ANÁLISE DO PERCENTUAL DE PERDAS DE PRÉ-FORMAS EM UMA INDÚSTRIA DE GARRAFAS PET POR INTERMÉDIO DA TECNOLOGIA DE MONITORES DIGITAIS

ANALYSIS OF THE PERCENTAGE OF LOSS OF PREFORMS IN A PET BOTTLE INDUSTRY THROUGH DIGITAL MONITOR TECHNOLOGY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7505971


Guilherme Angelo Lunardi1
Logan Mallmann2


RESUMO – Este artigo é resultado de um estudo aplicado, realizado em uma indústria de garrafas pet localizada no oeste do estado do Paraná, no município de Toledo. A empresa buscava a redução das perdas de pré-formas ocasionada por erros no processo de sopragem, uma vez que utilizava apenas um quadro manual e folhas sulfites com os dados de calibragem. Como objetivo, este artigo busca avaliar o impacto que a implantação de monitores digitais ocasiona na porcentagem de perdas das pré-formas. Para auxiliar na execução das atividades, utilizou-se a ferramenta 5W1H. Os resultados revelam que houve grande aceitação dos monitores por parte dos colaboradores do setor, obtendo-se, ainda, redução em certo nível na porcentagem de perdas das pré-formas. Conclui-se que a implantação dos monitores digitais contribuiu para a redução das perdas, além da estabilidade do processo, facilitando o trabalho dentro do setor e a padronização das atividades.

1 INTRODUÇÃO

As garrafas Pet (Polietileno Tereftalato) são usadas como embalagens para diversos produtos, desde refrigerantes, sucos, produtos de limpeza até medicamentos. De acordo com dados do jornal britânico The Guardian (2017), a cada minuto, pelo menos um milhão de garrafas pet são vendidas no mundo e só no ano de 2016 foram produzidas quase 500 milhões de unidades no planeta.

Segundo o site Engenharia 360 (2017), para a fabricação dessas garrafas é utilizada uma categoria de resina termoplástica, chamada de resina pet, que é derretida a fim de criar um modelo inicial, similar a um tubo de ensaio, já com o bocal e o gargalo, sendo que este possui as propriedades necessárias para se transformar em qualquer formato de garrafa. Esse primeiro formato é chamado de pré-forma. Esta pré-forma passa por um processo de modelagem que varia, de acordo com o modelo de garrafa que será produzido. Nessa etapa, dá-se ênfase para o trabalho térmico e com sopradores, chamado de processo da sopragem.

Para que não ocorram erros nessa parte do processo e o consequente descarte da pré-forma, gerando um desperdício de tempo e dinheiro, é necessário que os parâmetros das máquinas sejam minunciosamente calibrados no setup, que é específico para a fabricação de cada modelo (ENGENHARIA 360, 2017). Dessa forma é fundamental que os operadores tenham acesso aos dados de calibragem a fim de reduzir possíveis erros no momento dos ajustes. 

Uma das formas de dispor informações, amplamente utilizada atualmente no meio industrial, é o uso dos monitores digitais, dinâmicos e organizados, que fazem com que as informações necessárias sejam mostradas em tempo real para os colaboradores. Este artigo é resultado de um estudo aplicado, realizado em uma indústria de garrafas pet, localizada no oeste do estado do Paraná, no município de Toledo. A empresa buscava a redução das perdas de pré-formas ocasionadas por erros, principalmente, devido à calibragem imprecisa das máquinas no processo de sopragem, isso porque utilizava apenas um quadro manual e algumas folhas sulfites com os dados de calibragem. 

O estudo busca responder a seguinte pergunta: A implantação de monitores digitais na fábrica, com informações pertinentes, irá reduzir a porcentagem de perdas das pré-formas na etapa de sopragem?

Como objetivo tem-se a intenção de avaliar qual o impacto gerado a partir da implantação de monitores digitais, com informações pertinentes para a produção, observando-se a porcentagem de perdas das pré-formas no processo de sopragem. 

