EPIDEMIOLOGICAL ANALYSIS OF THE SCENARIO OF GESTATIONAL AND CONGENITAL SYPHILIS IN THE COASTAL PLAIN OF PIAUÍ FROM 2017-2021
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10012379
Vanessa Cristina de Castro Aragão Oliveira1
Josnayra Lima Delgado2
Letícia Sanção de Macêdo3
Mario Renno Rocha Ferro4
Ana Letícia Aragão Oliveira Araripe5
Rafaella Franco Rodrigues Ferro6
Resumo
As infecções sexualmente transmissíveis são um grande problema de saúde pública. A sífilis merece destaque entre as IST’s por ser uma infecção sistêmica, milenar e persistente que causa graves danos sociais, econômicos e de saúde, com consequências irreversíveis a longo prazo. Na gestação, torna-se um grave problema de saúde pública, pois ainda é observado em uma parcela significativa de mulheres, favorecendo a ocorrência de sífilis congênita. Na Planície Litorânea do Piauí, no período de 2017 a 2021, foram notificados 272 casos de sífilis congênita. Neste contexto, o Piauí ainda não conseguiu controlar a alta incidência de sífilis congênita. Nesse sentido, a pesquisa se caracterizou por ser quantitativa, descritiva, exploratória e retrospectiva (2017-2021), cuja amostra foram os dados contidos no sistema nacional de notificação de agravos (SINAN), sistema de informações de nascidos vivos (SINASC) e sistema de informação de mortalidade (SIM). Foram incluídas todas as mulheres e recém-nascidos, notificados como casos novos de sífilis gestacional e sífilis congênita respectivamente, residentes na Planície Litorânea do Piauí. Espera-se com esse trabalho, contribuir para a atualização de dados e qualificação do pré-natal no manejo da sífilis em gestante e buscar reduzir o número de casos na planície litorânea do Piauí. Além disso, incluir no pré-natal o parceiro, com abordagem interprofissional da família, implantação de atividades de educação permanente dos profissionais para atuarem de modo eficaz no diagnóstico e tratamento da gestante e seu parceiro durante o pré-natal, além de fornecerem esclarecimentos sobre a gravidade da doença, consequências, transmissão, medidas de prevenção e necessidade de tratamento.
Palavras-chave/Descritores: Saúde Pública. Sífilis. Saúde Materno Infantil. Epidemiologia.
Abstract
Sexually transmitted infections represent a significant public health issue, with syphilis standing out among STIs as a systemic, ancient, and persistent infection causing severe social, economic, and health-related damages with irreversible long-term consequences. During pregnancy, it becomes a serious public health problem, as it is still prevalent in a significant proportion of women, contributing to the occurrence of congenital syphilis. In the Coastal Plain of Piauí, from 2017 to 2021, 272 cases of congenital syphilis were reported. In this context, Piauí has not yet managed to control the high incidence of congenital syphilis. The research was characterized as quantitative, descriptive, exploratory, and retrospective (2017-2021), with the sample consisting of data from the national disease notification system (SINAN), the live births information system (SINASC), and the mortality information system (SIM). All women and newborns reported as new cases of gestational syphilis and congenital syphilis, respectively, residing in the Coastal Plain of Piauí, were included. This study aims to contribute to data updating and the qualification of prenatal care in managing syphilis in pregnant women, seeking to reduce the number of cases in the Coastal Plain of Piauí. Additionally, it advocates for the inclusion of partners in prenatal care, with an interprofessional family approach, implementing ongoing education activities for professionals to act effectively in the diagnosis and treatment of pregnant women and their partners during prenatal care, and providing clarification on the severity of the disease, consequences, transmission, preventive measures, and the necessity of treatment.
Keywords/Descriptors: Public Health. Syphilis. Maternal and Child Health. Epidemiology.
1. Introdução
As infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) representam um grande problema de saúde pública, pois são de difícil controle e erradicação em todo o mundo. A sífilis merece destaque entre as IST’s por ser uma infecção sistêmica, milenar e persistente que causa graves danos sociais, econômicos e de saúde, podendo evoluir para uma doença crônica com consequências irreversíveis a longo prazo (RIBEIRO, 2020).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é estimado que ocorram cerca de 12 milhões de novos casos de sífilis em todo o mundo anualmente. É importante destacar que, dentre esses casos, entre 1,5 e 1,85 milhões correspondem a gestantes, e que 50% delas têm filhos com resultados adversos devido às consequências da doença. No Brasil, houve um aumento na taxa de incidência de sífilis gestacional e congênita entre 2010 e 2016, sendo que a sífilis gestacional passou de 3,5 para 12,4 casos a cada mil nascidos vivos, e a sífilis congênita aumentou de 2,4 para 6,8 casos por mil nascidos vivos, representando um aumento de aproximadamente três vezes no número de casos (CONCEIÇÃO, 2020).
Na gestação, torna-se um grave problema de saúde pública, pois ainda é observado em uma parcela significativa de mulheres, favorecendo diretamente a ocorrência de sífilis congênita, decorrente da disseminação hematogênica do agente infeccioso da gestante não tratada ou inadequadamente tratada para o seu concepto, por via transplacentária. A transmissão pode acontecer em qualquer fase da gestação e em qualquer estágio da doença, sendo também possível transmissão direta no canal do parto (MARQUES, 2020).
