ANÁLISE DO LIVRO “O PIOLHO VIAJANTE” COM BASE NA CONCEPÇÃO SIMBÓLICA DE JOHN B. THOMPSON.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7226660


Autoria de:

Tatiane Carvalho Nascimento1


O objetivo do artigo é analisar o contexto social em que se deu a obra “O Piolho Viajante” (Silva; século XIX) e relacioná-la com o texto “Ideologia e Cultura Moderna” (Thompson; 1995; p.163-215) com a finalidade de entender como o livro, que foi rejeitado pela elite literária da época, conseguiu sobreviver ao tempo e quais mecanismos sociais foram utilizados para ajudar o autor na conquista de um espaço literário na sociedade portuguesa. A análise se dará na concepção simbólica, serão estudados os aspectos: intencional, convencional, estrutural, referencial, contextual, e as relações de poder que possivelmente influenciaram na época.  

Palavras – chave: valor simbólico, piolho, sociedade portuguesa.  

1. INTRODUÇÃO 

Thompson diz que, na concepção simbólica dos estudos culturais, a análise da cultura tem a ver com a interpretação do texto literário, o analista busca dar sentido a ações e expressões, especifica o significado que elas têm para os autores que as praticam e assim aventuram algumas sugestões, considerações sobre a sociedade da qual essas ações e expressões são parte (p. 176). Dessa forma o artigo busca perceber o modo que os significados são inscritos nas formas culturais para interpretar o texto literário do “Piolho Viajante”.  

Para compreender como se deu a concepção simbólica se faz necessário também perceber as relações de poder e conflito na sociedade da época, pois, conforme Thompson, as ações e manifestações verbais do dia-a-dia são sempre produzidas em circunstâncias sóciohistóricas particulares, por indivíduos providos de certos recursos e possuidores de diferentes graus de poder e autoridade. (p.180) Portanto, os fenômenos culturais podem ser vistos como expressão das relações de poder, servindo para manter ou romper estas relações, estando sujeitos a múltiplas interpretações pelos indivíduos que os recebem na sua vida cotidiana.  

Thompson se baseia na concepção simbólica de Geertz com contribuições pessoais. Ele diz que os fenômenos culturais devem ser entendidos como formas simbólicas em contextos estruturados e que a análise cultural deve ser vista como o estudo da constituição significativa e da contextualização social das formas simbólicas. 

Nesse artigo serão analisados os cinco aspectos estruturais da cultura do texto de Thompson: o intencional, o convencional, o estrutural, o referencial e o contextual. Esses aspectos estão tipicamente envolvidos na constituição das formas simbólicas. 

O artigo está dividido em tópicos sobre o aspecto da constituição das formas simbólicas e sobre as relações de poder, com definições a partir de Thompson relacionadas com o livro “O Piolho Viajante”. A apresentação da obra (seção 2); aspectos das constituições das formas simbólicas (seção 3); o aspecto intencional (3.1), o aspecto convencional (3.2), o aspecto estrutural (3.3), o aspecto referencial (3.4), o aspecto contextual (3.5); relações de poder (seção 4); considerações finais (seção 5) e referências bibliográficas (seção 6). 

2. O PIOLHO VIAJANTE 

Na obra “O Piolho Viajante”, o piolho viaja pela cabeça de 72 hospedeiros e conta ao leitor sobre o que se passa nelas e no dia-a-dia de seus donos. Dessa forma, é possível perceber os tipos sociais existentes na sociedade portuguesa do século XIX com os diversos elementos que ajudam nas suas caracterizações.  

Foi publicada em folhetos semanais ou mensais com escrita ligeira e popular, sem muita preocupação de estilo. Preenchia o tempo ocioso dos leitores, divertia, ironizava os costumes e informava. Antônio Manuel Policarpo da Silva escreveu “O Piolho Viajante” que se tornou o texto mais lido pelo povo português.  

