ANÁLISE DO EQUILÍBRIO E O RISCO DE QUEDA EM PORTADORES DA DOENCA DE PARKINSON: REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10201585


 Sharifa Lavínia Sherazade Zagury Tourinho de Souza 1
Uerick Jardina Leal2
Natália Gonçalves3


DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho ao Programa de Universidade para Todos- ProUni que nos possibilitou ter a bolsa para que fizéssemos a graduação na instituição da

Universidade do norte-UNINORTE. 

AGRADECIMENTO

Agradeço este trabalho as nossas famílias, que nos amparam e custearam para que nossa jornada acadêmica fosse possível.

Aos professores que passaram durante a faculdade e somaram de forma positiva nossa bagagem de conhecimento.

A orientadora, na pessoa da professora Natália Gonçalves, que nos seu precioso tempo e paciência nos auxiliando.

Aos colegas de classe que foram um estímulo ímpar para continuarmos e serviram de apoio, os meus mais sinceros obrigado.

EPÍGRAFE

“Trabalho duro é inútil para aqueles que não acreditam em si mesmos.” Naruto Uzumaki.

RESUMO

INTRODUÇÃO: A doença de Parkinson (DP) ou mal de Parkinson recebe esse nome em honra ao médico inglês James Parkinson. É uma doença neurodegenerativa e progressiva do  sistema nervoso central (SNC). A Doença de Parkinson acarreta alterações motoras e não motoras que podem trazer como resultado a progressão de incapacidades e a diminuição da autonomia do indivíduo. O centro de gravidade apresenta o ponto vertical de equilíbrio do corpo em relação à superfície. A depender da postura momentânea, o corpo tem que adaptar para  retornar ao equilíbrio, senão, a pessoa cai. Cair, principalmente várias vezes, aumenta o risco de lesões, hospitalização e morte. OBJETIVO: Analisar o risco de quedas em portadores da doença de Parkinson. MÉTODO: Trata-se de um estudo de revisão de literatura, onde foram feitas pesquisas  e achados artigos de 2016 a 2021. Foram colhidos os dados através de artigos já publicados em revistas como: SciELO, Brazilian Journal of Development, LILACs. A pesquisa foi realizada entre os meses de agosto e setembro de 2023. RESULTADOS: No estudo de revisão, observou-se como a Doença de Parkinson influencia na dependência do indivíduo, de modo que a fisioterapia é fundamental para minimizar a dependência funcional, e como consequência manter o indivíduo com uma vida social mais ativa. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Viu-se que a ausência de atividades físicas podem contribuir para a dependência funcional dos portadores. Dito isso, a fisioterapia tem um papel fundamental para minimizar os efeitos acometidos e prolongar a funcionalidade neuromotora em indivíduos com Doença de Parkinson.

Palavras-chaves: Doença de Parkinson, Alteração postural, Equilíbrio e Risco de Quedas em Idosos.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Parkinson’s disease (PD) or Parkinson’s disease is named in honor of the English doctor James Parkinson. It is a neurodegenerative and progressive disease of the central nervous system (CNS). Parkinson’s disease causes motor and non-motor changes that can result in the progression of disabilities and a decrease in the individual’s autonomy. The center of gravity presents the vertical point of balance of the body in relation to the surface. Depending on the momentary posture, the body has to adapt to return to balance, otherwise, the person falls. Falling, especially multiple times, increases the risk of injury, hospitalization and death. OBJECTIVE: To analyze the risk of falls in people with Parkinson’s disease. METHOD: This is a literature review study, where research was carried out and articles were found from 2016 to 2021. Data were collected through articles already published in magazines such as: SciELO, Brazilian Journal of Development, LILACs. The research was carried out between the months of August and September 2023. RESULTS: In the review study, it was observed how

Parkinson’s disease influences the individual’s dependence, so that physiotherapy is essential to minimize functional dependence, and as a consequence maintain the individual with a more active social life. FINAL CONSIDERATIONS: It was seen that the absence of physical activities can contribute to the functional dependence of sufferers. That said, physiotherapy plays a fundamental role in minimizing the effects and prolonging neuromotor functionality in individuals with Parkinson’s Disease.

Keywords: Parkinson’s Disease, Postural Change, Balance and Risk of Falls in the Elderly.

1.     INTRODUÇÃO

A doença de Parkinson (DP) ou mal de Parkinson recebe esse nome em honra ao médico inglês James Parkinson que foi o primeiro pesquisador a descrever, em 1817, os sintomas desta doença (HAYES, 2019).