A sífilis gestacional, apesar de apresentar diagnóstico simples e tratamento eficaz, ainda apresenta prevalência alarmante, principalmente em países pobres ou em desenvolvimento. O risco de transmissão vertical da sífilis varia de 30% a 100%, dependendo da fase clínica da doença na gestante. Em aproximadamente 40% das infecções intra-uterinas não tratadas ocorre o aborto espontâneo ou a morte perinatal (CAMPOS, 2010).
Além disso, a sífilis em gestação está cada vez mais incidente, visto que muitas gestantes têm seus parceiros apresentando diagnóstico sorológico positivo para a sífilis, entretanto os mesmos não procuram o serviço a fim de realizar o tratamento. Dessa forma, tanto a mulher grávida quanto o feto são colocados em risco de contrair a doença, a qual trará danos a este binômio em qualquer fase da gestação, principalmente para o bebê (CABRAL, 2017).
Em 2018, o estado do Piauí encontrava-se entre os estados com números de notificação superiores ao da média nacional, sendo 10/1.000 nascidos vivos. Neste contexto, o Piauí ainda não conseguiu controlar a sua alta incidência de sífilis congênita (FERREIRA, 2022).
Já na Planície Litorânea do Piauí, no período de 2017 a 2021, foram notificados 272 casos de sífilis congênita, fato que preocupa as políticas de atenção à saúde da mulher, do homem, da criança e do adolescente. Diante desse contexto, justifica-se a importância desta investigação nessa população, visto que, destes 272 casos, Parnaíba detém 63,9%, seguido por Buriti dos Lopes (10,66%), Luís Correia (10,2%), Cocal (4,04%), Ilha Grande (2,94%), Cajueiro da Praia (2,2%), Caxingó (1,83%), Murici dos Portelas (1,47%), Bom Princípio do Piauí (0,73%), Cocal dos Alves (0,73%) e Caraúbas do Piauí (0,36%). Nessa perspectiva, o objetivo do presente estudo é conhecer o cenário epidemiológico da sífilis gestacional e congênita na planície litorânea do Piauí, no período de 2017 a 2021. Identificar a incidência dos casos de notificações de sífilis gestacional e congênita na Planície Litorânea, comparar a incidência de sífilis congênita em relação a sífilis gestacional. Avaliar os dados sobre a doença no sistema de informação oficial de agravos de notificação e descrever os fatores que estão relacionados aos casos notificados de sífilis gestacional e congênita na Planície Litorânea, para a melhor descrição da realidade da região e o perfil das gestantes diagnosticadas com sífilis gestacional, assim como das crianças nascidas com sífilis congênita, com o intuito de identificar os aspectos relacionados à doença e pontos a serem melhorados.
2. Metodologia
2.1. Cenário do Estudo
O local para estudo foi a Planície Litorânea do Piauí, que corresponde aos municípios de Bom Princípio do Piauí, Buriti dos Lopes, Cajueiro da Praia, Caraúbas do Piauí, Caxingó, Cocal, Cocal dos Alves, Ilha Grande, Luís Correia, Murici dos Portelas e Parnaíba. Os indivíduos listados nessa pesquisa não foram expostos devido a mesma ser baseada em dados quantitativos e não qualitativos.
2.2. Desenho, Local do Estudo e Período
A pesquisa se caracterizou por ser quantitativa, descritiva, exploratória e retrospectiva (2017-2021), cuja amostra foram os dados contidos no sistema nacional de notificação de agravos (SINAN), sistema de informações de nascidos vivos (SINASC) e sistema de informação de mortalidade (SIM).
2.3. População ou Amostra e Critérios de Inclusão e Exclusão
Foram incluídas todas as mulheres e recém-nascidos, notificados como casos novos de sífilis gestacional e sífilis congênita respectivamente, residentes na Planície Litorânea do Piauí. Foram desconsiderados os casos notificados em outras regiões de saúde.
2.4. Coleta de Dados
O estudo foi realizado a partir do levantamento de dados referentes a todos os casos novos de sífilis gestacional e congênita, registrados nos bancos de dados sobre a doença, no período de 2017 a 2021.
2.5. Análise dos Resultados e Estatística
Foram analisados os dados na função estatística do Excel® 2019. As medidas centrais foram calculadas de acordo com as variáveis contínuas e medidas de frequência para as variáveis categóricas. Logo, foram construídas as tabelas de série histórica dos registros de Sífilis gestacional e congênita.
2.6. Aspectos Éticos e Legais
Todos os aspectos éticos e legais referentes às fases do projeto foram respeitados de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que contém diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Os dados foram utilizados tão somente para análise, interpretação, e divulgação de informações em saúde através de artigos dentre outras publicações científicas. Foi utilizado apenas os dados secundários obtidos no Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) somente no apoio para a concretização do referido projeto, esclarecendo ainda que houve todo rigor técnico nas análises estatísticas dos dados e que a fonte das informações foi sempre enfatizada na elaboração de relatórios e artigos.
