ANÁLISE DO CONSUMO DE ANTIDEPRESSIVOS POR ADOLESCENTES EM DIFERENTES REGIÕES DO BRASIL: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

ANALYSIS OF THE CONSUMPTION OF ANTIDEPRESSANTS BY ADOLESCENTS AND YOUNG PEOPLES IN DIFFERENT REGIONS OF BRAZIL: AN INTEGRATIVE LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10116416


Brenda Mourão dos Santos¹
Ione Almeida de Oliveira¹
Tais Guimarães da Cunha¹
Ana Clívia Capistrano de Maria¹
Daniel Carvalho Evangelista¹
Nathalia Cunha de Carvalho¹
Kayllane De Freitas Pimentel¹
Fábio José Coelho de Souza Junior²


RESUMO

Nos últimos anos, tem ocorrido um aumento significativo no uso de psicofármacos, em particular antidepressivos, devido às crescentes demandas em saúde mental na sociedade moderna. A depressão, uma doença mental impactante que afeta todas as faixas etárias, inclusive adolescentes, tem levado ao aumento da prescrição de antidepressivos, especialmente os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), para tratamento em jovens e adultos. No entanto, esses medicamentos podem desencadear efeitos colaterais, como vertigem, tonturas e ganho de peso, fatores que podem influenciar negativamente a adesão ao tratamento. O objetivo deste artigo é avaliar a disponibilidade de dados abrangentes e confiáveis relacionados ao consumo de antidepressivos por adolescentes no Brasil, fornecendo insights valiosos para profissionais de saúde, pesquisadores e formuladores de políticas interessados na promoção da saúde mental dos jovens em diversas regiões do país. Por meio de uma revisão integrativa da literatura, foram identificados nove artigos pertinentes que abordam o tema do consumo de antidepressivos em adolescentes. Essa análise permitiu a compilação de informações relevantes, destacando o uso, eficácia e potenciais efeitos colaterais associados a esses medicamentos nessa população. Os resultados da revisão revelaram a necessidade de uma abordagem mais ampla e cuidadosa para a gestão da saúde mental dos adolescentes. Além de considerar a disponibilidade e eficácia dos antidepressivos, é essencial ponderar os riscos ligados aos possíveis efeitos colaterais que podem impactar a adesão ao tratamento. este estudo sublinha a importância da avaliação criteriosa do uso de antidepressivos em adolescentes. A obtenção de dados confiáveis é vital para profissionais de saúde, pesquisadores e formuladores de políticas, visando aprimorar a saúde mental dessa faixa etária no Brasil. A abordagem integral e uma compreensão aprofundada do quadro clínico dos pacientes são cruciais para garantir um tratamento eficaz e seguro.

Palavras-chave: Antidepressivos; Adolescentes; Consumo; Brasil.

1. INTRODUÇÃO

O uso de psicofármacos aumentou significativamente nos últimos anos, possivelmente devido às diversas altas demandas em saúde mental do mundo moderno (BARBOSA, RODRIGUES, ABREU, 2020). Esses medicamentos são extremamente importantes no tratamento de vários transtornos mentais, incluindo ansiedade e transtornos depressivos (STRAWN et al, 2023). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas que sofrem de depressão em todo o mundo é estimado em aproximadamente 300 milhões, dos quais 800.000 morrem por suicídio a cada ano, tornando-a a segunda principal causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos (ZUANAZZI & GRAZZIOTIN, 2018). A prevalência da depressão varia de acordo com a idade e ocorre principalmente na idade adulta, mas pode ocorrer em crianças, jovens, adultos e adolescentes (SANTOS, GOÉS & MARQUEZ, 2022). Visto isso, a OMS circunscreve a adolescência à segunda década da vida (de 10 a 19 anos) e considera que a juventude se estende dos 15 aos 24 anos. Esses conceitos comportam desdobramentos, identificando-se adolescentes jovens (de 15 a 19 anos) e adultos jovens (de 20 a 24 anos) (BRASIL, 2007).

A depressão é uma doença mental que afeta as pessoas ao longo do tempo e tem um sério impacto na vida dos jovens e adultos, com uma proporção crescente de adolescentes com sintomas depressivos (LOPEZ et al., 2019). A depressão é uma das principais causas de incapacidade, contribuindo significantemente para a carga global de doença e pode ser considerada um transtorno mental causado por uma variedade de fatores sociais, biológicos e patológicos, manifestada por sentimentos profundos de tristeza e sentimento de perda, apatia, baixa autoestima, comportamento punitivo, perda de interesse em realizar atividades comuns do dia a dia, cansaço extremo, dificuldade de concentração e distúrbios alimentares e do sono (SANTOS & SILVA, 2021).

Os antidepressivos mais comumente usados para tratar a depressão em adultos jovens e adolescentes são os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS). Eles são os medicamentos psiquiátricos mais comumente usados, sendo os mais comuns a fluoxetina, amitriptilina, venlafaxina, paroxetina, sertralina e citalopram, dentre estes, o mais utilizado é a fluoxetina, que pertence a classe de inibidores seletivos da recaptação de Serotonina (ISRS) que atuam diretamente no sistema nervoso central e aumentam os níveis de Serotonina produzidos pelo organismo, levando a sensações de bem-estar, aumento do apetite e melhora da sonolência (LIMA, et al, 2022).

