ANÁLISE DOS FATORES QUE IMPACTAM O TEMPO DE RESPOSTA NO SERVIÇO DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA EM PARAUAPEBAS-PA

ANALYSIS OF FACTORS THAT IMPACT RESPONSE TIME IN THE MOBILE EMERGENCY SERVICE IN PARAUAPEBAS-PA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202505101833


Deuber Peres Castilho¹; Karla Correia Sartório Marques²; Rodrigo Martins Costa Lima³; Renata Ellen dos Santos⁴.


Resumo

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) é um serviço de emergência médica disponibilizado no Brasil. Assim, o presente trabalho tem como objetivo identificar os fatores que influenciam no tempo de resposta do serviço móvel de urgência de Parauapebas, descrevendo o perfil do atendimento clínico e traumático prestado pelo serviço, bem como avaliar o indicador do tempo de resposta nas etapas do atendimento pré-hospitalar. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, quantitativa e documental, no qual as populações do estudo serão profissionais atuantes no SAMU do município de Parauapebas. Os resultados apontaram evidências sobre os desafios operacionais, estruturais e humanos que influenciam diretamente a eficiência no atendimento às urgências e emergências. Assim, embora o SAMU de Parauapebas conte com uma equipe predominantemente masculina, em sua maioria com idade entre 31 e 40 anos e com até cinco anos de experiência, há aspectos positivos, como o bom nível de colaboração entre os profissionais e a realização de treinamentos regulares para atualização técnica. Como conclusão ressalta-se SAMU em Parauapebas enfrenta importantes entraves estruturais e logísticos que comprometem sua eficiência. A ampliação da frota e da rede de bases, a qualificação contínua dos profissionais, a melhoria da infraestrutura urbana e o uso estratégico da comunicação pública são medidas fundamentais para reduzir o tempo de resposta e garantir a qualidade do atendimento pré-hospitalar. 

Palavras-chave: Assistência pré-hospitalar, SAMU, Urgência e Emergência.

1 INTRODUÇÃO

O atendimento pré-hospitalar (APH) é uma forma de assistência médica e de emergência prestada a indivíduos que necessitam de cuidados médicos imediatos antes de serem transportados para um hospital ou outra unidade de saúde. Esse tipo de atendimento é realizado no local onde ocorreu o incidente, seja ele um acidente de trânsito, um ferimento grave, uma emergência médica súbita ou qualquer outra situação que exija intervenção médica imediata (Taveira et al., 2021).

Os profissionais responsáveis pelo atendimento pré-hospitalar podem incluir socorristas, técnicos em emergências médicas, paramédicos e médicos de emergência, dependendo do contexto e da gravidade da situação, no qual o objetivo principal do APH é estabilizar o paciente, fornecer tratamento inicial e iniciar o transporte para uma instalação médica apropriada, garantindo assim o melhor resultado possível para o paciente (Sousa et al.,2019).

Acerca do SAMU é um serviço de emergência médica disponibilizado no Brasil. Seu principal objetivo é oferecer atendimento pré-hospitalar às vítimas de emergências médicas, como acidentes, crises clínicas, traumas graves, entre outros, de forma rápida e eficiente, no quais seus principais objetivos incluem: Atendimento de Emergência; Estabilização do Paciente; Transporte Adequado; Otimização do Tempo de Resposta; Coordenação de Recursos; Educação e Prevenção (Malvestio et al., 2022). Em virtude disso, pode-se dizer que o SAMU atua diretamente no sistema de saúde ao oferecer atendimento pré-hospitalar de qualidade, salvando vidas e reduzindo o impacto das emergências médicas na comunidade.