A verificação do impacto ou não dos monitores na porcentagem de perdas permite concluir se esta implantação pode reduzir desperdícios de tempo e dinheiro para a empresa, além de descrever o impacto que o dinamismo da informação tem dentro do ambiente industrial, principalmente, na questão de informações relevantes, no momento certo e para as pessoas certas. Com isso, almeja-se, também, que o estudo sirva de base e inspiração para outras indústrias, podendo ou não ser relacionadas com a produção de garrafas pet além de estudantes e simpatizantes do assunto.

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 FÁBRICAS DE GARRAFAS PET

Com o avanço da tecnologia, a maioria das embalagens é produzida por materiais plásticos, devido a sua flexibilidade, leveza e baixo custo. O PET (polietileno tereftalato) é um polímero desenvolvido em 1941 pelos químicos ingleses Winfiel e Dickson, esse polímero obtido com alto peso molecular foi reconhecido na época como tendo potencial para aplicações como fibra (MANO; MENDES, 1999 apud FORMIGONI; CAMPOS, 2007). 

Segundo Aires (2013), a principal matéria-prima dos plásticos é o petróleo, logo, para a produção da resina PET as etapas de produção iniciam-se na extração do petróleo e podem ser finalizadas na própria transformação do material em embalagem. Considera-se que a partir da sua produção, o polímero pode ser extrusado e resfriado para a produção de grânulos, os grânulos serão transformados em pré-formas que serão, posteriormente, transformadas em garrafas para envase  de diferentes tipos de produtos.

Em 1947, o Politereftalato de etileno conhecido popularmente como PET foi patenteado por trabalhadores de Manchester na Inglaterra, sendo que sua primeira utilização foi pela empresa têxtil americana Du Pont, no início da década de 1950. Entretanto, apenas em 1970 as empresas de embalagens começaram a utilizar o composto químico (AIRES, 2013). 

No ano de 1973, o processo de injeção e sopro com biorientação desenvolvido pela Du Pont, introduziu o PET na aplicação como garrafa, revolucionando o mercado de embalagens, principalmente, o de bebidas carbonatadas, entretanto, referido produto apenas chegou no Brasil em 1989 (MANO; MENDES, 1999 apud FORMIGONI; CAMPOS, 2007). 

O PET é um material de plástico extremamente resistente para envase de líquidos quentes ou frios, sendo que a indústria de bebidas é seu principal consumidor. (ABIPET, 2012). Em 1990, a utilização em grande escala de garrafas PET trouxe à tona um problema sério, em decorrência do descarte incorreto das garrafas PET no meio ambiente, o que acaba poluindo e degradando terrenos, rios, esgotos, mares e matas (MATEUS, 2009).

Ressalta Mateus (2009), que é grande a importância da reciclagem dos produtos PET, pois, além de contribuir com o meio ambiente, bem como, para sociedade, gera novos postos de emprego, através de empregados que atuam em cooperativas de lixo reciclável. Ainda, há também empresas que utilizam a técnica de logística inversa, que em vez de poluir a fauna e flora, o material PET que já foi utilizado retorna para a cadeia produtiva, sendo, então, reutilizado. 

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do PET – ABIPET (2012), em razão da possibilidade do material PET ser reprocessado diversas vezes e remodelado, sua utilização é de grande escala, isso porque suas principais características físicas são a elevada resistência mecânica, brilho e transparência, forte barreira contra gases e sua reutilização/reciclagem. 

Em relação ao processo de fabricação das garrafas PET, ele inicia pelo derretimento da resina de PET para criar uma forma similar a de um tubo de ensaio, conhecida como pré-forma, esse tubo de ensaio foi projetado para assumir qualquer formato ou espessura (ABIPET, 2012). 

Nessa etapa, o seu gargalo já está presente em sua forma final e recebe uma tampa na finalização do processo de produção. Assim, para se tornar uma garrafa PET conhecida como embalagem final, a pré-forma, precisa ser colocada em um molde, cuja cavidade tem a forma da embalagem final, passando-se por um processo de sopro (ABIPET, 2012). 

Na parte seguinte do processo de fabricação, um pino penetra no gargalo da pré-forma para alongá-lo e é soprado o ar comprimido no seu interior, o corpo da pré-forma é realmente inflado de forma controlada com a ajuda de hastes, com objetivo de torná-la um produto final (ABIPET, 2012).  

