ANÁLISE E OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS DE GESTÃO EM SAÚDE PARA DOENÇAS CRÔNICAS

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202505241414


Deziane Costa Sousa Ferreira1


RESUMO 

A presente pesquisa aborda a análise e otimização dos processos de gestão em saúde para  doenças crônicas com objetivos de descrever sobre os modelos assistenciais, a análise de  dados e as estratégias gerenciais referente a essa temática. A abordagem utilizada para  atingir esses objetivos incluiu a revisão de literatura através de levantamento na base de  dados SciELO e periódicos de revistas científicas. A presente pesquisa foi realizada no  período de 16 de fevereiro a 22 de março de 2025. Em conclusão, a gestão das doenças  crônicas pede uma abordagem diversificada com utilização de tecnologias modernas, com  modelos assistenciais centrado no paciente e na família, incluindo autogerenciamento dos  cuidados. Portanto, a organização dos serviços e a implantação de políticas públicas podem contribuir para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com doenças crônicas. 

Palavras-chave: Saúde. Autogestão. Doenças Crônicas. 

ABSTRACT 

This research addresses the analysis and optimization of healthcare management  processes for chronic diseases with the aim of describing assistance models, data analysis,  and management strategies related to this topic. The approach taken to achieve these  objectives included a literature review through a survey in the SciELO database and  scientific journals. This research was conducted from February 16 to March 22, 2025. In  conclusion, managing chronic diseases requires a diversified approach using modern  tecnologies, with patient – and – family – centered assistance models, including self tecnologies, with patient-and famanagement of care. Therefore, the organizations of services and the implementation of public policies can contribute to improving the quality  of life of patients with chronic diseases. 

Keyword: Health. Self-management. Chronic Diseases. 

1. INTRODUÇÃO 

As questões sociais e econômicas dos últimos anos têm causado alterações no  estilo de vida das pessoas. Assim, mudanças nos hábitos da alimentação, sedentarismo e  maior expectativa de vida da sociedade contribuem para aumento da incidência das  doenças crônicas. No Brasil, as doenças crônicas não-transmissíveis se transformaram nas principais causas de incapacidades e óbitos. 

As estatísticas das Doenças Crônicas vêm aumentando em todo o mundo, caracterizando-se como grave problema de saúde pública. A gestão de doenças crônicas transforma-se em um desafio para a saúde. Dentre essas incluem doenças cardíacas, diabetes, hipertensão, entre outras, que são responsáveis, por grande parte da morbidade  e mortalidade no mundo. 

O gerenciamento de doenças crônicas busca garantir que os pacientes recebam atendimento de qualidade. Envolve técnicas preventivas, realização de diagnósticos e  tratamento adequado, tanto medicamentoso quanto mudanças no comportamento e estilo  de vida para garantir e oferecer acompanhamento adequado e seguro. 

Desta forma, a abordagem utilizada para atingir os objetivos da pesquisa incluiu a revisão de literatura através de levantamento na base de dados SciELO e periódicos de  revistas científicas, realizadas no período de 16 de fevereiro a 22 de março de 2025. 

2. DOENÇAS CRÔNICAS 

As doenças crônicas compõem um conjunto de condições crônicas. Estão  relacionadas a causas múltiplas, caracterizadas por início gradual, de prognóstico  usualmente incerto, com longa e indefinida duração. Apresentam curso clínico, com  possíveis períodos de agudização, podendo gerar incapacidades. Requerem intervenções  com uso de tecnologias leves, leve-duras e duras, associadas a mudanças de estilo de vida,  em um processo de cuidado contínuo que nem sempre leva à cura (Biblioteca Virtual Em Saúde MS, n.d.). 

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2003) as condições crônicas envolvem doenças não transmissíveis (doenças cardíacas, diabetes, câncer e asma) quanto  inúmeras transmissíveis, como HIV/AIDS, doenças que eram sinônimos de provável  óbito. E em função dos avanços nas ciências médicas, tornaram-se problemas de saúde  com os quais as pessoas podem conviver e gerenciar com eficácia durante anos. 