Os efeitos adversos dos medicamentos psicotrópicos são causados pela natureza inespecífica dos seus efeitos farmacológicos e, como acontece com qualquer medicamento, existe sempre um risco devido à sua capacidade de aumentar significativamente o processamento de um ou mais neurotransmissores através de vários receptores e vias (GUSMÃO et al., 2020). Diante disso os efeitos colaterais mais comuns são a vertigem e tonturas, mas, os pacientes podem apresentar diarreia, confusão, sono excessivo, taquicardia, palpitações, boca seca, prisão de ventre e outros sintomas. As reações adversas como o ganho de peso são um dos principais fatores que influenciam o abandono do tratamento (FRANCO, ROSA, & RIO PRETO, 2022).

O tratamento farmacológico é de muita importância, fazendo parte de uma estratégia ampla e uma avaliação médica bem detalhada não deve ser iniciada sem uma compreensão clara do quadro clínico, dessa forma surge a importância da atenção farmacêutica uma vez que o farmacêutico é o profissional capacitado para determinação de componentes de grande importância na prática profissional, que pode fornecer orientações sobre interações medicamentosas, possíveis efeitos colaterais, desfechos clínicos negativos durante o tratamento entre outros (VALENÇA, GUIMARÃES & SIQUEIRA, 2020).

Diante disso o presente artigo busca-se avaliar a disponibilidade de dados confiáveis e abrangentes sobre o consumo de antidepressivos nessa população, a fim de fornecer insights valiosos para profissionais de saúde, pesquisadores e formuladores de políticas interessados na saúde mental dos adolescentes em diferentes regiões do Brasil (OLIVEIRA et al., 2019)

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

2.1. O CÉREBRO EM DESENVOLVIMENTO NA ADOLESCÊNCIA

O desenvolvimento cerebral durante a adolescência é um período de intensas mudanças e maturação estrutural que tem implicações significativas no comportamento. Embora o cérebro humano atinja 90% do seu tamanho adulto quando uma criança tem seis ou sete anos, o crescimento do cérebro continua. Na verdade, durante a adolescência, ocorrem várias transformações anatômicas e funcionais cruciais que moldam a maneira como os adolescentes pensam, sentem e se comportam (GOLDIN, 2022).

Uma característica notável do desenvolvimento cerebral na adolescência é a sequência de maturação da substância cinzenta, que amadurece de trás para frente. Isso significa que as áreas corticais responsáveis por funções sensoriais e motoras atingem a densidade máxima da substância cinzenta primeiro, enquanto as áreas associadas a funções cognitivas superiores, como o córtex pré-frontal, amadurecem mais tarde. O córtex pré-frontal desempenha um papel fundamental na tomada de decisões, no controle cognitivo, no planejamento e na avaliação de riscos. Esse atraso em sua maturação está ligado ao comportamento de risco típico dos adolescentes (FREITAS & MAGALHÃES, 2019).

Além disso, durante a adolescência, ocorrem mudanças na mielinização e poda sináptica no córtex pré-frontal, o que aumenta a eficiência do processamento de informações e fortalece as conexões neurais entre o córtex pré-frontal e outras regiões do cérebro. No entanto, esse processo de amadurecimento é desigual, uma vez que o sistema límbico, responsável pelo processamento de recompensas, punições e experiências emocionais, se desenvolve antes do córtex pré-frontal. Isso significa que os adolescentes são mais propensos a serem emocionais e a responder a recompensas e estresses de maneira intensificada (DÍAZ et al., 2022).

As mudanças nos níveis dos neurotransmissores, como a dopamina e a serotonina, desempenham um papel crucial no comportamento dos adolescentes. A dopamina, associada ao prazer e à tomada de decisões, aumenta durante a adolescência, tornando os adolescentes mais propensos a buscar recompensas e correr riscos. Por outro lado, a serotonina, conhecida como a “substância química calmante,” regula o humor e o comportamento, freando impulsividade e comportamentos violentos. Quando esses neurotransmissores não estão em equilíbrio, os adolescentes podem se envolver em comportamentos de risco (SILVA & SILVA, 2022).

É importante ressaltar que o cérebro do adolescente não está totalmente desenvolvido, o que pode explicar o comportamento de risco comum nessa fase da vida e estarem sujeitos a alterações de emocionalidade. O córtex pré-frontal, responsável pelo controle de impulsos e pelo julgamento, continua amadurecendo até a idade adulta. Portanto, os adolescentes podem ser mais propensos a comportamentos impulsivos. Conforme a adolescência avança, os centros de controle cognitivo no córtex pré-frontal se desenvolvem, aumentando a autorregulação e a capacidade de tomar decisões a longo prazo. Isso leva os adolescentes a serem mais capazes de avaliar as consequências de suas ações e interpretar emoções, tanto as suas quanto as dos outros (CRONE, 2019).

2.2. DESORDENS NEUROPSIQUIÁTRICAS E O CÉREBRO ADOLESCENTE

Desordens neuropsiquiátricas, como a depressão, desempenham um papel significativo no contexto do desenvolvimento cerebral dos adolescentes. A adolescência é uma fase da vida marcada por mudanças cerebrais intensas, como discutido anteriormente, mas também é um período em que a saúde mental pode ser particularmente vulnerável. Entre as várias desordens neuropsiquiátricas, a depressão e os transtornos de ansiedade se destacam como questões prementes na adolescência (ORELLANA et al., 2020).