Portanto, entende-se que a garrafa PET é formada pelos processos de injeção e sopro, assim, existem muitas variáveis que influenciam o seu processo, por exemplo: temperatura de resfriamento e temperatura de injeção. Ademais, o processo de injeção forma a pré-forma e o processo de sopro forma o produto final, ou seja, a garrafa PET que é utilizada para envases de líquidos (ABIPET, 2012). 

Diante do exposto, é vista a necessidade de estratégias e utilização de tecnologias para facilitar a produção, aumento e controle de produtividade de embalagens, para isso, torna-se importante uma adequação e pequenos ajustes na cadeia de produção e um envolvimento perspicaz de todos os colaboradores da indústria PET (ABIPET, 2012). 

2.2 INDICADORES 

Os indicadores possuem como característica a existência de fórmulas mais complexas para seu cálculo que preconizam, no mínimo, uma razão entre informações. Caso não houver uma divisão entre duas informações, então ainda não existe um indicador genuíno, ou seja, existe apenas uma informação. O indicador é aquele que auxilia na tomada de decisão e com maior qualidade do que as informações ou dados (FNQ, 2011). 

 Há uma diferenciação entre dados, informações e indicador complementando com mais uma instância: a medida. Os dados são uma forma simples de informação possível e geralmente são representados por um número ou valor. Os dados podem ser totalmente não relacionados ou correlacionados por meio de um objetivo comum (KLUBECK, 2012). 

Klubeck (2012) insere as medidas como o próximo nível de informação. Medidas são compostas de dados e adicionam o menor nível possível de contexto aos dados. Elas trazem mais clareza aos dados, incorporando algum nível de detalhe e agrupa-os em relacionamentos reais. O nível seguinte é a informação que agrupa medidas e dados em uma cápsula significativa, tornando, assim, as medidas compreensíveis. Dessa forma, informação adiciona contexto na forma de significado (KLUBECK, 2012).

 Por fim, para Klubeck (2012), a última instância é a métrica, composta de informações, medidas e dados. A principal diferença entre métricas e informações é que uma métrica responde totalmente a uma questão-raiz. Pode-se entender que métrica, conforme o referido autor, é o mesmo que o conceito de indicador. O autor afirma, ainda, que o objetivo da métrica é responder uma questão-raiz e que esta é essencialmente o componente mais importante de uma métrica, pois define seus requerimentos e sua utilidade. 

Takashina e Flores (1996), por sua vez, afirmam que indicadores são essenciais para o planejamento e controle dos processos das organizações, o que possibilita o estabelecimento de metas e o seu desdobramento devido aos resultados serem fundamentais para a análise crítica dos desempenhos, consequentemente, importante para a tomada de decisões e para o novo ciclo de planejamento. 

Por sua vez, a tomada de decisão é fazer planos e direcionar decisões para o futuro e este processo pode ser apoiado por técnicas de previsão (HANSEN; FUGLSANG, 2014). Os indicadores representam informações quantitativas, úteis para a tomada de decisões urgentes, sendo capazes de medir e avaliar o comportamento dos aspectos principais de produtos e processos. Portanto, observa-se que os indicadores exigem: definição da avaliação, controle ou melhoria pretendidos; escolha do indicador (e respectiva forma de cálculo); definição do momento, método e forma de coleta dos dados; escolha da forma de apresentação (TAKASHINA; FLORES, 1996).

Hansen e Fuglsang (2014) afirmam que os indicadores devem ser de fácil interpretação e detalhados, pois entre suas principais funções está o papel de motivar as pessoas que trabalham na indústria de diversas áreas e setores, sendo necessário, portanto, que todos, sem exceção entendam seus conceitos e objetivos.

2.3 IMPORTÂNCIA DAS INFORMAÇÕES PARA O COLABORADOR

Atualmente, especialmente na área industrial, ter uma equipe de grandes talentos altamente motivados não é o bastante se os integrantes não forem bem informados e não mantiverem comunicação adequada, isso fará com que a força humana da empresa não seja potencializada (RUGGIERO, 2002). 

