ANÁLISE DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12794790


Pedro Henrique Marques de Lucena1; Caroline de Lima Alexandre Lucena2; Natália Herculano Paz3; Ravi Cirilo Targino de Araújo4; Arthur Maroja di Pace França5; Pedro Augusto Mariz Dantas6; Renata Gouveia Nunes7; Cristiano Soares da Costa8; Carlos Renato Paz9; Clizaldo Luiz Maroja Di Pace França10.


Resumo 

Este estudo descritivo e transversal avaliou o nível de atividade física e características sociodemográficas de estudantes do curso de Educação Física. A amostra de conveniência incluiu 15 estudantes de ambos os sexos, utilizando o questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) em sua versão curta, além de dados autorreferidos de peso, idade e altura para calcular o índice de massa corporal (IMC). Os resultados mostraram que 35% dos participantes estavam com sobrepeso, 0,5% com obesidade e 60% dentro dos parâmetros normais de IMC. A média de idade dos homens foi de 22,58 anos e das mulheres 25,88 anos; a média de altura foi de 1,78 metros para homens e 1,62 metros para mulheres, e a média de peso foi de 79 kg e 68 kg, respectivamente. Em termos de atividade física, 48% dos estudantes foram classificados como sedentários e 48% como tendo um nível de atividade aceitável; apenas 2% foram considerados muito ativos e ativos. A análise por gênero revelou que 90% dos homens e 95% das mulheres eram ativos, enquanto 10% dos homens e 5% das mulheres eram sedentários. A baixa prevalência de indivíduos muito ativos e ativos sugere a necessidade de intervenções para promover a saúde e aumentar os níveis de atividade física. Conclui-se que, apesar de muitos estudantes manterem um estilo de vida relativamente saudável, há uma alta prevalência de sedentarismo. Recomenda-se novas pesquisas com amostras mais abrangentes e a implementação de programas educativos para melhorar a qualidade de vida dos estudantes. 

Palavras-chave: atividade física, estudantes universitários, sedentarismo, saúde pública.

Introdução

De acordo com a última atualização das recomendações da organização mundial da saúde (OMS), a orientação para o tempo e intensidade das práticas de atividade física para adultos é de, no mínimo 150 minutos semanal moderado ou 75 minutos de pratica intensa, com 10 minutos de duração de cada. Ressalta-se que a execução continua de exercícios físicos propicia demasiados benefícios relacionados a saúde, auxiliando na redução do risco de óbito por doenças cardiovasculares de diversas causas (NOCON et al.,2008). 

Em geral, acredita-se que os discentes do curso de bacharelados em educação física apresentem hábitos mais saudáveis em seu dia a dia, principalmente por abrangerem disciplinas curriculares que envolvem os princípios da educação em saúde e promoção da saúde (SILVA, 2011). No entanto, os resultados atribuídos à adesão a um estilo de vida ativo neste público são questionáveis. Além disso, há evidências que apenas a compreensão sobre os coeficientes de risco está relacionada a adoção de uma vida ativa. (RESENDE et al., 2010). 

Este estudo tem como princípio investigar o nível atividade física dos estudantes do curso de graduação em Educação Física afim de propor intervenções políticas, ou administrativas através de métodos não farmacológicos, para o combate da obesidade, sobrepeso e outras doenças crônicas não transmissíveis decorrente do sedentarismo, corroborando para a qualidade de vida dos discentes.

Portanto a questão problema que norteou o presente estudo foi: será que o nível atividade física dos estudantes do curso de graduação em Educação Física, na modalidade bacharelado.

Objetivo 

Analisar o nível atividade física dos estudantes do curso de graduação em Educação Física, na modalidade bacharelado, da faculdade de Ensino Superior.

Métodos

Desenho do Estudo

Este é um estudo de caráter descritivo, transversal e epidemiológico de base populacional. 

População e Amostra

A amostra do estudo foi composta por 15 estudantes do curso de Educação Física do sexo masculino e feminino com idade entre 18 e 30 anos.