A ansiedade é uma característica humana inerente e pode ser considerada uma resposta normal ao estresse, formando assim um componente fundamental da dinâmica adaptativa na sobrevivência (ABRAHÃO; LOPES, 2022). Assim, considerando que os transtornos de ansiedade são uma das doenças mentais mais prevalentes em todo o mundo, e que a sua incidência entre os adolescentes está aumentando, vinculamos essa realidade ao fato de que muitos adolescentes com esse transtorno também podem vim a sofrer de outras condições como a depressão (SOUSA & SILVA, 2023).

A depressão é uma desordem neuropsiquiátrica comum na adolescência, com sintomas semelhantes aos de adultos, embora com algumas diferenças notáveis. A depressão pode ser facilmente confundida ou ignorada em adolescentes, muitas vezes devido à proeminência da irritabilidade, flutuações de humor e sintomas físicos inexplicáveis. Estima-se que a depressão afete entre 1,1% dos adolescentes de 10 a 14 anos e 2,8% dos adolescentes de 15 a 19 anos. A depressão é uma preocupação significativa, pois está fortemente associada ao risco de suicídio, sendo a segunda a terceira principal causa de morte na adolescência (PENSO & SENA, 2020).

O papel do cérebro adolescente na depressão e nos transtornos de ansiedade é crucial. As mudanças cerebrais que ocorrem nesse período, incluindo o desenvolvimento desigual do córtex pré-frontal e do sistema límbico, podem tornar os adolescentes mais suscetíveis a essas condições. As variações nos níveis de neurotransmissores, como a dopamina e a serotonina, também desempenham um papel no desenvolvimento desses transtornos, tornando os adolescentes mais emocionais e responsivos às recompensas e ao estresse (GOMES, RODRIGUES & SANTOS, 2020).

A depressão e os transtornos de ansiedade têm um impacto profundo na vida dos adolescentes, afetando não apenas sua saúde mental, mas também seu desempenho acadêmico, relacionamentos e qualidade de vida. É fundamental reconhecer essas condições e buscar tratamento adequado para garantir que os adolescentes recebam o apoio de que precisam. Além disso, é importante destacar que a depressão em adolescentes não é simplesmente uma versão precoce da doença em adultos, embora compartilhe algumas semelhanças. Existem diferenças importantes nas respostas ao tratamento, e as melhores práticas de tratamento para a depressão adolescente ainda são objeto de debate (GOMES, et al, 2020).

2.4. ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS

O tratamento de desordens neuropsiquiátricas, como a depressão, em adolescentes é um desafio complexo, e a abordagem apropriada difere daquela em adultos. Há várias considerações importantes a serem destacadas nesse contexto. Em primeiro lugar, é crucial reconhecer que as opções de tratamento para adolescentes não são idênticas às dos adultos. Os adolescentes apresentam características específicas em seu desenvolvimento cerebral e emocional, o que requer abordagens de tratamento adaptadas a essas diferenças. A adolescência é um período de mudanças cerebrais intensas, com o córtex pré-frontal em desenvolvimento e o sistema límbico em plena atividade. Portanto, a escolha de intervenções terapêuticas deve levar em consideração essa complexidade neurobiológica (SOUZA, SILVA & PIVA, 2022)

As melhores práticas de tratamento para a depressão em adolescentes são alvo de controvérsia. Diretrizes clínicas e práticas aceitas podem variar de país para país, e há preocupações significativas em relação ao uso de medicamentos antidepressivos em pacientes com menos de 18 anos. Algumas recomendações são baseadas em consenso, e a evidência científica que respalda o tratamento específico em adolescentes ainda é limitada. Isso torna a escolha do tratamento uma decisão desafiadora para médicos, terapeutas e famílias que buscam ajudar adolescentes com depressão (BUENO, SILVA & FERREIRA, 2022).

As evidências disponíveis sobre os tratamentos em adolescentes se concentram, em grande parte, na eficácia a curto prazo das intervenções, tanto medicamentosas quanto psicoterapêuticas. Embora haja informações sobre a melhoria dos sintomas depressivos no curto prazo, há uma falta significativa de dados sobre os benefícios a longo prazo dessas intervenções. Em outras palavras, pouco se sabe sobre como o tratamento impacta as taxas de recorrência da depressão ao longo do tempo e se as intervenções não especializadas, ou seja, aquelas que não envolvem especialistas, são eficazes a longo prazo (POMPILI et al., 2022).

Essa escassez de informações sobre o tratamento a longo prazo de desordens neuropsiquiátricas em adolescentes ressalta a necessidade de pesquisa adicional e aprimoramento das práticas clínicas nessa área. É essencial entender melhor como as intervenções terapêuticas afetam o desenvolvimento e a saúde mental a longo prazo dos adolescentes, bem como desenvolver abordagens personalizadas que se adaptem às necessidades individuais.