Segundo Matos (2005), as informações são um conjunto de dados sobre determinado assunto que juntos trazem facilidade em realizar uma tarefa. Em uma empresa ou indústria, ter acesso às informações é imprescindível para que todos possam realizar suas tarefas sem grandes dificuldades. Ter facilidade em encontrar informações torna eficiente a atividade exercida pelo colaborador dentro de uma empresa. 

Na atualidade, o funcionamento de organizações e países é, sem dúvida alguma, prejudicado por não ter a cultura do diálogo, de abertura à conversação e a troca de ideias, opiniões, impressões e sentimentos. Observa-se como um elemento importante e um processo diretamente ligado à cultura da empresa essa comunicação corporativa, isto é, relacionado às crenças dos seus colaboradores e aos valores e ao comportamento das suas lideranças (MATOS, 2005).

O referido autor acrescenta, ainda que o colaborador bem-informado e com facilidade em encontrar as informações sobre as atividades que deve realizar dentro da empresa onde labora pode gerar um rendimento de alto desempenho, consequentemente, gerando bons resultados para a empresa.

Uma comunicação efetiva só é estabelecida em um clima verdadeiro e autêntico. Ao contrário, só haverá desperdício de tempo, jogos de aparência e, principalmente, uma “anti-comunicação” no que é essencial e ou necessário. Todavia, não é o suficiente garantir que se tenha comunicação. É necessário que o conteúdo seja recebido efetivamente, assim preparando as pessoas para utilizar o que é informado (RUGGIERO, 2002)

2.4 PLANO DE AÇÃO 5W1H

O método 5W1H é uma ferramenta da qualidade que possui o objetivo identificar todas as variáveis de um processo de maneira clara e simplificada, através da elaboração de uma tabela, onde em cada coluna estará disposta uma variável e em cada linha um problema a ser solucionado. Por meio do 5W1H é possível programar as ações de forma precisa e padronizada, evitando divagações e direcionando para os resultados esperados (MARTINS, 2006).

A metodologia consiste na elaboração de uma tabela de medidas seguindo um critério de resposta de seis perguntas que darão direção para a medida ser assertiva. A sigla 5W1H é composta pelas iniciais das palavras em inglês, What, When, Who, Where, Why e How que significam, segundo Campos (2004): 

I. WHAT (O quê?) – Questiona quais ações deverão ser executadas, detalhando suas metas;

II. WHEN (Quando?) – Questiona qual o prazo que a tarefa terá para ser executada, frisa a importância de ter um prazo de início e término definidos;

III. WHO (Quem?) – Questiona quem será o responsável pela execução da tarefa, intuito de ter apenas um responsável;

IV. WHERE (Onde?) – Questiona onde a tarefa será executada;

V. WHY (Por quê?) – Questiona qual o objetivo ou justificativa para a tarefa ser executada; 

VI. HOW (Como?) – Questiona as nuances de como deverá ser executada a tarefa.

Assim, o método 5W1H auxilia na identificação de problemas e na elaboração do plano de ação na organização para implantação de melhorias e, por conseguinte, superação das dificuldades encontradas.

3 METODOLOGIA

O artigo objetivou analisar se a implantação de monitores digitais no setor de sopragem em uma indústria de garrafas pet tem relação ou não com a porcentagem de perdas de pré-formas. Para atingir tal objetivo, utilizou-se das abordagens qualitativa e quantitativa de forma combinada, sendo qualitativa na aplicação de dois questionários para os colaboradores do setor, um antes e um depois da implantação dos monitores digitais, e quantitativa para análise de dados relacionados à porcentagem de perda diária de pré-formas no período dos quinze dias, imediatamente anteriores à implantação dos monitores digitais e dos imediatos quinze dias subsequentes à implantação. Para auxiliar na execução das atividades, utilizou-se a ferramenta 5W1H. As etapas são descritas a seguir:

1ª Etapa: para o primeiro questionário aplicado, conforme consta no Anexo 1, buscou-se levantar qual era a opinião dos colaboradores do setor de sopragem sobre a forma de como as informações eram dispostas antes da aplicação dos monitores, se era relevante a implantação destes e se acreditavam que tendo o acesso aos dados de forma mais clara, isso facilitaria a calibragem das máquinas, e consequente, redução de perdas das pré-formas.