Inclusive autores como Almeida (2023) explicam que o atendimento pré-hospitalar oferece uma série de benefícios importantes, tanto para os pacientes quanto para o sistema de saúde em geral, como por exemplo, como a intervenção Rápida já que permite uma resposta rápida a emergências médicas, o que pode ser crucial para salvar vidas. Além disso, existem benefícios também na melhora dos resultados clínicos, já que ao receber cuidados médicos imediatos, os pacientes têm uma maior chance de recuperação e melhores resultados clínicos. A rápida administração de tratamentos, como oxigênio, medicações e procedimentos de ressuscitação, pode fazer uma grande diferença no desfecho da emergência. 

Pesquisas como Oliveira, O’Dwyer e Novaes (2022) demonstram que a demora no atendimento do SAMU pode ter várias consequências graves para os pacientes e para o desfecho das emergências médicas, como o Agravamento do Estado Clínico; Maior Risco de Complicações; Psicológico; Possibilidade de Mortalidade, além da Insatisfação do Paciente e Família. Assim a percepção de falhas no atendimento de emergência pode abalar a confiança no sistema e gerar descontentamento com os serviços de saúde prestados.

Diante disso o trabalho possui a seguinte problemática: Análise dos Fatores que Impactam o Tempo de Resposta no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência em Parauapebas-PA pode contribuir na prestação de serviços aos usuários?

Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar o impacto da expansão urbana de Parauapebas no tempo de resposta do SAMU e suas consequências na qualidade dos atendimentos de APH, buscando identificar estratégias para otimizar o serviço e garantir uma assistência eficaz à população local.

Portanto, justifica-se a realização da temática por compreender a relevância do estudo, já que, a assistência ágil do SAMU é crucial por várias razões, e identificar os fatores que podem causar demora é fundamental para garantir a qualidade do serviço, já que em situações de emergência médica, cada minuto conta. Uma resposta rápida do SAMU pode significar a diferença entre a vida e a morte para o paciente, como em casos de parada cardíaca, acidente vascular cerebral (AVC), trauma grave e outras condições médicas agudas.

2 METODOLOGIA 

A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, quantitativa e documental. Conforme Lakatos e Marconi (2021), destacam, a combinação de métodos quantitativos e qualitativos por meio de abordagens mistas, como estudos sequenciais explicativos, convergentes ou transformacionais, é essencial para obter uma compreensão mais abrangente e aprofundada dos fatores que influenciam o tempo de resposta no SAMU.

Os critérios de inclusão foram profissionais que atuam no SAMU a mais de 1 ano no município; documentos de atendimentos realizados dentro do período específico determinado para o estudo, ou seja, do ano de 2024 e registros de ocorrências atendidas em todas as áreas geográficas do município, incluindo áreas urbanas e rurais que não sejam considerados trotes e/ou falsas. Como critérios de exclusão foram registros de atendimentos que ocorreram fora do período definido para o estudo serão excluídos da análise; atendimentos que possuam informações incompletas, ilegíveis ou inadequadas para a análise.

A etapa seguinte foi o desenvolvimento de formulários ou planilhas para registrar as informações necessárias durante a coleta de dados, que ocorreu por meio de questionário estruturado contendo 15 perguntas aos entrevistados, por meio do google forms, o que garantiu a consistência e padronização na documentação. E por fim os autores se comprometem a garantir o armazenamento seguro e confidencial dos dados coletados, seguindo as regulamentações de proteção de dados pessoais e as políticas de privacidade do SAMU e da instituição responsável pelo projeto.

Foi realizado uma descrição detalhada da amostra, incluindo o número total de ocorrências analisadas, distribuição por tipos de ocorrências, características demográficas, entre outros. Dessa forma foi possível interpretar os resultados obtidos à luz dos objetivos do estudo e do contexto do SAMU no município, para que seja possível discutir práticas dos achados, identificando possíveis estratégias para melhorar o tempo de resposta e a eficiência.

Este estudo segui as diretrizes estabelecidas pelas resoluções nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde e será conduzido após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da presente faculdade. Todos os indivíduos participantes foram plenamente informados sobre os propósitos e procedimentos da pesquisa, assegurando-se o anonimato e a confidencialidade dos dados, além da natureza voluntária da participação. 

