REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8421675
Pedro Ferreira da Silva Filho1
Sandra Maria Lima Xavier2
Luiz Feitosa Gomes3
Marcia Ferreira da Silva4
Aldair Lucas Viana Caldas5
Jean Negreiros Ferreira6
Juvenal Severino Botelho7
Dulcineide Pereira dos Santos8
José Ribamar Silva de Oliveira9
Renato Costa Mena Barreto10
RESUMO
Este artigo avalia os métodos de admissão ao Ensino Médio Integrado em uma instituição federal de ensino, o Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM, em seu Campus Manaus Centro, que utilizava um mini vestibular como meio de seleção para ingresso e que modificou para média de notas do Ensino Fundamental. Foram analisados os dois modelos e como estes impactam o prosseguimento do estudo na disciplina Matemática, no primeiro ano do curso integrado. Foram comparadas a nota de entrada, obtida pela média anual, no oitavo ano e as obtidas nos dois bimestres iniciais, de 2014 a 2018, durante o início dos cursos. Verificou-se que os alunos ingressantes corresponderam às expectativas do professor, embora que seus resultados não sejam tão altos como a média usada para a sua admissão. Foram feitas análises por meio de histogramas e da Função Densidade Acumulada, os quais mostraram a evolução/involução dos discentes ao longo dos dois primeiros bimestres. O método empregado foi o quantitativo descritivo. Foi constatado que método de seleção que trouxe discentes mais aptos e com melhor desempenho das médias em Matemática, durante o período analisado, e cujas médias mais corresponderam com as das médias obtidas na admissão foram os admitidos pelo mini vestibular. O método por Média de notas selecionou alunos com menor desempenho e dificuldades na disciplina Matemática. Verificou-se o impacto oriundo de um e de outro método, através da análise da eficácia dos processos seletivos para assegurar discentes preparados para o aproveitamento na disciplina.
Palavras-chave: Ensino Profissionalizante Técnico. Educação Matemática. Processo de admissão escolar.
ABSTRACT
This article evaluates the methods of admission to integrated high school in a Federal educational institution, the Federal Institute of Science and Technology of Amazonas – IFAM, in its Campus Manaus Center, which used a mini vestibular as a means of selection for admission and changed to average grades of elementary school. The two models were analyzed and how they impact the continuation of the study in mathematics discipline in the first year of the integrated course. We compared the entrance grade, obtained by the annual average, in the eighth year and those obtained in the two initial bimesters, from 2014 to 2018, during the beginning of the courses. It was found that the freshmen met the expectations of the teacher, although their results are not as high as the average used for their admission. Analyses were made using histograms and the accumulated density function, which showed the evolution/involution of students over the first two semesters. The method used was the quantitative descriptive. It was found that the selection method that brought more able students and with better performance of averages in mathematics during the period analyzed, and whose averages corresponded more with the averages obtained on admission were those admitted by the mini vestibular. The method by average grades selected students with lower performance and difficulties in mathematics. It was verified the impact of both methods, through the analysis of the effectiveness of selection processes to ensure students prepared for use in the discipline.
Keywords: Vocational Teaching Technician. Mathematical Education. School admission process.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo avalia os métodos de ingresso do Instituto Federal do Amazonas, – Campus Manaus Centro, o qual seleciona o aluno para cursos técnicos que exigem uma performance na área de extas, principalmente na Disciplina Matemática, de forma a verificar qual método utilizado para o ingresso permite a classificação de alunos mais preparados para o prosseguimento nos cursos oferecidos.
Os resultados apresentados são parte de uma pesquisa quantitativa-qualitativa realizada no Campus com maior número de discentes, onde foi realizada entrevista semiestruturada com seis professores do primeiro ano e estudo comparativo das notas de ingresso das duas modalidades de ingresso utilizadas: o mini vestibular e a média das notas do oitavo ano do Ensino Fundamental, do últimos dois anos onde foi utilizado o mini vestibular e os dois primeiros anos utilizando a seleção somente pela média de notas. Aqui, não foram consideradas as ações afirmativas em separado.
O texto organiza-se em quatro partes. Em primeiro lugar, uma breve história da educação profissional técnica, de forma a apresentar a necessidade dos cursos criados então e sua função social, assim como os sistemas de ingresso empregados ao longo dos anos. Em segundo lugar são apresentados os materiais e métodos aplicados neste estudo. Em seguida, são apresentados os resultados e discussões e finalmente as conclusões.