O que chama atenção são os relatos ligados à moral social, uso de violência,  humilhações, jogos de interesses, mentiras, desigualdades, furtos, malandragem,  ambições, favorecimentos, injustiça, corrupção, discriminação, preconceito, entre outros.  A obra foi reunida em folhetos em 1821, mas já vinha sendo publicada desde 1802.   

Houve reedições em 1837, 1846 e 1857. Enviados ao Brasil por solicitação de Simão Taddeo Pereira no ano seguinte ao lançamento em Portugal. Alcançaram sucesso semelhante ao de Portugal, segundo Germana Maria Araújo Sales (2007).  

No século XIX, com a forte influência do pensamento racional científico, esse tipo de narrativa era considerada “ingênua” e “grosseira”, pois não obedecia ao padrão literário da época e passou a ser reconhecida pela elite letrada como literatura marginal, secundária, sem valor.             

3. ASPECTOS DA CONSTITUIÇÃO DAS FORMAS SIMBÓLICAS 

3.1 O ASPECTO INTENCIONAL 

Esse aspecto está relacionado à intenção do produtor. O que quer dizer com isso? São expressões de um sujeito para outro com um objetivo ou propósito.  Que mensagem Policarpo deseja passar aos seus leitores? 

 Porque o autor escolheu um piolho como protagonista da sua história?  

 Policarpo escreve a seguinte afirmação no prólogo de sua obra:   

Os meus escritos são, por ora, para gente pobre, gente que não tem medo de um piolho. Um rico até terá medo de ouvir falar nele e fará muito bem em não ler, porque terá precisão de coçar-se, porque o Piolho é muito natural que lhe morda. Uma donzela, que nojo não terá de um piolho! Mas se ela o ler com reflexão, pode ser que ninguém lhe morda. Um que se aplica a coisas grandes, que mal lhe não ficaria ler uma coisa tão pequena! (SILVA, prólogo parte IV)  

Nesse trecho ele deixa evidente o público para quem escreve e dessa forma o seu posicionamento social. Escreve para o povo, não possui interesse em ir para o cânone, não escreve para “os sábios” da época. Isso é perceptível pela linguagem de que faz uso, simples e formalidades.   

O protagonista da história, que recebe o nome de “x”, é um inseto achatado e não possui asas, mas não deixa de pular de cabeça em cabeça, fuçando a vida alheia e expondo-a. O que seria um piolho para aquela sociedade? Um ser pequeno, desagradável, incômodo, indesejável, sem serventia e sujo, uma definição semelhante à de hoje. A coceira que provoca, causa pavor a qualquer ser vivo, atrapalha qualquer atividade, por mais importante que seja. Esses fatores levam a conclusão de que a escolha não foi por acaso, o autor, para a época, representava muito bem essa definição, insignificante como escritor, percebia as sujeiras sociais e as denunciava em seus escritos, provocava mal estar em quem escolhia para ser seu hospedeiro, ou alvo, alimentava-se da própria vida humana. 

O aspecto intencional de Policarpo  começa a se mostrar porque denuncia, coça até ferir, chama atenção, leva a uma nova consciência, e quem sabe provoca uma pediculose?      

3.2 O ASPECTO CONVENCIONAL 

Esse aspecto quer dizer que a produção, construção, interpretação ou emprego das formas simbólicas são processos que envolvem a aplicação de regras, códigos ou convenções. Podem variar desde a regra de gramática até ao estilo e expressão. Para isso, é importante falar sobre codificação e decodificação. Essas regras não precisam coincidir nem coexistir na medida em que cada um poderá ter sua própria regra e convenção. Um traço fundamental da vida social é ser governada por regras. 

Não se pode falar em convenção sem compreender em que se baseava o pensamento português da época. Durante o século XIX Portugal passou por transformações em vários sentidos. Invasões Francesas, ida da corte para Brasil, perda do exclusivo comércio com o Brasil, influência da economia inglesa sobre os mercados portugueses, tentativa de industrialização, regeneração e arranque industrial. Houve também a ascensão da burguesia e decadência do clero e da nobreza. O pensamento em geral baseava-se na técnica, nos avanços industriais que Portugal deveria ter para garantir seu espaço no mercado. Os portugueses da elite costumavam frequentar bailes, passeios, óperas, teatros e cafés enquanto que os trabalhadores mal tinham tempo para descansar. Neste século também surge à organização do operariado em busca de seus direitos. Não se pode esquecer que Portugal recebeu maior influência do pensamento iluminista Francês após a invasão Napoleônica, que provocou a fuga da família real para o Brasil.  

