ANÁLISE DO IMPACTO DA RESILIÊNCIA NA QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES ADULTOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO I ACOMPANHADOS EM UM HOSPITAL DE ENSINO DE BRASÍLIA

ANÁLISE DO IMPACTO DA RESILIÊNCIA NA QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES ADULTOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO I ACOMPANHADOS EM UM HOSPITAL DE ENSINO DE BRASÍLIA ANALYSIS OF THE IMPACT OF RESILIENCE ON THE QUALITY OF LIFE IN ADULT PATIENTS WITH TYPE I DIABETES MELLITUS FOLLOWED UP AT A TEACHING HOSPITAL IN BRASILIA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202409280821


Helena Gemayel Marques; Marina Ferreira Rabêlo; Rebecca Santana Alonso; André Neves Mascarenhas; Alfredo Nicodemos da Cruz Santana; Flávia Fonseca Fernandes.


RESUMO: O diabetes mellitus é uma doença autoimune crônica, sendo necessário o enfrentamento de forma individual para cada paciente, correlacionando com aspectos biopsicossociais. Sendo assim, o objetivo do presente artigo é a análise do impacto da resiliência na qualidade de vida em pacientes com diabetes mellitus, por meio de um estudo transversal e baseado em questionários. A correlação mais evidente foi o aumento da resiliência comparado com os menores valores de hemoglobina glicada e aspectos depressivos.  

Palavras-chaves: diabetes mellitus, resiliência, depressão, ansiedade.  

INTRODUÇÃO: O diabetes mellitus (DM) caracteriza-se por um conjunto de anormalidades metabólicas que levam a um estado de hiperglicemia crônica, de aumento do estresse oxidativo e de elevação da inflamação sistêmica. É uma doença cuja abordagem terapêutica requer mudanças de estilo de vida, alteração nos padrões alimentares, vigilância dos níveis glicêmicos, práticas de atividade física e acompanhamento contínuo com uma equipe de saúde multidisciplinar. No Brasil, observa-se uma elevação na prevalência de DM em períodos recentes, acarretando diversos impactos na saúde e na qualidade de vida de seus portadores. Algumas pessoas portadoras de DM conseguem enfrentar os desafios com resiliência e manter a doença sob controle, apresentando uma vida saudável e harmoniosa. 

No entanto, outras encaram a doença como um grande problema, manifestando, inclusive, sinais de depressão e ansiedade. Resiliência é um conjunto de processos sociais e intrapsíquicos que possibilitam o desenvolvimento saudável do indivíduo, permitindo o convívio com as adversidades e problemas enfrentados ao longo da vida. 

OBJETIVO: Analisar a influência da resiliência na qualidade de vida e no controle glicêmico dos pacientes com DM1. 

MÉTODO: Estudo transversal realizado no HRAN-SES-DF no período de agosto de 2016 a setembro de 2017. Os dados foram obtidos por meio de aplicação de questionários sócio- econômicos, de resiliência (RS14) e de depressão e ansiedade (HADS). Durante a pesquisa, as pessoas com DM identificadas foram avaliadas segundo os critérios de inclusão/exclusão. Os dados foram compilados em planilha Excel 2016 e a análise estatística envolveu média aritmética da pontuação dos questionários, estabelecendo coeficiente de correlação de Pearson entre estes e o valor da hemoglobina glicada.  

RESULTADO: A amostra foi constituída de 114 pacientes com DM tipo 1. Desses, 13 foram excluídos, restando 101 pacientes. A amostra consistia de 49 homens e 52 mulheres, sendo a idade média de 29,37 anos (desvio-padrão de 8,88). A média aritmética das pontuações obtidas no questionário de resiliência (69,686) encontra-se no patamar de alta resiliência (64-81). Já com base na escala HADS, observou-se, quanto à ansiedade, média aritmética (11,58) que se encontra entre o patamar de possível presença de ansiedade (8-11) e de presença provável (12- 21). Já quanto à depressão, a média obtida (8,98) se situa no patamar de possibilidade de haver depressão (8-11). Cruzando-se o somatório do questionário de resiliência e o de depressão, observou-se que há correlação negativa entre ambos (Coeficiente de correlação: 0,02; P valor Pearson -0,233). Dessa associação, pode-se supor que, quanto maior a pontuação no questionário de depressão, menor a pontuação no questionário de resiliência. Cruzando-se os valores referentes à hemoglobina glicada e o somatório do questionário de resiliência, constatou-se que houve correlação negativa entre a hemoglobina glicada e o somatório do questionário de resiliência (Coeficiente de correlação = 0,047; P valor pearson – 0,218). CONCLUSÃO: Escores mais elevados na Escala de Resiliência estiveram positivamente associados tanto com menores escores na escala de Depressão como com menores níveis de hemoglobina glicada. Além disso, não houve associação estatisticamente significante quanto a escala de resiliência e a presença de ansiedade (0,05). 

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