistas do receptor de endotelina mostrou-se promissora para reduzir a resistência vascular pulmonar | Estudos adicionais são necessários para avaliar a eficácia a longo prazo e em diferentes situações de pacientes |
ZAPATA-SUDO, Gisele | Arquivos Brasileiros de Cardiologia | Estudo de Caso | Avaliar o uso do Riociguate no tratamento de hipertensão pulmonar | Riociguate apresentou melhora na função pulmonar e hemodinâmica | Recomendação para uso em casos refratários, mas exige monitoramento rigoroso |
JUNIOR, Adilson Boson Almeida et al. | E-books Epitaya | Revisão | Explorar estratégias de prevenção e tratamento da hipertensão arterial sistêmica | Inclui antagonistas do receptor de endotelina como alternativa para casos específicos | A eficácia dos antagonistas depende do estágio da doença e das características individuais do paciente |
DE OLIVEIRA FIGUEIREDO, José Glauber et al. | Revista Brasileira de Saúde e Ciências Biológicas | Estudo de Coorte | Integrar abordagens clínicas e cirúrgicas para melhorar o manejo da hipertensão refratária | Resultados promissórios com redução da pressão pulmonar, mas com complicações em alguns casos | É essencial o acompanhamento multidisciplinar para alcançar resultados esmagadores em longo prazo |
Fernandes, CJ et al. | Arquivos Brasileiros de Cardiologia | Revisão Sistemática | Atualizar o tratamento da hipertensão arterial pulmonar | Evidências sugerem que antagonistas do receptor de endotelina são eficazes na redução da pressão arterial pulmonar | Embora promissórias, serão feitas avaliações contínuas devido às limitações na resposta individual e no perfil de segurança em longo prazo |
(Fonte: autores, 2024).
A utilização de antagonistas do receptor de endotelina para o tratamento da hipertensão arterial sistêmica tem se mostrado uma alternativa eficaz, especialmente em casos de hipertensão pulmonar associada a comorbidades cardiovasculares. Estes antagonistas atuam bloqueando a ação da endotelina-1, um potente vasoconstritor que contribui para o aumento da resistência vascular e da pressão arterial, reduzindo, assim, a sobrecarga cardíaca e melhorando a função vascular dos pacientes (DE OLIVEIRA et al., 2024). Com base nos dados apresentados por Fernandes et al. (2021), observou-se que o bloqueio do receptor de endotelina resultou em diminuição significativa na resistência vascular, evidenciando-se como uma abordagem relevante para reduzir o risco de complicações associadas à HAS e potencialmente melhorar a qualidade de vida de pacientes com hipertensão refratária.
No entanto, apesar dos benefícios dos antagonistas de endotelina, algumas limitações têm sido observadas, principalmente em termos de segurança e perfil de resposta individual dos pacientes. Os estudos conduzidos por JUNIOR et al. (2023) e DE OLIVEIRA FIGUEIREDO et al. (2024) destacam que, embora os efeitos positivos sejam consistentes em reduzir a pressão arterial pulmonar, o uso prolongado pode estar associado a efeitos colaterais indesejados, como edema e aumento das enzimas hepáticas, o que exige monitoramento rigoroso durante o tratamento. Adicionalmente, a eficácia dos antagonistas pode variar conforme o estágio da hipertensão e a presença de outras condições de saúde, o que reforça a importância de personalizar a abordagem terapêutica para otimizar os resultados e minimizar os riscos.
Dado o cenário promissor, mas também desafiador, apresentado pelos antagonistas do receptor de endotelina, a pesquisa futura sugere uma avaliação mais aprofundada de seu uso combinado com outras terapias vasodilatadoras para potencializar o efeito terapêutico e reduzir os riscos associados. Zapata-Sudo (2022) sugere o uso do Riociguate, um estimulador da guanilato ciclase, em conjunto com antagonistas de endotelina, como uma alternativa viável para pacientes refratários, propondo uma ação sinérgica na redução da resistência vascular. Essa combinação pode ampliar as opções de manejo para pacientes com hipertensão pulmonar severa, mas requer uma abordagem multidisciplinar e um acompanhamento cuidadoso para assegurar a segurança e a eficácia do tratamento.
Assim, a literatura aponta que, embora os antagonistas de endotelina representem um avanço no tratamento da HAS, especialmente em casos de hipertensão pulmonar, o monitoramento clínico permanece essencial devido às limitações na resposta a longo prazo e aos potenciais efeitos adversos (FERNANDES et al., 2021; DE OLIVEIRA FIGUEIREDO et al., 2024).
CONCLUSÃO
A partir dos dados revisados, constatou-se que os Antagonistas do Receptor de Endotelina apresentam um potencial terapêutico significativo no controle da hipertensão, sobretudo em casos resistentes a outras terapias convencionais. Além de promoverem a redução da pressão arterial, esses medicamentos aparentemente contribuem para a melhoria da função endotelial e para a redução da tensão arterial, demonstrando efeitos positivos que vão além do simples controle pressórico. Essas descobertas reforçam a importância de novas abordagens terapêuticas para o manejo de hipertensão e doenças cardiovasculares, especialmente quando as opções tradicionais se mostram insuficientes para determinados grupos de pacientes.
Por outro lado, a aplicação clínica dos AREs ainda enfrenta desafios importantes, como a ocorrência de efeitos adversos e a necessidade de monitoramento constante, o que pode comprometer a adesão ao tratamento. Assim, torna-se essencial que pesquisas futuras investiguem alternativas para minimizar os efeitos colaterais e para identificar possíveis alternativas terapêuticas que otimizem a ação dos AREs. Esse conhecimento pode levar a práticas de tratamento mais eficazes e seguras, garantindo uma melhoria na qualidade de vida dos pacientes e proporcionando um avanço significativo no campo da hipertensão arterial e da cardiologia clínica.