2ª Etapa: levantamento de dados da porcentagem de perdas de pré-formas para cada um dos últimos quinze dias que antecederam à implantação dos monitores.

3ª Etapa: levantamento dos dados relacionados às ordens de produção dos quinze dias subsequentes à implantação dos monitores digitais e calibragem das máquinas para cada tipo de garrafa a ser produzida, de acordo com as ordens.

4ª Etapa: construção de quadros com as informações para os quinze dias subsequentes da implantação dos monitores, os quais foram produzidos com a ajuda do software Microsoft Excel com dados relacionados à ordem de produção sendo fabricada em cada momento, previsão de término e respectivos dados relacionados à calibragem das máquinas. 

5ª Etapa: implantação dos monitores no setor de sopragem e instrução dos colaboradores sobre quais informações os quadros mostram, além de indicar como utilizá-las.

6ª Etapa: levantamento de dados da porcentagem de perdas de pré-formas para cada um dos quinze dias que sucederam a implantação dos monitores.

7ª Etapa: aplicação de questionário para os colaboradores, conforme modelo no Anexo 2, após os quinze dias de utilização dos monitores digitais. Este analisou qual a opinião em relação aos monitores, se acreditaram que este facilitou o serviço, permitindo a redução de perdas de pré-formas e sugestões de melhorias.

8ª Etapa: comparação descritiva dos dois questionários e análise dos dados numéricos referentes à porcentagem de perdas de pré-formas antes e depois da implantação dos monitores digitais.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A empresa na qual a pesquisa foi realizada fica localizada na cidade de Toledo, no oeste do estado do Paraná. Fabrica garrafas pet para as mais diversas aplicações, como bebidas, remédios e demais itens. 

Antes da implantação dos monitores digitais, as informações de calibragem ficavam dispostas, muitas vezes, apenas em manuais, sendo que o único quadro informativo visível para os colaboradores do setor era feito de forma manuscrita e apenas com dados referentes à demanda de produção, conforme a Figura 1.

Figura 1 – Quadro de informações no setor de sopragem

Fonte: elaborado pelo autor (2022).

A ferramenta 5W1H foi utilizada para a organização da coleta de dados e análise dos resultados. O plano de ação foi estruturado a partir dos resultados sendo apresentado no Quadro 1.

Quadro 1 – Plano de ação 5W1H

O que?Quando?Onde?Por quê?Quem?Como?
Coleta de dados da porcentagem de perdas de pré-formas nos 15 dias anteriores à implantação dos monitores08/05/2022Banco de dados da produçãoPara comparar com a coleta de dados realizada após a implantação e verificar se houve redução nas perdas de pré-formas.GuilhermeColetando os dados da quantidade produzida e perdas em cada um dos quinze dias de produção, anteriores a implantação dos monitores. Dados tabulados com auxílio do Excel e a partir disso calcula-se o % de perdas.
Aplicação do Questionário do Anexo 1 para os colaboradores do setor das pré-formas.08/05/2022Setor de sopra-gem.Para verificar quais as concepções que os colaboradores têm sobre a implantação dos monitores.Guilherme e colaboradores do setor.Questionário impresso, fornecido para os colaboradores. Breve explicação e tempo para resposta.
Construção do quadro para o monitor digital.08/05/2022Setor de PCP.Construção do quadro com as informações, para que esse seja projetado no setor.GuilhermeUtilizando a ferramenta Excel, descrevendo as principais informações para calibragem e produção.
Coleta de dados referente à porcentagem de perdas de pré-formas nos quinze dias subsequentes à implantação dos monitores26/05/2022Banco de dados da produçãoPara que se possa comparar com a coleta de dados realizada antes da implantação e verificar se houve redução nas perdas de pré-formas.GuilhermeColetando os dados da quantidade produzida e perdas em cada um dos quinze dias de produção, subsequentes a implantação dos monitores. Dados tabulados com auxílio do Excel e a partir disso calcula-se o % de perdas.
Aplicação do Questionário do Anexo 2 para os colaboradores do setor das pré-formas.26/05/2022Setor de sopra-gem.Para verificar quais percepções os colaboradores tiveram sobre a implantação dos monitores, se esta ação contribuiu para a redução de perdas.Guilherme e colaboradores do setor.Questionário impresso, fornecido para os colaboradores. Breve explicação e tempo para resposta.
Comparação dos dados numéricos e descritivos coletados antes e depois da implantação dos monitores26/05/2022Setor de PCP.Para verificar se houve redução nas perdas de pré-formas na etapa de sopragem das garrafas pet e quais foram as concepções e sugestões dos colaboradores.GuilhermeComparando média e desvio padrão antes e depois da implantação. Verificando se houve redução nestes, se as respostas dos colaboradores foram positivas e quais as sugestões
Fonte: elaborado pelo autor (2022).