3. Resultados
No período de 2017 a 2021, houve 198 casos de sífilis em gestantes e 293 casos de sífilis congênita identificados na Planície Litorânea. O ano de 2020 registrou o maior número de casos de sífilis gestacional notificados pelo município (n=50), com um coeficiente de prevalência de 0,19/1.000 gestantes (Tabela 1). Isso representa um aumento de 8,69% em relação a 2019 (n=46) e 25% em relação a 2017 (0,15/1.000 gestantes com sífilis). Por outro lado, o maior número de casos confirmados de sífilis congênita, de acordo com o município de notificação, ocorreu em 2018 (n=79) (Tabela 2), representando um aumento de 58% em relação ao ano anterior e mantendo-se em níveis semelhantes nos anos seguintes (2019 e 2020), com uma grande discrepância em relação a 2021 (n=24).
Tabela 1 – Sífilis em Gestante – Casos confirmados e notificados no Sistema de Informação de agravos de Notificação no Piauí. Casos confirmados por ano de diagnóstico segundo o município de notificação. Período: 2017-2021. | ||||||
Município de residência | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 | TOTAL |
Bom Princípio do Piauí | – | – | – | – | – | – |
Buriti dos Lopes | 6 | 4 | 3 | 3 | – | 16 |
Cajueiro da Praia | 4 | 1 | 1 | – | – | 6 |
Caraúbas do Piauí | – | 1 | 1 | – | – | 2 |
Caxingó | 1 | 2 | – | – | – | 3 |
Cocal | – | – | 1 | 2 | – | 3 |
Cocal dos Alves | – | 1 | 1 | – | – | 2 |
Ilha Grande | 2 | 1 | 2 | 1 | – | 6 |
Luís Correia | 5 | 3 | 4 | – | – | 12 |
Murici dos Portelas | – | 2 | 1 | 4 | – | 7 |
Parnaíba | 21 | 31 | 32 | 40 | 17 | 141 |
TOTAL | 39 | 46 | 46 | 50 | 17 | 198 |
Fonte: DATASUS/SINAN (2023).
Tabela 2 – Sífilis Congênita – Casos confirmados e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação no Piauí. Casos confirmados por Ano Diagnóstico segundo município de notificação. Período: 2017-2021. | ||||||
Município de notificação | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 | Total |
Bom Princípio do Piauí | – | – | – | – | – | – |
Buriti dos Lopes | – | – | – | – | – | – |
Cajueiro da Praia | – | – | – | – | – | – |
Caraúbas do Piauí | – | – | – | – | – | – |
Caxingó | – | – | – | – | – | – |
Cocal | – | – | – | – | – | – |
Cocal dos Alves | – | 1 | – | – | – | 1 |
Ilha Grande | – | – | – | – | – | – |
Luís Correia | 1 | – | – | – | – | 1 |
Murici dos Portelas | – | – | – | – | – | – |
Parnaíba | 49 | 78 | 64 | 76 | 24 | 291 |
TOTAL | 50 | 79 | 64 | 76 | 24 | 293 |
Fonte: DATASUS/SINAN (2023).
Ao comparar os resultados dos diferentes municípios, podemos observar que o município de Parnaíba apresentou o maior número de casos confirmados de sífilis gestacional e sífilis congênita em todos os anos segundo o município de notificação, com um total de 141 casos de sífilis gestacional (Tabela 1) e 291 casos de sífilis congênita (Tabela 2). Por outro lado, alguns municípios, como Bom Princípio do Piauí, não apresentaram nenhum caso confirmado durante o período. Também podemos notar que alguns municípios apresentaram um número baixo e constante de casos confirmados ao longo dos anos, como Caxingó, que apresentou apenas três casos confirmados de sífilis gestacional e nenhum caso de sífilis congênita em todo o período de análise. Já outros municípios apresentaram flutuações no número de casos confirmados, como Buriti dos Lopes, que teve seis casos confirmados de sífilis gestacional em 2017 e apenas três em 2019 e 2020 e nenhum caso de sífilis congênita nos mesmo período.
Tabela 3 – Sífilis em Gestante – Casos confirmados e notificados no Sistema de Informação de agravos de Notificação no Piauí. Casos confirmados por ano de diagnóstico segundo o município de residência. Período: 2017-2021. | ||||||
Município de residência | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 | TOTAL |
Bom Princípio do Piauí | – | 1 | – | – | – | 1 |
Buriti dos Lopes | 7 | 5 | 6 | 3 | 1 | 22 |
Cajueiro da Praia | 4 | 1 | 1 | – | – | 6 |
Caraúbas do Piauí | – | 1 | 1 | – | – | 2 |
Caxingó | 1 | 2 | – | – | – | 3 |
Cocal | – | – | 1 | 2 | – | 3 |
Cocal dos Alves | – | 1 | 1 | – | – | 2 |
Ilha Grande | 2 | 1 | 2 | 3 | – | 8 |
Luís Correia | 5 | 4 | 5 | 1 | – | 15 |
Murici dos Portelas | – | 2 | 1 | 4 | – | 7 |
Parnaíba | 21 | 28 | 28 | 37 | 14 | 128 |
TOTAL | 40 | 46 | 46 | 50 | 15 | 197 |
Fonte: DATASUS/SINAN (2023).