“O Piolho Viajante” sofre sansões da influência normalizadora baseada na razão científica. Por outro lado, inspira-se na razão como libertadora, como mecanismo de desabafo e crítica através da arte da escrita. A obra possui uma tendência ao social quando o autor diz que seu texto foi feito para quem não tem medo de um piolho, referindo-se as classes com pouco conhecimento acadêmico. Nessa época escrever bem era sinônimo de eloquência, obediência à norma culta portuguesa, à razão científica, aos padrões da alta cultura, da academia.   

No quesito codificação “O Piolho Viajante” contempla os códigos da classe trabalhadora portuguesa, pois contraria o padrão português literário. O efeito decodificador pôde ser percebido na repercussão que a obra obteve, reunida posteriormente em folhetos e reeditada três vezes, e ainda enviada ao Brasil. É considerada uma das obras mais conhecidas pela população de Portugal e no Brasil Oitocentista. No quesito codificação e decodificação a obra, pelo sucesso que obteve, conseguiu se comunicar bem com o seu público alvo e chegou a alcançar outros perfis de leitores. 

3.3 O ASPECTO ESTRUTURAL 

Esse aspecto diz que as formas simbólicas são construções que exibem uma estrutura articulada. Um sistema simbólico possui uma constelação de elementos que podem ser chamados de elementos sistêmicos. A análise de um texto particular pode ser facilitada pela compreensão da constelação dos pronomes característicos de um sistema linguístico, observando a maneira pelos quais os pronomes são usados e o uso da linguagem. 

Policarpo cria uma nova língua, que ele chama de língua “piolha”. Através dessa nova forma de se comunicar ele se expressa para quem se interessa por esse pequeno e rico universo. Ele divide seu texto em 72 carapuças que eram divulgadas em folhetos semanais ou mensais. Um fato curioso é que ele não revela o nome dos donos das cabeças, apenas os identifica pelo papel social que exerce pelas as respectivas profissões.    

A escolha por uma linguagem cotidiana e informal, além de representar a posição política e ideológica do autor, facilita a comunicação entre seu público alvo, a leitura e a identificação deste com os seus textos. 

Foi uma nova forma de fazer literatura, pois traz uma abordagem discreta, criativa, mas não menos revolucionária. Seu foco é a moral portuguesa, através de seus relatos é possível perceber as dificuldades sociais e financeiras vividas no cotidiano de seus hospedeiros, levando-os a prática de ações condenáveis ou indesejáveis segundo as normas coletivas, o que conduz a reflexão sobre algumas questões culturais, sociais, políticas e econômicas que Portugal passava naquele período.    

3.4 O ASPECTO REFERENCIAL 

 Esse aspecto quer dizer que as formas simbólicas dizem algo sobre alguma coisa. Pode representar um objeto, indivíduo ou situação.  

3.4.1 O piolho fala para quem?  

O uso do piolho para falar alguma coisa pode ter um efeito menos chocante, como também o uso de uma linguagem fácil podem ter o objetivo de passar uma ideia importante, mas sem tirar o sossego de quem lê. Uma história feita para falar sobre a realidade, mas de forma divertida e leve. Voltada para aqueles que buscam através da leitura o entretenimento e a instrução. 

3.4.2 O piolho fala por quem? 

A história traz o piolho como narrador, e pelos relatos que faz, fica evidente que são observações e reflexões oriundas do autor que se camufla através de “x” para não ser identificado. Além disso, o autor utiliza-se de um pseudônimo para assinar suas criações, o que leva a pensar que o seu desejo de camuflar-se não se deve apenas a uma possível humildade, mas a necessidade de não se revelar para não sofrer críticas ou ameaças, uma vez que cospe questões íntimas e desafia o padrão literário daquele momento. 