Para Feliciano et al (2023) as doenças crônicas não transmissíveis são representadas pelas doenças do aparelho circulatório, neoplasias, diabetes e doenças  respiratórias crônicas. Em geral caracterizam-se por longos períodos de latência e  evolução, e são consideradas um grande problema de saúde pública, por representarem as principais causas de morte e incapacidade prematura em todo o mundo. 

As doenças crônicas constituem problemas de saúde de grande magnitude,  correspondente a 72% das causas de mortes. Hoje, são responsáveis por 60% de todo o  ônus decorrente de doenças no mundo. No ano de 2020, serão responsáveis por 80% da  carga de doenças dos países em desenvolvimento. Atualmente, nesses países, a aderência  aos tratamentos chega a ser apenas de 20%. (Organização Mundial de Saúde, 2003). Assim, são responsáveis por 36 milhões de mortes no mundo. As principais causas são as  doenças cardiovasculares (48%), câncer (21%), doenças respiratórias crônicas (12%),  diabetes (3%). Desta forma, são motivos de preocupações nos países que a população está envelhecendo (OPAS, 2015). 

Dados do Ministério da saúde (BRASIL como citado em Biblioteca Virtual em  Saúde MS, n.d., p. 6-7) apontam que 52,6% dos homens e 44,7% das mulheres acima de  18 anos estão acima do peso ideal. A Organização Mundial de Saúde estima que excesso  de peso é responsável por 58% da carga de doença relativa ao diabetes tipo II, 39% da  doença hipertensiva, 21% do infarto do miocárdio, 12% do câncer de cólon e reto, 8% do  câncer de mama, e responde diretamente por parcela significativa do custo do Sistema de  saúde nos países. 

Dentre os fatores mais distais de causalidade tem-se os determinantes sociais de  saúde (DSS), sendo considerados os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/racial e psicológicos que influenciam a ocorrência de problemas de saúde. Indivíduos de baixa renda, socialmente desfavorecido ou marginalizado, têm maior exposição aos fatores de  risco e acesso diminuído aos serviços de saúde. Reduzindo as oportunidades de prevenção  e promoção da saúde, bem como de tratamento para essas doenças (WHO como citado  em Carvalho et al., 2021). 

3. MODELOS ASSISTENCIAIS, ANÁLISE DE DADOS E AS  ESTRATÉGIAS GERENCIAIS PARA DOENÇAS CRÔNICAS. 

Os cuidados com as doenças crônicas exigem atenção e análise. Muitos  profissionais desenvolvem modelos para minimizar os impactos destas na saúde das  pessoas, pois são condições multifatoriais, que impõem exigências tanto aos seus  portadores, quanto aos familiares e sistemas de saúde (Ulbrich et al., 2017). 

O modelo de cuidado tradicional é amplamente desenvolvido, centrando-se em  consultas médicas regulares e tratamento farmacológico para controlar sintomas e  complicações associadas às condições crônicas como diabetes e hipertensão. E existe o  modelo de atendimento baseado na comunidade utilizando recursos locais e programas  comunitários para apoiar pacientes com doenças crônicas (Pontes et al., 2024). 

Mendes (2011) propõe o Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC) esse  modelo estrutura-se pela estratificação de cinco níveis de intervenção de saúde sobre seus  determinantes e suas populações a partir da qual se define ações e práticas da equipe de  saúde mais adequada a cada grupo estrato: 

-Nível 1: intervenção de promoção da saúde. Direcionada para população geral  com foco nos determinantes sociais intermediários;

¹Terapeuta Ocupacional. Especialização em Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Mestranda em Gestão  em Saúde pela MUST University Florida USA. deza_to1@hotmail.com 

– Nível 2: prevenção das condições crônicas: direcionado a subpopulação com  fatores de riscos ligados ao comportamento e estilo de vida com foco nos determinantes  proximais; 

– Nível 3: subpopulação que já apresenta doenças crônicas estabelecidas.  Condições crônicas de baixo ou médio risco. Fator de risco biopsicológico estabelecido. – Nível 4: subpopulação com condições complexas (condições crônicas alta ou  muito alta de risco). Necessita de cuidados especializados. 