3 DISCUSSÕES 

Como mencionado anteriormente foram realizadas entrevistas com 40 colaboradores que atuam no SAMU, a fim de identificar os fatores que impactam o tempo resposta no serviço de atendimento móvel de urgência em Parauapebas. Assim, a primeira secção do questionário foi sobre o gráfico 1, no qual foi perguntando qual o sexo dos entrevistados, no qual conforme as respostas, 90,6% eram masculino e 9,4% feminino.

Gráfico 1 – Sexo dos participantes

Fonte: Dados dos autores (2025)

No gráfico 2, foi perguntado qual a idade dos participantes. Segundo os dados coletados, 56,3% tinham +40 anos, 25% 35 a 40 anos e 15,6% 30 a 35 anos.

Gráfico 2 – Idade dos participantes

Fonte: Dados dos autores (2025)

O gráfico 3 foi perguntado qual era a profissão dos colaboradores. Segundo as respostas, 31,3% eram técnico de enfermagem, 28,1% condutos socorrista, 21,9% enfermeiro e 18,8% médico.

Gráfico 3 – Qual sua profissão?

A segunda secção do questionário esteve relacionada sobre se os entrevistados concordam que o indicador avaliado influência no tempo resposta. Assim, no gráfico 4 procurou-se conhecer como o profissional avalia o estado de conservação das ambulâncias.

Conforme os dados obtidos, 62,5% responderam bom enquanto 37,5% afirmaram ser regular.

Gráfico 4 – Como você avalia o estado de conservação das ambulâncias?

Fonte: Dados dos autores (2025)

No gráfico 5 foi perguntando se as instalações físicas do serviço são adequadas para o   atendimento. De acordo com as respostas, 96% responderam sim e 4% disseram que não.

Gráfico 5 – As instalações físicas do serviço são adequadas para o   atendimento?  

Fonte: Dados dos autores (2025)

No gráfico 6 foi perguntado se os recursos financeiros disponíveis são suficientes para garantir a qualidade do serviço. De acordo com as respostas, 46,9% responderam que são suficientes, 28,1% insuficiente e 25% alegaram não sei.

Gráfico 6 – Os recursos financeiros disponíveis são suficientes para garantir a qualidade do serviço?

Fonte: Dados dos autores (2025)

No gráfico 7 foi perguntando se a equipe recebe treinamentos regulares para atualização dos profissionais. De acordo com as respostas, 77,4% responderam que sim e 19,4% não.

Gráfico 7 – A equipe recebe treinamentos regulares para atualização dos profissionais?

Fonte: Dados dos autores (2025)

No gráfico 8 foi perguntado se o número de ambulâncias disponíveis (USA E USB) é suficiente para atender a demanda do município. Conforme os dados obtidos, 91% responderam que não e 9% que sim.

Gráfico 8 – O número de ambulâncias disponíveis (USA E USB) é suficiente para atender a demanda do município?

 Fonte: Dados dos autores (2025)

No gráfico 9 foi perguntando se os colaboradores precisaram acionar o SAMU e se caso sim, como avalia o tempo de resposta. De acordo com as respostas, 46,9% responderam adequado, 34,4% nunca precisei acionar o SAMU e 12, 5% responderam alegado.

Gráfico 9 – Você já precisou acionar o SAMU? se sim, como avalia o tempo de resposta? 

Fonte: Dados dos autores (2025)

No gráfico 10 foi perguntando quais fatores podem contribuir para atrasos no atendimento do SAMU. De acordo com as respostas, 34,4% responderam distância até o local da ocorrência, 34,4% trânsito, 21,9% dificuldades em localizar o endereço e 9,4% alegaram falta de ambulância disponível.

Gráfico 10 – Quais fatores podem contribuir para atrasos no atendimento do SAMU?

Fonte: Dados dos autores (2025)

No gráfico 11 foi perguntando qual a eficiência da central de regulação de urgência e emergência do município. Segundo as respostas, 68% responderam que regular e 32% que era boa.