3.4.3 O piolho fala de quem? 

Policarpo fala da sociedade que faz parte e utiliza os hospedeiros como personagens secundários. Uma característica interessante é a escolha da profissão como referência aos donos das carapuças, que não recebem nomes. O papel social que eles ocupam passa a ter uma importância muito maior do que como indivíduos. Passa a ideia de que os indivíduos são peças de um grande sistema que são sugados, observados e usados pelos parasitas sem ter consciência, um pensamento bastante crítico, polêmico e político.  

3.5 O ASPECTO CONTEXTUAL 

Esse aspecto lembra que as formas simbólicas estão sempre inseridas em processos e contextos sócio-históricos específicos dentro dos quais e por meio dos quais elas são produzidas, transmitidas e recebidas.  Além de ser expressões de um sujeito, as formas simbólicas são produzidas por um agente situado dentro de um contexto histórico específico e dotado de recursos e capacidades de vários tipos. Elas são determinadas pela distribuição de certos tipos de recursos ou capital. Existem três tipos de capital: o econômico (financeiros), o cultural (conhecimento, habilidades) e o simbólico (prestígio, reconhecimento).   

As instituições sociais podem ser entendidas como conjuntos específicos e relativamente estáveis de regras e recursos.  

3.5.1 Como era feita a circulação do livro“O Piolho Viajante”

Para Sales, em seu artigo sobre a “Circulação de romances no século XIX” o século XIX, foi o tempo do romance. Esse gênero foi a preferência do público durante os anos oitocentos. Uma das maneiras de confirmar a prioridade por essa leitura é o levantamento dos anúncios de vendas de livros, divulgados em jornais da época. Para ela, a prática da leitura de romances no Brasil, nesse período, se estendeu desde a cidade do Rio de 

Janeiro, sede do Império, onde circulava publicações e autores de prestígio, até o Norte do Brasil, na capital da província do Pará, quando se observa os registros de anúncios de livros em periódicos.  

No jornal Diário do Gram-Pará, os anunciantes chamavam atenção para a venda de livros na loja de João Batista da Costa Carneiro. Conferimos a seguir as notícias divulgadas, nos dias 18, 22 e 23 de fevereiro de 1861.  

LIVROS – Um jogo de diccionario portuguez do melhor author, pelo deminuto preço de 30$ rs.; Biblia sagrada, 2 tomos em formato grande 20$ rs.; Mil e uma noute, 9$ rs., Piolho viajante 5$ rs., Nova confissão do Vicente marujo 320, Bertoldo, Bertoldinho, Carcaceno, 3 folhetos ppor 800 rs.; e muitos outros folhetos e histórias de recreio, na rua dos Mercadores casa n. 40 bb, loja de João Baptista da Costa Carneiro. 

Percebe-se, portanto, que as obras “As Mil e uma Noites” e “O Piolho Viajante”, títulos cotados como os mais apreciados entre o elenco dos volumes preferidos em outros periódicos, na capital do Pará e no Rio de Janeiro, desde o inicio do século. Como afirma 

Bignoto (2002) “Entre os livros mais lidos no Brasil, no período de 1808 a 1826, está o título português  O Piolho Viajante divididas as viagens em mil e uma carapuças”. Isso mostra o quanto a obra tinha uma aceitação social tanto em Portugal como no Brasil. Bignoto (2002) traz também outro fato a respeito da popularidade da obra que foi o uso do pseudônimo Piolho Viajante por D. Pedro I nos artigos em que escreveu para a imprensa carioca, por volta de 1823. 

