ANÁLISE DE TERAPIAS PERSONALIZADAS PARA PERIODONTITE BASEADA NO GENOMA DO PACIENTE: REVISÃO DE LITERATURA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102502101759


Alexandre Roberto Queiroz da Silva¹
Silvia Mara Pereira Dia2
Daniela Maffei Botega 3
Matheus Prates Santos4
Fabyana Vasconcelos de Souza Arruda5
Maria Regina Lima Rodrigues6
Giuseppe Mazzaglia7
Gabrielle Moreira Matos8
Elton Elemer Finger9
Ana Beatriz Santos Cohen10
Viviane Milani11
Ana Beatriz Lima Pinheiro12


Resumo

Introdução: A periodontite é uma doença inflamatória crônica que afeta os tecidos de suporte dos dentes, podendo levar a perda dentária. Esses fatores estão relacionados com fatores genéticos que influenciam a suscetibilidade e progressão da doença. A análise do genoma do paciente permite identificar biomarcadores que auxiliam na escolha do tratamento mais eficaz, reduzindo falhas terapêuticas. Tecnologias como farmacogenômica vem sendo exploradas para modular a resposta inflamatória e promover a regeneração tecidual. Metodologia: Esta revisão de literatura foi realizada com base em artigos científicos dispostos nas bases de dados MEDLINE via PubMed (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Para a seleção dos estudos foram utilizados, como critérios de inclusão, artigos que estivessem dentro da abordagem temática, disponíveis na íntegra e de forma gratuita, nos idiomas inglês, português e espanhol. Como parâmetros de exclusão foram retirados artigos duplicados e que fugiam do tema central da pesquisa. Resultados: Os avanços na análise genômica demonstram que a periodontite possui forte influência genética, permitindo o desenvolvimento de terapias personalizadas. A identificação de variantes em genes inflamatórios possibilita abordagens direcionadas, como o uso específico de anti-inflamatórios, antibióticos e biomateriais. Apesar dos desafios, a integração do genoma a odontologia pode tornar os tratamentos mais eficazes e individualizados. Conclusão: A identificação de variantes genéticas possibilita intervenções específicas, reduzindo a progressão da doença. Apesar dos desafios, o avanço das tecnologias genômicas tende a viabilizar essa abordagem na prática clínica.

Palavras Chave: “Periodontite”; “Tratamento Odontológico”; “Genoma”

1 INTRODUÇÃO

A periodontite é uma doença inflamatória crônica que afeta os tecidos de suporte dos dentes, podendo levar à perda dentária e a impactos sistêmicos na saúde. Embora fatores ambientais, como higiene oral e tabagismo, desempenhem um papel importante, evidências crescentes sugerem que a predisposição genética influencia significativamente a suscetibilidade e a progressão da doença. Dessa forma, a abordagem tradicional baseada em protocolos padronizados pode ser limitada, abrindo espaço para terapias personalizadas baseadas no genoma do paciente (Lindhe et al., 1999).

A análise do genoma possibilita a identificação de variantes genéticas associadas à resposta imunoinflamatória e a degradação dos tecidos periodontais. Polimorfismos em genes como IL-1, IL-6 e TNF-α tem sido relacionados a uma maior inflamação e destruição óssea, enquanto outras variantes podem conferir resistência à doença. Com o avanço da bioinformática e da inteligência artificial, é possível traçar perfis genéticos individuais, permitindo intervenções terapêuticas mais precisas e eficazes (Balto; Sasaki; Staschencop, 2001).

As terapias personalizadas para periodontite podem incluir desde ajustes na prescrição de anti-inflamatórios e antibióticos até abordagens inovadoras, como a modulação epigenética e a engenharia genética. O uso de probióticos específicos e moléculas que regulam a expressão gênica também têm sido explorados para equilibrar a microbiota oral e reduzir a inflamação. Além disso, a regeneração tecidual guiada pode ser aprimorada com biomateriais adaptados à resposta biológica do paciente (Lins et al., 2007).