Gráfico 11 – Qual a eficiência da central de regulação de urgência e emergência do município?

Fonte: Dados dos autores (2025)

No gráfico 12 foi perguntado se o tempo de deslocamento até o local da ocorrência é afetado pela localização das bases do SAMU. De acordo com as respostas, 76% responderam que sim, pois há poucas bases operacionais e 24% sim, pois, as bases estão distantes das áreas de maior demanda.

Gráfico 12 – O tempo de deslocamento até o local da ocorrência é afetado pela localização das bases do SAMU?

Fonte: Dados dos autores (2025)

No gráfico 13 foi perguntando quais são os principais problemas enfrentados pelos condutores das ambulâncias durante o deslocamento. Segundo as respostas, 48% alegaram ruas em más condições, 45% motoristas que não abrem passagem e 7% falta de sinalização eficiente.

Gráfico 13 – Quais são os principais problemas enfrentados pelos condutores das ambulâncias durante o deslocamento?   

Fonte: Dados dos autores (2025)

No gráfico 14 foi perguntado sobre as condições do local da ocorrência (por exemplo, zonas de difícil acesso) afetam o tempo de resposta do SAMU. Segundo as respostas, 94% responderam que sim, significativamente e 6%, sim, mas com pouco impacto.

Gráfico 14 – As condições do local da ocorrência (por exemplo, zonas de difícil acesso) afetam o tempo de resposta do SAMU?

Fonte: Dados dos autores (2025)                                                                                         

No gráfico 15 foi perguntando como você avalia a colaboração entre os profissionais no ambiente de trabalho. Conforme as respostas, 93,8% responderam que boa e 6,2% regular.

Gráfico 15 – Como você avalia a colaboração entre os profissionais no ambiente de trabalho?

Fonte: Dados dos autores (2025)

Os dados do gráfico 1 revelam uma expressiva predominância do sexo masculino (90,6%) em relação ao sexo feminino (9,4%). Essa diferença acentuada chama atenção e merece uma análise mais aprofundada, considerando aspectos estruturais, culturais e organizacionais que podem influenciar a composição das equipes nesse serviço de saúde.

Estudos recentes corroboram esse padrão de predominância masculina em determinadas categorias profissionais do SAMU, sobretudo entre condutores socorristas e médicos. Por exemplo, Cernkovic et al. (2023) observaram que as condições de trabalho no SAMU, marcadas por risco de acidentes e exigência física, são fatores frequentemente associados à baixa participação feminina em cargos operacionais do serviço de urgência. Ainda, Medeiros-Costa et al. (2023) destacam o custo humano associado à atuação nesses serviços, agravado durante a pandemia de COVID-19, o que pode ter contribuído para a evasão ou baixa entrada de mulheres em funções de risco e elevada exposição.

O Gráfico 2 revela que a maioria dos profissionais do SAMU em Parauapebas encontrase na faixa etária de 31 a 40 anos (45,3%), seguida pelas faixas de 41 a 50 anos (28,3%) e 21 a 30 anos (18,9%). Essa distribuição etária indica uma equipe predominantemente composta por adultos jovens e de meia-idade, o que pode refletir tanto a exigência física da função quanto a experiência necessária para o desempenho das atividades no serviço de urgência.

Estudos recentes corroboram essa tendência, por exemplo, uma pesquisa realizada no município de Gurupi, Tocantins, analisou 881 atendimentos do SAMU-192 e constatou que a média de idade dos usuários atendidos foi de 45,7 anos, com uma predominância de atendimentos clínicos (61,6%) e traumáticos (24,1%). Embora o foco do estudo seja nos usuários, a demanda por atendimentos em faixas etárias mais elevadas pode influenciar a composição etária dos profissionais, exigindo deles maior experiência e preparo para lidar com casos complexos (Campiol et al., 2023).