3. METODOLOGIA

O presente artigo é um estudo com uma abordagem qualitativa e descritiva que utiliza o método de revisão integrativa da literatura (RIL). A revisão integrativa é um método de pesquisa que se concentra na análise de dados secundários, onde estudos relacionados a um tópico específico são compilados, resumidos e analisados. Esse processo permite a obtenção de conclusões gerais com base na síntese de múltiplos estudos, sejam eles de literatura teórica ou empírica. Este método é amplamente utilizado para explorar e consolidar o conhecimento existente sobre um determinado tema, fornecendo uma visão abrangente da pesquisa disponível em um campo específico.

A revisão integrativa da literatura, conforme definida por Mendes (2008), é uma abordagem que visa reunir, analisar e interpretar estudos prévios em uma área de interesse. Ela envolve a busca ativa de trabalhos relevantes, a avaliação crítica desses estudos e a integração de suas descobertas em uma análise unificada. Este método é particularmente valioso quando se deseja entender a evolução de um campo de estudo, identificar tendências, lacunas no conhecimento e áreas de discordância, bem como reunir evidências para fundamentar a tomada de decisões informadas.

No contexto deste estudo, a revisão integrativa da literatura é adotada para examinar e consolidar informações sobre o consumo de antidepressivos por adolescentes e jovens em países da América do Sul. Ao sintetizar os achados de diversos estudos, essa abordagem visa oferecer uma visão completa do estado atual do uso de antidepressivos nessa faixa etária na região sul-americana, contribuindo para uma compreensão mais abrangente do problema e fornecendo diretrizes úteis para futuras pesquisas e intervenções. (MENDES, 2008). Este artigo segue a metodologia proposta por Ganong (1987), onde descreve seis etapas durante a construção da revisão integrativa para aplicação de uma metodologia sistematizada, descritos a seguir:

3.1. Identificação do Tema e Formulação da Questão de Pesquisa:

O primeiro passo desta revisão integrativa consiste na identificação do tema de pesquisa, que é o consumo de antidepressivos por adolescentes e jovens na América do Sul. A partir desse tema, uma questão de pesquisa específica é formulada para orientar o estudo.

3.2. Estabelecimento de Critérios de Inclusão e Exclusão:

Nesta etapa, são estabelecidos critérios específicos para determinar quais estudos serão incluídos na revisão e quais serão excluídos. Esses critérios podem abranger aspectos como o período de publicação dos estudos, a região geográfica, a idade dos participantes e a relevância para a questão de pesquisa.

3.3. Coleta de Dados e Categorização:

Após a definição dos critérios de inclusão, inicia-se o processo de coleta de dados. Isso envolve a busca ativa de estudos relacionados ao tema da revisão. Uma vez que os estudos são identificados, as informações relevantes são extraídas e categorizadas de acordo com os principais temas ou tópicos abordados nos estudos.

3.4. Avaliação dos Estudos Incluídos:

Nesta fase, os estudos incluídos na revisão são avaliados quanto à qualidade metodológica e à relevância para a questão de pesquisa. A avaliação considera aspectos como o desenho do estudo, a amostragem, a validade dos resultados e a confiabilidade das fontes.

3.5. Interpretação dos Resultados:

Com base na análise dos estudos incluídos, os resultados são interpretados à luz da questão de pesquisa. Essa etapa visa identificar tendências, padrões e insights relevantes relacionados ao consumo de antidepressivos por adolescentes e jovens na América do Sul

3.6. Apresentação da Revisão e Síntese do Conhecimento:

Na última etapa, os resultados e conclusões da revisão integrativa são apresentados de maneira organizada e sistemática. Isso inclui a síntese dos principais achados, a contextualização dos resultados no cenário atual e a discussão das implicações práticas e teóricas do estudo. Essas etapas metodológicas seguem uma abordagem estruturada e sistematizada para conduzir uma revisão integrativa da literatura, permitindo a compilação e análise crítica de estudos relevantes sobre o consumo de antidepressivos por adolescentes e jovens na América do Sul.

Para este artigo foi definida a seguinte questão norteadora: “Qual é a prevalência do consumo de antidepressivos entre adolescentes no Brasil, e quais fatores estão associados a esse consumo”. A busca da literatura científica ocorreu através das plataformas: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS); Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Scientific Eletronic Library Online (SCIELO) e motores de busca geral Google Acadêmico, no período de março de 2023 a junho de 2023. Os descritores foram selecionados a partir dos Descritores em Ciências da Saúde (DECS) em inglês e português para a BVS, e para as demais bases, os descritores foram identificados na Medical Subject Headings (MeSH) e buscados em inglês. Os descritores identificados no DECS e MesSH coincidiram, sendo eles: “Antidepressivos; Adolescentes; Consumo; Brasil” e nas suas variações em inglês e “Antidepressant; Adolescents; consumption; Brazil”.

Os seguintes critérios de inclusão foram adotados para a seleção das produções: artigos em inglês e português, que explicitassem em título, resumo e palavras chaves sobre a utilização de antidepressivos por adolescentes no Brasil. Além disso, foi adotado recorte temporal para a busca de 2013 a 2023. Artigos que não estivessem disponibilizados integralmente online, correspondências, editoriais, monografias, dissertações e teses foram produções excluídas da presente revisão.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

4.1. ANÁLISE DE DADOS

No total, foram encontrados na pesquisa 35 artigos com os descritores citados nas bases de dados mencionadas, onde foram analisados o título e o resumo de todos os estudos e destes excluiu-se 20 artigos. Dessa forma, foram escolhidos 15 artigos para análise na íntegra e em seguida retirados 6 artigos por diferença ao tema proposto, em base disso 9 artigos se enquadravam em todos os requisitos sendo incluídos nessa revisão.Para a análise dos artigos inclusos neste estudo de revisão integrativa, foram destacadas as seguintes informações, Nome do artigo, autores, ano, revista, metodologia do estudo e os principais resultados encontrados, conforme (tabela 1), com o presente estudo, foram identificadas as indicações de uso de antidepressivos em adolescentes bem como os riscos associados que torna estes resultados uma ferramenta importante para seu uso nesta população.