Se confrontarmos os dados de sífilis gestacional segundo o município de residência (Tabelas 3) e sífilis congênita segundo o município e residência (Tabela 4) com os dados segundo o município de notificação, no mesmo período, percebemos que há grande diferença em relação à distribuição por município. É possível que haja casos em que o diagnóstico foi feito em um município diferente do qual a gestante ou a criança reside, o que poderia explicar essas discrepâncias. Além disso, notamos que a cidade de Parnaíba concentra a maior parte dos casos notificados e confirmados, tanto quanto ao município de notificação, quanto ao município de residência.
Tabela 4 – Sífilis Congênita – Casos confirmados e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação no Piauí. Casos confirmados por Ano Diagnóstico segundo município de residência. Período: 2017-2021. | ||||||
Município de residência | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 | TOTAL |
Bom Princípio do Piauí | – | 2 | – | – | – | 2 |
Buriti dos Lopes | 4 | 5 | 9 | 8 | 3 | 29 |
Cajueiro da Praia | 2 | 3 | – | 1 | – | 6 |
Caraúbas do Piauí | – | – | 1 | – | – | 1 |
Caxingó | – | 3 | 1 | 1 | – | 5 |
Cocal | – | 1 | 6 | 2 | 2 | 11 |
Cocal dos Alves | 1 | 1 | – | – | – | 2 |
Ilha Grande | – | 2 | 4 | 4 | – | 10 |
Luís Correia | 5 | 8 | 7 | 7 | 1 | 28 |
Murici dos Portelas | 1 | 1 | 1 | 1 | – | 4 |
Parnaíba | 37 | 48 | 29 | 48 | 12 | 174 |
TOTAL | 50 | 74 | 58 | 72 | 18 | 272 |
Fonte: DATASUS/SINAN (2023).
Outra discrepância é em relação ao ano de 2021 com 17 casos confirmados de sífilis gestacional segundo o município de notificação (Tabela 1) e 15 casos confirmados segundo o município de residência (Tabela 3) e 24 casos confirmados de sífilis congênita segundo o município de notificação (Tabela 2) e 18 casos confirmados segundo o município de residência (Tabela 4), podendo essa queda abrupta ser explicada pelo advento da pandemia COVID-19 que interferiu diretamente no diagnóstico da sífilis gestacional e congênita nesse período. Informação que necessita de mais estudos para confirmação.
No que tange aos casos confirmados de sífilis gestacional segundo a faixa etária e município de notificação (Tabela 5), observa-se que a faixa com maior número de casos confirmados é de 20-39 anos, representando 141 dos 194 casos totais (72,6%). A maioria dos casos confirmados foi notificada em Parnaíba, com 105 casos (54,1%), seguida por Luís Correia, com 7 casos (3,6%), e Buriti dos Lopes, com 9 casos (4,6%). Entre as gestantes de 15-19 anos, foram notificados 51 casos confirmados (26,3%), o que sugere que as gestantes nessa faixa etária podem estar em risco mais elevado de contrair a doença. Em 10 dos 11 municípios que compõem a planície litorânea, não apresentaram casos confirmados entre gestantes com idade de 10-14 anos, apenas Parnaíba apresentou 02 casos confirmação de sífilis gestacional.
Tabela 5 – Sífilis em Gestante – Casos confirmados e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação no Piauí. Casos confirmados por faixa etária segundo o município de notificação. Período: 2017-2021. | |||
Município de residência | 10-14 anos | 15-19 anos | 20-39 anos |
Bom Princípio do Piauí | – | – | – |
Buriti dos Lopes | – | 7 | 9 |
Cajueiro da Praia | – | 1 | 5 |
Caraúbas do Piauí | – | 2 | – |
Caxingó | – | 1 | 2 |
Cocal | – | 1 | 2 |
Cocal dos Alves | – | 1 | 1 |
Ilha Grande | – | 1 | 5 |
Luís Correia | – | 5 | 7 |
Murici dos Portelas | – | 2 | 5 |
Parnaíba | 2 | 30 | 105 |
TOTAL | 2 | 51 | 141 |
Fonte: DATASUS/SINAN (2023).
Ao se comparar os dados da Sífilis Gestacional por faixa etária segundo o município de notificação e município de residência da gestante (Tabela 6), percebemos que entre os municípios de residência, Parnaíba continua a ter o maior número de casos confirmados de sífilis em gestantes, com 94 casos (67,1% dos casos nessa faixa etária) e que os casos continuam a ser direcionados para Parnaíba para diagnóstico e tratamento como demonstrado nas tabelas 1 a 4. Ao analisarmos a faixa etária de 10-14 anos de casos confirmados de sífilis gestacional, percebemos uma baixa quantidade de casos, o que pode indicar um menor risco de infecção nessa faixa etária ou falta de testagem. Além disso, a doença ainda é um problema de saúde pública na região, especialmente entre gestantes de 15-19 anos.