É uma doença neurodegenerativa e progressiva do  sistema nervoso central (SNC), geralmente afetando a população idosa, caracterizada pela perda de neurônios dopaminérgicos na substância negra do mesencéfalo, levando à dopamina na via nigroestrial. A regulação reduzida das vias motoras diretas e indiretas, e consequente disfunção dos gânglios da base, envolve o controle dos movimentos voluntários. (ESPAY, 2018; MANTRI, et al, 2019).

A Doença de Parkinson acarreta alterações motoras e não motoras que podem trazer como resultado a progressão de incapacidades e a diminuição da autonomia do indivíduo. Com o evoluir da doença as consequências oriundas dela vão se tornando perpétuas, fazendo com que os doentes precisem de cuidados ininterruptos para suas atividades cotidianas básicas e instrumentais (NUNES et al., 2019).

O centro de gravidade (ou centro de massa) representa o ponto vertical de equilíbrio do corpo em relação à superfície. A depender da postura momentânea (para frente, para trás ou para o lado), o corpo tem que adaptar para  retornar ao equilíbrio, senão, a pessoa cai. O paciente com Parkinson tendem a apresentar um corpo “curvado”, em que projetam o tronco para frente (ou muitas vezes para o lado), como se tivessem caindo. Em uma tentativa espontânea e inconsciente de não cair, a pessoa tende a apressar os passos (correndo ou aumentando o número de passos), dando um aspecto de marcha de pequenos passos, também chamada de marcha festinante. Como dito, essa é uma tentativa de não perder o equilíbrio. No entanto, devido à lentidão e à rigidez, características da doença, essa tentativa pode ser frustrada, tendo como resultado, quedas. (FRANKLIN, 2023). Cair, principalmente várias vezes, aumenta o risco de lesões, hospitalização e morte, principalmente em indivíduos idosos frágeis e com comorbidades preexistentes (p. ex., osteoporose) e déficits nas AVD (p. ex., incontinência). As complicações a longo prazo podem incluir redução da função física, medo de cair e institucionalização. (RUBENSTEIN, 2021)

A prevenção das quedas não somente é possível, como também é o único meio de reduzir sua elevada frequência e, dessa forma, minimizar as consequências danosas. (FONSECA, 2020)

Os métodos e intervenções fisioterapêuticas podem trazer benefícios no tratamento da doença de Parkinson visto que tem demonstrado resultados significativos para a melhora do treino de marcha, equilíbrio, coordenação motora e na diminuição do risco de quedas. (PEREIRA et.al, 2022).

Esta revisão bibliográfica tem como objetivo analisar a alteração no equilíbrio em pacientes com Doença de Parkinson, que são afetados pelo fator postural, levando o idoso a ter um risco de queda mais elevado, contribuindo para mais conhecimento dentro da temática e  a partir dos estudos aqui analisados, se poder evitar esses fatores de risco.

2.     MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo de revisão de literatura, onde foram feitas pesquisas  e achados artigos de 2016 a 2021. Foram colhidos os dados através de artigos já publicados em revistas como: SciELO, Brazilian Journal of Development, LILACs. A pesquisa foi realizada entre os meses de agosto e setembro de 2023. 

Os termos utilizados para facilitação na base de dados foram: Doença de Parkinson, Alteração postural, Equilíbrio e Risco de Quedas em Idosos. 

Os critérios de inclusão do artigo foram: Idioma em português, Correlação com as palavras chave, temática dentro da proposta do tema e título. Foram excluídos artigos que não se conseguia acessar, que fogem do tema principal e que não mostraram a eficácia no Risco de quedas em portadores da Doença de Parkinson.

3. RESULTADOS

Figura 1. Fluxograma Prisma.

Quadro 1– Síntese dos resultados dos artigos incluídos na revisão.

Encontrou-se 10 artigos nas bases de dados Scielo, Lilacs e Brazilian Journal of Development.

Ao total foram encontrados 10 artigos nas bases de dados científicos, que através dos descritores utilizados para coleta continham relevância para este estudo. Foram lidos 10 artigos na íntegra. Contudo, 5 não condiziam com o objetivo do estudo. Sendo assim, 5 artigos foram selecionados para a etapa de análise metodológica dos dados, após leitura na íntegra, e incluídos nesta revisão, conforme quadro 1.

