ANÁLISE DOS FATORES QUE INFLUENCIAM A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AOS PACIENTES EM SITUAÇÃO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PSIQUIÁTRICA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

ANALYSIS OF THE FACTORS THAT INFLUENCE NURSING CARE FOR PATIENTS IN PSYCHIATRIC URGENCY AND EMERGENCY: AN INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11533947


Djaneide Florencio de Souza1; Melissa da Silva Lima1; Rayara Assunção Fabricio1; Orientadora: Maria Roseane dos Santos Penha2


RESUMO

Introdução: Ao se tratar de pacientes em situação de urgência e emergência psiquiátrica, a equipe de enfermagem lida constantemente com pacientes em tentativa de suicídio, ocorrências de quadros ansiosos, agitação psicomotora, delirium, confusão mental e surto psicótico, o que representa desafios adicionais. Objetivo: Analisar os principais fatores que influenciam na prática assistencial da enfermagem em emergências psiquiátricas. Metodologia: Revisão integrativa de literatura, realizada na plataforma digital: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), e nas bases de dados: Scientific Eletronic Libray Online (SciELO) e National Library of Medicine (PubMed), com os Descritores em Ciências da Saúde/ Medical Subject Headings (DeCS/MeSH): Assistência de Enfermagem; Enfermagem Psiquiátrica; Serviços de Urgência Psiquiátrica; Urgência, e o operador booleano “AND”. Resultados e Discussão: Os artigos, os quais apontam a superlotação dos serviços de emergência, que pode advir de encaminhamentos errôneos ou permanência do paciente, por falta de direcionamento para algum serviço especializado. Enfermeiros enfrentam também as dificuldades assistenciais, como problemas na estrutura física, com materiais e ambiente terapêutico sem espaço adequado para o cuidado. Conclusão: Existem melhorias necessárias que incluem novas políticas, estratégias e até protocolos padrões para o atendimento específico. Além disso, educação continuada torna-se um fator importante para evitar a mecanicidade da atuação profissional capacitações mais amplas, uma vez que as que são ofertadas não dispõe de tempo hábil para desenvolver técnicas.

Palavras-Chaves: Assistência de Enfermagem. Enfermagem Psiquiátrica. Serviços de Urgência Psiquiátrica. Urgência.

ABSTRACT

Introduction: When managing patients in psychiatric emergencies, the nursing team is frequently confronted with suicide attempts, anxiety disorders, psychomotor agitation, delirium, mental confusion, and psychotic breaks, which introduce additional challenges. Objective: To analyze the principal factors influencing nursing practice in psychiatric emergencies. Methodology: An integrative literature review was conducted utilizing the digital platform Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), along with the databases Scientific Electronic Library Online (SciELO) and the National Library of Medicine (PubMed). The search Descritores em Ciências da Saúde/ Medical Subject Headings (DeCS/ MeSH): Nursing Care; Psychiatric Nursing; Emergency Services Psychiatric; Emergency, and utilized the Boolean operator “AND”. Results and Discussion: The articles point to the overcrowding of emergency services, which can result from erroneous referrals or patients being kept for lack of referral to a specialized service. Nurses also face care difficulties, such as problems with the physical structure, with materials and the therapeutic environment lacking adequate space for care. Conclusion: Improvements are needed, including new policies, strategies and even standard protocols for specific care. Moreover, continuing education is crucial in mitigating the mechanistic approach to professional practice, as current training does not allocate sufficient time for the development of advanced techniques.

Keywords: Nursing Care. Psychiatric Nursing. Emergency Services Psychiatric. Emergency.

1. INTRODUÇÃO

No Brasil, observa-se um aumento na demanda por serviços voltados para pessoas que enfrentam dificuldades psicológicas, cujas causas têm origens tanto sociais quanto genéticas. Os cuidados em psiquiatria, são oriundos da caridade e de uma perspectiva religiosa do cuidado (Martinhago; Caponi, 2019). O tratamento destinado aos enfermos em saúde mental ocorreu por muito tempo de forma discriminatória com o isolamento e não existia uma assistência adequada o que refletiu em necessidades de avanços terapêuticos, em busca de uma abordagem especializada por parte dos profissionais de saúde, buscando melhorias e proporcionando um acolhimento efetivo em saúde mental (Oliveira, 2020).