Instrumento de Pesquisa

O questionário IPAQ versão curta foi utilizado como principal instrumento de coleta de dados, complementado por perguntas sobre peso, idade e altura autorreferidos. Esses dados foram utilizados para calcular o índice de massa corporal (IMC) dos participantes.

Procedimentos de Coleta de Dados

Os questionários foram distribuídos aos participantes da pesquisa de forma eletrônica. Cada participante recebeu um link compartilhado por meio de comunicação digital, acompanhado de orientações escritas sobre como preencher o questionário. O preenchimento foi realizado de forma voluntária, e eventuais dúvidas foram esclarecidas no momento do preenchimento.

Análise de Dados

Os dados coletados foram analisados quantitativamente e expressos em médias e valores percentuais. As respostas do questionário IPAQ e as informações sobre peso, idade e altura foram processadas para calcular o IMC e avaliar o nível de atividade física dos estudantes. 

Considerações Éticas

O estudo foi conduzido de acordo com os princípios éticos estabelecidos para pesquisas com seres humanos. Todos os participantes foram informados sobre os objetivos da pesquisa e consentiram voluntariamente em participar do estudo. A confidencialidade e o anonimato dos dados foram garantidos em todas as etapas da pesquisa.

Resultados e Discussões

Os voluntários da pesquisa apresentaram em média um estilo de vida saudável. De acordo com o cálculo do IMC, 35% estão com sobrepeso, 0,5% tem obesidade e 60% estão dentro dos parâmetros normais.  

Tabela 01 Características sociodemográficas dos universitários investigados

HomensMulheres
Idade22,5825,88
Altura (m)1,781,62
Peso (kg)7968
IMC25,125,7
IPAQ4039,63
Fonte: próprio autor
Legenda: IMC= índice de massa corporal; IPAC= Questionário Internacional de Atividade Física. 

De acordo com a classificação do IPAQ, observou-se baixa prevalência de graduandos classificados como Muito Ativos e Ativos (2%), baixa prevalência em Ativos e saudáveis, alta prevalência em Aceitável (48%), baixa prevalência em Não suficientemente boa (2%) e alta prevalência de Sedentários (48%). Os dados do nível de atividade física distribuídos por gêneros, mostra que no gênero masculino 90% foram classificados como Ativos e 10% como sedentários. No gênero feminino 95% apresentaram classificação Ativo e 5% Sedentário.  

Os resultados deste estudo descritivo e transversal fornecem uma visão abrangente sobre o nível de atividade física e as características sociodemográficas dos estudantes de Educação Física da Escola de Ensino Superior. A prevalência de sobrepeso e obesidade entre os participantes, com 35% e 0,5% respectivamente, é preocupante, pois pode refletir um estilo de vida não saudável, mesmo em uma amostra de estudantes de Educação Física, que são esperados manter níveis adequados de atividade física e saúde.

A média de idade e as características antropométricas dos participantes (homens com idade média de 22,58 anos e mulheres com 25,88 anos, altura média de 1,78 metros para homens e 1,62 metros para mulheres, e peso médio de 79 kg para homens e 68 kg para mulheres) são consistentes com outros estudos sobre universitários brasileiros (SILVA, 2011). No entanto, o IMC médio de 25,1 para homens e 25,7 para mulheres indica que a maioria está na faixa de sobrepeso, o que corrobora com a prevalência observada.

A análise do nível de atividade física, conforme a classificação do IPAQ, revelou uma baixa prevalência de graduandos classificados como Muito Ativos e Ativos (2%), contrastando com uma alta prevalência de indivíduos com nível de atividade aceitável (48%) e sedentários (48%). Esses dados são alarmantes, considerando que os estudantes de Educação Física devem ser modelos de comportamento saudável e promotores de atividade física. Estudos semelhantes encontraram resultados variáveis, dependendo do contexto e da amostra estudada, mas a alta taxa de sedentarismo é uma preocupação global (PIRES et al., 2013).