TÍTULO ANO/AUTORESMÉTODOS CONCLUSÃO 
Efeitos da fisioterapia sobre o medo de cair em pacientes com a doença de ParkinsonSILVA et.al (2021)O estudo foi desenvolvido no Programa Pró- Parkinson do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos desta UniversidadeO medo de cair não mostrou uma diferença significativa nesses pacientes apenas com a Fisioterapia. Pode-se atribuir isto ao fato do medo da queda está relacionado a questões multifatoriais que vão além de aspectos físicos. Um atendimento interdisciplinar pode contribuir significativamente para melhora desse aspectos nos pacientes com Doença de Parkinson.
  Riscos de acidentes por quedas em idosos com mal de Parkinson.SILVA et.al (2021)Objetivo de realizar busca de informações sobre os riscos de acidentes por quedas em idosos com a doença de Parkinson.Entre os eventos ligados a quedas recorrentes, o contexto de comportamento e  sintomas psicológicos de demência e medicamentos psicotrópicos usados para gerenciar esses sintomas também estão associados a quedas, criando um dilema para quem fornece cuidados de saúde mental geriátrica    
Avaliação do risco de quedas entre pessoas com Doença de Parkinson.SILVA et.al (2021)Estudo do tipo transversal exploratório descritivo e de abordagem quantitativa.A pesquisa possibilitou identificar na amostra de 53 indivíduos o risco de quedas iminentes e identificar alguns fatores de risco, como idade, uso de mais de cinco medicamentos, KTD, tropeços, diminuição da velocidade da marcha e redução da acuidade visual.
Análise do risco de quedas em pessoas com Doença de Parkinson FRAGA et.al (2016)É um estudo de corte transversal desenvolvido entre janeiro e setembro de 2012.Neste estudo o grupo com Doença de Parkinson leve a moderada apresentou maior risco de queda do que a população sem a doença, com uma chance duas vezes maior de cair e risco de queda que aumentou com a progressão da doença.  
Impacto da doença de Parkinson na performance de equilíbrio em diferentes demandas atencionais.TERRA et.al (2016)O estudo realizado foi do tipo transversal, em que foram incluídos indivíduos de ambos os gêneros, com idade acima de 50 anos e diagnóstico de Doença de Parkinson idiopática.    Indivíduos com Doença de Parkinson, quando submetidos a desafios cognitivos comportam-se de forma semelhante à retirada do recurso visual no que diz respeito às alterações de equilíbrio. Isso reforça a necessidade de introduzir precocemente, no plano terapêutico desses indivíduos, atividades que requeiram o treino dessas habilidades.

Fonte: Autores elegidos para o estudo do tema em análise.

4. DISCUSSÃO

De acordo com o estudo de Silva et al., (2021), o medo de cair pode elevar a incidência de quedas, pois com a falta de atividades físicas ocorre a diminuição do equilíbrio e força muscular, além de um déficit de reflexos sensoriais. Nesta análise, foram utilizados escalas e métodos, tais como, escala de Hoehn e Yahr, Mini-Exame do Estado Mental e o Questionário de história de quedas. Onde 09 dos 12 sujeitos examinados relataram o medo de queda.

Segundo Klenk et al., 2017, indivíduos com Doença de Parkinson, os relatos de quedas são até 20 vezes mais frequentes. Isso se deve a instabilidade postural, uma das principais características da doença. Sendo uma causa comum de quedas, contribuindo para fraturas de quadril e perda de independência (THEREZA A. 2019).

Nos estudos de Silva et al., 2021, foram utilizadas as Escalas de Hoehn e Yahr e o Teste de Rastreio do Risco de Quedas no Idoso. Que de acordo com os dados coletados, o avanço da idade é um fator predisposto para o aumento de doenças crônicas, como a Doença de Parkinson, e maior vulnerabilidade a quedas. O risco de quedas está diretamente relacionado a gravidade da doença, no estágio leve há menos risco, já no estágio grave há um alto risco, devido ao aumento da instabilidade postural.

Sabemos que com o envelhecimento há alterações naturais do equilíbrio e da marcha. Entretanto, existem outros fatores que podem potencializar essas alterações. Um estudo verificou causas diretas de quedas em pacientes com Doenças de Parkinson, e revelou que quedas súbitas foram as mais comuns, seguidas por episódios de congelamento e festinação, distúrbios neurológicos e sensoriais, fatores ambientais, instabilidade postural, hipotensão ortostática e discinesia grave. Nenhum dado correlacionando a idade dos pacientes foi encontrado (FRAGA et al., 2016).