Ao se tratar da prática da enfermagem no Brasil é caracterizada por uma abordagem estruturada e integrada, na qual os profissionais trabalham em equipe multidisciplinar para oferecer assistência abrangente aos pacientes. Estes profissionais buscam promover, prevenir, tratar e prestar suporte emocional às pessoas que estão em um momento vulnerável (Paiva et al., 2021). No entanto, ao se tratar de pacientes em situação de urgência e emergência psiquiátrica, a equipe de enfermagem lida constantemente com pacientes em tentativa de suicídio, ocorrências de quadros ansiosos, agitação psicomotora, delirium, confusão mental e surto psicótico, o que representa desafios adicionais (Jesus, 2023).

Seguindo o Protocolo de Manchester para classificação de risco, esses pacientes são categorizados como emergentes, urgentes ou muito urgentes e recebem atendimento imediato, frequentemente com medidas de contenção e intervenção medicamentosa. Essas ações visam garantir a segurança do paciente e dos demais presentes, sendo parte integrante do tratamento. Contudo, os enfermeiros enfrentam desafios devido à falta de estrutura no serviço terciário, o que compromete o acolhimento adequado às pessoas em crise, incluindo questões de segurança, privacidade e confidencialidade da identidade do paciente (Sabeh et al., 2023).

Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, ainda há lacunas significativas no campo da assistência psiquiátrica. Desta forma, nota-se a necessidade de estudos voltados para a assistência em enfermagem nos atendimentos psiquiátricos com uma atenção mais especializada, com o intuito de proporcionar um tratamento pertinente e garantir o que é proposto pelas políticas e leis. Além disso, é essencial considerar a necessidade de reorganização dos projetos terapêuticos, a fim de recepcionar e assistir aos pacientes de maneira humanizada (Santos, 2020).

Dada a necessidade vital de cuidados profissionais para pacientes psiquiátricos enfrentando tratamentos urgentes e emergências, esta pesquisa tem como objetivo analisar os principais fatores que influenciam na prática assistencial da enfermagem em emergências psiquiátricas. O estudo busca responder à seguinte indagação: Qual é a importância da assistência de enfermagem para pacientes em situações de urgência e emergência psiquiátrica?

2. METODOLOGIA

Esse estudo trata-se de uma revisão integrativa de literatura, a qual consiste em uma análise de resultados de pesquisas, usadas como suporte para tomada de decisões e melhoria na eficiência e qualidade da prática clínica Essa abordagem possibilita construir novos conhecimentos acerca da temática, trazer contribuições para os profissionais e corpo social (Silva; Oliveira; Silva, 2021). O fluxograma do processo de busca, elegibilidade, triagem e inclusão que caracteriza a revisão, encontra-se apresentado na figura 1.

A pesquisa foi realizada entre março e abril de 2024, na plataforma digital: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), e nas bases de dados: Scientific Eletronic Libray Online (SciELO) e National Library of Medicine (PubMed). Fez-se a aplicação dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Assistência de Enfermagem (Nursing Care); Enfermagem Psiquiátrica (Psychiatric Nursing); Serviços de Urgência Psiquiátrica (Emergency services, psychiatric); Urgência (Emergency), associados ao operador booleano “AND”, que serviu para intercalar os termos e conduzir a busca.

Utilizou-se como critérios de inclusão: artigos originais; com recorte temporal de 2018 a 2023; idiomas português e inglês; disponíveis de forma gratuita na íntegra em texto completo, e que estivessem de acordo com o tema, questão norteadora e os objetivos deste estudo. Em contrapartida, foram excluídos os materiais que fossem: monografias; teses; resumos; livros ou capítulos de livros e revisões bibliográficas, além daqueles encontrados que estiveram em um lapso temporal diverso do exposto e sem coerência como tema estudado.

Figura 1 – Fluxograma do estudo, 2024.

Fonte: Elaborado pelos autores.

RESULTADOS

A amostra final consistiu em 14 artigos, os resultados das pesquisas selecionadas de acordo com os critérios do estudo são apresentados no quadro 1. Estes resultados conduziram a discussão que permitiu entender os fatores e implicações de urgências e emergências psiquiátricas na prática profissional, respondendo a pergunta de pesquisa.