Identificação do artigo Autores/AnoObjetivos do estudoPrincipais resultadosConclusões

Orellana et al., 2020 5“Mental disorders in adolescents, youth, and adults in the RPS Birth Cohort Consortium (Ribeirão Preto, Pelotas and São Luís), Brazil”


 O artigo se propôs a descrever as prevalências de depressão, e outras desordens neuropsiquiátricas em adolescentes, jovens e adultos segundo variáveis ​​sociodemográficas em cinco regiões brasileiras.O estudo englobou mais de 12 mil indivíduos, de cinco diferentes regiões do Brasil. Além disso, ofereceu uma descrição abrangente das taxas de prevalência de transtornos mentais em coortes de nascimento de diversas regiões do Brasil e em diferentes estágios do ciclo de vida. Constatou-se que o episódio depressivo maior atual era mais comum entre os adolescentes de São Luís, atingindo uma taxa de 15,8% (IC95%: 14,8-16,8), enquanto nos adultos de Ribeirão Preto, a prevalência era de 12,9% (IC95%: 12,0-13,9).Os dados mostraram uma maior prevalência de transtornos mentais em mulheres e em pessoas com níveis socioeconômicos mais baixos, independentemente da cidade e da faixa etária. Isso ressalta a urgente necessidade de aumentar os investimentos em saúde mental no Brasil, abordando especificamente questões de gênero e determinantes socioeconômicos.