De acordo com TERRA et al., 2016, indivíduos com Doença de Parkinson apresentam dificuldades em se manter estável durante atividades de dupla tarefa.

O que pode limitar suas funcionalidades nas tarefas básicas cotidianas. Neste estudo foram comparados indivíduos saudáveis com portadores da Doença de Parkinson através da avaliação de equilíbrio em dupla tarefa, com olhos fechados e olhos abertos em apoio bipodal. Onde o pior desempenho foram dos portadores da doença. Diante disso, observa-se a importância de exercícios de equilíbrio e sensório-motor que integrem a dupla tarefa em pacientes com Doença de Parkinson.

No estudo de revisão, observou-se como a Doença de Parkinson influencia na dependência do indivíduo, não apenas pelo acometimento neuromuscular que ela desencadeia, mas também pelo fato de restringir autoestima e restringir confiança em realizar tarefas simples. De modo que a fisioterapia é fundamental para minimizar a dependência funcional, e como consequência manter o indivíduo com uma vida social mais ativa.

  • CONSIDERAÇÕES FINAIS.

De acordo com os estudos realizados e com a revisão por fim   desempenhada, a Doença de Parkinson acomete o sistema nervoso central, afetando as aferências vestibulares, proprioceptivas e visuais, atenuando a resposta muscular e equilíbrio corporal, interferindo diretamente nas atividades de vida diária do indivíduo, devido a dificuldade de automatização dos movimentos. Ocasionando um índice de quedas elevados e podendo ocorrer fraturas, o que leva os idosos de forma geral a terem medo de fazer qualquer tipo de movimentação, pelo medo da queda e suas consequências, visto que uma das maiores causas de óbito entre a população idosa é essa. Levando o idoso ser menos ativo, tanto por fatores psicológicos ou por sintomas associados a doença.

 Viu-se que a ausência de atividades físicas podem contribuir para a dependência funcional dos portadores. Dito isso, a fisioterapia tem um papel fundamental para minimizar os efeitos acometidos e prolongar a funcionalidade neuromotora em indivíduos com Doença de Parkinson. Salientando a importância do tratamento precoce para melhores resultados e o acompanhamento de equipe disciplinar. 

6.     REFERÊNCIAS

Espay, a. j.; lang, a. e. Parkinson diseases in the 2020s and beyond:

Replacing clinico-pathologicconvergence with systems biologydivergence. Journal of Parkinson’sDisease, v. 8, n. s1, p. S59S64, 2018. Dísponivel em: https://content.iospress.com/articles/journalofparkinsonsdisease/jpd181465

Fonseca, 2020. Prevenção de quedas nos idosos: o que dizem as publicações oficiais brasileiras? Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/enfermagem/article/view/1850 1/11989

Franklin,Gustavo. Quedas na doença de Parkinson. Disponível em : https://www.drgustavofranklin.com.br/quedas

Hayes, M. T. Parkinson’s Disease and Parkinsonism. The American Journal of Medicina, v. 132, n. 7, p. 802-807, 2019. Medicina, v. 132, n. 7,p.802-807,2019.Dísponivel em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30890425/

Nunes, S. F. L., Alvarez, A. M., Valcarenghi, R. V., Hammerschmidt, K. S. D. A., & Baptista, R. (2019). Adaptação dos Familiares Cuidadores de Idosos com Doença de Parkinson: Processo de Transição. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 35(SPE).DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0102.3772e35nspe4

Pereira, 2020. Fisioterapia em idosos com doença de Parkinson: revisão integrativa. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/55742#:~:text=Conclus%C3%A3o%2D%20Os%20m%C3%A9todos%20e%20%20interven%C3%A7%C3%B5es,diminui%C3%A7%C3%A3o%20do%%2020risco%20de%20quedas.

Rubenstein, Laurence Z. (2021). Queda em idosos. Dísponivel em: https://www.msdmanuals.com/ptbr/profissional/geriatria/quedasemidosos/quedasemidosos


1,2 Acadêmicos: 10 período do curso de fisioterapia, UniNorte, Manaus.

3Orientador: Esp. Docente do Centro Universitário do Norte.

Endereço: Djalma Batista, 122, Chapada, Manaus| AM| CEP:69050-010| (92) 3212-5000.