L. L. MACHADO¹, N. M. LEITE¹, T. F. LIMA¹, A. M. LOPES¹, A. S. YAMADA²
¹Acadêmicas do 4º período do curso de fisioterapia, CEULP-ULBRA. Naiusyleite, Laysaloanem, Aldinha_ms, Tatazzinha_lima (@hotmail.com).
² Professora do curso de fisioterapia, CEULP-ULBRA.
RESUMO: O presente trabalho foi desenvolvido analisando os movimentos ergonômicos dos auxiliares de biblioteca. Como métodos de estudo foram analisados imagens cinematográficas, a fim de observar as posições anatômicas durante o trabalho destes profissionais, juntamente com aplicação de questionários contendo informações sobre carga horária, ambiente de trabalho, esforço físico e mental, sensações dolorosas, trabalhos associados. A partir dos resultados observados e comparados, conclui-se que os movimentos repetitivos realizados por esses profissionais poderão gerar algumas patologias.
PALAVRAS-CHAVE: auxiliar de biblioteca, movimentos ergonômicos, patologias.
INTRODUÇÃO: Segundo Mendes (1995), muitos critérios de classificação da patologia do trabalho têm sido utilizados, até pela necessidade de separar o que é diferente e, se possível juntar o que é semelhante. A coluna lombar tem como base anatômica e funcional, a tríade articular formada por uma juntura fibroelástica intervertebral, ou seja, o disco, duas junturas sinoviais e um corpo vertebral. O ser humano, ao movimentar-se no trabalho, emprega os músculos que se apóiam na estrutura osteoligamentar da coluna vertebral (KNOPLICH, 1995), estes músculos são: intertransversários, interespinais, rotadores longo e curto, levantador de costela longo e curto (camada profunda), multífido, semi-espinais da cabeça, pescoço e tórax (camada média), iliocostal, longuíssimo e espinal (camada superficial), (DANGELO, et al, 2007). As vértebras e o disco intervertebral sofrem uma força de compressão nos movimentos de flexão (núcleo posterioriza-se), extensão (núcleo anterioriza-se) e rotação (sendo que esta última também possui a força de cisalhamento), a articulação interapofisária pode sofrer força de compressão e tensão de acordo com o movimento realizado e dos forames de conjugação saem os nervos espinhais, que são nervos mistos (motores e sensitivos), originários da medula nervosa que está contida no canal medular. Segundo Konin (2006) a movimentação corporal e as demais atividades desenvolvidas (força, destreza, etc.) causam um desgaste fisiológico importante em três estruturas: articulações interapofisárias; disco intervertebral; músculos e fáscias. A hérnia de disco é a extrusão do núcleo pulposo pela ruptura do ânulo fibroso, podendo ocasionar a compressão de raízes nervosas. A protrusão de disco é o deslocamento do núcleo pulposo do seu local de origem, podendo ocorrer um seqüestro (parte do núcleo fica isolado dentro do anel fibroso) o abaulamento discal é a força de compressão do disco que acontece durante todo o dia (achatamento do disco). Aproximadamente 80% da população têm alguma dor lombar durante a idade adulta e pelo menos 1% destes apresentam ciatalgia. A incidência anual e de 15 a 20%. Homens e mulheres têm as mesmas chances de serem atingidos e os períodos de dor se limitam de 2 a 6 semanas. 1% da população esta permanentemente ou cronicamente incapacitada para o trabalho por sintomas lombares. Se uma pessoa fica afastada do seu trabalho por mais de dois anos por dor lombar geralmente não deseja voltar às atividades profissionais, considerando-a provavelmente a causa das suas dores (CECIN, 1997). A incidência dos profissionais autônomos que voltam a trabalhar e bem maior que dos empregados com salários fixo, pois aqueles, mesmo com dor se obrigam a trabalhar par obter seu sustento. As causas mais freqüentes das lombalgias e lombociatalgias são de natureza mecânica-degenerativa. Sua produção tem origem em desordens estruturais, desvios biomecânicos, ou na interação desses dois fatores. A síndrome do desfiladeiro torácico é uma neuropatia compressiva que causa dores na região cervical, ombro e face medial do braço e antebraço, podendo ser difusa e vaga. O paciente pode apresentar alterações na sensibilidade com mais freqüência no período noturno na borda ulnar (neurogênica) ou edema de mão (vascular), dentre outros sintomas, acredita-se que, elevação do braço por período prolongado, compressão de objetos contra o ombro (telefone), flexão lateral do pescoço e posturas estáticas da cervical e cintura escapular são as principais causas desta patologia. Existem vários testes para avaliação clinica como: teste de Adson, Ross e triagem rápida. Segundo Couto (1995) a ergonomia é o estudo do comportamento do homem em relação ao seu trabalho. Portanto vemos que existe a necessidade de organizar-se perante as questões de doenças relacionadas ao trabalho. Neste artigo temos como objetivo principal analisar ergonomicamente os auxiliares de biblioteca que devido ao seu trabalho pesado moderado³ podem futuramente desenvolver algumas patologias tais como Lombociatalgia e Síndrome do desfiladeiro torácico.