Tabela 6 – Sífilis em Gestante – Casos confirmados e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação no Piauí. Casos confirmados por faixa etária segundo o município de residência. Período: 2017-2021. | |||
Município de residência | 10-14 anos | 15-19 anos | 20-39 anos |
Bom Princípio do Piauí | – | 1 | – |
Buriti dos Lopes | – | 7 | 15 |
Cajueiro da Praia | – | 1 | 5 |
Caraúbas do Piauí | – | 2 | – |
Caxingó | – | 1 | 2 |
Cocal | – | 1 | 2 |
Cocal dos Alves | – | 1 | 1 |
Ilha Grande | – | 1 | 6 |
Luís Correia | – | 5 | 10 |
Murici dos Portelas | – | 2 | 5 |
Parnaíba | 2 | 29 | 94 |
TOTAL | 2 | 51 | 140 |
Fonte: DATASUS/SINAN (2023).
Na Tabela 7 (casos confirmados de Sífilis Congênita por faixa etária e município de notificação), é possível observar que a maioria dos casos (n=288) ocorreu em recém-nascidos com até 6 dias de vida. Em seguida, há apenas 2 casos notificados para a faixa etária de 7 a 27 dias e 3 casos para a faixa etária de 28 dias a menos de 1 ano. A cidade de Parnaíba continua sendo a cidade com maior prevalência de casos (1,10/1000 nascidos).
Quando comparamos os dados por faixa etária, município de notificação e município de residência da criança (Tabela 8), observamos que segundo o município de residência foram notificados 267 casos. A maioria dos casos foi registrada em Parnaíba, com 172 casos confirmados, seguido por Luís Correia, com 28 casos, e Buriti dos Lopes, com 28 casos confirmados e 21 casos de pacientes não residentes na planície litorânea, demonstrando que pacientes de outras regiões se deslocam principalmente para Parnaíba para realizarem a testagem e diagnóstico da doença. Esses dados, demonstram a necessidade de políticas públicas voltadas para o controle e prevenção da sífilis congênita em todo o estado do Piauí. É importante que sejam realizadas campanhas de conscientização e orientação sobre a importância do pré-natal, do diagnóstico precoce e do tratamento adequado da sífilis durante a gestação, para evitar a transmissão vertical da doença e, consequentemente, reduzir o número de casos de sífilis congênita na planície litorânea.
Tabela 7 – Sífilis Congênita – Casos confirmados e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação no Piauí. Casos confirmados por faixa etária segundo o município de notificação. Período: 2017-2021. | ||||||
Município de Notificação | Até 6 dias | 7-27 dias | 28 dias a <1 ano | 12 a 23 meses | 2 a 4 anos | 5 a 12 anos |
Bom Princípio do Piauí | – | – | – | – | – | – |
Buriti dos Lopes | – | – | – | – | – | – |
Cajueiro da Praia | – | – | – | – | – | – |
Caraúbas do Piauí | – | – | – | – | – | – |
Caxingó | – | – | – | – | – | – |
Cocal | – | – | – | – | – | – |
Cocal dos Alves | 1 | – | – | – | – | – |
Ilha Grande | – | – | – | – | – | – |
Luís Correia | 1 | – | – | – | – | – |
Murici dos Portelas | – | – | – | – | – | – |
Parnaíba | 286 | 2 | 3 | – | – | – |
TOTAL | 288 | 2 | 3 | – | – | – |
Fonte: DATASUS/SINAN (2023).
Tabela 8 – Sífilis Congênita – Casos confirmados e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação no Piauí. Casos confirmados por faixa etária segundo o município de residência. Período: 2017-2021. | ||||||
Município de Notificação | Até 6 dias | 7-27 dias | 28 dias a <1 ano | 12 a 23 meses | 2 a 4 anos | 5 a 12 anos |
Bom Princípio do Piauí | 2 | – | – | – | – | – |
Buriti dos Lopes | 28 | – | 1 | – | – | – |
Cajueiro da Praia | 5 | – | 1 | – | – | – |
Caraúbas do Piauí | 1 | – | – | – | – | – |
Caxingó | 4 | – | 1 | – | – | – |
Cocal | 11 | – | – | – | – | – |
Cocal dos Alves | 2 | – | – | – | – | – |
Ilha Grande | 10 | – | – | – | – | – |
Luís Correia | 28 | – | – | – | – | – |
Murici dos Portelas | 4 | – | – | – | – | – |
Parnaíba | 172 | 2 | – | – | – | – |
TOTAL | 267 | 2 | 3 | – | – | – |
Fonte: DATASUS/SINAN (2023).
Ao se analisar os casos de Sífilis em Gestantes por raça segundo o município de notificação (Tabela 9), se observa que a maioria dos casos confirmados de sífilis em gestantes no período de 2017 a 2021 na Planície Litorânea é de mulheres pardas, representando 75,3% do total de casos confirmados. Os municípios com maior número de casos confirmados são Parnaíba, com 140 casos, e Luís Correia, com 12 casos. Entre as gestantes infectadas, a raça branca representa 14,8% dos casos confirmados, enquanto a raça preta representa 8,7% e a amarela apenas 1,02%. A maioria dos municípios apresentou um número muito baixo ou nenhum caso confirmado, com exceção de Parnaíba e Luís Correia. É importante ressaltar que os dados da tabela referem-se apenas aos casos notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), ou seja, o número real de casos pode ser maior. Considerando esses pontos, é possível inferir que a sífilis em gestantes é um problema de saúde pública na Planície Litorânea e é necessário que as autoridades de saúde intensifiquem as medidas de prevenção, diagnóstico e tratamento da doença, bem como ações de conscientização e educação sexual para evitar a transmissão vertical da sífilis (da mãe para o bebê).