2. DA ESCOLA DE ARTÍFICES AO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAZONAS
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM), palco de nosso estudo, foi criado em 29 de dezembro de 2008, através da Lei nº 11.982, que criou 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia (IF’s) no país, mas vem de longa data a iniciativa da oferta de cursos técnicos. O início se deu com o Decreto do Príncipe Regente, que criou o Colégio de Fábricas, depois foi proposta a criação de uma Escola de Belas Artes, para facilitar o ensino de desenho aos ofícios mecânicos. Após 1840 foram criadas Casas de Educandos e Artífices e os Asilos da Infância dos Meninos Desvalidos, que tinha como meta socorrer os órfãos e outras crianças em situação de risco social. Nesta mesma linha foram criados também os Lyceus de Artes e Ofício, sempre com o propósito assistencialista. Mas foi a partir do século XX que a ideia de Escolas Técnicas surgiu, criando e promovendo o ensino prático industrial. Coube a Nilo Peçanha a criação de 19 Escolas de Aprendizes Artífices para suprir o mercado produtivo, que segundo ele, seria o começo de uma nova era, ao afirmar que “O Brasil de ontem saiu das Academias e o de amanhã sairá das oficinas” (Nunes de Mello, 2009).
Em 1937, a Escola de Aprendizes Artífices passa a se chamar Lyceu Industrial de Manaus. Neste momento, fica claro a dualidade que se estabeleceu: de um lado as escolas profissionalizantes para os trabalhadores assalariados e outra, de cunho científico para os burgueses, futuros patrões [1]. Assim iniciou-se o padrão estabelecido, que ainda hoje atrai muitos jovens que buscam a gratuidade na educação, visto que essas escolas são em sua maioria estatais ou são uma boa preparação para o ingresso nas universidades federais e estaduais, também gratuitas (Ohmae, Kenichi et al, 1995; Wade, 2004).
Houve novas mudanças no nome a partir daí e em 1942 mudou para Escola Técnica de Manaus, até 1965, quando mudou novamente para Escola Técnica Federal do Amazonas. Em 1998, mudou para Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET-AM) e finalmente em 2007 passou a participar da Rede Federal de Ensino e passa a ser denominado Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM), no ano de 2008 (Nunes de Mellho,2009).
Nos primórdios das Escolas Técnicas, o ingresso requeria praticamente que o candidato fosse carente, como diz o Decreto nº 7.566, de 23.09.1909 (Brasil, 1996), “Que para isso se torna necessário, não só habilitar os filhos dos desfavorecidos da fortuna com o indispensável preparo técnico e intelectual, como fazê-los adquirir hábitos de trabalho profícuo, que os afastará da ociosidade ignorante, escola do vício e do crime” [sic] (Brasil,1909).
O Art.6º desta mesma Lei prescreve os requisitos para o ingresso/admissão: “[…] os desfavorecidos da fortuna: idade de 10 anos no mínimo e de 13 annos no máximo; não soffrer o candidato moléstia infecto-contagiosa, nem ter defeitos que o impossibilitem para o aprendizado de officio” [sic] (Sobrinho, 2010).
Segundo os Artigos 2º e 3º da LDB, a educação é dever da família e do Estado e deve ser feito em igualdade de condições para o acesso e permanência na escola. Sendo garantido pelo Estado, e direito do cidadão, reconhecer o direito à educação como um bem público é fundamental, e por isso deve ser tratada de forma que não seja apenas comercializada, como fazem as escolas privadas, mas tratadas como algo que é de fundamental importância, pois tem compromisso com a sociedade e a nação (Ambrosini, 2018).
O ingresso é apenas uma etapa no processo educativo, pois deve-se considerar também a permanência e a qualidade da educação, segundo Jex; Britt (2014) “No caso do acesso ao ensino público federal, não basta considerar a etapa do ingresso (do processo seletivo), mas sim levar em conta a dimensão da permanência do estudante e também para a qualidade da formação. Assim, pode-se considerar o acesso a partir dessas dimensões: ingresso, permanência e qualidade”.
Vemos que, historicamente, o ingresso se deu como forma de regular e classificar os estudantes afim de solução da demanda e do número de vagas; é óbvio que certas ofertas não podem atender a todos, sendo necessário que se faça uma seleção que seja democrática, assim surgiram os vestibulares para as EPT’s (Ramos,2014).