Valença et al., 2020 “Prescrição e uso de antidepressivos em crianças e adolescentes –uma revisão da literatura”
A revisão bibliográfica identificou a ocorrência dos fatores relacionados à presença de drogas e suas variáveis, em crianças e adolescenteO estudo atual examinou uma variedade de artigos científicos relacionados à depressão, ansiedade e ao uso indiscriminado de psicotrópicos em crianças e adolescentes. No entanto, é evidente que ainda não se chegou a uma conclusão definitiva sobre qual medicamento é mais eficaz, resultando em um tratamento que combina abordagens psicoterapêuticas e farmacológicas. Nesse contexto, destaca-se a importância da atenção farmacêutica para promover o uso racional de psicotrópicos.Atualmente, observa-se um aumento nos transtornos em crianças e adolescentes, conforme indicam estudos. No entanto, essas pesquisas são limitadas devido à ausência de testes clínicos específicos para essa faixa etária que demanda cuidados e atenção especial. Existem evidências que sugerem que medicamentos, como os Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS) e os benzodiazepínicos, são eficazes, efetivos e bem tolerados no tratamento da depressão e da ansiedade em jovens, proporcionando um nível de segurança no uso desses psicotrópicos nesse grupo de indivíduos.
Lima et al., 2022
“O uso de antidepressivos em crianças e adolescentes e seus efeitos colaterais”
O objetivo deste estudo foi realizar uma análise do uso de antidepressivos em pacientes pertencentes às faixas etárias infantil e adolescente, bem como investigar os possíveis efeitos colaterais associados.Com base na pesquisa realizada, foi possível concluir que a depressão em crianças e adolescentes é uma ocorrência bastante comum nos dias de hoje. O tratamento medicamentoso tem sido amplamente adotado nesses grupos etários e mostra-se mais eficaz quando combinado com psicoterapias. No entanto, é importante notar que a terapia medicamentosa não é universalmente aceita, em parte devido à necessidade de doses mais elevadas para pacientes nessa faixa etária, devido ao metabolismo mais acelerado em comparação com os adultos.
É crucial garantir um diagnóstico preciso ao prescrever psicofármacos, a fim de escolher o mais apropriado para o quadro clínico, visando beneficiar os pacientes jovens. É importante destacar que uma prescrição inadequada pode resultar em efeitos colaterais indesejados ou falhar em produzir os resultados esperados. No entanto, entre os psicofármacos estudados, merecem destaque positivo os Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRSs), que demonstraram eficácia no tratamento dessa condição em crianças e adolescentes.
Hoefler et al., 2023 6“Trends in sales of antidepressants in Brazil from 2014 to 2020: A time trend analysis with joinpoint regression”
Este estudo teve como objetivo investigar as tendências nas vendas de antidepressivos no Brasil.De 2014 a 2020, o sistema registrou um total de 42.252.989 vendas de antidepressivos. Durante esse período, houve um aumento nas vendas de antidepressivos, passando de 13,7 para 33,6 Doses Diárias por 1.000 habitantes (AAPC: 15,7; IC 95%: 13,0–18,4; p < 0,001). Os maiores aumentos foram observados nas vendas de inibidores da recaptação de serotonina e “outros” antidepressivos, que incluem inibidores da recaptação de serotonina-norepinefrina, enquanto as vendas de tricíclicos permaneceram estáveis. No ranking dos medicamentos mais vendidos, destacam-se o escitalopram e a sertralina. É relevante mencionar que a quota de mercado dos inibidores da recaptação de serotonina diminuiu, com uma redução notável para a paroxetina, caindo de 13,1% para 6,5% (p = 0,016). Por outro lado, a quota de mercado dos “outros” antidepressivos aumentou de 21,9% para 33,3% (p = 0,027), com destaque para a desvenlafaxina, que teve um aumento significativo de 2,9% para 14,3% (p < 0,001).No Brasil, as vendas de antidepressivos experimentaram um aumento notável no período de 2014 a 2020, principalmente devido ao crescimento nas prescrições de inibidores da recaptação de serotonina e outras classes de antidepressivos. As alterações na participação de mercado parecem estar relacionadas à introdução de novos produtos no cenário.
Barros et al., 2022
“Mental health of Brazilian adolescents during the COVID-19 pandemic”
O objetivo do estudo foi avaliar os fatores associados à tristeza e ao nervosismo frequentes em adolescentes brasileiros, durante a pandemia de Covid-19Entre os adolescentes brasileiros, é comum experimentar sentimentos de tristeza (32,4%) e nervosismo (48,7%). As taxas mais elevadas desses sentimentos estão associadas a vários fatores, incluindo ser do sexo feminino, ter entre 15 e 17 anos, pertencer a famílias com dificuldades financeiras, ter tido um aprendizado insatisfatório durante o ensino remoto, lidar com a falta de amigos ou ter um círculo social limitado, enfrentar conflitos familiares, ter relatado uma saúde regular ou ruim antes da pandemia e ter experimentado piora na saúde e no sono durante o período da pandemia.Os achados desta pesquisa evidenciam uma prevalência significativa de sentimentos de tristeza e nervosismo/irritabilidade entre um grande contingente de adolescentes brasileiros. A ocorrência desses sentimentos apresentou associação com o gênero feminino e uma série de desafios econômicos, sociais, educacionais, familiares e de saúde.
Barboza et al., 2021 “Uso de antidepressivos na adolescência e sua automedicação”
Analisar as principais características do uso de antidepressivos na adolescência, incluindo a prática da automedicação, bem como investigar os fatores que desempenham um papel significativo no desenvolvimento da depressão nessa faixa etária.Durante a pesquisa, foi notável identificar os principais medicamentos prescritos para adolescentes que enfrentam a depressão, sendo a fluoxetina o mais comum, seguido por amitriptilina, venlafaxina, paroxetina, sertralina e citalopram.
Foi possível afirmar que a depressão na adolescência representa uma das principais condições de saúde enfrentadas pelos jovens, afetando cerca de 1 em cada 4 adolescentes. Esta é uma questão de saúde grave, associada a diversos fatores, principalmente relacionados ao ambiente em que o adolescente está inserido. A prática da automedicação com antidepressivos tornou-se um hábito preocupante e comum, levantando diversas questões pertinentes à saúde pública. As medicações mais frequentemente consumidas sem prescrição médica incluem a Fluoxetina, Paroxetina, Sertralina, Venlafaxina e Citalopram, podendo resultar em dependência, bem como sintomas como sonolência, tonturas, fadiga e outros efeitos adversos.
Santos et al., 2022 “O uso excessivo de antidepressivos e ansiolíticos entre adolescentes e jovens”
Examinar o uso de antidepressivos em pacientes jovens e adolescentes no tratamento da depressão e ansiedade, com ênfase nos principais efeitos decorrentes do uso excessivo.No tratamento da depressão e ansiedade, a terapia medicamentosa, quando comparada à psicoterapia e à farmacoterapia, é frequentemente considerada a estratégia principal. Nesse contexto, os Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRSs) se destacam como os medicamentos antidepressivos mais prescritos para crianças e adolescentes, devido à sua tendência a apresentar poucos efeitos colaterais. Isso resulta em um perfil de segurança mais favorável e um impacto claro na fisiopatologia da doença nesse grupo etário. Além disso, os ISRSs desempenham um papel crucial ao facilitar a adesão efetiva ao tratamento.Nesse sentido, a alta prevalência de depressão e ansiedade entre jovens e adolescentes ressalta a importância de aprofundar nosso entendimento sobre essas condições. Embora a depressão na faixa etária infanto-juvenil seja uma preocupação relativamente recente, ela tem o potencial de se tornar um desafio significativo em termos de saúde pública em um futuro próximo. Nesse cenário, a contribuição do farmacêutico como parte integrante da equipe multidisciplinar é essencial para garantir um atendimento abrangente e de qualidade, dada sua expertise na área farmacêutica. O presente artigo sugere a necessidade de mais investigações e publicações sobre esse tema, pois aborda uma questão de interesse coletivo que requer uma análise mais profunda sobre o uso inadequado desses medicamentos e seus potenciais ramificações para a saúde dos adolescentes e jovens em diversas áreas.
Moreira et al., 2014 “Uso de psicofármacos em crianças e adolescentes”O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia, as situações apropriadas para utilização e as situações inadequadas para a prescrição de psicofármacos em crianças e adolescentes.Entre os psicoativos mais comumente utilizados em crianças e adolescentes estão a clomipramina, fluoxetina, paroxetina, inibidores da monoamino-oxidase, metilfenidato, bupropiona, desipramina, haloperidol, entre outros. A combinação de psicofármacos entre si ou com medicamentos para tratamento de condições clínicas em crianças e adolescentes requer cuidado e monitoramento atentos. A abordagem da psicoterapia com crianças e adolescentes costuma ser mais direta e ativa do que aquela com adultos.Profissionais de saúde devem possuir um conhecimento abrangente sobre a categoria farmacológica de cada medicamento, incluindo suas indicações, contraindicações, interações medicamentosas e possíveis efeitos adversos. A seleção e o início do tratamento com medicamentos devem ser embasados na história clínica do paciente, sua condição atual e o plano terapêutico estabelecido. O uso de psicofármacos em crianças e adolescentes deve ser orientado pelo conjunto de sintomas e síndromes apresentados.
Souza et al., 2022 “Prescrição e uso de antidepressivos em adolescentes: uma revisão sistemática”Este artigo tem como propósito realizar uma revisão sistemática da literatura para investigar o uso e a prescrição de antidepressivos em adolescentes com idades entre 10 e 19 anos, com o intuito de identificar quais antidepressivos são frequentemente prescritos para esse grupo etário.O tratamento mais amplamente utilizado para a depressão, particularmente entre psiquiatras, envolve o uso de psicofármacos. Esses medicamentos, em sua maioria, atuam inibindo a recaptação de neurotransmissores ou reduzindo sua degradação, resultando em um aumento desses neurotransmissores na sinapse. No entanto, quando se trata de adolescentes, é fundamental escolher psicofármacos que apresentem menor probabilidade de causar efeitos colaterais. Além disso, é aconselhável iniciar o tratamento com doses terapêuticas mais baixas, levando em consideração a singularidade e a sensibilidade de cada organismo.Com base nos resultados desta revisão sistemática, podemos concluir que os antidepressivos mais utilizados por adolescentes incluem, em ordem de frequência, a Fluoxetina, Sertralina, Paroxetina, Amitriptilina, Citalopram, Clomipramina, Escitalopram, Fluvoxamina, Nortriptilina, Imipramina, Mirtazapina, Trazodona e Venlafaxina. Os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina são os antidepressivos mais prescritos, devido à sua geração mais recente, menor incidência de efeitos colaterais e boa adesão ao tratamento.