 3.5.2 Que tipo de capital o autor utiliza-se para conquistar o espaço na produção de folhetos e no mercado livreiro? 

Em relação aos poderes exercidos por Policarpo na época, é visível o poder cultural que possuía devido ao rico conhecimento sobre sua realidade, levando em consideração o alto grau de analfabetismo da sociedade portuguesa neste século, como também a habilidade discursiva e criativa visíveis em sua obra. Outro poder possuído por ele é o simbólico adquirido através do reconhecimento, da aceitação social que obteve durante anos, não apenas em Portugal. Esses poderes lhe garantiram considerável espaço social, embora rejeitado pela instituição literária, autoridade dona do poder supremo, criadora, mantenedora de regras e padrões.    

4. AS RELAÇÕES DE PODER 

As características sociais dos contextos dentro dos quais os indivíduos agem e interagem não são simplesmente restritivas e limitadoras, são também produtivas e capacitadoras. A partir dessa análise pode-se considerar o que está implicado no exercício do poder que é a capacidade de agir na busca de seus próprios objetivos e interesses, o poder de agir, intervir e alterar o curso de uma sequência de eventos. Mas, para que isso seja possível depende da posição do indivíduo dentro de um campo ou instituição. Analisando o poder dentro de uma instituição pode-se dizer que é a capacidade que possibilita ou capacita alguns indivíduos a tomarem decisões, perseguirem fins ou realizarem interesses, para isso é necessário possuir uma posição dentro de um campo ou instituição. Ele se estabelece a partir de uma relação assimétrica.  

Ao receber e interpretar formas simbólicas, os indivíduos baseiam-se em recursos, regras e esquemas a eles disponíveis. A reprodução simbólica dos contextos sociais é um importante fenômeno que merece análise para Thompson, pois o estudo da ideologia é o estudo dos modos pelos quais os significados mobilizados pelas formas simbólicas servem, para estabelecer, manter e reproduzir relações sociais que são assimétricas em termos de poder, em circunstâncias específicas.   

A análise do livro “O Piolho Viajante” confirma a afirmação de Thompson em relação ao uso do poder, quando Policarpo mesmo limitado ao contexto social, em relação à falta de reconhecimento institucional, consegue produzir sua obra e conquistar um grande público. Isso demonstra a presença de um poder, pois ele age, interfere e altera o curso de uma sequência. O autor conquistou o seu próprio espaço e reconhecimento sem ter de se adequar, ao que para a época, era literatura de qualidade. Com o passar dos anos, a própria academia reconheceu o seu valor literário. Isso mostra que o padrão de valorização das formas simbólicas é mutável que recebe influência do meio social e do tempo.     

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O estudo de Thompson foi bastante pertinente e produtivo, pois contribuiu com o aprofundamento de questões culturais relacionadas à sociedade da época em que “O Piolho Viajante” foi produzido. Também deixou evidente que é imprescindível antes de qualquer esforço analítico, compreender o contexto histórico-cultural que envolve o objeto de pesquisa. Assim como ele recebe influências do espaço social que faz parte, tem também o poder de influenciá-lo. A existência de um mecanismo de controle, da autoridade e da ordem em uma sociedade não é garantia de eterna imutabilidade. Através da interação social determinada, organizada e da conquista de alguns poderes, há espaço para outros discursos, para posicionamentos críticos e libertários, um discurso que representa as margens e esse processo fez e faz parte de conquistas e transformações históricas ao longo de anos.     

Atualmente “O Piolho Viajante” é não é apenas um importante documento de estudo para a literatura em relação aos debates em torno de romance, gênero, formas e temáticas, serve também como retrato histórico e como ponto de partida para uma reflexão sobre a contemporaneidade. Perceber o que foi revelado do “outro” que não é tão diferente de “nós” é perceber que a cultura é tão fortemente reproduzida como construída e transformada. A vida em sociedade, portanto, é dinâmica. Viver é encenar uma peça onde um mesmo indivíduo atua como objeto e como sujeito, assim como há o previsível há também o imprevisível, o improviso, o acaso, as ramificações, as alteridades. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

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1Artigo desenvolvido a partir de um referencial teórico da disciplina Teorias e Críticas da Cultura, ministrada pelo professor Dr. Arivaldo de Lima Alves do Programa de Pós-graduação em Crítica Cultural da Universidade do Estado da Bahia (UNEB)