MATERIAIS E MÉTODOS: A metodologia adotada foi descritiva e observatória, tendo como amostra oito voluntários, dois do sexo masculino e seis do sexo feminino, com idades entre 19 a 35 anos, exercendo a profissão de auxiliar bibliotecário, cujos mesmos assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, declarando estar ciente de sua participação do estudo, bem como da proteção de sua privacidade. Foi realizada a coleta de dados através da aplicação de questionário e de imagens dinâmicas por meios de recursos cinematográficos nas diversas posições utilizadas pelos mesmos durante a execução de suas atividades na biblioteca do Ceulp-Ulbra na cidade de Palmas-TO. Foi utilizado uma câmera digital da marca Kodak EasyShare C813. O desenvolvimento deste trabalho baseou-se na pesquisa bibliográfica de livro e artigos científicos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES: Segundo Nascimento (2000) existe a doença do trabalho causada pelo exercício continuo ou intermitente de atividades laborais capazes de provocarem lesões por ação imediata. Já a doença profissional: é uma doença do trabalho pelo exercício de atividades especificas que constam em relação oficial do INSS. Existem diversos fatores de risco a saúde do trabalhador, os fatores pessoais e culturais: idade, sexo, hábitos de vida; fatores psicossociais e econômicos: tais como remuneração salarial, estrutura individual, progresso na carreira; fatores da organização do trabalho: moveis e equipamentos utilizados, função exercida; e principalmente como fatores biomecânicos: posturas inadequadas, repetição de movimentos, uso excessivo de força e ausência de descanso contribuíram para causar desconfortos por condições relacionadas ao retorno sanguíneo, várias doenças da coluna vertebral baixa e membros inferiores são originarias da postura ortostática por tempo prolongada, esta postura juntamente com a postura sentada representa mais consumo energético, uma vez que para se manter essa postura consumimos mais energia, aumentamos mais a freqüência cardíaca e necessitamos de repouso mais prolongado. Couto (2002) cita que esforços estáticos excessivos estejam associados ao aumento do risco de inflamação nas articulações, bainhas e tendões: processos crônicos degenerativos, doenças dos discos intervertebrais e câimbras musculares. Contudo deve-se destacar que posturas como: em pé, deitado, agachado, sentado, inclinado para frente e em rotação, podem durante o trabalho ou o repouso serem realizadas em condições mais adequadas nas quais os músculos envolvidos nestas posturas possam agir com mais eficiência, segundo Barreira (1989).
O auxiliar bibliotecário posiciona-se nesta foto sentado, flexão de ombro com flexão de cotovelo bilateral, punho flexionado e com desvio ulnar, tronco ereto e com rotação, flexão de ângulo coxo-femoral e joelhos. (músculos que poderão causar alterações posturais devido a esta postura: eretores da espinha, escalenos, esternocleidomastóideo, supra e infra hióideos, bíceps braquial, deltóide fibras anteriores, coracobraquial, braquiorradial e braquial, flexores e extensores de punho, flexor ulnar do carpo, isquiostibiais, tríceps sural, ilipsoas). OWAS: tronco 3 (ereto com rotação), membros superiores 1 (abaixo do nível do ombro), membros inferiores 3 ( os dois membros fletidos e apoiados). Carga 1 (menos de 10 kg). Resultado 1 (normal, não requer intervenção).