A Constituição Federal de 1988, já falava do acesso aos níveis elevados do ensino “segundo a capacidade de cada um”, ao qual a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (1996), chamaria de processo seletivo, o qual prima pela igualdade de oportunidades para todos (Brasil, 2019).
Apesar do EPT ter iniciado a partir do dualismo “escola propedêutica versus escola profissional”, mais tarde ganha amplitude a partir de 2003, quando a politécnica é utilizada, isto é, unem-se ciência, trabalho e cultura, garantindo uma performance melhor e garantido vagas de trabalho, o que aumentaria a disputa pelas vagas nas escolas profissionalizantes (Ramos, 2014).
Atualmente, ao ingressarem na Rede Federal de Ensino, nos (IF’s), os alunos se deparam com uma realidade totalmente diferente daquelas vivenciadas anteriormente, onde a dificuldade será maior, pois na verdade, são dois cursos em um, o Curso Médio Integrado e o Técnico Profissionalizante.
Fica evidente a resiliência do estudante do Ensino Profissional e Tecnológico ao tratar as disciplinas técnicas, e, principalmente, aquela que será base para as demais, a Matemática.
Assim, se define a escola politécnica, que une os conhecimentos científico-tecnológicos e históricos, de forma que os estudantes consigam realizar tarefas diversas, constituindo assim uma integração entre a cultura geral e técnica, que trata do assunto como uma união do trabalho com o conhecimento científico, a fim de aperfeiçoá-lo (Ramos, 2014).
Conforme Palheta (2018), “o sujeito passa por um processo de hominização, e se vê obrigado a ocupar um lugar no mundo (inclusive social), onde será necessário exercer uma atividade. Em decorrência disso, o homem, sujeito, também se vê obrigado a aprender”.
A procura não diminui, tanto que os IF’s têm se proliferado pelo país, e a forma de ingresso teve que acompanhar essa demanda. Hoje, pelo aumento da população e a crescente procura pelo ensino técnico, e, principalmente, pela qualidade que proporciona ao educando, o ingresso sofreu modificações para atender a uma clientela diferenciada daquela que existiu em seus primórdios. Hoje são atendidos, também, alunos com deficiência e de classes diversas e não somente alunos carentes, além da criação de vagas por cotas, para negros e índios.
Por um longo tempo, o IFAM usou como método de ingresso o Mini Vestibular e mais recentemente, por questões de custo e logística o ingresso por médias acumuladas. Esse método ocorreu devido ao aumento do número de campus avançados, aos quais é difícil o acesso, visto que o Amazonas é um estado quase continente. Então, as formas tradicionais de ingresso ficaram inviáveis. O Mini Vestibular, utilizado por muitos anos, tornou-se um fardo à Instituição. Dessa maneira, a alternativa foi mudar a forma de seleção para médias obtidas pelas notas dos 7º e 8º anos do Ensino Fundamental das disciplinas: Língua Portuguesa e Matemática. Sendo esse o critério escolhido para o ingresso/admissão aos cursos oferecidos de Informática, Eletrotécnica, Edificações, Química e Mecânica, na forma Integrada.
Essa medida trouxe reclamações por parte dos professores, principalmente da Matemática, que afirmam que os alunos ingressos por meio desse último método não têm correspondido como seria desejado (Ouyang,2000; Olasky,2000).
Para analisar melhor a questão procurou-se saber, a partir dos resultados obtidos na Disciplina Matemática, se a queixa tem fundamento, visto que é uma disciplina em que a maioria tem dificuldade. Têm sido dos professores dessa disciplina, a maioria das queixas sobre as dificuldades no aprendizado dos alunos ingressos relatadas (Noddings, 2013).
Para investigar se de fato isso ocorre, ou seja, se esse novo método admitiu alunos menos aptos e se é verdadeira essa observação feita pelos professores de Matemática, é que se iniciou essa investigação. Os professores teriam razão? Há diferença entre os dois métodos de admissão? O que dizem os desempenhos após o ingresso desses alunos?
Essas respostas são necessárias para os dirigentes dos Institutos Federais, e outros assemelhados, que recorrem aos diversos métodos para selecionarem os melhores alunos, que prosseguirão os seus estudos em uma escola que exige pré-requisitos mínimos para o sucesso nas disciplinas a serem cursadas.