A coleta de informações, antes da implantação dos monitores, foi relacionada a dados referentes à porcentagem de perdas de pré-formas, quinze dias de produção imediatamente anteriores à implantação, além de um questionário para os colaboradores do setor de sopro. A Tabela 1 apresenta os dados de perdas, entre os dias 18/04/2022 e 07/05/2022.

Tabela 1 – Quantidade de pré-formas produzidas e porcentagem de perdas nos quinze dias anteriores a implantação dos monitores

DataQuantidade ProduzidaPerdas% de Perdas
18/04/20222.418180,7444%
19/04/20226.50200,0000%
20/04/202215.4262081,3484%
22/04/202211.588380,3279%
25/04/202213.665600,4391%
26/04/202215.3214102,6761%
27/04/20221.770110,6215%
28/04/202210.536170,1614%
29/04/20225.48210,0182%
02/05/202215.550110,0707%
03/05/202211.333710,6265%
04/05/202213.630230,1687%
05/05/202221.75000,0000%
06/05/202212.3601190,9628%
07/05/202216.08800,0000%
Média11.561660,5444%
Desvio Padrão0,7149
Fonte: elaborado pelo autor (2022).

Os resultados da Tabela 1 mostram os dados dos 15 dias de produção, anteriores à implantação aos monitores. Conforme se observa, não há produção em algumas datas, devido ao fato de a empresa estar fechada nesses dias. 

Através de análise dos dados, foi possível verificar que há uma considerável variação na porcentagem de perdas entre os dias, sendo inclusive, o desvio padrão mais alto que a média, o que pode significar a falta de padronização entre as calibragens e/ou procedimentos, uma vez que as diferenças entre as perdas no período observado são elevadas.

Por sua vez, o Quadro 2 apresenta, de forma descritiva, um compilado das respostas atribuídas pelos colaboradores do setor de sopradoras referentes ao questionário 1 (Anexo 1), que aborda perguntas relacionadas ao que estes observavam sobre as informações fornecidas a eles e qual a opinião sobre a implantação dos monitores.

Quadro 2 – Respostas dos colaboradores sobre as perguntas relacionadas à forma de como as informações são dispostas e implantação de monitores digitais

PerguntasRespostas
Qual a sua opinião sobre os atuais quadros manuscritos das ordens de produção?Todos responderam que os quadros auxiliam nas informações de produção, porém estão ultrapassados. O dinamismo e a quantidade de informações são considerados insuficientes para a realização da calibragem das máquinas.
Você acredita que a implantação de monitores digitais com informações relacionadas à ordem de produção do momento e dados de calibragem das máquinas irá facilitar o ajuste destas na hora de trocar o tipo de garrafa que está sendo fabricada?Os colaboradores responderam que sim, tornaria o serviço mais fácil e menos impreciso.
Você acredita que a implantação de monitores digitais com informações relacionadas à ordem de produção do momento e dados de calibragem das máquinas irá contribuir para a redução das perdas de pré-formas na etapa de sopragem?Os colaboradores responderam que sim e ressaltaram também que é necessário manter estável o padrão de qualidade da matéria prima e da padronização dos serviços de todos os funcionários.
Você possui alguma sugestão sobre possíveis informações que poderiam ser exibidas nos monitores juntamente com as ordens de produção e dados de calibragem da máquina?Principais sugestões: Informações sobre a garrafa a ser produzida, temperaturas para cada lâmpada do forno, tempos de sopro em cada etapa e observações com as particularidades de cada calibragem.
Fonte: elaborado pelo autor (2022).