Tabela 9 – Sífilis em Gestante – Casos confirmados e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação no Piauí. Casos confirmados por raça segundo município de notificação. Período: 2017-2021. | |||||
Município de residência | Branca | Preta | Amarela | Parda | Indígena |
Bom Princípio do Piauí | – | – | – | – | – |
Buriti dos Lopes | – | 1 | – | 13 | – |
Cajueiro da Praia | – | 1 | – | 5 | – |
Caraúbas do Piauí | 2 | – | – | – | – |
Caxingó | – | – | – | 3 | – |
Cocal | 1 | – | – | 2 | – |
Cocal dos Alves | – | 1 | – | 1 | – |
Ilha Grande | – | 3 | – | 3 | – |
Luís Correia | 4 | – | – | 8 | – |
Murici dos Portelas | – | 2 | – | 5 | – |
Parnaíba | 22 | 9 | 2 | 107 | – |
TOTAL | 29 | 17 | 2 | 147 | – |
Com relação aos casos confirmados por raça, segundo o município de residência (Tabela 10), tem-se uma distribuição dos casos em todos os municípios da Planície Litorânea, evidenciando que uma parte dos pacientes se deslocam para Buriti dos Lopes, Luís Correia e Parnaíba para realizar o diagnóstico e tratamento.
Tabela 10 – Sífilis em Gestante – Casos confirmados e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação no Piauí. Casos confirmados por raça segundo município de residência. Período: 2017-2021. | |||||
Município de residência | Branca | Preta | Amarela | Parda | Indígena |
Bom Princípio do Piauí | – | – | – | 1 | – |
Buriti dos Lopes | – | 3 | – | 17 | – |
Cajueiro da Praia | – | 1 | – | 5 | – |
Caraúbas do Piauí | 2 | – | – | – | – |
Caxingó | – | – | – | 3 | – |
Cocal | 1 | – | – | 2 | – |
Cocal dos Alves | – | 1 | – | 1 | – |
Ilha Grande | – | 3 | – | 5 | – |
Luís Correia | 4 | – | – | 11 | – |
Murici dos Portelas | – | 2 | – | 5 | – |
Parnaíba | 23 | 7 | 2 | 95 | – |
TOTAL | 30 | 17 | 2 | 145 | – |
Fonte: DATASUS/SINAN (2023).
Em relação aos casos confirmados de Sífilis Congênita por raça e municípios de notificação (Tabela 11), os dados demonstram que a maioria dos casos confirmados de sífilis congênita ocorreu em crianças de raça parda (n=205), seguida pela raça branca (n=11) e preta (n=5). Além disso, é importante ressaltar que não houve casos confirmados entre crianças de raça amarela e indígena. Com relação à distribuição dos casos confirmados por município, a tabela indica que a maioria dos casos ocorreu em Parnaíba, com 204 casos no período avaliado. Outros municípios apresentaram números menores de casos confirmados, sendo que alguns não tiveram nenhum caso registrado.
Tabela 11 – Sífilis Congênita – Casos confirmados e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação no Piauí. Casos confirmados por raça segundo município de notificação. Período: 2017-2021. | |||||
Município de residência | Branca | Preta | Amarela | Parda | Indígena |
Bom Princípio do Piauí | – | – | – | – | – |
Buriti dos Lopes | – | – | – | – | – |
Cajueiro da Praia | – | – | – | – | – |
Caraúbas do Piauí | – | – | – | – | – |
Caxingó | – | – | – | – | – |
Cocal | – | – | – | – | – |
Cocal dos Alves | – | 1 | – | – | – |
Ilha Grande | – | – | – | – | – |
Luís Correia | – | – | – | 1 | – |
Murici dos Portelas | – | – | – | – | – |
Parnaíba | 11 | 5 | – | 204 | – |
TOTAL | 11 | 6 | – | 205 | – |
Fonte: DATASUS/SINAN (2023).
Nos casos confirmados de Sífilis Congênita por raça segundo o município de residência (Tabela 12) podemos perceber que a maioria dos pacientes são de Buriti dos Lopes (n=20), Luís Correia (n=21) e Parnaíba (n=129). Dos 204 casos notificados em Parnaíba apenas 129 pacientes residiam nessa localidade, demonstrando que 75 pacientes se deslocaram de suas cidades para realizar o diagnóstico e tratamento em Parnaíba. Isso pode representar falta de estrutura, escassez de recursos no município de residência do paciente. Fato esse que necessita de maiores estudos e caso necessário, adoção de políticas públicas para melhorar o rastreamento, exames diagnósticos e tratamento dos pacientes acometidos.