O Gráfico 3 revela a distribuição das categorias profissionais dos trabalhadores do SAMU em Parauapebas. Observa-se uma predominância de condutores socorristas, seguida por técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos. Essa composição reflete a estrutura operacional típica do SAMU, onde as equipes de Suporte Básico de Vida (SBV) são majoritárias e compostas principalmente por técnicos de enfermagem e condutores socorristas.

Estudos recentes corroboram essa configuração, como de Malvestio e Sousa (2024) analisaram a força de trabalho do SAMU 192 no Brasil entre 2015 e 2019 e identificaram um crescimento de 14,3% no número de profissionais, totalizando 41.490 em 2019. Desse total, 17,2% estavam alocados em Recursos Móveis (RM), evidenciando a importância das equipes de campo na estrutura do serviço. A pesquisa também destacou a predominância das equipes de SBV, que são responsáveis pela maioria dos atendimentos pré-hospitalares

O Gráfico 4 revela que 62,5% dos profissionais do SAMU em Parauapebas avaliam o estado de conservação das ambulâncias como bom, enquanto 37,5% consideram-no regular. Essa percepção indica que, embora a maioria das unidades esteja em condições satisfatórias, uma parcela significativa apresenta sinais de desgaste, o que pode impactar a eficiência e a segurança dos atendimentos.

Em 2019, o Ministério da Saúde realizou um investimento de quase R$ 200 milhões para renovar e ampliar a frota do SAMU, entregando 866 novas ambulâncias a 672 municípios em 24 estados. A iniciativa visava substituir veículos com mais de cinco anos de uso, buscando garantir a qualidade e a segurança dos atendimentos prestados à população (Brasil, 2019). 

Apesar desses esforços, estudos apontam desafios na manutenção das ambulâncias, especialmente em regiões como o Norte do Brasil. A escassez de oficinas habilitadas e a demora na reposição de veículos desgastados são fatores que contribuem para a deterioração da frota. Em alguns estados, há relatos de espera média de dois meses para manutenção, o que compromete a disponibilidade e a qualidade dos serviços (Oliveira; O’Dwyer, 2020).

O Gráfico 5 revela que 96,9% dos usuários consideram as instalações físicas do SAMU adequadas, enquanto 3,9% as julgam inadequadas. Esse alto índice de aprovação destaca-se, especialmente considerando as disparidades regionais e os desafios estruturais enfrentados pelo serviço em diversas partes do Brasil.

Estudos apontam que a implantação do SAMU no país ocorreu de forma desigual entre estados e regiões, com dificuldades estruturais como escassez de ambulâncias e centrais de regulação mal equipadas, afetando principalmente as regiões Norte e Nordeste. Além disso, a eficiência na distribuição e disponibilidade dos recursos móveis do SAMU 192 é fundamental para viabilizar o cuidado de urgência e, consequentemente, para o exercício do direito à saúde (O’Dwyer et al., 2020).

No entanto, a percepção positiva das instalações físicas no contexto local pode refletir investimentos específicos ou uma gestão eficiente que contrasta com a média nacional. Essa satisfação dos usuários pode estar relacionada à adequação das estruturas físicas, à disponibilidade de equipamentos e à qualidade do atendimento prestado (O’Dwyer et al.,2020).

O Gráfico 6 revela que 46,9% dos profissionais do SAMU em Parauapebas consideram os recursos financeiros disponíveis suficientes para garantir a qualidade do serviço, enquanto 28,1% os consideram insuficientes e 25% não souberam opinar. Essa distribuição indica uma percepção dividida sobre a adequação do financiamento, refletindo as complexidades enfrentadas na gestão dos recursos do SAMU.

Em uma pesquisa de 2024 sobre a governança de financiamento do SAMU revelou opiniões divergentes entre os gestores sobre a suficiência dos valores recebidos para o custeio do serviço. Alguns apontaram que o valor de custeio, definido em portaria, nem sempre representa o que realmente é gasto para manutenção e funcionamento de todos os componentes do SAMU, resultando em déficits que precisam ser cobertos pelos municípios (O’Dwyer; Konder, 2024).