Quadro 1 – Caracterização das produções incluídas na amostra – Caruaru, PE, Brasil, 2024.

Fonte: elaborado pelos autores.

DISCUSSÃO

As Urgências e Emergências psiquiátricas, caracterizam-se como desordens mentais de maneira aguda, de origem psiquiátricas e que causam risco para o paciente em seu estado de saúde, que podem levar à morte ou injúria grave. Além de considerar o quadro clínico, como condições crônicas e comorbidades, deve-se considerar a infraestrutura, profissionais com treinamento adequado e com insumos disponíveis para uma assistência resolutiva (Refosco et al., 2021). Os problemas de saúde mental tem se tornado uma questão de saúde pública, considerando-se a depressão e ansiedade como o mau do século. Sendo assim, aumenta-se as emergências psiquiátricas que envolve situações de dependência de substâncias, violência física, suicídio, assassinato e questões sociais (Machado et al., 2021).

Por intermédio da Reforma Psiquiátrica (RP), o processo de desinstitucionalização acontece de maneira contínua desde o fechamento dos hospitais psiquiátricos, o que direciona a assistência para outras instituições de saúde. Através de políticas públicas que dessem espaço para investimentos na saúde mental, iniciou-se a abertura de redes que atendessem pacientes psiquiátricos. Logo, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) engloba as Unidades de Pronto Atendimento que atuam no cuidado aos pacientes, entre eles, os psiquiátricos (Refosco et al., 2021). Quando menciona-se a gravidade dos pacientes psiquiátricos e a crescente demanda, essa falta de aplicação torna-se uma negligência assistencial, por trazer consequências para o paciente (Oliveira et al., 2018).

No passado, as práticas de enfermagem eram voltadas para o tratamento da doença medicalização e vigilância constante do paciente. Mesmo após a RP e a existência de políticas públicas, observa-se uma lacuna no conhecimento para lidar com casos psiquiátricos, pelo fato dos profissionais não terem capacitações para lidar com essas emergências (Oliveira et al., 2018). Outrossim, os próprios enfermeiros trazem como limitação da assistência prestada que não basta identificar o problema, é preciso instituir estratégias, como fluxograma de atendimento, triagem adequada, consultoria psiquiátrica e capacitação da equipe, para melhorar o fluxo de atendimento (Pereira; Duarte; Eslabão, 2019, Dizavandi et al., 2023).

No Brasil, a assistência psiquiátrica para internação é prestada através de alguns poucos serviços como os de urgência e emergência, que atuam de maneira imediata e precisa, buscam assim reduzir os riscos para segurança física do paciente como em casos de suicídio, automutilação, uso de substância, ou até mesmo ao colocar em risco outras pessoas através de agressões (Tavares; Peres; Silva, 2022). Dentre os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) a integralidade que garante o atendimento do ser humano como um todo, sendo assim, evidencia a necessidade de articulação entre os Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e serviços de saúde mental para a continuidade adequada dos cuidados, para que consolide de forma efetiva um acolhimento humanizado e resolutivo (Oliveira et al., 2018).

O SAMU lida com pacientes em situação de crises e/ou surtos psicóticos que são acompanhados de grande angústia e desorganização em relação ao mundo. A partir disso, é fundamental promover a empatia e a humanização na prática. Este esforço deve beneficiar não apenas os pacientes, mas também seus familiares, uma vez que são rede de apoio e desempenham um papel crucial no manejo terapêutico (Machado et al., 2021). Considera-se que mesmo ainda com as altas taxas de internação psiquiátrica, os números vêm diminuindo principalmente após o movimento de desinstitucionalização. Portanto, com os esforços comunitários e uma assistência padronizada com ênfase na humanização, é possível melhorar ainda mais esse quadro (Ma et al., 2023).

A internação hospitalar de pacientes psiquiátricos trás debates sobre sua necessidade pois, a admissão pode ser prejudicial e aumenta o comportamento suicida ou violento, ao mesmo passo que também mostra-se importante em casos que a assistência ambulatorial não é segura o suficiente (Veen et al., 2019). Salienta ressaltar que os serviços comunitários de saúde mental trazem fortes melhorias quando relacionado a redução de emergências psiquiátricas, evidenciam os transtornos de humor, por apresentarem mais instabilidade e em momentos de crise necessitarem de socorro urgente (Ma et al., 2023).