Tabela 12 – Sífilis Congênita – Casos confirmados e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação no Piauí. Casos confirmados por raça segundo município de residência. Período: 2017-2021. | |||||
Município de residência | Branca | Preta | Amarela | Parda | Indígena |
Bom Princípio do Piauí | – | – | – | 1 | – |
Buriti dos Lopes | 1 | – | – | 20 | – |
Cajueiro da Praia | – | 1 | – | 4 | – |
Caraúbas do Piauí | – | – | – | 1 | – |
Caxingó | 1 | – | – | 3 | – |
Cocal | – | 1 | – | 4 | – |
Cocal dos Alves | – | 1 | – | – | – |
Ilha Grande | – | – | – | 8 | – |
Luís Correia | 1 | – | – | 21 | – |
Murici dos Portelas | – | – | – | 2 | – |
Parnaíba | 8 | 3 | – | 129 | – |
TOTAL | 11 | 6 | – | 193 | – |
Fonte: DATASUS/SINAN (2023).
Nos municípios da Planície Litorânea, para os casos de Sífilis Congênita por sexo segundo município de notificação (Tabela 13), observa-se que apenas Cocal dos Alves teve um caso confirmado em um paciente do sexo masculino e em Luís Correia, um caso confirmado em um paciente do sexo feminino. No total, foram confirmados 148 casos em pacientes do sexo masculino e 144 em pacientes do sexo feminino, o que representa uma distribuição equilibrada dos casos entre os sexos. É importante notar que, embora a sífilis congênita possa afetar ambos os sexos, ela pode ter graves consequências para a saúde das crianças e pode ser prevenida com um pré-natal adequado e tratamento oportuno da mãe durante a gravidez. Além disso, o município de Parnaíba teve o maior número de casos, com 147 casos em crianças do sexo masculino e 143 casos em crianças do sexo feminino. No entanto, é importante destacar que vários municípios não apresentam dados sobre os casos de Sífilis Congênita, podendo ser resultado de uma ausência de notificação, ausência de testagem ou subnotificação dos casos. É fundamental que as autoridades de saúde mantenham um registro preciso da ocorrência de sífilis congênita, a fim de monitorar sua incidência e implementar medidas preventivas para evitar sua transmissão.
Tabela 13 – Sífilis Congênita – Casos confirmados e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação no Piauí. Casos confirmados por sexo segundo município de notificação. Período: 2017-2021. | ||
Município de residência | Masculino | Feminino |
Bom Princípio do Piauí | – | – |
Buriti dos Lopes | – | – |
Cajueiro da Praia | – | – |
Caraúbas do Piauí | – | – |
Caxingó | – | – |
Cocal | – | – |
Cocal dos Alves | 1 | – |
Ilha Grande | – | – |
Luís Correia | – | 1 |
Murici dos Portelas | – | – |
Parnaíba | 147 | 143 |
TOTAL | 148 | 144 |
Fonte: DATASUS/SINAN (2023).
Ao se comparar os casos de Sífilis Congênita por sexo segundo município de residência (Tabela 14), observamos que há uma maior distribuição dos casos em todos os municípios da Planície Litorânea, concentrando a maioria dos casos nas cidades de Buriti dos Lopes com 11 casos do sexo masculino e 18 casos do sexo feminino, Luís Correia com 15 casos do sexo masculino e 13 casos do sexo feminino e Parnaíba concentrando a maior parte com 92 casos do sexo masculino e 82 casos do sexo feminino, evidenciando novamente um equilíbrio entre os sexos.
Tabela 14 – Sífilis Congênita – Casos confirmados e notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação no Piauí. Casos confirmados por sexo segundo município de residência. Período: 2017-2021. | ||
Município de residência | Masculino | Feminino |
Bom Princípio do Piauí | 1 | 1 |
Buriti dos Lopes | 11 | 18 |
Cajueiro da Praia | 1 | 5 |
Caraúbas do Piauí | 1 | – |
Caxingó | 3 | 2 |
Cocal | 3 | 8 |
Cocal dos Alves | 1 | 1 |
Ilha Grande | 6 | 4 |
Luís Correia | 15 | 13 |
Murici dos Portelas | 4 | – |
Parnaíba | 92 | 82 |
TOTAL | 138 | 134 |
Fonte: DATASUS/SINAN (2023).
Em resumo, a análise dos dados indica que a sífilis congênita é um problema de saúde pública na Planície Litorânea e requer ações de prevenção e controle em toda a região. É importante que haja uma atenção especial para os municípios com maiores incidências de casos, como Parnaíba, Luís Correia e Buriti dos Lopes, para garantir que as medidas de prevenção e tratamento sejam implementadas adequadamente.
4. Discussão
De acordo com os resultados obtidos, concluímos que a sífilis congênita e gestacional consistem em um importante problema de saúde pública da Planície Litorânea do Piauí. Embora o número de casos tenha apresentado flutuações ao longo dos anos, é preocupante que o número de casos confirmados de sífilis congênita tenha se mantido em níveis elevados, especialmente considerando que a doença é totalmente prevenível e tratável com o adequado acompanhamento pré-natal. Visto isso, é indispensável a aplicação de políticas de prevenção e controle de toda essa região.