Apesar do potencial promissor, a implementação de terapias genômicas na prática clínica ainda enfrenta desafios, como o alto custo da análise genética, a necessidade de padronização dos protocolos e a ética no uso de dados genéticos são barreiras que precisam ser superadas. No entanto, com a redução dos custos do sequenciamento e a crescente integração da odontologia com a medicina de precisão, espera-se que essas abordagens se tornem mais acessíveis e viáveis (Pardo; Gomez; Aguilera, 2009).

Portanto, a personalização do tratamento da periodontite baseada no perfil genômico representa uma revolução na odontologia, permitindo intervenções mais eficazes e individualizadas. Ao integrar a genética, a bioinformática e a biotecnologia, essa estratégia pode melhorar significativamente os desfechos clínicos, reduzindo a progressão da doença e promovendo a saúde periodontal em longo prazo. A pesquisa contínua nessa área será essencial para consolidar essa abordagem como uma realidade na prática odontológica.

2 REVISÃO DA LITERATURA

A periodontite é uma doença inflamatória crônica que afeta negativamente a saúde sistêmica. Normalmente, seu tratamento envolve a remoção mecânica do biofilme bacteriano e, em casos mais avançados, o uso de antibióticos e intervenções cirúrgicas (Petersilka; Ehmke; Flemmig, 2002). No entanto, a resposta ao tratamento varia entre os pacientes, indicando que fatores genéticos desempenham um papel significativo na susceptibilidade e progressão da doença. Nesse contexto, a análise do genoma do paciente surge como uma abordagem inovadora para o desenvolvimento de terapias personalizadas, permitindo maior eficácia no manejo da periodontite (Lindhe et al., 1999).

Estudos genômicos têm identificado diversas variações genéticas associadas à resposta inflamatória e à degradação dos tecidos periodontais. Polimorfismos em genes como IL-1, TNF-α e metaloproteinases de matriz (MMPs) estão correlacionados com um risco aumentado de desenvolvimento da doença e uma resposta exacerbada ao biofilme bacteriano. Essas descobertas sugerem que pacientes com certas variantes genéticas podem se beneficiar de abordagens terapêuticas específicas, como a modulação da resposta imune ou o uso direcionado de agentes anti-inflamatórios (Sexton et al., 2011).

A personalização do tratamento da periodontite baseada no perfil genético do paciente pode incluir diferentes estratégias. Uma delas é a utilização de biomarcadores genéticos para prever a progressão da doença e indicar a necessidade de intervenções mais precoces. Além disso, a farmacogenômica permite identificar quais medicamentos, como antibióticos e anti-inflamatórios serão mais eficazes para cada indivíduo, reduzindo o risco de efeitos adversos e resistência antimicrobiana (Lins et al., 2007).

A terapia gênica também desponta como uma possibilidade promissora para o tratamento da periodontite. Ensaios experimentais têm explorado a edição genética para modular a expressão de genes relacionados à inflamação e regeneração tecidual, o uso de tecnologias como CRISPR-Cas9 pode permitir o controle de respostas inflamatórias exacerbadas, promovendo um ambiente mais favorável à reparação dos tecidos periodontais (Sander; Joung, 2014).

Outro avanço significativo está na integração da inteligência artificial e da bioinformática para a análise de grandes volumes de dados genômicos. Algoritmos de aprendizado de máquina podem identificar padrões genéticos e prever a predisposição à periodontite com maior precisão. Essas ferramentas também auxiliam na recomendação de tratamentos personalizados, considerando não apenas o genoma do paciente, mas também fatores ambientais e microbiológicos (Weaver et al., 2006) .

Embora os avanços sejam promissores, a implementação da terapia personalizada para periodontite ainda enfrenta desafios. E o alto custo da análise genômica interligado com a necessidade de infraestrutura especializada são barreiras que limitam sua aplicabilidade clínica em larga escala. Além disso, questões éticas relacionadas ao uso de dados genéticos, como privacidade e consentimento informado, devem ser rigorosamente abordadas para garantir a segurança dos pacientes (Sexton et al., 2011). 

Outro ponto crucial é a necessidade de mais estudos clínicos para validar a eficácia das abordagens baseadas no genoma. A maioria das pesquisas ainda está em fase experimental, e a tradução desses achados para a prática odontológica requer um esforço interdisciplinar envolvendo geneticistas, periodontistas e cientistas da computação (Lins et al., 2007).