Conforme é possível observar, todas as respostas tenderam de forma positiva para a implantação dos monitores, justificando que estes tornariam o serviço mais fácil, menos impreciso e mais dinâmico. Dessa forma, a partir dos dados descritos no Quadro 2 e com base nas informações necessárias para a calibragem das máquinas de acordo com cada modelo de garrafa Pet foi elaborado, com auxílio do software Microsoft Excel, um quadro constando todas as informações pertinentes, conforme o modelo ilustrado pela Figura 2.

Figura 2 – Modelo de quadro elaborado para ser implantado na fábrica com auxílio dos monitores digitais

Fonte: elaborado pelo autor (2022).

Como descrito na metodologia, o quadro foi projetado em monitores, localizados em pontos estratégicos no setor de sopradoras, sendo que para cada modelo produzido os dados foram atualizados de acordo com as informações necessárias para calibragem e produção. O setor de PCP foi responsável pela atualização destes. A Figura 3 ilustra o local em que um monitor foi disposto.

Figura 3 – Monitor digital disposto no setor de sopragem

Fonte: elaborado pelo autor (2022).

Conforme observado na Figura 2, o monitor destacado está disposto de forma que todos os colaboradores do setor consigam visualizar as informações pertinentes à calibragem das máquinas. Estas são atualizadas a cada setup elaborado. Um detalhe importante a ser destacado é que o tamanho do monitor na versão de teste, ainda é reduzido, porém, a empresa considerou a compra de monitores de 50 polegadas para instalação posterior.

Durante os quinze dias subsequentes à implantação dos monitores, que compreende do dia 08/05/2022 até 24/05/22, foram coletados os dados referentes à porcentagem de perdas das pré-formas, conforme apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 – Quantidade de pré-formas produzidas e porcentagem de perdas nos quinze dias subsequentes à implantação dos monitores

DataQuantidade ProduzidaPerdas% de Perdas
09/05/202218.87030,0159%
10/05/20229.53600,0000%
11/05/202218.53200,0000%
12/05/202217.442120,0688%
13/05/202218.37200,0000%
14/05/202214.37660,0417%
16/05/20225.498721,3096%
17/05/20227.371310,4206%
18/05/202210.394380,3656%
19/05/20225.7921222,1064%
20/05/20227.916780,9853%
21/05/202213.702110,0803%
23/05/20228.144981,2033%
24/05/20229.024360,3989%
25/05/20227.608470,6178%
Média11.505370,5076%
Desvio Padrão0,6308
Fonte: elaborado pelo autor (2022).

De acordo com a metodologia do estudo, ao final do período de quinze dias após a implantação dos monitores, foi aplicado aos colaboradores o questionário 2 (Anexo 2), conforme o Quadro 3.

Quadro 3 – Respostas dos colaboradores sobre a experiência com os monitores digitais, se estes auxiliaram na redução de perdas e sugestões

PerguntasRespostas
Qual sua opinião sobre a experiência que teve com os monitores digitais, facilitou o acesso às informações relacionadas aos dados de calibragem e produção?Os colaboradores responderam que sim, contribuiu consideravelmente para o acesso às informações, além de possibilitar dinamismo e rapidez na atualização destas, de acordo com as demandas.
As informações exibidas nos monitores digitais lhe ajudaram na hora da calibragem da máquina?Responderam que sim, pois ter todos os dados necessários, nada mais, nada menos em um só local contribuiu para evitar perdas de tempo e possíveis confusões em quais informações eram necessárias naquele momento.
Você acredita que os monitores proporcionaram redução de perdas nos pré-moldes devido ao fato das informações de calibragem estarem disponíveis de forma clara?Os colaboradores acreditam que contribuiu para a redução das perdas, porém, destacam que é importante também investir na qualidade e padronização da matéria-prima.
Você possui alguma sugestão sobre possíveis informações que poderiam ser exibidas nos monitores juntamente com as ordens de produção e dados de calibragem da máquina?Exibir o histórico de informações referentes às perdas, para que seja possível o acompanhamento do progresso na redução destas.
Fonte: elaborado pelo autor (2022).