Os estudos apresentados abordam questões fundamentais relacionadas à depressão e ao uso de antidepressivos em adolescentes, fornecendo insights valiosos sobre a prevalência dessas condições, os medicamentos prescritos e os efeitos do tratamento. Orellana e colaboradores (2020), apresentou dados abrangentes sobre a prevalência de depressão e outros transtornos mentais em adolescentes e adultos de cinco regiões brasileiras. Os resultados demonstraram que o episódio depressivo maior era mais prevalentes em adolescentes de São Luís e adultos de Ribeirão Preto. Além disso, a pesquisa destacou que transtornos mentais eram mais incidentes em mulheres e indivíduos com menor status socioeconômico. Isso ressalta a necessidade de investimentos adicionais em saúde mental no Brasil, com foco em gênero e determinantes socioeconômicos.

Além disso, os estudos de Orellana (2020), destacam uma preocupante prevalência de depressão, ansiedade e outros transtornos mentais entre adolescentes brasileiros. Essas condições afetam consideravelmente a qualidade de vida e a saúde mental dessa população. As altas taxas de transtornos mentais foram associadas a fatores como gênero feminino e níveis socioeconômicos mais baixos, enfatizando a importância de considerar a dimensão social na saúde mental.

A revisão bibliográfica realizada por Valença, Guimarçães & Siqueira, (2020) investigou o uso de antidepressivos em crianças e adolescentes, juntamente com a prevalência de depressão e ansiedade nesse grupo. O estudo indicou que não existe uma conclusão definitiva sobre qual medicamento é o mais eficaz, resultando em um tratamento que combina abordagens psicoterapêuticas e farmacológicas. Também enfatizou a importância da atenção farmacêutica para promover o uso racional de psicotrópicos.

Os resultados apontam para uma prática comum de tratamento medicamentoso, com a prevalência de medicamentos como a Fluoxetina, Sertralina, Paroxetina, entre outros. Os Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRSs) são frequentemente prescritos devido a sua eficácia e perfil de segurança. No entanto, a automedicação com antidepressivos é uma preocupação relevante, com sérias implicações para a saúde pública (SANTOS, GÓES & MARQUEZ, 2022).

No estudo de Lima et al., 2022, a pesquisa analisou o uso de antidepressivos em crianças e adolescentes, focando nos efeitos colaterais associados a esses medicamentos. O estudo destacou que a depressão é uma ocorrência comum nesses grupos etários e que o tratamento medicamentoso é eficaz quando combinado com psicoterapias. No entanto, é essencial garantir um diagnóstico preciso para escolher o tratamento apropriado e evitar efeitos colaterais indesejados. Barros et al., 2022: Este estudo explorou a saúde mental dos adolescentes brasileiros durante a pandemia de COVID-19. Os resultados indicaram que sentimentos de tristeza e nervosismo eram comuns entre os adolescentes, e esses sentimentos estavam associados a vários fatores, incluindo gênero, dificuldades financeiras, desafios no ensino remoto e conflitos familiares. Essa pesquisa destaca os desafios enfrentados pelos adolescentes durante a pandemia.