No entanto, é importante destacar que, em 2023, o Ministério da Saúde anunciou um aumento de 30% no custeio do SAMU 192, elevando o repasse anual de R$ 1,3 bilhão para R$ 1,7 bilhão. Essa medida visa fortalecer o serviço e garantir maior qualidade no atendimento à população (Brasil, 2023).

O Gráfico 7 do estudo revela que 77,4% dos profissionais do SAMU em Parauapebas afirmaram receber treinamentos regulares para atualização profissional, enquanto 19,4% indicaram não participar dessas capacitações. Essa predominância de respostas positivas sugere um comprometimento local com a educação permanente, alinhando-se às diretrizes nacionais que enfatizam a importância da formação contínua para a eficácia dos serviços de urgência e emergência.

Sobre o assunto, o Ministério da Saúde lançou o Programa SOS de Ponta, com o objetivo de capacitar cerca de 10 mil profissionais da saúde em todo o Brasil. A região Norte foi escolhida para o projeto-piloto, onde 534 profissionais receberam qualificação em cursos como suporte básico de vida, suporte avançado de vida cardiovascular e suporte pré-hospitalar no trauma (Brasil, 2022).

Essas ações refletem um movimento nacional em prol da qualificação contínua dos profissionais do SAMU, reconhecendo que a educação permanente é fundamental para a melhoria da qualidade do atendimento pré-hospitalar (Schmalfuss et al., 2020).

O Gráfico 8 do estudo evidencia uma percepção crítica entre os profissionais do SAMU em Parauapebas: 90,6% consideram que o número de ambulâncias disponíveis, tanto de Unidade de Suporte Avançado (USA) quanto de Unidade de Suporte Básico (USB), é insuficiente para atender à demanda do município, enquanto apenas 9,4% acreditam que a frota atual é adequada. Essa percepção majoritária de insuficiência reflete desafios estruturais enfrentados pelo SAMU, não apenas em Parauapebas, mas em diversas regiões do Brasil.  A governança de financiamento também desempenha um papel crucial nesse contexto. Estudos apontam que a deficiente governança de financiamento contribui para ampliar as dificuldades do SAMU no cumprimento de sua função de ordenar e articular a integração dos componentes da Rede de Urgência e Emergência (RUE). A falta de transparência e de prestação de contas regulares sobre os recursos recebidos e sua alocação dificultam a identificação e correção de falhas na distribuição e manutenção da frota de ambulâncias (Malvestio; Sousa, 2024).  O Gráfico 9 do estudo revela que 46,9% dos colaboradores que acionaram o SAMU em Parauapebas avaliaram o tempo de resposta como adequado, 34,4% nunca precisaram acionar o serviço e 12,5% consideraram o tempo inadequado. Esses dados indicam uma percepção majoritariamente positiva quanto à eficiência do SAMU na região, embora uma parcela significativa dos profissionais não tenha experiência direta com o serviço.

Estudos realizados em diversas regiões do Brasil corroboram a importância do tempo de resposta como indicador da qualidade do atendimento pré-hospitalar, a exemplo de Santos et al. (2020) que identificaram que o tempo médio de resposta do SAMU foi de 14 minutos e 25 segundos, com variações influenciadas por fatores como localização geográfica e infraestrutura urbana. Assim a importância de estratégias contínuas de comunicação e treinamento para garantir que todos os colaboradores estejam preparados para acionar o serviço de forma adequada e eficiente (Santos et al., 2020).

O Gráfico 10 do estudo evidencia que os principais fatores apontados pelos profissionais do SAMU em Parauapebas como contribuintes para atrasos no atendimento são: distância até o local da ocorrência (34,4%), trânsito (34,4%), dificuldades em localizar o endereço (21,9%) e falta de ambulância disponível (9,4%). Esses dados refletem desafios operacionais comuns enfrentados pelos serviços de atendimento móvel de urgência em diversas regiões do Brasil.