Analisando os resultados obtidos no Quadro 3, foi possível verificar que houve grande aceitação dos monitores por parte dos colaboradores do setor. Estes descreveram que o fato de possuir as informações certas, no momento certo e de forma ágil contribuiu para a redução dos erros, do tempo perdido e para o aumento da padronização da realização das atividades.

A partir dos dados das perdas coletados, foi possível comparar de forma numérica quais foram os resultados obtidos com a implantação. A Tabela 3 apresenta um comparativo entre a porcentagem média de perdas e desvio antes e depois da implantação, indicando se houve reduções. 

Tabela 3 – Comparativo entre médias e desvios antes e depois da implantação dos monitores digitais

Antes da Implantação dos MonitoresDepois da Implantação dos MonitoresRedução 
Média da % de Perdas0,5444%0,5076%6,7537%
Desvio Padrão da % de Perdas0,71490,630811,7633
Fonte: elaborado pelo autor (2022).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando as médias e desvios foi possível perceber que o desvio padrão, nas duas situações, está mais elevado que a própria média, o que significa que os dados, estão extremamente dispersos. Porém, houve uma redução de 6,7537% na média das perdas de pré-formas após a instalação dos monitores e uma redução de 11,7633 no desvio padrão, mostrando que além de uma menor taxa de perdas, a quantidade de pré-formas perdidas diariamente tornou-se mais estável. 

Dessa forma, observou-se que a implantação dos monitores digitais com dados pertinentes para a calibragem das máquinas na etapa de sopragem contribuiu para a redução das perdas e estabilidade do processo, além de facilitar o trabalho para os colaboradores, bem como a padronização das atividades.

Como sugestões tem-se a incrementação dos monitores, com informações históricas de produção e porcentagem de perdas, uma vez que estas servem de indicadores para análise do progresso por parte dos colaboradores. Sugere-se também, que estes monitores possam ser exibidos e integrados em setores como os de planejamento da produção e manutenção.

REFERÊNCIAS

ABIPET, Associação Brasileira da Indústria do Pet. Garrafas – Fabricação. 2012. Disponível em: https://abipet.org.br/embalagem/. Acesso em: 08 maio 2022.

AIRES, Luis. História do PET. 2013. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos14/32420339.pdf. Acesso em: 08 maio 2022

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ANEXOS

Anexo 1 – Questionário anônimo aplicado aos colaboradores antes da instalação dos monitores digitais

01 – Qual a sua opinião sobre os atuais quadros manuscritos das ordens de produção? ________________________________________________________________________________________________________________

02 – Você acredita que a implantação de monitores digitais com informações relacionadas à ordem de produção do momento e dados de calibragem das máquinas irá facilitar o ajuste destas na hora de trocar o tipo de garrafa que está sendo fabricada? __________________________________________________________________________________

03 – Você acredita que a implantação de monitores digitais com informações relacionadas à ordem de produção do momento e dados de calibragem das máquinas irá contribuir para a redução das perdas de pré-formas na etapa de sopragem? ________________________________________________________________________________________

04 – Você possui alguma sugestão sobre possíveis informações que poderiam ser exibidas nos monitores juntamente com as ordens de produção e dados de calibragem da máquina?________________________________________________________________________________________________________________

Anexo 2 – Questionário anônimo aplicado aos colaboradores após a instalação dos monitores digitais

01 – Qual sua opinião sobre a experiência que teve com os monitores digitais, facilitou o acesso às informações relacionadas aos dados de calibragem e produção?________________________________________________________________________________________________________________

02 – As informações exibidas nos monitores digitais lhe ajudaram na hora da calibragem da máquina?________________________________________________________________________________________________________________

03 – Você acredita que os monitores proporcionaram redução de perdas nos pré-moldes devido ao fato das informações de calibragem estarem disponíveis de forma clara?________________________________________________________________________________________________________________

04 – Você possui alguma sugestão sobre possíveis informações que poderiam ser exibidas nos monitores juntamente com as ordens de produção e dados de calibragem da máquina?________________________________________________________________________________________________________________


1Acadêmico de Engenharia de produção da Faculdade ISEPE/RONDON

2Engenheiro de Produção e Professor da Faculdade ISEPE/RONDON