O auxiliar bibliotecário posiciona-se, primeiramente sentado realizando, rotação externa de ombro e extensão de punho unilateral, flexão de cotovelos, rotação de tronco, flexão de ângulo coxo-femoral¸ e flexão de joelhos. (músculos que poderão causar alterações posturais devido a esta postura: eretores da espinha, escalenos, esternocleidomastóideo, supra e infra hióideos, bíceps braquial, deltóide, coracobraquial, braquiorradial e braquial, flexores e extensores de punho, flexor ulnar do carpo, isquiostibiais, tríceps sural, ilipsoas). OWAS: tronco 3 (ereto com rotação), membros superiores 1(abaixo do nível do ombro) e membros inferiores 3 ( os dois membros fletidos e apoiados). Carga 1 (menos de 10 kg). Resultado 1 (normal, não requer intervenção).
O auxiliar bibliotecário posiciona-se em pé, com extensão de ombro e cotovelo unilateral, flexão de cotovelo unilateral. (músculos que poderão causar alterações posturais devido a esta postura: eretores da espinha, escalenos, esternocleidomastóideo, trapézio fibras superiores, subocciptais, supra e infra hióideos, bíceps braquial, deltóide fibras anteriores, coracobraquial, braquiorradial e braquial, flexores e extensores de punho, flexor ulnar do carpo, tríceps sural). OWAS: tronco 1 (ereto), membros superiores 1 (abaixo do nível do ombro), membros inferiores 2 (um membro estendido e o outro apoiado). Carga 1 (menos de 10 kg). Resultado 1 (normal, não requer intervenção).
O auxiliar bibliotecário posiciona-se nesta foto sentado, abdução de ombro com extensão de cotovelo unilateral, adução de ombro com flexão de cotovelo unilateral, tronco ereto, flexão de ângulo coxo-femoral e joelhos, dorsiflexão. (músculos que poderão causar alterações posturais devido a esta postura: eretores da espinha, bíceps braquial, deltóide, coracobraquial, braquiorradial e braquial, flexores e extensores de punho, flexor ulnar do carpo, isquiostibiais, tríceps sural, ilipsoas). OWAS: tronco 1 (ereto), membros superiores 1(abaixo do nível do ombro), membros inferiores 3 ( os dois membros fletidos e apoiados). Carga 1 (menos de 10 kg). Resultado 1 (normal, não requer intervenção).
O auxiliar bibliotecário posiciona-se nesta foto em pé, com flexão de ombro e extensão de cotovelo, tronco ereto. (músculos que poderão causar alterações posturais devido a esta postura: eretores da espinha, bíceps e tríceps braquial, deltóide fibras anteriores, coracobraquial, braquiorradial e braquial, flexores e extensores de punho, flexor ulnar do carpo, isquiostibiais, tríceps sural, ilipsoas). OWAS: tronco 1 (ereto) , membros superiores 1 (abaixo do nível do ombro), membros inferiores 6 (caminhando). Carga 1 (menos de 10 kg). Resultado 1 (normal, não requer intervenção).
O auxiliar bibliotecário posiciona-se nesta foto em pé, com flexão de ombro e flexão de cotovelo, flexão de tronco, flexão de ângulo coxo-femoral e joelhos, dorsiflexão. (músculos que poderão causar alterações posturais devido a esta postura: eretores da espinha principalmente os lombares, bíceps braquial, deltóide, coracobraquial, braquiorradial e braquial, flexores e extensores de punho, flexor ulnar do carpo, isquiostibiais, tríceps sural, ilipsoas). OWAS: tronco 2 (flexão anterior), membros superiores 1 (abaixo do nível do ombro), membros inferiores 3 (dois membros fletidos e apoiados). Carga 1 (menos de 10 kg). Resultado 2 (esforço levemente prejudicial “preocupação futura”).