Em suma, a análise do genoma do paciente representa um avanço significativo na personalização do tratamento da periodontite. Apesar dos desafios, a aplicação na odontologia tem o potencial de revolucionar o manejo dessa doença, tornando os tratamentos mais eficazes e adaptados às características individuais de cada paciente. À medida que a pesquisa avança e as tecnologias se tornam mais acessíveis, espera-se que a abordagem personalizada se torne uma realidade na prática clínica, beneficiando a saúde periodontal de forma mais precisa e eficaz.

3 METODOLOGIA

Esta revisão de literatura foi realizada com base em artigos científicos dispostos nas bases de dados MEDLINE via PubMed (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).

Para a seleção dos estudos foram utilizados, como critérios de inclusão, artigos que estivessem dentro da abordagem temática, disponíveis na íntegra e de forma gratuita, nos idiomas inglês, português e espanhol. Como parâmetros de exclusão foram retirados artigos duplicados e que fugiam do tema central da pesquisa. Para busca dos artigos foram utilizadas as palavras-chave: “Periodontite”; “Tratamento Odontológico”; “Genoma”, indexadas aos Descritores em Ciência da Saúde (DeCS).

4 DISCUSSÕES

Os avanços na análise do genoma do paciente têm demonstrado resultados promissores na personalização do tratamento da periodontite. Estudos clínicos indicam que indivíduos com polimorfismos em genes como IL-1e TNF-α apresentam uma resposta inflamatória mais intensa, permitindo a identificação precoce de pacientes com maior risco de progressão da doença. Isso possibilita intervenções preventivas mais eficazes, reduzindo a necessidade de tratamentos invasivos (Lins et al., 2007).

A farmacogenômica tem se mostrado eficiente na otimização do uso de medicamentos, melhorando a resposta ao tratamento e minimizando efeitos adversos, os pacientes com variações genéticas que influenciam o metabolismo de antibióticos e anti-inflamatórios podem receber doses ajustadas ou alternativas terapêuticas mais adequadas, aumentando a eficácia e reduzindo a resistência antimicrobiana (Sexton et al., 2011).

No campo da terapia gênica, ensaios experimentais vêm explorando as modulações da expressão de genes relacionados à inflamação e à regeneração tecidual de acordo com os resultados preliminares indicam que a edição genética pode reduzir a destruição óssea e estimular a reparação periodontal, abrindo novas perspectivas para o tratamento de casos avançados da doença (Pardo; Gomez; Aguilera, 2009).

A utilização de inteligência artificial e aprendizado de máquina na análise de dados genômicos também tem proporcionado avanços significativos. Modelos preditivos conseguem identificar padrões genéticos associados à periodontite com alta precisão, permitindo um diagnóstico mais precoce e a personalização do plano terapêutico de forma mais eficiente (Sander; Joung, 2014).

Apesar dos progressos, desafios ainda precisam ser superados para a aplicação clínica em larga escala. O alto custo das análises genômicas e a necessidade de validação por estudos clínicos mais amplos são barreiras a serem enfrentadas. No entanto, a tendência de redução dos custos das tecnologias genéticas e a crescente integração entre odontologia e bioinformática indicam um futuro promissor para a personalização do tratamento da periodontite.

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

A personalização das terapias para periodontite com base no genoma do paciente representa um avanço significativo na odontologia, permitindo tratamentos mais eficazes e direcionados. A identificação de variantes genéticas associadas à resposta inflamatória e à degradação dos tecidos periodontais possibilita intervenções específicas, reduzindo a progressão da doença e melhorando os desfechos clínicos. Além disso, a incorporação da bioinformática e da biotecnologia na prática odontológica amplia as possibilidades terapêuticas, tornando a abordagem mais precisa e individualizada.

Embora a aplicação clínica dessas terapias ainda enfrente desafios, como custos elevados e questões éticas, a tendência é que, com o avanço das tecnologias genômicas, essas barreiras sejam progressivamente superadas. Essa integração da odontologia poderá revolucionar o manejo da periodontite, promovendo uma nova era na saúde periodontal, onde a prevenção e o tratamento serão guiados pelas características genéticas individuais de cada paciente.