A distância até o local da ocorrência é um fator crítico que influencia diretamente o tempo de resposta do SAMU. Estudos indicam que áreas rurais ou de difícil acesso apresentam tempos de resposta significativamente maiores, o que pode comprometer a eficácia do atendimento pré-hospitalar. Por exemplo, uma análise do tempo de resposta do SAMU revelou que o tempo médio de atendimento em zonas rurais foi de 46,18 minutos, enquanto em áreas urbanas foi de 14,74 minutos (Lima et al., 2022).

O Gráfico 11 do estudo revela que 65,6% dos profissionais do SAMU em Parauapebas avaliam a eficiência da Central de Regulação de Urgência e Emergência como “regular”, enquanto 31,3% consideram-na “boa”. Essa percepção indica que, embora haja reconhecimento de aspectos positivos, existem desafios significativos a serem enfrentados para aprimorar a eficácia desse componente essencial do atendimento pré-hospitalar.

A eficiência das centrais de regulação é fundamental para garantir respostas rápidas e adequadas às emergências. Estudos apontam que a integração multiprofissional e a capacitação contínua das equipes são fatores determinantes para o bom funcionamento dessas centrais. Por exemplo, uma pesquisa realizada no Rio Grande do Sul destacou a importância da atuação conjunta de médicos, enfermeiros, técnicos auxiliares de regulação médica e rádio operadores na central de regulação do SAMU, evidenciando que a colaboração entre diferentes profissionais contribui para uma resposta mais eficaz às demandas de urgência (Pinheiro, 2019).

O Gráfico 12 do estudo indica que 68,8% dos profissionais do SAMU em Parauapebas acreditam que o tempo de deslocamento até o local da ocorrência é afetado pela localização das bases operacionais, devido à escassez de unidades. Além disso, 21,9% apontam que as bases estão distantes das áreas de maior demanda. Essas percepções refletem desafios estruturais que impactam diretamente a eficiência do atendimento pré-hospitalar na região. A localização estratégica das bases do SAMU é crucial para garantir tempos de resposta adequados.   Estudos demonstram que a distribuição geográfica das unidades influencia significativamente a capacidade de atendimento dentro dos padrões de tempo estabelecidos. Por exemplo, uma pesquisa realizada na Zona Oeste do Rio de Janeiro aplicou modelos de otimização para a localização de bases de veículos de resgate, considerando não apenas a proximidade aos pontos de demanda, mas também a parcela da população atendida dentro de níveis de serviço predeterminados (Fortes et al., 2023).

Os resultados indicaram que configurações subdimensionadas e de baixa qualidade na prestação do serviço são incapazes de atender em tempo hábil a demanda por atendimentos, comprometendo a eficácia do serviço de emergência (Fortes et al., 2023).

O Gráfico 13 do estudo aponta que os principais problemas enfrentados pelos condutores das ambulâncias do SAMU durante o deslocamento em Parauapebas são: ruas em más condições (46,9%), motoristas que não abrem passagem (43,8%) e falta de sinalização eficiente (6,3%). Esses fatores comprometem significativamente a agilidade e a segurança no atendimento pré-hospitalar, refletindo desafios estruturais e comportamentais presentes em diversas regiões do Brasil.

A má conservação das vias públicas, como buracos e pavimentação inadequada, obriga os condutores a reduzir a velocidade e adotar manobras evasivas, aumentando o tempo de resposta e o risco de acidentes.  Além disso, a falta de colaboração de motoristas que não cedem passagem às ambulâncias, mesmo com sinais sonoros e luminosos acionados, é uma infração gravíssima segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Essa conduta tem sido observada em diversas cidades, onde a falta de conscientização e empatia no trânsito atrasa o atendimento de emergências e coloca vidas em risco (Morais, 2024).