O auxiliar bibliotecário posiciona-se nesta foto em pé, com flexão de ombro e extensão de cotovelo, tronco ereto. Flexão de joelho unilateral e apoio unilateral. (músculos que poderão causar alterações posturais devido a esta postura: eretores da espinha, rotadores da coluna, escalenos, esternocleidomastóideo, supra e infra hióideos, bíceps braquial, deltóide fibras anteriores, coracobraquial, braquiorradial e braquial, flexores e extensores de punho, flexor ulnar do carpo, isquiostibiais, tríceps sural, ilipsoas). OWAS: tronco 1(ereto), membros superiores 1 (abaixo do nível do ombro), membros inferiores 6 (caminhando). Carga 2 (10> x <20 kg). Resultado 1 (normal, não requer intervenção).
O auxiliar bibliotecário posiciona-se nesta foto em pé, tronco ereto, um dos membros superiores acima do nível do ombro, extensão de ângulo coxo-femoral e de joelhos, e planti- flexão. (músculos que poderão causar alterações posturais devido a esta postura: eretores da espinha, trapézio fibras superiores bilateralmente, suboccipitais, esplênios, bíceps braquial, deltóide fibras anteriores, coracobraquial, braquiorradial e braquial, flexores e extensores de punho, flexor ulnar do carpo, isquiostibiais, tríceps sural, ilipsoas). OWAS: tronco 1(ereto), membros superiores 2 (um membro acima do nível do ombro), membros Inferiores 1 (membros estendidos com apoio bilateral). carga 1 (menos de 10 kg). Resultado 1 (normal, não requer intervenção).
Quadro 1 – Categorias de ação segundo posição das costas, braços, pernas e uso de força no método OWAS
CONCLUSÃO: Observa-se no decorrer deste artigo que a profissão de auxiliar bibliotecário e classificada como trabalho pesado moderado, com movimentos repetitivos, carregamento de peso, rotação e/ou flexão de tronco podendo acarretar assim alterações posturais, distúrbios musculares, neuropatias compressivas, hérnias discais, fortes dores lombares com ou sem irradiação dentre outras patologias. Concluímos que 90% dos entrevistados descansam menos de uma hora por dia, muitas vezes levando ao cansaço. Considera-se necessário a utilização efetiva dos objetos de carregamento de peso (carrinho), atitudes corretas ao abaixar-se, modo de manuseio de cargas corretas para diminuir ou abolir o risco destas patologias. Condutas recomendadas: evitar pegar peso do chão, carregar de forma correta e procurar colocar objetos em alturas iguais, evitar posturas antálgicas e utilizar aparelhos que ajude no manuseio de cargas com pegas adequadas. A Fisioterapia aplica soluções diferenciadas, visando ensinar o indivíduo como manter de forma sadia a sua estrutura vertebral a fim de evitar-lhe danos algumas vezes de tratamento prolongado ou até mesmo irremediáveis.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BARREIRA, T.H.C. Um enfoque ergonômico para posturas de trabalho. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional. 1989.
COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho: Manual Técnica de Maquina Humana. Belo Horizonte: ergo 1995. Vol. 1 e 2.
KNOPLICH, José. Coluna Vertebral. In: MENDES, René (org.). Patologia do trabalho. Rio de Janeiro. Editora Atheneu. 1995.
NASCIMENTO, Nevalda, marques do. Fisioterapia nas empresas: saúde x trabalho. Rio de Janeiro. Taba cultural. 2000. Pg. 62.
CECIN, H. A. Proposição de uma reserva anatomofuncional, no canal raquidiano, como fator interferente na fisiopatologia das lombalgias e lombociatalgias mecânico-degenerativo. Revista da associação medica brasileira. São Paulo. Out/dez. 1997. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=csi_arttext&pid=S0104-42301997000400005&Ing=pt&nrm=iso. Acesso em: 12 de junho de 2010.
DANGELO, J. G; FATTINI, C. A. Anatomia Humana: sistêmica e segmentar. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte. 2007. Edição 3º.
KONIN, J.G. Cinesiologia prática para fisioterapeutas. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2006.