Sendo assim, com os resultados obtidos, serão mais claramente definidos quais métodos/processos de seleção se prestam com melhor resultados para o ingresso aos cursos profissionalizantes. Contribuirá, outrossim, a pesquisa no que concerne ao assunto, com tão pouca informação disponível, sobre tão importante etapa do processo de seleção escolar (Kimberlim; Winterstein, 2008; Bless; Higson-Smith; Kagee, 2006).
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se de um estudo quantitativo descritivo, com dados de ingresso relacionados à disciplina de Matemática em uma instituição federal de ensino integrado na cidade de Manaus – AM, referentes aos anos 2014 a 2018, coletados durante o período de março a abril de 2019.
A primeira parte do estudo consistiu na aplicação de um instrumento com três questões de múltipla escolha, para docentes da disciplina de matemática, sobre as formas de ingresso na instituição e o desempenho dos alunos na disciplina. A amostra foi por conveniência, totalizando cinco participantes de uma população de oito docentes.
A segunda etapa foi a coleta de dados sobre as notas dos ingressos por mini vestibular dos anos de 2014 a 2016 e ingressos por média do 8º ano do Ensino Fundamental dos anos 2017 a 2018. A análise descritiva se deu através da média/ano e desvio padrão representada por histogramas. Foi utilizada a Função Densidade Acumulada (FDA) para comparar o desempenho das formas de ingresso, tendo como referencial de aprovação a nota média 6,0 pontos, adotada na instituição. A fim de verificar a diferença entre as duas formas de ingresso após o período de admissão do aluno na instituição foram realizadas as análises das médias do 1º e 2º bimestres do 1º ano do Ensino Médio, e do índice de reprovação na disciplina de Matemática, ambos de 2014 a 2018. Para a análise estatística dos dados foi utilizado o Software Minitab versão 18.1 e o Programa Excel Professional Plus 2016 (Manly, 2016; Santos; Lima; Zucatti, 2016).
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na pesquisa realizada com oito (08) professores de matemática da Instituição que lecionam para o Ensino Médio Integrado, cinco participaram da pesquisa correspondendo a 62,5% dos professores de Matemática. Dos cinco participantes 60% participaram dos dois exames de admissão, por Mini Vestibular e por Médias, e 40% somente do último, no período de 2014 a 2018.
Os professores ao serem questionados sobre método de ingresso mais satisfatório, 40% afirma ser a seleção por Mini Vestibular, 20% admissão por Média de notas, 20% não viram diferença e 20% não souberam opinar.
Para os docentes (40%), a maioria dos alunos ingressantes, satisfazem as expectativas para a continuidade do estudo da Matemática, e para 60% não satisfaz.
Na Figura 1 é apresentado o histograma de curva normal, média, desvio padrão e número de amostras; e na Figura 2, a função densidade acumulada dos exames de admissão de 2014 a 2018 relativo ao oitavo ano do ensino fundamental, em Matemática.
Figura 1: Histograma dos Exames de Admissão de 2014 a 2018 segundo as médias de Matemática do 8º ano, 2019.
Fonte: Os autores, (2019).
Pelos resultados observados na figura 1, a análise das notas dos Exames de Admissão de 2014 a 2018, referente às notas de Matemática do oitavo ano, exclusivamente, verificou-se que as médias sofreram um aumento significativo quando se iniciou a Admissão por médias. Em 2014 a média foi de 5,019; em 2015 de 4,430 e em 2016 de 4,515, referentes a Admissão por Mini Vestibular. No ano de 2017 a média foi de 9,320 e a de 2018 de 9,143 sob o novo processo de admissão, médias por notas. A diferença da maior média dos exames de admissão por Mini Vestibular pela maior dos exames por médias, corresponde a um aumento de 85,7% entre uma e outra, que correspondem a 5,019 e 9,320. Apesar do aumento significativo das notas de um método de ingresso para o outro, não há como avaliar a qualidade do aluno ingressante, pois, as políticas públicas aplicadas não preveem notas de corte para o ingresso, somente o preenchimento do número de vagas.
É importante salientar que as notas obtidas pelos ingressos no Mini Vestibular (2014 a 2016) estão abaixo da nota mínima de aprovação referência na Instituição (seis pontos) e as notas a partir de 2017, no novo sistema de admissão, alcançaram média acima de nove, como mostra a figura 2. Verificamos a disparidade entre as notas de admissão de um e outro método, onde um fica abaixo da referência de média mínima (seis pontos) e outro só possui uma nota abaixo dessa média. Com os resultados obtidos de 2014 a 2016 os percentuais das médias abaixo de seis foram respectivamente: 76,24%, 82,64% e 84,42% para a admissão por Mini Vestibular. Para os dois anos seguintes os resultados foram: 0,00% e 0,40% abaixo de seis para a admissão por médias de nota em Matemática, em todo o certame.