O estudo de Barboza et al., (2021) examinou o uso de antidepressivos na adolescência e a prática da automedicação. Os resultados indicaram que a depressão é uma condição frequente entre os jovens e que a automedicação com antidepressivos é uma preocupação relevante. Os medicamentos mais consumidos sem prescrição médica incluem Fluoxetina, Paroxetina, Sertralina, Venlafaxina e Citalopram, com riscos potenciais à saúde pública. O estudo de Hoefler et al (2023). revela um aumento significativo nas vendas de antidepressivos no Brasil, de 2014 a 2020. Esse crescimento foi impulsionado pelo aumento na prescrição de inibidores da recaptação de serotonina e outras classes de antidepressivos. As mudanças nas tendências de mercado parecem estar relacionadas à introdução de novos produtos. Essas descobertas refletem a crescente demanda por tratamentos antidepressivos no país.

Em estudos conduzidos por Santos (2022), analisou o uso de antidepressivos no tratamento de depressão e ansiedade em adolescentes, enfatizando os efeitos decorrentes do uso excessivo. O tratamento medicamentoso, especialmente com Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRSs), foi apontado como uma estratégia comum. Os ISRSs são destacados por sua eficácia e baixa incidência de efeitos colaterais em adolescentes. Moreira (2014) avaliou o uso de psicofármacos em crianças e adolescentes, destacando a importância do conhecimento farmacológico e das abordagens terapêuticas. O estudo enfatizou a necessidade de cuidado e monitoramento ao combinar psicofármacos entre si ou com medicamentos para condições clínicas em crianças e adolescentes incluindo suas indicações, contraindicações e interações medicamentosas. A seleção e o início do tratamento com medicamentos devem ser baseados na história clínica do paciente e na avaliação do plano terapêutico. A combinação de psicofármacos requer monitoramento cuidadoso.

Em uma revisão sistemática realizada por Souza (2022) que corroborou com os estudos de Santos (2022), para identificar os antidepressivos frequentemente prescritos a adolescentes. Os resultados revelaram que os Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina eram os mais prescritos, devido a sua eficácia e menor incidência de efeitos colaterais. Também enfatizou a importância de escolher medicamentos com menor probabilidade de efeitos colaterais ao tratar adolescentes. Os estudos apresentados indicam que a depressão e a ansiedade são problemas significativos entre adolescentes e jovens no Brasil. O tratamento medicamentoso é uma estratégia comum, com destaque para os ISRS devido à sua eficácia e perfil de segurança em adolescentes. No entanto, a escolha e a prescrição de antidepressivos devem ser cuidadosas para evitar efeitos colaterais indesejados.

A automedicação com antidepressivos é uma preocupação, pois pode levar a riscos à saúde pública. É essencial promover a conscientização sobre o uso adequado de medicamentos e enfatizar a importância da combinação de tratamentos farmacológicos com psicoterapias. Além disso, a pesquisa ressalta a necessidade de investimentos em saúde mental no Brasil, abordando questões de gênero e determinantes socioeconômicos. Também é vital reconhecer os desafios enfrentados pelos adolescentes durante a pandemia e garantir um diagnóstico preciso para prescrever o tratamento adequado. Em resumo, os estudos coletados oferecem informações valiosas sobre a depressão em adolescentes e o consumo de antidepressivos, destacando a necessidade de uma abordagem multidisciplinar na saúde mental.

7. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

A temática abordada por esses nove estudos revela a magnitude dos desafios relacionados à depressão e ao uso de antidepressivos entre adolescentes e jovens no Brasil. Os dados mostram que a saúde mental dessa população é uma preocupação crescente, refletindo um cenário complexo onde fatores socioeconômicos, de gênero e os impactos da pandemia têm um papel significativo. Os altos índices de depressão e ansiedade exigem uma resposta eficaz e integral, onde o tratamento medicamentoso, em conjunto com intervenções psicoterapêuticas, desempenha um papel crucial. A prevalência do uso de antidepressivos, com destaque para os ISRSs, aponta para a necessidade de uma atenção especializada e racional na prescrição desses medicamentos, dado o risco de automedicação e possíveis efeitos colaterais. Além disso, a crescente demanda por antidepressivos, evidenciada pelo aumento nas vendas, destaca a importância de se investir em saúde mental, educação, e serviços de apoio que atendam às necessidades dessa faixa etária. O papel fundamental desempenhado pelos profissionais de saúde, em particular os farmacêuticos, destaca a importância de uma abordagem multidisciplinar que considere tanto o aspecto farmacológico quanto o terapêutico no tratamento da depressão em adolescentes. Em última análise, esses estudos fornecem uma base robusta para direcionar ações e políticas públicas voltadas para a melhoria da saúde mental dos adolescentes e jovens no Brasil, sublinhando a necessidade premente de uma abordagem holística que aborde as complexas questões que envolvem a saúde mental dessa população.

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1 Discente do Curso Superior de Farmácia da Faculdade Cosmopolita-mail: nome@provedor.com.br

2 Docente do Curso Superior de Farmácia da Faculdade Cosmopolita. Mestre em Farmacologia (PPGF/USP).
e-mail: fabjrcs@gmail.com