REFERÊNCIAS

BALTO K, SASAKI H, STASCHENCOP. Interleukin-6 Deficiency Increases Inflammatory Bone Destruction. Infect. Immun.2001;69(2):744-750.

LINDHE J, RANNEY R, LAMSTER I, CHARLES A, CHUNG CP, FLEMMIG T, et al. Consensus report: chronic periodontitis. Ann Periodontol 1999; 4:38.

LINS RDAU, PEQUENO MT,   MELO JPLC, FERREIRA  RCQ, SILVEIRA  EJD, DANTAS EM. Bone resorption  in  periodontal  disease:  the  role  of  cytokines  and  prostaglandins. Rev  Cir Traumatol Buco-Maxilo-fac.  2007;7(2):29-36.

PARDO B, GOMEZ-GONZALEZ B, AGUILERA A. DNA repair in mammalian cells: DNA double-strand break repair: how to fix a broken relationship. Cell Mol Life Sci. 2009; 66(6): 1039-56.

PETERSILKA GJ, EHMKE B, FLEMMIG TF. Antimicrobial effects of mechanical debridement.Periodontol. 2002; 28:56-71.

SANDER JD, JOUNG JK. CRISPR-Cas systems for editing, regulating and targeting genomes. Nat Biotechnol. 2014; 32(4): 347-55.

SEXTON, W.M; LIN, Y; KRYSCIO, R.J; DAWSON, III D.R; EBERSOLE, J.L; MILLER, C.S. Salivary biomarkers of periodontal disease in response to treatment. J Clin Periodontol. v. 38, p. 434–441, 2011.

WEAVER, C.T; HARRINGTON, L.E; MANGAN, P.R; GAVRIELI, M; MURPHY, K.M. Th17: an effector CD4 T cell lineage with regulatory T cell ties. Immunity. v. 24, p. 677–688, 2006.


1 Formado no curso superior de Odontologia pela Faculdade do Centro Oeste Paulista (FACOP) – Campus Piratininga, Piratininga – SP, Brasil. E-mail: alexandre189@hotmail.com;

2 Especialista em periodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – Campus Cidade Universitária, Rio de Janeiro – RJ, Brasil. E-mail: silvia.mara.dias@uol.com.br;

3 Formada no curso superior de Odontologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – Campus Saúde, Porto Alegre – RS, Brasil. E-mail: danimaffei@yahoo.com;

4 Formado no curso superior de Odontologia pela Faculdade Anhanguera Unime de Salvador (ANHANGUERA) – Campus Salvador, Salvador – BA, Brasil. E-mail: matheuus.prates@hotmail.com;

5 Discente no curso superior de Odontologia pelo Centro Universitário Unifavip – Campus Indianópolis, Caruaru – PE, Brasil. E-mail: sapatariasouzass@gmail.com;

6 Formada no curso superior de Odontologia pela Universidade Wyden Faci – Campus Batista Campos,  Belém – PA, Brasil. E-mail: regina.enf2@outlook.com;

7 Doutor de investigação no curso superior de Odontologia pela Universidad Granada – Granada, Espanhã. E-mail: giuseppemazzaglia@gmail.com;

8 Formada no curso superior de Odontologia pela Universidade Unigranrio Afya (UNIGRANRIO) – Campus Duque de Caxias, Duque de Caxias – RJ, Brasil. E-mail: dragabriellematos@hotmail.com;

9Formado no curso superior de Odontologia pela Faculdade do Oeste Paulista (FACOP) – Campus Piratininga, Piratininga – SP, Brasil. E-mail: eltonfinger@gmail.com;

10Discente no curso superior de Odontologia pelo Centro Universitário do Estado do Pará (CESUPA) – Campus José Malcher, Belém – PA, Brasil. E-mail: beatrizcohen70@gmail.com;

11 Discente no curso superior de Odontologia pelo Centro Universitário UniOpet (UNIOPET) – Campus Rebouças, Curitiba – PR, Brasil. E-mail: vivilinmi@yahoo.com.br;

12 Discente no curso superior de Odontologia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) – Campus Ministro Petrônio Portella, Teresina – PI, Brasil. E-mail: aaanabeatriz2019@gmail.com