Figura 2: Função Densidade Acumulada das notas de Admissão de 2014 a 2018, Manaus – AM, 2019.
Fonte: Os autores, (2019).
A figura 3 mostra o resultado das médias e desvio padrão (1º e 2º bimestre), obtidos pelos alunos matriculados de 2014 a 2018, cujas médias foram, respectivamente: 5,302; 6,237; 6,140; 6,140 e 5,783. Estes resultados quando comparados com a maior média ponderada dos exames de ingresso por mini vestibular, na amostra escolhida, ou seja, 5,019 e 9,320 para a admissão por média de notas, evidenciam a falta de coerência entre as notas de ingresso e as médias dos alunos do 1º semestre. As notas do 1º semestre correspondem ao desempenho dos alunos na admissão por Mini Vestibular, enquanto no outro não. O que justifica a frustração dos professores diante da expectativa criada pelas notas de admissão pelo Método das Médias.
Figura 3: Histograma de médias do 1º e 2º bimestre de 2014 a 2018 em Matemática, Manaus – AM, 2019.
Fonte: Os autores, (2019).
Diante destes resultados, independentemente do método de ingresso, os alunos obtiveram notas e desvio padrão muito semelhantes para o 1º semestre, o que foge da expectativa de dados obtidos pelos alunos ingressos a partir de 2017, que obtiveram notas muito mais altas. Estes alunos não corresponderam as notas de ingresso, como seus colegas de anos anteriores, os quais até melhoraram as suas médias com relação às notas de ingresso, conforme mostra a figura 4.
Figura 4: Função Densidade Acumulada das Médias do 1º e 2º bimestre de 2014 a 2018 em Matemática, 2019.
Fonte: Os autores, (2019).
A figura 4 mostra a Função Densidade Acumulada das médias do 1º e 2º bimestre de 2014 a 2018 em Matemática de alunos ingressos na Instituição. Considerando seis pontos como nota de referência, os percentuais obtidos de 2014 a 2018 com médias abaixo de seis correspondem a, respectivamente: 55,78%, 41,92%, 43,11%, 35,92% e 43,63%. Verificou-se que a maior parte dos alunos ingressos pelo Mini Vestibular melhoraram as expectativas, com uma grande redução de alunos abaixo de seis, enquanto pelo método de médias houve uma inversão pois aumentou significativamente o índice de reprovação, já que as notas abaixo de seis eram praticamente inexistentes no exame de admissão.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo observou-se que a maioria dos professores entrevistados, consideram a seleção por Mini Vestibular como processo de ingresso mais eficiente do que a seleção por Média do Ensino Fundamental. Ao comparar as notas dos alunos ingressos pelos dois métodos de admissão, as maiores correspondem à seleção por notas, havendo uma diferença significativa entre elas. Devido à discrepância dos resultados comparativos, foram analisadas as médias do 1º e 2º bimestres do período de 2014 a 2018, e comprovou-se que tanto as médias quanto o desvio padrão apresentam proximidade em ambos os métodos. Os alunos provenientes do Mini Vestibular tiveram uma melhora de suas médias quando comparados com os alunos de ingresso por nota, que apresentaram uma redução drástica de suas notas em relação a média com a qual concorreram para a vaga no ensino técnico.
Portanto, do ponto de vista financeiro, torna-se mais viável a admissão pelo método de Notas, por ser menos oneroso e que não causa um impacto negativo, uma vez que, ao estudarem o 1º semestre, as suas médias se estabilizam em torno de seis pontos, que é a nota média referencial da instituição. Uma estratégia de melhorar a qualidade dos alunos matriculados é a realização de aulas de nivelamento no início de suas atividades ou quando apresentarem notas insatisfatórias. O estudo teve como limitações o tamanho amostral, tanto de professores entrevistados, sendo que sua seleção foi por conveniência, como dos dados de notas serem apenas do oitavo ano do Ensino Fundamental. Para futuros estudos, sugere-se o aumento da amostra de notas desde o sexto até o oitavo ano a fim de selecionar os candidatos mais qualificados no ingresso por Notas.
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