REFERÊNCIAS
- ZIDEK, W.; VAN DER GIET, M. The role of endothelin in hypertension and cardiovascular disease. Journal of Hypertension, v. 23, n. 10, p. 1837-1844, 2005.
- BOULANGER, C. M.; LIEVRE, M.; DUSSAULE, J. C.; et al. Endothelin-1 and the cardiovascular system: from physiology to pathology. Clinical Science, v. 112, n. 1, p. 1-12, 2007.
- DE OLIVEIRA FIGUEIREDO, José Glauber et al. Manejo multidisciplinar de hipertensão refratária e hipertensão pulmonar: integração de abordagens clínicas e cirúrgicas para a otimização dos resultados cirúrgicos. Revista Brasileira de Saúde e Ciências Biológicas, v. 1, n. 1, p. e62, 2024.
- DE OLIVEIRA, Diogo Abrantes et al. Hipertensão pulmonar: um estudo sobre as vias de tratamento para causas primárias. Revista Brasileira de Implantologia e Ciências da Saúde, v. 6, n. 9, p. 2605-2613, 2024.
- FERNANDES, C. J. et al. Atualização no tratamento da hipertensão arterial pulmonar. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 117, n. 4, p. 750-764, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.36660/abc.20200702.
- INOUE, A.; MASAKI, T. Endothelin: a new potent vasoconstrictor peptide. Journal of Cardiovascular Pharmacology, v. 15, Suppl 1, p. S1-S6, 1990.
- JUNIOR, Adilson Boson Almeida et al. Estratégias atuais para a prevenção e o tratamento da hipertensão. Epitaya E-books, v. 41, p. 11-31, 2023.
- MANCIA, G.; FAGARD, R.; NARKIEWICZ, K.; et al. 2013 ESH/ESC Guidelines for the management of arterial hypertension. European Heart Journal, v. 34, n. 28, p. 2159-2219, 2013.
- MCMURTRY, I. F.; ARCHER, S. L.; ALTIERI, D. C.; et al. Vascular remodeling in pulmonary arterial hypertension: the role of endothelin-1. American Journal of Physiology – Lung Cellular and Molecular Physiology, v. 297, n. 5, p. L1001-L1010, 2009.
- SCHIFFRIN, E. L.; LIPMAN, M. L.; MANN, J. F. Chronic kidney disease: effects on cardiovascular risk. Circulation, v. 116, n. 1, p. 85-97, 2007.
- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global Health Observatory (GHO) data: Hypertension. Geneva: WHO, 2021.
- YANAGISAWA, M.; KURIHARA, H.; KIMURA, S.; et al. A novel potent vasoconstrictor peptide produced by vascular endothelial cells. Nature, v. 332, n. 6163, p. 411-415, 1988.
- ZAPATA-SUDO, Gisele (Ed.). Riociguate: uma alternativa para tratar a hipertensão pulmonar. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 119, n. 1, p. 111-112, 2022.
1 – Juliana Clemente do Rêgo – Médica pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG
2 -Geraldo Cardoso Feitosa Pessoa de Carvalho – Acadêmico de medicina pela UNIRV
3 – Nome completo: Thays da Paixão Williges – Acadêmica em Medicina pela Faculdade AGES – Campus Jacobina
4 – Samuel Cavalcante Santiago – Acadêmico em Medicina pela UNIRV Campus Formosa
5 – Annelyse Ferreira Costa de Oliveira – Acadêmica em Medicina pela Universidade do Oeste Paulista- Unoeste
6 – Iara Salvador Protásio – Acadêmica em Medicina pela Faculdade AFYA garanhuns – PE
7 – José Genferson Rodrigues Braz Acadêmico em Medicina pela Faculdade Afya Garanhuns – PE
8 -Allan Candido Mangabeira – Acadêmico em Medicina pela UNIGRANRIO AFYA – CAMPUS DUQUE DE CAXIAS
9 – João Pedro Bernardes Salvi – Acadêmico em Medicina pela Faculdade da Unifunec
10 – Pihetra Vitoria de Carvalho Salvi – Acadêmica em Medicina pela Faculdade Afya faculdade de ciências medicas de itacoatiara
11 – Isadora Leticia Dalbosco da Silva – acadêmica de Medicina no Centro Universitário de Pato Branco (UNIDEP)
12 – Fernanda Carvalho Dias Piva – Acadêmica em Medicina pela faculdade AFYA Palmas
13 – Bárbara Larissa Oliveira Pierote – acadêmica em medicina pela Faculdade de Saúde Santo Agostinho de Vitória da Conquista
14 – Luiza Moraes Nunes – acadêmica em Medicina pela Faculdade de ciências médicas do Pará
15 – Bruna Sousa Mendes – acadêmica de Medicina pela Faculdade de Saúde Santo Agostinho de Vitória da Conquista
16 – Emilly Sena Souza – acadêmica de Medicina pela Faculdade de Saúde Santo Agostinho de Vitória da Conquista
17 – Andréia Rodrigues de Oliveira – acadêmica de Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA
18 -Vitor Teixeira Couto de Albuquerque Codognotto – acadêmico em Medicina pela Universidade Federal de Pelotas
19 – Natália da Silva França Almeida – Acadêmica em Medicina pela Faculdade Zarns
20 – Gabriel Eduardo dos Santos da Costa – acadêmico em Medicina pela Faculdade de ciências médicas do Pará