Nível 5: subpopulação com condições crônicas muito complexas. Intervenções  podem ser realizadas pela tecnologia da gestão de casos. 

Mendes (2011) acrescenta que o modelo de atenção às condições crônicas foi  proposto como resposta a grandes desafios colocados pela emergência das condições  crônicas nos Estados Unidos. A proposta foi adaptada em vários países e situações,  gerando uma série de modelos derivados em países em desenvolvimento e em países  desenvolvidos. Dentre eles está o Modelo de Atenção Centrada na Pessoa e na Família. As mudanças de autogerenciamento do cuidado objetivam preparar usuários para cuidados com sua própria saúde. O uso de estratégias de apoio inclui: avaliação do estado  de saúde; fixar metas a serem alcançadas e elaboração de planos de cuidados. De acordo com Kongstvedt (2012) o gerenciamento de doenças (DM) refere-se ao  processo de administração intensa de uma determinada doença. O gerenciamento de  doenças engloba todas as configurações de cuidado e coloca grande importância na  prevenção e na manutenção da saúde de pacientes portadores de doenças crônicas. Visa  reduzir os custos de saúde e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos. Desta forma,  torna-se uma abordagem proativa, multidisciplinar e sistemática que deve: – Suportar a relação provedor-paciente e o plano de cuidado;

– Otimizar o atendimento ao paciente por meio de intervenções preventivas e proativas de  acordo comas diretrizes baseadas em evidências; 

– Incorporar o autogerenciamento do paciente crônico; 

– Avaliar continuamente o estado de saúde do paciente crônico; 

– Medir os resultados da intervenção e do autocuidado do paciente; 

– Melhorar a saúde geral, a qualidade de vida e diminuir os custos. 

A utilização de Sistema de Registro Eletrônico (RES) deve ser ampliada, pois  possibilita a qualificação do acompanhamento dos usuários com doenças crônicas. Desta  forma, o Sistema de Prontuário Eletrônico permite a identificação de subpopulação de  maior risco, bem como a elaboração dos planos de cuidado.  

Assim, as tecnologias digitais têm modificado o cenário da saúde. Ferramentas  como a telemedicina e o monitoramento remoto têm redefinido a forma como as doenças  crônicas são acompanhadas. Permitindo que pacientes sejam monitorados. Dispositivos  de pressão arterial e sensores de glicose oferecem dados precisos aos profissionais de  saúde, facilitando ajustes terapêuticos precisos. Além disso, as tecnologias têm  contribuído para reduzir a hospitalização. O advento das terapias biológicas revolucionou o tratamento das doenças crônicas inflamatórias. Medicamentos como os anticorpos monoclonais e inibidores de citocinas têm se destacado por agir diretamente sobre alvos  moleculares (Andrade, 2024). 

A aplicação de tecnologias na gestão de doenças crônicas, não apenas otimiza o  tratamento, mas também contribui para eficiência dos sistemas de saúde. A prevenção de  complicações, a personalização de planos de tratamento e a promoção da autogestão melhoram a qualidade de vida e reduzem a carga dos recursos médicos (Hamine como  citado em Pinheiro et al.2024).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Os avanços na área de saúde aumentaram a capacidade de prevenção e cuidados  no controle das doenças crônicas. O recebimento de atendimentos de saúde adequados,  tratamento direcionado e incluindo o autogerenciamento, os pacientes podem apresentar  melhoras significativas no seu quadro de saúde. Assim, a otimização dos processos de  gestão em saúde, o planejamento dos serviços, a implantação de políticas públicas, o  gerenciamento dos serviços, contribuem para melhora na qualidade de vida dos pacientes com doenças crônicas. 