O Gráfico 14 do estudo revela que 93,8% dos profissionais do SAMU em Parauapebas consideram que as condições do local da ocorrência, como zonas de difícil acesso, impactam significativamente o tempo de resposta, enquanto 6,2% apontam impacto moderado. Esse dado evidencia um desafio logístico relevante no atendimento pré-hospitalar, especialmente em regiões com características geográficas complexas.

Estudos recentes corroboram essa percepção. Uma análise realizada no estado do Piauí demonstrou que o tempo médio de resposta do SAMU em áreas rurais foi de 46,18 minutos, contrastando com 14,74 minutos em zonas urbanas, indicando uma diferença substancial atribuída às dificuldades de acesso (Lima et al., 2022). Além disso, pesquisa conduzida no sul do Brasil identificou que o tempo médio entre o acionamento e a chegada à cena foi de 31 minutos para socorros, com variações significativas dependendo da localização da ocorrência (Furquim et al. 2024).

O Gráfico 15 do estudo revela que 93,8% dos profissionais do SAMU em Parauapebas avaliam a colaboração entre os colegas como “boa”, enquanto 6,2% a consideram “regular”. Esse resultado destaca a importância da colaboração interprofissional no ambiente de trabalho do SAMU, essencial para a eficácia do atendimento pré-hospitalar.

A colaboração interprofissional é apontada como um recurso para enfrentar os desafios do modelo de atenção e da força de trabalho na saúde. Estudos sugerem que a colaboração entre diferentes profissionais de saúde pode contribuir para elevar a efetividade dos sistemas de saúde, sendo especialmente relevante em contextos como o do SAMU, onde a integração entre médicos, enfermeiros, técnicos e condutores é crucial para o atendimento eficiente às urgências (Lima et al., 2022).

Portanto é de extrema importância investir em expansão de bases e frota de ambulâncias, bem como implementar programas de treinamento contínuo para equipes além de desenvolver campanhas de conscientização em parceria com órgãos de trânsito e mídia. Essas ações, se implementadas, poderiam aumentar a eficiência do SAMU e a satisfação tanto dos profissionais quanto da população.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise dos dados revelou importantes evidências sobre os desafios operacionais, estruturais e humanos que influenciam diretamente a eficiência no atendimento às urgências e emergências. Os resultados demonstraram que, embora o SAMU de Parauapebas conte com uma equipe predominantemente masculina, em sua maioria com idade entre 31 e 40 anos e com até cinco anos de experiência, há aspectos positivos, como o bom nível de colaboração entre os profissionais e a realização de treinamentos regulares para atualização técnica. No entanto, há também questões críticas que demandam atenção urgente.

Diante do exposto, conclui-se que o SAMU em Parauapebas enfrenta importantes entraves estruturais e logísticos que comprometem sua eficiência. A ampliação da frota e da rede de bases, a qualificação contínua dos profissionais, a melhoria da infraestrutura urbana e o uso estratégico da comunicação pública são medidas fundamentais para reduzir o tempo de resposta e garantir a qualidade do atendimento pré-hospitalar. Políticas públicas integradas e investimentos adequados são essenciais para fortalecer esse serviço vital à saúde e à vida da população

Portanto, os resultados deste estudo devem servir como subsídio para gestores públicos, autoridades de saúde e planejadores municipais, a fim de implementar ações concretas e sustentáveis de melhoria do SAMU em Parauapebas. A expansão da cobertura, aliada ao planejamento estratégico e à escuta ativa dos profissionais da linha de frente, é essencial para que o serviço cumpra sua missão de salvar vidas com agilidade, segurança e qualidade.

REFERÊNCIAS

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¹Discente do Curso Superior de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA, e-mail: deuber_peres@hotmail.com;
²Discente do Curso Superior de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA, e-mail: Karla.sartorio@hotmail.com;
³Discente do Curso Superior de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA, e-mail: rodrigomartins45@hotmail.com;
⁴Docente do Curso Superior de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas do Pará – FACIMPA, e-mail: renataellen8155@gmail.com.