No socorro urgente ou emergente para pacientes psiquiátricos é muito comum se deparar com a presença dos profissionais de segurança, que ultrapassam os limites com atitudes agressivas o que cria assim uma barreira, em especial nos casos de pacientes em tratamento compulsório ou com comportamentos violentos (Schmidt et al., 2020). Sendo assim, a coerção é utilizada como medida para cuidar de pacientes agitados, merece destaque: contenção, medicação forçada ou admissão involuntária. Estas são condutas usadas pelos profissionais de enfermagem durante a prática clínica, por falta de condução para outras abordagens, o que desenvolve atitudes desumanizadas (Laukkanen et al., 2020).

A utilização de violência física é uma prática comum, o que demanda não apenas o conhecimento dos atos, mas também a sua modificação. Esse é um passo crucial que deve ser abordado pelas políticas públicas e pela gestão da saúde. O uso frequente de medidas coercitivas resulta em práticas desumanizadas e violentas por parte dos profissionais de saúde, o que contribui para o preconceito na sociedade. Portanto, cabe aos gestores implementar uma abordagem assertiva para a saúde mental que inclua a atuação da enfermagem (Laukkanen et al., 2020).

Nesse sentido, os estudos destacam a importância de um protocolo de atendimento para pessoas em crises psicológicas, disponibilizado pelo Ministério da Saúde (MS). Esse protocolo, conhecido como ACENA, envolve a avaliação do ambiente, a observação da rede social do paciente, a avaliação das expectativas e da receptividade da rede social e do paciente, além da análise da consciência, do sofrimento, do uso de substâncias e da agressividade (Machado et al., 2021).

Os desafios relacionados à superlotação dos serviços de urgência e emergência estão ligados ao desconhecimento dos serviços especializados em saúde mental, fazendo com que os pacientes busquem ajuda apenas em momentos de crise (Sabeh et al., 2023). Estudos observaram que a triagem de pacientes psiquiátricos difere da realizada em pacientes com problemas físicos, embora haja necessidade de exame físico devido a possíveis lesões decorrente do estado de agitação ou quadro clínico. A falta de um método padrão para determinar o grau de emergência revela que os cuidados para pacientes psiquiátricos são inadequados e sem investimentos apropriados, o que resulta em atendimentos inconsistentes (Dizavandi et al., 2023).

Sunnqvist (2022) debate sobre as intervenções necessárias para as abordagens e uma delas é uma equipe especializada para tratar pessoas em crises de ansiedade, acionando a Unidades de Emergência Psiquiátrica Pré-hospitalar. Essas equipes aumentariam a identificação do risco de suicídio e orientariam o paciente da melhor maneira. A boa relação interpessoal entre os enfermeiros é essencial para a segurança do paciente, resultando em um melhor desempenho dos profissionais. Além disso, é fundamental que esses trabalhadores destinados aos serviços de saúde mental sejam especializados para ter uma assistência mais eficaz.

O corpo não se separa da mente, de modo que os pacientes com problemas de saúde mental frequentemente apresentam doenças somáticas que podem agravar seu estado de saúde e comprometer a terapêutica principalmente quando não reconhecidas e diagnosticadas (Pereira; Duarte; Eslabão, 2019). A situação desses pacientes está associada a comorbidades clínicas que influenciam nas condutas profissionais como a farmacológica. Essa população apresenta como comorbidades frequentes a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes Mellitus, além de que diversos pacientes fazem uso de psicotrópicos com ênfase nos antipsicotrópicos (Gatti et al., 2019).

Vale ressaltar que os aspectos socioeconômicos têm sido debatidos de maneira ampla, pois, apresentam uma associação com a saúde mental, por reduzir a interação social e aumentar sintomas de estresse, ansiedade, e crises de identidade. Além disso, aumenta o uso abusivo de substâncias como álcool e outras drogas, implicando nas ocorrências de urgência e emergência. Observa-se ainda uma relação com o gênero, onde os homens hesitam mais em procurar ajuda nas dificuldades relacionadas à saúde mental. Essa problemática influência na criação de desafios e desenvolve desigualdade de acesso aos serviços de saúde (Ma et al., 2023).