Assim, a gestão das doenças crônicas pede uma abordagem diversificada que inclua tecnologias modernas com modelo assistenciais centrado no paciente, análise de dados  avançados e educação do paciente e de sua família. Portanto, o gerenciamento das  condições crônicas requer mudança no estilo de vida e comportamento diário. Desta  forma, a educação e responsabilidade do paciente e família deve ser enfatizado durante  todo processo de tratamento. 

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

Andrade, L. S. (2024). Evolução das estratégias clínicas no tratamento de doenças  crônicas. Editora UNISV. Disponível em:  https://www.editoraunisv.com.br/post/evolucao-das-estrategias-clinicas-no-tratamento de-doencas-cronicas.

Biblioteca Virtual em Saúde MS. (n.d.). Bvsms.saude.gov.br. Disponível em:  https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes%20_cuidado_pessoas%20_doenc as_cronicas.pdf 

Carvalho et al. (n. d) Determinantes Sociais em Saúde e as doenças crônicas não – transmissíveis e seus fatores de risco e de proteção na população adulta brasileira.  Disponível em: https://actbr.org,.br/uploads/uploads/arquivos/D -29pdf 

Feliciano, S.C. da C., Villela, P.B., & Oliveira, G.M.M. de. (2023). Associação entre a  Mortalidade por Doenças Crônicas Não Transmissíveis e o Índice de Desenvolvimento  Humano no Brasil entre 1980 e 2019. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 120,  e20211009. Disponível em: https://doi.org/10.36660/abc.20211009 

Kongstvedt, O.R. (2012). Essentials of Managed health care. Burlington: Jones and  Bartlett Learning, 6. Ed. 

Mendes, Eugênio Vilaça (2011). As Redes de Atenção à Saúde. Ciência e Saúde Coletiva,  15(5), 2297-2305. Disponível em: https://doi.org/10.1590/s1413-81232010000500005 

OPAS (2015). Cuidados inovadores para condições crônicas: organização e prestação de  atenção de alta qualidade às doenças crônicas: organização e prestação de tensão de alta  qualidade às doenças crônicas não transmissíveis nas Américas. Disponível em:  https://iris.paho.org/handle/10665.2/18640 

Organização Mundial de Saúde (2003). Cuidados inovadores para condições crônicas:  componentes estruturais de ação: relatório mundial Doenças não transmissíveis e saúde  mental. Disponível em:  https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicações/cuidados_inovadores.pdf 

Pinheiro, W. F. et al. (2024). Análise e otimização dos processos de gestão em saúde para  doenças crônicas: uso dos ISGLT2. Revista FT, Ciências da Saúde, V28, edição 134, maio 2024. Disponível em: https://revistaft.com.br/analise-e-otimização-dos-processos-de gestao-em-saude-para-doencas-cronicas-usodos-isgl2/ 

Pontes, M. B., Linhares, M.R., Vasconcelos, L. de L., Espírito Santo, G. L. do, Andrade,  G. F., Castro, A. L., Souza, F. G. de, Nogueira, A. B. S., Ribeiro, J. R. C., Oliveira, G.M.L.  de, Santos, F. A. dos, Durão, G.G., Gomes, B. T., Demeneghi, M.L.B., Duarte, A.C., &  Sales, A. B.C. (2024). Análise geral sobre a gestão de doenças crônicas: revisão de  literatura. STUDIES in HEALTH SCIENCES, 5 (3), e6014. Disponível em https://doi.org/10.54022/shsv5n3-008

Ulbrich, E. M., Mattei, Â. T., Mantovani, M.de F., Madureira, A.B., & Kalinke, L. P. (2017). Care models for people with chronic diseases: integrative review. Investigación y  Educación Em Enfermería, 35 (1), 8-16. https://doi.org/10.17533/udea.iee.v35n1a02


1Terapeuta Ocupacional. Especialização em Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Mestranda em Gestão em Saúde pela MUST University Florida USA. deza_to1@hotmail.com