A análise por gênero mostrou que 90% dos homens e 95% das mulheres foram classificados como Ativos, enquanto 10% dos homens e 5% das mulheres foram classificados como Sedentários. Esses achados indicam uma disparidade na classificação do nível de atividade física, possivelmente influenciada por fatores culturais, sociais e individuais. É notável que, apesar de uma alta taxa de atividade física relatada, a prevalência de sobrepeso ainda é significativa, sugerindo que outros fatores, como dieta inadequada e hábitos sedentários fora do contexto da atividade física formal, podem estar contribuindo para o peso elevado.

Comparando com estudos internacionais, como o de Nocon et al. (2008), que associam a atividade física com menor mortalidade por todas as causas e doenças cardiovasculares, a prevalência de sedentarismo observada entre os estudantes de Educação Física é um ponto crítico que precisa ser abordado. Intervenções educativas e programas de promoção de saúde são necessários para melhorar o estilo de vida dos estudantes, incentivando hábitos mais saudáveis que possam reduzir a prevalência de sobrepeso e obesidade.

As limitações deste estudo incluem o uso de uma amostra de conveniência, que pode não ser representativa de todos os estudantes de Educação Física, e a dependência de dados autorreferidos, que estão sujeitos a vieses de relato. Para fortalecer as conclusões, futuras pesquisas devem incluir amostras maiores e mais diversificadas, além de utilizar métodos de coleta de dados mais robustos, como avaliações clínicas diretas.

Considerações Finais

Os dados obtidos sugerem que, embora a maioria dos estudantes mantenha um nível de atividade física adequado, a prevalência de sobrepeso e sedentarismo é alta. Recomenda-se a implementação de programas educativos que promovam a saúde e melhorem a qualidade de vida dos estudantes de Educação Física. Estudos adicionais que incluam participantes de outros cursos e períodos acadêmicos são necessários para comparações mais amplas sobre o nível de atividade física e saúde entre universitários.

Referências Bibliográficas

NOCON, M. et al. Association of physical activity with all-cause and cardiovascular mortality: a systematic review and meta-analysis. Eur J Cardiovasc Prev Rehabil, v. 3, n. 15, p. 239-246, jun. 2008. DOI: 10.1097/HJR.0b013e3282f55e09. Disponível em: https://doi.org/10.1097/HJR.0b013e3282f55e09. Acesso em: 17 de out. 2020.

PIRES, C. G. S. et al. Prática de atividade física entre estudantes de graduação em enfermagem. Acta paul. enferm., v. 26, n. 5, São Paulo, 2013. DOI: 10.1590/S0130-21002013000500006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-21002013000500006. Acesso em: 16 de out. 2020.

RESENDE, M.A et al. Comparative study of the pro-atherosclerotic profile of students of medicine and physical education. Arq Bras Cardiol, v. 95, n. 1, p. 21-29, jun. 2010. DOI: 10.1590/S0066-782X2010005000061. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0066-782X2010005000061. Acesso em: 24 de out. 2020.

SILVA, D. A. S. Nível de atividade física e fatores associados em acadêmicos de educação física de uma universidade pública do nordeste do Brasil. Rev Bras Ativ Fís Saúde, v. 16, n. 3, p. 193-198, 2011. DOI: 10.12820/rbafs.v.16n3p193-198. Disponível em: https://doi.org/10.12820/rbafs.v.16n3p193-198. Acesso em: 17 de out. 2020.


1Mestre em Educação Física
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
João Pessoa, Paraíba, Brasil
e-mail: profpedrolucena@gmail.com
2Graduanda em Odontologia
Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ
João Pessoa, Paraíba, Brasil
3Mestra em modelos de decisão
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
João Pessoa, Paraíba, Brasil
4Mestre em Educação Física
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
João Pessoa, Paraíba, Brasil
5Especialista em Educação Física
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
João Pessoa, Paraíba, Brasil
6Mestre em Educação Física
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
João Pessoa, Paraíba, Brasil
7Especialista Medicina do Esporte e Atividade Física
Centro Universitário de João – UNIPÊ 
João Pessoa, Paraíba, Brasil
8Graduando em Educação Física
Centro Universitário de João Pessoa
João Pessoa – Paraíba Brasil
9Doutor em Educação Física
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
João Pessoa, Paraíba, Brasil
10Mestre em Educação
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
João Pessoa, Paraíba, Brasil