Os estigmas sociais que circundam as pessoas com doenças mentais criam um cenário em que elas sentem medo ou vergonha de procurar ajuda, agravando o quadro clínico que pode ter como desfecho o suicídio, sendo assim, muitas pessoas que cometem suicídio nunca tiveram contato com suporte dos serviços de saúde mental (Sunnqvist, 2022). É preciso ter um olhar afetivo durante o cuidado para pacientes, que advém de um processo histórico de repressão e injustiça social, pacientes de saúde mental carregam um sofrimento psíquico que intensifica com os tabus sociais, Dessa forma, o profissional através do diálogo consegue aproximar as relações humanas para tratá-los de maneira subjetiva, tendo a compreensão como elemento terapêutico (Oliveira et al., 2020).

Nessa mesma perspectiva Veen et al. (2019), traz que as taxas de suicídio são potencialmente altas e o risco de suicídio também, advindo de pacientes atendidos pelos serviços de emergência que relatam pensamentos suicidas com uma frequência alarmante, após uma tentativa de suicídio os hospitais de urgência acionam o SAMU. Aprender com as experiências é crucial para se adequar às situações e entender o manejo, isso envolve aprender a lidar com as emoções mantendo o lado profissional para não se sobrecarregar com as histórias de cada paciente, sem perder o lado humanizado (Schmidt et al., 2020).

É necessário mencionar os desafios relacionados à enfermagem, onde os riscos incluem erros na preparação de medicações devido ao desconhecimento das interações medicamentosas. Além disso, há falhas na monitorização dos pacientes, que transformam objetos como suportes de soro, tesouras, vidros e até mesmo lápis em armas (Tavares; Peres; Silva, 2022). Estudos indicam que profissionais masculinos frequentemente ocupam cargos de gestão e apoiam as condutas de contenção, estando aptos para realizá-las. Em contraste, as profissionais femininas geralmente ocupam cargos de chefia de enfermagem e discordam dessas abordagens, percebendo-as de forma negativa (Laukkanen et al., 2020).

Enfermeiros enfrentam também as dificuldades assistenciais, como a superlotação, problemas na estrutura física e materiais e como ambiente terapêutico sem espaço adequado para o cuidado (Pereira; Duarte; Eslabão, 2019). A superlotação dos serviços de emergência é uma das realidades que condiciona os problemas dos hospitais públicos, que pode advir de encaminhamentos erróneos ou permanência do paciente, por falta de direcionamento para algum serviço especializado. Isto reflete na conduta assistencial sendo de maneira mais padronizada e por vezes, faltando a humanização nesse cuidado, devido a sobrecarga de trabalho e demanda para os enfermeiros, resultando em absenteísmo (Gatti, et al. 2019).

Analisou-se que a Educação Permanente e Continuada refletem como soluções para a descontinuidade do modelo biomédico prevalente, que tradicionalmente tem se centrado na doença em vez do indivíduo. Esse modelo resulta em uma abordagem mecanizada para o atendimento ao paciente, desconsiderando aspectos mais holísticos do cuidado. A Educação Permanente e Continuada visa reverter essa tendência ao promover uma prática baseada na humanização e na integralidade do cuidado, destacando a enfermagem como uma profissão que não apenas assiste, mas também cuida do paciente em sua totalidade (Oliveira et al., 2020).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em suma, através das análises o estudo conclui que a assistência a pacientes psiquiátricos teve melhorias desde a desinstitucionalização a partir da reforma psiquiátrica. Contudo, existem melhorias a serem feitas por parte da gestão de saúde, instituindo novas políticas, estratégias e até protocolos padrões para o atendimento específico. Além disso, educação continuada torna-se um fator importante para evitar a mecanicidade da atuação profissional capacitações mais amplas, uma vez que as que são ofertadas não dispõe de tempo hábil para desenvolver técnicas.

Concomitante a isso, é perceptível a consequência das práticas sem assistência adequada, às quais advém da falta de especialização e/ou preparação, estrutura física e ainda de comportamentos interligados. Assim como, a falta de conhecimento sobre os serviços de saúde mental, que superlota a urgência e emergência, bem como não proporciona insumos para a melhora do quadro clínico por falta de acompanhamento sistematizado. Ademais, esses esforços precisam ser mais assertivos a fim de sanar a lacuna assistencial, para melhorar a prática profissional e a qualidade de vida dos pacientes.

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