Feito a análise, notou-se uma discrepância em relação ao número de casos confirmados de sífilis congênita e gestacional, no quesito município de notificação e de residência. Se compararmos esses dados, em um mesmo período, percebemos que há grande diferença em relação à distribuição por município. É possível que haja casos em que o diagnóstico foi feito em um município diferente do qual a gestante ou a criança reside, o que poderia explicar essas discrepâncias. Isso pode indicar que há uma falta de comunicação entre os serviços de saúde de diferentes municípios, o que pode dificultar o monitoramento adequado da doença. É importante que haja uma coordenação mais efetiva entre os serviços de saúde, para garantir que todas as gestantes e crianças sejam monitoradas adequadamente e recebam o tratamento adequado.
Ainda, dentro dessa discrepância, é preocupante que a cidade de Parnaíba concentre a maior parte dos casos notificados e confirmados de sífilis gestacional e congênita na região. Isso sugere que é necessário reforçar as ações de prevenção e tratamento nessa cidade, para garantir que todas as gestantes e crianças recebam o cuidado adequado.
Além disso, observou-se uma queda abrupta dos casos registrados no ano de 2021 em relação aos anteriores, podendo ser justificada pelo advento da pandemia COVID-19. Como o relatório aponta, é possível que a pandemia tenha interferido diretamente no diagnóstico e tratamento da sífilis gestacional e congênita nesse período.
Por fim, a análise por faixa etária também é preocupante, pois revela que a faixa com maior número de casos confirmados é de 20-39 anos, representando 141 dos 194 casos totais (72,6%). Segundo Ramos e Boni (2018), um estudo conduzido na cidade de Palmas, no estado do Tocantins, revelou que houve 171 casos de sífilis congênita. A análise mostrou que a faixa etária materna entre 20 e 34 anos apresentou a maior prevalência da infecção, o que é consistente com os resultados encontrados neste estudo. É possível que essa faixa etária seja mais suscetível à infecção devido ao fato de que se trata do período reprodutivo da mulher e, consequentemente, quando elas estão mais sexualmente ativas. Por essa razão, as mulheres jovens precisam estar cientes da importância de medidas preventivas para evitar a transmissão da sífilis congênita. Além disso existem casos notificados em gestantes com menos de 15 anos, o que sugere a necessidade de maior atenção a essa população em risco. Entre as gestantes de 15-19 anos, obteve-se uma significativa confirmação de casos, o que sugere um elevado risco de contrair a doença.
5. Considerações finais
A partir dos resultados deste estudo, foi evidenciado um aumento significativo na incidência de sífilis gestacional e congênita, sugerindo a existência de alguns pontos frágeis na assistência pré-natal e na saúde materna que precisam ser aprimorados. Além disso, verificou-se que há uma lacuna de informações em relação às notificações da doença, o que pode prejudicar o sistema de monitoramento de agravos de notificação compulsória. É fundamental que sejam adotadas medidas eficazes para melhorar a qualidade da assistência à gestante e garantir uma maior efetividade na notificação e controle da sífilis congênita.
Em termos de estratégias para prevenir e tratar a sífilis gestacional e congênita, é importante que haja uma abordagem integrada que envolva diversos serviços de saúde, como atenção básica, pré-natal, assistência ao parto e acompanhamento pós-parto. Ações de educação em saúde também são importantes, para conscientizar as gestantes e suas famílias sobre a importância do diagnóstico e tratamento adequado da doença.
6. Referências
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SOUZA, Daniela Ribeiro de. (In) visibilidades na assistência de enfermagem no diagnóstico e tratamento da sífilis em gestantes. Faculdade Maria Milza, 2018.
1. Docente assistente do curso de Medicina no módulo de internato em saúde coletiva; Coordenadora do Núcleo de Responsabilidade Social e Acessibilidade/Inclusão da Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí/ Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba (FAHESP/IESVAP), Parnaíba, Brasil. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba – PI – Brazil, vanessa.oliveira@iesvap.edu.br.
2. Discente do curso de Medicina do Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba – IESVAP, Parnaíba, Brasil. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba – PI – Brazil, josnayralima@gmail.com.
3. Discente do curso de Medicina do Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba – IESVAP, Parnaíba, Brasil. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba – PI – Brazil, leticia.sancaom@gmail.com.
4. Discente do curso de Medicina do Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba – IESVAP, Parnaíba, Brasil. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba – PI – Brazil, mariorenno79@gmail.com.
5. Docente do curso de Medicina nos módulos Clínica Cirúrgica II e III; Preceptora do Internato no módulo de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí/ Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba (FAHESP/IESVAP), Parnaíba, Brasil. BR 343 – KM 16, Bairro Sabiazal, CEP 64.212-790, Parnaíba – PI – Brazil, ana.araripe@iesvap.edu.br.
6. Farmacêutica Bioquímica, Mestranda em Ciências Biomédicas pela Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar). Integrante do Laboratório de Doenças Infecciosas (LADIC). Rua Delbão Rodrigues, 920 – Bairro Ceara, CEP 64.215-380, Parnaíba – PI – Brazil, rafaellaf88@gmail.com.